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FILOSOFIA COM VIVIANE CATOLÉ 1

1. (Unioeste 2020) “(...) Em primeiro lugar, como alma por intermédio da graça divina.
ninguém pode amar uma coisa de todo ignorada, II. Para Agostinho, não se deveria atribuir a Deus a
deve-se examinar com diligência de que natureza é o origem do Mal, visto que, como Sumo Bem, ele não
amor dos estudantes, entendendo-se por estudantes o poderia criar. São os homens os responsáveis pela
os que ainda não sabem, mas desejam saber. Naqueles presença do Mal e cabe a estes fazerem uso de sua
casos em que a palavra estudo não é usual, podem liberdade e escolherem entre a boa e a má ação.
existir amores de ouvido: como quando o ânimo se III. Dispondo do livre arbítrio, o ser humano pode
acende em desejo de ver e de gozar devido à fama de optar por bens inferiores. Mas o livre arbítrio não
alguma beleza, porque possui uma noção genérica pode ser visto como um mal em si, pois foi Deus quem
das belezas corpóreas pelo fato de ter visto muitas o criou. Ter recebido de Deus uma vontade livre é
delas, e existe no interior dele algo que aprova o que para o ser humano um grande bem. O mal é o mau
no exterior é cobiçado. Quando isto acontece, o amor uso desse grande bem.
não é paixão de uma coisa ignorada, pois já conhece
seu gênero. Quando amamos um varão bondoso, É correto o que se afirma em
cujo rosto nunca vimos, amamo-lo pela notícia das
virtudes que conhecemos na própria verdade” a) I, II e III.
b) I e III apenas.
SANTO AGOSTINHO, De Trinitade, livro 10. c) II e III apenas.
d) I e II apenas.
A partir do texto de Santo Agostinho,
assinale a alternativa CORRETA. 3. (Enem digital 2020) Sem negar que Deus prevê
todos os acontecimentos futuros, entretanto, nós
a) Amamos porque desconhecemos; queremos livremente aquilo que queremos. Porque,
se conhecemos, não amamos. se o objeto da presciência divina é a nossa vontade, é
b) Em primeiro lugar, não existe amor essa mesma vontade assim prevista que se realizará.
entre os estudantes. Haverá, pois, um ato de vontade livre, já que Deus vê
c) O amor desconhece o seu gênero porque somos esse ato livre com antecedência.
livres.
d) Basicamente, os amores de ouvido são superiores. SANTO AGOSTINHO. O livre-arbítrio. São Paulo: Paulus, 1995
e) Aquilo que amamos não é de todo ignorado. (adaptado).

2. (Uece 2020) Atente para a seguinte passagem, em que Essa discussão, proposta pelo filósofo Agostinho de
Santo Agostinho se questiona sobre a origem do mal: Hipona (354-430), indica que a liberdade humana
“Quem me criou? Não foi o meu Deus, que é bom, e apresenta uma
é também a mesma bondade? Donde me veio, então,
o querer, eu, o mal e não querer o bem? Qual a sua a) natureza condicionada.
origem, se Deus, que é bom, fez todas as coisas? b) competência absoluta.
Sendo o supremo e sumo Bem, criou bens menores c) aplicação subsidiária.
do que Ele; mas, enfim, o Criador e as criaturas, todos d) utilização facultativa.
são bons. Donde, pois, vem o mal?” e) autonomia irrestrita.

AGOSTINHO, Santo. Confissões; De magistro. São Paulo: Nova


Cultural, 1987. Coleção “Os Pensadores”. Livro VII. Adaptado.
Sobre esse aspecto da filosofia do bispo de Hipona, 4. (Espm 2019) No século XIII surgiu a Escolástica,
considere as seguintes afirmações: corrente filosófica que, a partir de então, dominou o
pensamento medieval.
I. Como os maniqueístas, de quem sofreu forte
influência, Agostinho afirmava a existência do Bem e (Rubim Santos Leão de Aquino. História das Sociedades: das
do Mal e que os homens não eram culpados de ações Comunidades Primitivas às Sociedades Medievais)

classificadas como más. O mal lhes era inato, portanto,


não havia culpa, mas poderiam obter a salvação da A Escolástica:

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No contexto do século XIII, a visão política do filósofo
a) teve em Santo Agostinho seu maior expoente e era mencionado retoma o
teocêntrica;
b) teve em Alberto Magno seu maior expoente e refutava a) pensamento idealista de Platão.
o teocentrismo, pregando o antropocentrismo; b) conformismo estoico de Sêneca.
c) teve em Tomás de Aquino seu principal expoente e c) ensinamento místico de Pitágoras.
foi uma tentativa de harmonizar a razão com a fé; d) paradigma de vida feliz de Agostinho.
d) considerava que a razão podia proporcionar e) conceito de bem comum de Aristóteles.
uma visão completa e unificada da natureza ou da
sociedade; 7. (Enem 2018) Desde que tenhamos compreendido o
e) pregava o recurso racional da força, sendo este mais significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato,
importante do que o exercício da virtude ou da fé. que Deus existe. Com efeito, essa palavra designa uma
coisa de tal ordem que não podemos conceber nada
5. (Enem 2019) De fato, não é porque o homem pode que lhe seja maior. Ora, o que existe na realidade e no
usar a vontade livre para pecar que se deve supor que pensamento é maior do que o que existe apenas no
Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pensamento. Donde se segue que o objeto designado pela
pela qual Deus deu ao homem esta característica, palavra “Deus”, que existe no pensamento, desde que se
pois sem ela não poderia viver e agir corretamente. entenda essa palavra, também existe na realidade. Por
Pode-se compreender, então, que ela foi concedida conseguinte, a existência de Deus é evidente.
ao homem para esse fim, considerando-se que se
um homem a usar para pecar, recairão sobre ele as TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro: Loyola, 2002.
punições divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade
livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás
corretamente, mas também para pecar. Na verdade, de Aquino caracterizada por
por que deveria ser punido aquele que usasse da sua
vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada? a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.
b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de c) explicar as virtudes teologais pela demonstração.
ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos
sagrados.
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas.
sustenta que a punição divina tem como fundamento o(a)
8. (Ufu 2018) Agostinho, em Confissões, diz: "Mas
a) desvio da postura celibatária. após a leitura daqueles livros dos platônicos e de
b) insuficiência da autonomia moral. ser levado por eles a buscar a verdade incorpórea,
c) afastamento das ações de desapego. percebi que 'as perfeições invisíveis são visíveis em
d) distanciamento das práticas de sacrifício, suas obras' (Carta de Paulo aos Romanos, 1, 20)".
e) violação dos preceitos do Velho Testamento.
Agostinho de Hipona. Confissões, livro VII, cap. 20, citado por:
6. (Enem PPL 2019) Tomás de Aquino, filósofo cristão MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editora, 2000. Tradução do autor.
que viveu no século XIII, afirma: a lei é uma regra ou
um preceito relativo às nossas ações. Ora, a norma
Nesse trecho, podemos perceber como Agostinho
suprema dos atos humanos é a razão. Desse modo, em
última análise, a lei está submetida à razão; é apenas
a) se utilizou da Bíblia para conhecer melhor a filosofia
uma formulação das exigências racionais. Porém,
platônica.
é mister que ela emane da comunidade, ou de uma
b) utiliza a filosofia platônica para refutar os textos
pessoa que legitimamente a representa.
bíblicos.
GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cristã. Petrópolis: c) separa nitidamente os domínios da filosofia e da
Vozes, 1991 (adaptado). religião.
d) foi despertado para o conhecimento de Deus a

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partir da filosofia platônica. minando a expansão do cristianismo.
e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos
9. (Enem 2018) Não é verdade que estão ainda cheios antirreligiosos, seguindo sua teoria política.
de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que
fazia Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava
ocioso e nada realizava”, dizem eles, “por que não
ficou sempre assim no decurso dos séculos, abstendo-
se, como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um
novo movimento, uma vontade nova para dar o ser
a criaturas que nunca antes criara, como pode haver
verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade
que antes não existia?”

AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

A questão da eternidade, tal como abordada pelo


autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s)

a) essência da ética cristã.


b) natureza universal da tradição.
c) certezas inabaláveis da experiência.
d) abrangência da compreensão humana.
e) interpretações da realidade circundante.

10. (Enem PPL 2016) Enquanto o pensamento de


Santo Agostinho representa o desenvolvimento de
uma filosofia cristã inspirada em Platão, o pensamento
de São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até
então vista sob suspeita pela Igreja –, mostrando
ser possível desenvolver uma leitura de Aristóteles
compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo
de São Tomás abriu caminho para o
estudo da obra aristotélica e para
a legitimação do interesse pelas
ciências naturais, um dos principais
motivos do interesse por Aristóteles
nesse período.

MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

A Igreja Católica por muito tempo impediu a


divulgação da obra de Aristóteles pelo fato de a obra
aristotélica

a) valorizar a investigação científica, contrariando


certos dogmas religiosos.
b) declarar a inexistência de Deus, colocando em
dúvida toda a moral religiosa. 6: [E]; 7: [B]; 8: [D]; 9: [D]; 10: [A]
c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de 1: [E]; 2: [C]; 3: [A]; 4: [C]; 5: [B];
outras instituições religiosas.
d) evocar pensamentos de religiões orientais, Gabarito:

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