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Exame 2021:

1.Imagine que um estudo feito a uma amostra representativa da população portuguesa indica que a

percentagem das pessoas que exercem o direito de voto aumenta à medida que o rendimento das pessoas
também aumenta.

Incorreríamos numa falácia da petição de princípio se justificássemos os resultados do estudo com a ideia

de que as pessoas com mais rendimentos

(A) percebem que têm influência sobre os representantes políticos.

(B) têm mais qualificações, reconhecendo a importância de votar.

(C) têm mais confiança no sistema político que lhes permite serem bem-sucedidas.

(D) exercem mais o direito de voto do que as pessoas com menos rendimentos.

2. Considere que, para se opor à perspetiva de Kant, alguém argumenta do modo seguinte.

Kant erra ao atribuir uma excessiva importância ao dever. E esse erro acontece porque Kant

vive fechado num mundo pequeno e provinciano, que o impede de compreender a complexidade

da natureza humana. Além disso, limitado pela frieza germânica, Kant não reconhece que a boa

ação possa simplesmente vir de um bom coração.

O argumento apresentado é

(A) fraco, pois baseia-se numa descrição da vida e do carácter de Kant, irrelevante para a avaliação da

sua perspetiva.

(B) forte, pois é proposta uma tese alternativa acerca da moralidade da ação, e não apenas uma análise

das motivações de Kant.

(C) fraco, pois as circunstâncias da vida e o contexto social de um filósofo não são relevantes para a

génese da sua perspetiva.

(D) forte, pois o facto de o valor moral das ações também poder depender dos sentimentos do agente

refuta a perspetiva de Kant.

3. Leia o texto seguinte.

Em quase toda a filosofia, a dúvida tem sido o estímulo e a certeza tem sido a meta. Tem

existido dúvida sobre os sentidos, dúvida sobre a ciência e dúvida sobre os fundamentos da

religião. Uma destas dúvidas tem sido mais notória nuns filósofos, e outra noutros.

Na Coluna I do quadro seguinte, são apresentadas as dúvidas referidas no texto, que podem ser associadas

a problemas e argumentos, alguns dos quais são apresentados na Coluna II.

1. «dúvida sobre os sentidos»

2. «dúvida sobre a ciência»

3. «dúvida sobre os fundamentos da religião»

a) problema da objetividade

b) argumento do sonho
c) argumento do génio maligno

d) problema do mal

e) argumento da divergência de costumes

f) problema da indução

Selecione a opção que contém três associações corretas.

(A) 1 - b); 2 - e); 3 - c)

(B) 1 - b); 2 - a); 3 - d)

(C) 1 - f); 2 - a); 3 - c)

(D) 1 - f); 2 - e); 3 - d)

4. Selecione a afirmação que é incompatível com a perspetiva relativista acerca dos juízos morais.

(A) Culturas diferentes têm padrões morais diferentes, havendo culturas com padrões morais errados.

(B) Diferentes grupos culturais, por vezes, têm os mesmos valores morais.

(C) Agir bem é agir de acordo com os padrões culturais do grupo a que se pertence.

(D) Há indivíduos que não se ajustam aos padrões morais da sociedade em que foram educados.

5. Mill considera que a avaliação moral das ações deve ser feita

(A) em função da felicidade dos outros.

(B) de acordo com os motivos do agente.

(C) em função da felicidade do agente.

(D) de acordo com as suas consequências.

6. O argumento teleológico, ou do desígnio, de Tomás de Aquino a favor da existência de Deus inclui a

premissa segundo a qual

(A) os livros sagrados das religiões revelam que Deus existe.

(B) Deus intervém na organização do mundo.

(C) todos os processos naturais têm um propósito.

(D) todos podemos compreender a inteligência divina.

7. Que teoria permite classificar como arte qualquer objeto que seja intencionalmente produzido por alguém,

de modo a ser encarado como o foram as obras de arte preexistentes?

(A) Teoria institucional.

(B) Teoria histórica.

(C) Teoria expressivista.

(D) Teoria representacional.

8. Leia o texto seguinte.

As pessoas sentimentais [...] consideram uma heresia que alguém não participe nas

revoluções e tumultos do coração, que elas encontram em toda e qualquer peça musical e de

que sinceramente participam. Caso não se participe, passa-se então por ser manifestamente

«frio», «insensível», «de natureza intelectual». [...] O leigo e o sentimental costumam perguntar

de bom grado se uma música é alegre ou triste [...]. Mas, a partir do momento em que se utiliza
a música apenas como meio para fomentar em nós uma certa disposição de ânimo [...], a música

cessa de atuar como arte.

No excerto transcrito, há uma crítica da ideia de que a arte musical

(A) é essencialmente expressão de emoções.

(B) pode deixar de ser uma arte.

(C) tem uma natureza intelectual.

(D) é essencialmente forma significante.

9. Popper considera que, quanto maior for o grau de falsificabilidade de uma afirmação, mais cientificamente

interessante ela é.

Qual das afirmações seguintes é a mais falsificável?

(A) Raramente chove no Deserto de Mojave.

(B) Nunca chove no Deserto de Mojave.

(C) Nos desertos nunca chove.

(D) Há desertos em que chove.

10. De acordo com Popper, a objetividade da ciência decorre, fundamentalmente,

(A) do rigor dos testes realizados.

(B) do nível de formação dos cientistas.

(C) da competição entre paradigmas.

(D) da colaboração entre cientistas.

11. Um argumento sólido não pode ter conclusão falsa. Porquê?

12. Prove que o argumento seguinte é inválido, construindo e interpretando a tabela de verdade adequada.

Se Antígona é uma tragédia, então a heroína de Antígona morre.

Logo, se Antígona não é uma tragédia, então a heroína de Antígona não morre.

Na sua resposta, comece por formalizar o argumento, utilizando o dicionário apresentado.

Dicionário

P: Antígona é uma tragédia.

Q: A heroína de Antígona morre.

13. A experiência interior de fazermos escolhas leva-nos a acreditar que temos livre-arbítrio.

De que modo os deterministas radicais explicam este facto?

14. Rawls é um dos mais destacados representantes do contratualismo político.

Caracterize o contratualismo de Rawls.

15. Leia o texto seguinte.

Podemos ver-nos como eus independentes, [...] no sentido em que a nossa identidade

nunca está ligada aos nossos propósitos e afetos?

Penso que não. [...] As pessoas particulares que somos são inseparáveis de uma certa

família, comunidade, nação ou povo, de uma história e de uma república de que são cidadãs.

Lealdades como estas são mais do que valores que me acontece ter. [...] Lealdades como
estas permitem que eu tenha mais deveres para com algumas pessoas do que a justiça requer

[...], não pela razão de ter feito acordos, mas em virtude dos [...] afetos e compromissos mais

ou menos duradouros que, tomados em conjunto, definem parcialmente a pessoa que sou.

A teoria da justiça de Rawls é um dos alvos da crítica comunitarista apresentada no texto.

Concorda com esta crítica a Rawls? Justifique.

Na sua resposta,

− apresente inequivocamente a sua posição;

− argumente a favor da sua posição.

16. Leia o texto seguinte.

Estabelecemos [...] que todos os corpos [...] são compostos de uma mesma matéria,

indefinidamente divisível em muitas partes [...], as quais se movem em direções diferentes

[...]; além disso, estabelecemos [...] que continua a haver a mesma quantidade de movimentos

no mundo. No entanto, não podemos determinar apenas pela razão o tamanho dos pedaços

de matéria, ou a que velocidade se movem [...]. Uma vez que há inumeráveis configurações

diferentes de matéria, [...] apenas a experiência pode ensinar-nos que configurações realmente

existem.

16.1. Identifique os factos referidos no texto que, de acordo com Descartes, são determinados a priori e

os que são determinados a posteriori.

16.2. Colocando-se na perspetiva de Hume, como avaliaria a distinção exposta no texto por Descartes?

Na sua resposta, considere os factos referidos no texto.

17. Será que uma ação só é moralmente boa se for motivada pelo dever?

Na sua resposta, deve:

− clarificar o problema filosófico inerente à questão formulada;

− apresentar inequivocamente a sua posição;

− argumentar a favor da sua posição, mobilizando conceitos ou teorias relevantes;

− apresentar pelo menos um exemplo que ilustre a posição defendida.

2020 2fase: 1. Leia o seguinte discurso argumentativo.

Tendo em conta as questões ambientais, será razoável adiar o investimento em comboios

de alta velocidade? As viagens de comboio elétrico têm uma menor pegada carbónica do

que as viagens de avião. Mas as viagens de comboio só atraem passageiros se forem muito

rápidas. Ora, a rapidez destas viagens consegue-se com estações ferroviárias centrais e

comboios de alta velocidade.

Selecione a opção que apresenta a principal tese defendida por quem profere o discurso anterior.

(A) As viagens de comboio têm a menor pegada carbónica.

(B) É preciso que as estações de comboio fiquem no centro das cidades.

(C) O investimento em comboios de alta velocidade não deve ser adiado.


(D) Os passageiros preferem as viagens de comboio elétrico.

2. Atente na afirmação seguinte.

Aristóteles viveu e trabalhou em Atenas, apesar de ter nascido em Estagira.

Para formalizar a proposição expressa pela afirmação anterior, o dicionário correto é

(A) P: Aristóteles viveu em Atenas; Q: Aristóteles trabalhou em Atenas; R: Aristóteles nasceu em Estagira.

(B) P: Aristóteles viveu em Atenas; Q: Aristóteles trabalhou em Atenas; R: Ter nascido em Estagira.

(C) P: Aristóteles viveu e trabalhou em Atenas; Q: Aristóteles nasceu em Estagira.

(D) P: Aristóteles viveu em Atenas e trabalhou em Atenas; Q: Apesar de ter nascido em Estagira.

3. A negação de «Todas as religiões cristãs são monoteístas» é

(A) «Há religiões monoteístas que são cristãs.»

(B) «Nem todas as religiões cristãs são monoteístas.»

(C) «Nenhuma religião cristã é monoteísta.»

(D) «Só as religiões monoteístas são cristãs.»

4. Identifique a afirmação que, caso fosse a premissa de um argumento contra o serviço militar obrigatório,

faria desse argumento uma falácia ad hominem.

(A) Ou se apoia o recurso à guerra ou se considera que o serviço militar não deve ser obrigatório.

(B) Defender o serviço militar obrigatório é defender a obrigação de fazer parte de um exército.

(C) O serviço militar obrigatório acabaria por conduzir a uma sociedade agressiva.

(D) Só as pessoas de carácter violento é que defendem o serviço militar obrigatório.

5. Considere as afirmações seguintes.

1. Num triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos

catetos.

2. Pitágoras estudou as propriedades do triângulo retângulo.

De acordo com Hume,

(A) 1 exprime uma relação de ideias; 2 exprime uma questão de facto.

(B) 1 exprime uma questão de facto; 2 exprime uma relação de ideias.

(C) 1 e 2 exprimem questões de facto.

(D) 1 e 2 exprimem relações de ideias.

6. De acordo com Hume, as nossas expectativas acerca de regularidades futuras devem-se

(A) ao intelecto ou razão.

(B) ao hábito ou costume.

(C) à uniformidade da natureza.

(D) à ideia inata de causalidade.

7. Selecione a opção que diz respeito ao problema da definição de arte.

(A) Uma instalação feita de lixo é uma obra de arte apenas por ser exposta numa galeria ou num museu?

(B) Será que a arte deve ter compromissos morais e educativos?

(C) Será que sem a arte a nossa vida se tornaria desinteressante?


(D) A intenção do criador ou do artista é relevante para compreender o significado de uma dada obra de arte?

8. Se um dado objeto não for considerado uma obra de arte com o argumento de ser impessoal e não

comover, a teoria da arte implicitamente admitida como correta é a teoria

(A) formalista.

(B) expressivista.

(C) institucional.

(D) histórica.

9. Uma das premissas do argumento teleológico, ou do desígnio, a favor da existência de Deus é a de que

(A) o maior ser possível tem de existir.

(B) todas as coisas têm uma causa anterior.

(C) os organismos vivos têm um propósito.

(D) sem Deus a nossa vida não faria sentido.

10. Um facto frequentemente referido para pôr em causa a existência de Deus é

(A) a existência de agnósticos e ateus que têm preocupações morais.

(B) a diversidade de religiões politeístas e em que há deuses cruéis.

(C) a descoberta de problemas matemáticos que são tidos por insolúveis.

(D) a ocorrência de tempestades devastadoras que matam pessoas.

Leia o Texto 1 e considere-o nas suas respostas aos itens 11 e 12.

Texto 1

Temos a obrigação de ajudar alguém que seja pobre; mas, como o favor que fazemos implica

que o seu bem-estar depende da nossa generosidade, e isso humilha a pessoa, é nosso

dever comportarmo-nos como se a nossa ajuda fosse [...] meramente o que lhe é devido [...],

permitindo-lhe manter o seu respeito por si própria [...], de modo a não diminuir o valor dessa

pessoa enquanto ser humano [...].

11. É possível inferir do Texto 1 que há atos de caridade que podem ser moralmente censuráveis.

Concorda que há atos de caridade que podem ser moralmente censuráveis? Justifique a sua

perspetiva.

12. No Texto 1, Kant começa por afirmar que «temos a obrigação de ajudar alguém que seja pobre». Essa

afirmação exprime um juízo de valor? Justifique a sua resposta.

13. Considere o caso seguinte.

Num país, metade das pessoas tem um rendimento mensal de 6000 €, que lhes permite

adquirir bens que elas próprias consideram dispensáveis, e a outra metade tem um

rendimento mensal de 600 €, que dificilmente chega para satisfazer as suas necessidades

básicas. Foram apresentadas duas propostas ao governo: na primeira, propõe-se que

o rendimento disponível seja redistribuído, transferindo 200 € das pessoas que têm um

rendimento mensal de 6000 € para as que têm um rendimento mensal de 600 €; na

segunda, propõe-se que não se faça qualquer redistribuição.


Um utilitarista tenderia a apoiar a primeira proposta. Porquê?

Leia o Texto 2 e considere-o nas suas respostas aos itens 14 e 15.

Texto 2

As descobertas descrevem-se muitas vezes como meros acrescentos [...] ao conhecimento

científico acumulado, e esta descrição contribuiu para que a descoberta surgisse como uma

medida significativa de progresso. Todavia, sugiro que [tal descrição] só é totalmente adequada

para as descobertas que, como os elementos que preencheram lugares que faltavam na tabela

periódica, foram antecipadas e procuradas previamente [...].

Em contrapartida, no caso [da descoberta] do oxigénio, os reajustamentos exigidos [...] foram

tão profundos que desempenharam um papel integral e essencial [...] na perturbação gigantesca

da teoria e da prática químicas que, desde então, passou a ser conhecida como a Revolução

química.

14. Kuhn distingue duas formas de fazer ciência. De acordo com o Texto 2, em qual dessas formas de fazer

ciência se enquadram as descobertas que levaram ao preenchimento da tabela periódica? Justifique.

Na sua resposta, integre adequadamente a informação do texto.

15. No Texto 2, a «Revolução química» é descrita como «perturbação gigantesca da teoria e da prática

químicas».

Mostre que a expressão «perturbação gigantesca da teoria e da prática» é adequada à descrição das

revoluções científicas, tal como Kuhn as concebe.

16. Considere a seguinte afirmação condicional.

Se todas as nossas ações forem determinadas, então não teremos livre-arbítrio.

Na sua opinião, a condicional anterior é verdadeira ou é falsa? Explicite a posição acerca do problema do

livre-arbítrio que defende e que o leva a ter essa opinião.

17. Descartes afirma ter começado por rejeitar todas as crenças que foi acumulando desde a infância.

Por que razão procedeu de modo tão drástico?

18. Será que a redistribuição da riqueza põe em causa a liberdade individual?

Na sua resposta, deve:

− clarificar o problema filosófico inerente à questão formulada;

− apresentar inequivocamente a sua posição;− argumentar a favor da sua posição.

2019. Considere as afirmações seguintes.

1. As pessoas que não ponderam as consequências dos seus atos não merecem ter liberdade.

2. Nas democracias, os cidadãos têm mais liberdades do que nos outros regimes políticos.

(A) Nenhuma das afirmações é relevante para a discussão do problema do livre-arbítrio.

(B) Ambas as afirmações são relevantes para a discussão do problema do livre-arbítrio.

(C) Apenas a afirmação 1 é relevante para a discussão do problema do livre-arbítrio.

(D) Apenas a afirmação 2 é relevante para a discussão do problema do livre-arbítrio.


2. Imagine que quer ouvir música e que, em seguida, põe os auscultadores e ouve música.

De acordo com o determinismo radical, o facto de querer ouvir música

(A) é um indício de livre-arbítrio apenas se não foi sujeito a coação.

(B) não tem qualquer conexão com uma suposta vontade livre.

(C) resulta de uma causa mental independente da natural.

(D) não tem uma causa, sendo um mero produto do acaso.

3. Imagine que o Luís precisa urgentemente de medicamentos e que a única maneira de os conseguir é

pedir dinheiro emprestado a um amigo rico, sem ter a intenção de lho pagar. Neste caso, o Luís decidiu

adotar a máxima «faz promessas enganadoras quando não há outra forma de resolver os teus problemas

pessoais».

Esta máxima pode ser usada para fazer uma crítica à ética kantiana, dado ser razoável argumentar que

a máxima

(A) não é imoral, ainda que não seja racional querer universalizá-la.

(B) é imoral, ainda que venha a ter aprovação dos agentes envolvidos.

(C) não é imoral, embora seja um imperativo categórico condicional.

(D) é imoral, embora dê prioridade às consequências da ação.

4. De acordo com Mill,

(A) os prazeres físicos e sensuais nem sempre são inferiores.

(B) apenas os animais têm prazeres inferiores.

(C) devemos renunciar aos prazeres inferiores para não nos rebaixarmos à condição animal.

(D) são superiores os prazeres preferidos por quem tem competência para os apreciar.

5. Popper defende que, quanto mais falsificável for uma dada afirmação, mais interessante ela é para a

ciência. Qual das afirmações seguintes é, de acordo com Popper, mais interessante?

(A) Não existem corvos brancos.

(B) Todos os corvos são negros.

(C) Alguns corvos são negros.

(D) Existem corvos brancos.

6. Popper afirma que a ciência começou com a invenção do método crítico e considera que os cientistas

agem de modo conscientemente crítico sobretudo quando

(A) inventam teorias.

(B) formulam conjeturas.

(C) procuram eliminar erros.

(D) tentam confirmar hipóteses.

7. Há grandes diferenças entre a teoria newtoniana da gravitação e a teoria einsteiniana da gravitação. No


entanto, a teoria newtoniana da gravitação pode ser traduzida em linguagem einsteiniana. Tal tradução foi

feita, por exemplo, pelo professor de Física Peter Havas.

Este facto contraria a ideia, defendida por Kuhn, de que

(A) há ciência extraordinária.

(B) os cientistas resistem à crítica.

(C) os paradigmas são incomensuráveis.

(D) a escolha entre teorias rivais é subjetiva.

8. Imagine que submetia as suas opiniões ao teste da dúvida proposto por Descartes. Qual das opiniões

seguintes seria a mais resistente à suspeita de falsidade?

(A) Existem outras pessoas no mundo.

(B) Neste momento, ouço uma voz grave.

(C) Neste momento, não estou a sonhar.

(D) Dois vezes seis é igual a treze menos um.

Neste grupo, para os itens 9. e 10., são apresentados dois percursos:

Percurso A – Lógica aristotélica e Percurso B – Lógica proposicional.

Responda apenas aos dois itens de um dos percursos.

Na sua folha de respostas, identifique claramente o percurso selecionado.

PERCURSO A – Lógica aristotélica

9. Considere as proposições seguintes.

1. Há imperadores que são filósofos.

2. Todo o poeta é filósofo.

O termo «filósofo»

(A) está distribuído em ambas as proposições.

(B) não está distribuído em nenhuma proposição.

(C) apenas está distribuído na proposição 1.

(D) apenas está distribuído na proposição 2.

10. Suponha que tem de avaliar três silogismos nos seguintes modos: AEE; IAI; OEI.

Selecione a opção correta.

(A) Os silogismos nos modos IAI e OEI podem ser válidos.

(B) Apenas o silogismo no modo OEI pode ser válido.

(C) Os silogismos nos modos AEE e IAI podem ser válidos.

(D) Apenas o silogismo no modo AEE pode ser válido.

PERCURSO B – Lógica proposicional

9. Considere as condicionais seguintes.

1. Adília Lopes é poetisa se escreve rimas e quadras.

2. Escrever rimas e quadras é condição suficiente para Adília Lopes ser poetisa.

A proposição de que Adília Lopes escreve rimas e quadras


(A) é a consequente nas duas condicionais apresentadas.

(B) é a antecedente nas duas condicionais apresentadas.

(C) é a antecedente na condicional 1 e é a consequente na condicional 2.

(D) é a consequente na condicional 1 e é a antecedente na condicional 2.

10. Suponha que um argumento tem a forma P Q0 0 , Q R P ` 0 R.

A tabela de verdade dessa forma argumentativa é a seguinte.

P Q R P Q0 Q R0 ` 0 P R

VVVVVV

VVFVVV

VFVVVV

VFFVFV

FVVVVV

FVFVVF

FFVFVV

FFFFFF

Atendendo aos valores de verdade apresentados na tabela, um argumento com essa forma seria

(A) inválido, pois existe a possibilidade de as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa.

(B) inválido, pois existe a possibilidade de tanto as premissas como a conclusão serem falsas.

(C) válido, pois existe a possibilidade de tanto as premissas como a conclusão serem verdadeiras.

(D) válido, pois não existe a possibilidade de as premissas serem verdadeiras e a conclusão falsa.

GRUPO II

1. O Carlos encontrou a Diana numa esplanada sobre o rio Guadiana. A Diana disse-lhe:

‒ Gosto de rios, mas também gosto de lagos rodeados de montanhas.

O Carlos acrescentou:

‒ Nesse caso, gostas de alguns lagos suíços, pois na Suíça há lagos rodeados de montanhas.

Qual dos dois tipos de argumentos – dedutivo ou não dedutivo – usou o Carlos para concluir que a Diana

gosta de alguns lagos suíços? Justifique.

2. No discurso seguinte, é apresentado um argumento cuja conclusão é obtida de modo falacioso.

Ao longo dos tempos, muitos filósofos se têm interrogado sobre o que de mais valioso

existe. Será a beleza? Será o amor? Será a justiça? Será o prazer? Ora, após muita reflexão,

convenci-me de que a beleza é a coisa mais importante que há, pois tudo o resto é indubitavelmente

inferior a ela.

Identifique a conclusão do argumento e a falácia cometida.

GRUPO III

1. «A Luísa gosta de dançar tango.»


A afirmação anterior exprime um juízo de valor? Porquê?

2. Suponha que a sociedade dispõe de uma quantia destinada a financiar a preparação de dois atletas para

os jogos olímpicos. Os dois atletas têm o mesmo nível de talento e de capacidades e a mesma motivação

para as usar. De acordo com a teoria da justiça de Rawls, estes atletas devem ter a mesma expectativa

de sucesso, independentemente da classe social de origem. Por isso, a quantia destinada a financiar a

preparação de ambos para os jogos olímpicos deve ser dividida pelos dois em partes iguais.

Identifique o princípio de justiça, proposto por Rawls, em nome do qual a solução apresentada é a correta.

3. No texto seguinte, Rawls argumenta que o utilitarismo, ao dar prioridade à maximização do bem, em vez

de dar prioridade à justiça como equidade, não garante os direitos e as liberdades individuais.

Admitamos que a maior parte da sociedade detesta certas práticas religiosas ou sexuais,

encarando-as como uma abominação. Este sentimento é tão intenso que não basta que tais

práticas sejam ocultadas do público; a simples ideia de que elas ocorrem é suficiente para suscitar

na maioria sentimentos de cólera e ódio. [...] Para defender a liberdade individual neste caso, o

utilitarista tem de demonstrar que, dadas as circunstâncias, o que verdadeiramente interessa do

ponto de vista dos benefícios, a longo prazo, é a manutenção da liberdade; mas este argumento

pode não ser convincente.

Na teoria da justiça como equidade, no entanto, este problema nunca se coloca. Desde logo,

as convicções intensas da maioria, se forem efetivamente meras preferências sem qualquer

apoio nos princípios da justiça anteriormente estabelecidos, não têm qualquer peso. A satisfação

destes sentimentos não tem qualquer valor que possa ser contraposto às exigências da igual

liberdade para todos.

Em sua opinião, o argumento de Rawls é persuasivo? Justifique.

Na sua resposta, integre informação do texto.

GRUPO IV

1. O facto de termos justificação para uma crença faz dela conhecimento? Porquê?

Ilustre a sua resposta com um exemplo adequado.

2. Leia o texto seguinte.

Há uma questão que, na evolução do pensamento filosófico ao longo dos séculos, sempre

desempenhou um papel importante: Que conhecimento pode ser alcançado pelo pensamento

puro, independente da perceção sensorial? Existirá um tal conhecimento? [...] A estas perguntas

[...] os filósofos tentaram dar uma resposta, suscitando um quase interminável confronto de

opiniões filosóficas. É patente, no entanto, neste processo [...], uma tendência [...] que podemos

definir como uma crescente desconfiança a respeito da possibilidade de, através do pensamento

puro, descobrirmos algo acerca do mundo objetivo.

Será que tanto Descartes como Hume contribuíram para a «crescente desconfiança» referida no texto?

Justifique a sua resposta.

GRUPO V
Considere o caso seguinte.

A Maria sempre gostou muito de crianças e chegou a pensar em trabalhar como voluntária numa

associação de apoio a crianças doentes, mas acabou por concluir que seria muito difícil conciliar esse

trabalho com os estudos.

Entretanto, ela soube que o voluntariado era muito valorizado nas entrevistas de emprego. Por essa

razão, decidiu contactar uma conhecida associação de apoio a crianças doentes e conseguiu ser admitida,

passando a conciliar o trabalho de voluntariado com os estudos. Pela sua dedicação e pela sua simpatia,

a Maria destacou-se desde o primeiro momento como uma das voluntárias favoritas das crianças e das

famílias.

O apoio dado pela Maria às crianças doentes e às suas famílias tem valor moral?

Na sua resposta, deve:

‒ clarificar o problema filosófico inerente à questão formulada;

‒ apresentar inequivocamente a sua posição;‒ argumentar a favor da sua posição.

2019- 2ºfase:As frases «António Costa era primeiro-ministro de Portugal em 2018» e «Em 2018, Portugal tinha como

primeiro-ministro António Costa»

(A) representam duas proposições verdadeiras.

(B) representam a mesma proposição.

(C) não representam qualquer proposição.

(D) representam duas proposições válidas.

2. Se houver juízos morais objetivos, então

(A) as sociedades que tiverem valores diferentes dos nossos devem corrigir tais valores.

(B) a correção, ou a incorreção, desses juízos não pode ser discutida.

(C) esses juízos estão certos ou errados independentemente dos costumes.

(D) as pessoas que tiverem valores diferentes dos nossos pensam e agem erradamente.

3. Leia o diálogo seguinte.

Laura – Quem não se interessa por matemática nem física não deveria ter acesso a tecnologias

que dependem da matemática e da física, como os computadores e os telemóveis.

João – Porquê, Laura?

Laura – Porque quem não reconhece o valor da matemática e da física não merece beneficiar

dos resultados do conhecimento produzido por matemáticos e físicos.

João – Esse teu argumento parece-me fraco. Se aceitássemos a razão que deste para retirar

computadores e telemóveis a quem não se interessa por matemática nem física, também

teríamos de retirar o acesso a tratamentos médicos a quem não se interessa por biologia

ou química.

O João apresenta

(A) um argumento por analogia para defender que não temos razões para retirar computadores e

telemóveis a quem não se interessa por matemática nem física.


(B) uma previsão de acordo com a qual não temos razões para retirar computadores e telemóveis a quem

não se interessa por matemática nem física.

(C) um argumento por analogia para defender que não temos razões para retirar o acesso a tratamentos

médicos a quem não se interessa por biologia nem química.

(D) uma previsão de acordo com a qual não temos razões para retirar o acesso a tratamentos médicos a

quem não se interessa por biologia nem química.

4. «Não me venha dizer que a sua opinião sobre os direitos dos animais é a palavra final sobre a questão

que estamos a debater. E, por favor, não invoque sondagens de opinião, uma doutrina religiosa ou um

partido político para encerrar o debate. Já o filósofo Robert Nozick afirmou que nenhuma opinião pode ter

a pretensão de ser a palavra final num debate.»

Quem se opusesse deste modo à apresentação de uma opinião definitiva sobre os direitos dos animais

recorreria a

(A) uma generalização.

(B) um apelo à ignorância.

(C) uma derrapagem.

(D) um argumento de autoridade.

5. «Sem praxe, os novos alunos não se sentiriam integrados e ficariam à margem das atividades académicas;

assim sendo, ou existe praxe e os novos alunos participam na vida académica e sentem-se integrados,

ou a praxe acaba e os novos alunos não se sentem integrados e ficam excluídos da vida académica. Por

conseguinte, e dada a importância para os novos alunos da integração na vida académica, a praxe deve

existir.»

Quem argumentasse deste modo incorreria na falácia seguinte.

(A) Falso dilema.

(B) Petição de princípio.

(C) Boneco de palha.

(D) Ad hominem.

6. Considere as frases seguintes.

1. A relva é verde.

2. Se a relva é verde, é colorida.

É correto afirmar que

(A) ambas exprimem conhecimento a priori.

(B) ambas exprimem conhecimento a posteriori.

(C) 1 exprime conhecimento a priori; 2 exprime conhecimento a posteriori.

(D) 1 exprime conhecimento a posteriori; 2 exprime conhecimento a priori.

7. Suponha que uma pessoa rica tem de participar na escolha de princípios de justiça que regulem a estrutura

básica da sociedade em que vive. De acordo com Rawls, para que a escolha seja razoável, essa pessoa

terá de atender às restrições da posição original. Por conseguinte, ela deve escolher princípios de justiça
(A) tendo em conta o rendimento dos mais desfavorecidos.

(B) sem ter em conta que todos são livres e iguais.

(C) sem ter em conta a sua posição social.

(D) tendo em conta os recursos disponíveis.

8. Na teoria da justiça de Rawls, o princípio da liberdade igual tem prioridade sobre o princípio da diferença.

Aceitar esta prioridade implica aceitar que

(A) as liberdades não podem ser negadas mesmo que impeçam a criação de riqueza que beneficiaria

os menos favorecidos.

(B) os incentivos ao crescimento da riqueza envolvem sempre o risco de serem negadas liberdades aos

menos favorecidos.

(C) as liberdades são indispensáveis à melhoria crescente do rendimento dos menos favorecidos.

(D) os incentivos ao crescimento da riqueza apenas limitam as liberdades dos menos favorecidos.

9. No texto seguinte, é apresentada uma crítica à perspetiva de Rawls.

E se [...] algumas pessoas preferissem apostar? E se vissem a vida como uma lotaria

e quisessem certificar-se de que haveria algumas posições muito atrativas para ocupar na

sociedade? Em princípio, os jogadores estão dispostos a correr o risco de ficarem pobres se,

em contrapartida, tiverem a hipótese de serem extremamente ricos. [...] Rawls acreditava que

as pessoas sensatas não desejariam apostar as suas vidas desta maneira. Talvez estivesse

enganado a este respeito.

O propósito do texto é mostrar que, na posição original,

(A) todos queremos obter as posições mais atrativas.

(B) nem todos iriam aplicar a regra maximin.

(C) seria sensato melhorar a pior posição social.

(D) todos estamos dispostos a arriscar.

10. De acordo com a perspetiva de Hume,

(A) há crenças verdadeiras justificadas apenas pelo pensamento.

(B) nenhuma crença pode ser justificada apenas pelo pensamento.

(C) as crenças justificadas pela experiência são todas verdadeiras.

(D) todas as crenças falsas são justificadas por impressões.

GRUPO II

Neste grupo, para os itens 1. e 2., são apresentados dois percursos:

Percurso A – Lógica aristotélica e Percurso B – Lógica proposicional.

Responda apenas aos dois itens de um dos percursos.

Na sua folha de respostas, identifique claramente o percurso selecionado.

PERCURSO A – Lógica aristotélica

1. Identifique o modo e a figura do silogismo seguinte.


Os perdigueiros são mamíferos, pois os perdigueiros são cães, e não há cães que não sejam mamíferos.

2. Considere as frases seguintes.

Os automóveis elétricos atingem rapidamente velocidades elevadas.

Há automóveis pequenos que atingem rapidamente velocidades elevadas.

Suponha que estas frases são as premissas de um silogismo.

Será possível, a partir das premissas dadas, inferir validamente uma conclusão? Justifique.

PERCURSO B – Lógica proposicional

1. Identifique a conclusão do argumento seguinte e a regra de inferência utilizada para chegar à conclusão.

Caronte não é um satélite natural de Plutão, pois é falso que Caronte orbite em torno de Plutão, e

orbitaria em torno de Plutão se fosse um satélite natural de Plutão.

2. Considere as frases seguintes.

Se a Maria é ecologista, então prefere comprar um automóvel elétrico.

A Maria prefere comprar um automóvel elétrico.

Suponha que estas frases são as premissas de um argumento.

Será possível, a partir das premissas dadas, inferir validamente que a Maria é ecologista? Justifique.

GRUPO III

1. Considere o caso seguinte.

O José é um bom aluno, mas sente-se inseguro quando tem de utilizar fórmulas memorizadas. Ao ser

informado de que o enunciado do teste final de Física não iria incluir uma lista com as fórmulas, decidiu

levar uma pequena cábula com as fórmulas mais complexas, para o caso de se esquecer de alguma.

Ainda assim, o José acabou por não usar a cábula, errando algumas fórmulas, pois teve receio de ser

apanhado a copiar.

Será que, de acordo com Kant, a decisão do José tem valor moral? Justifique a sua resposta.

2. Atente na tese seguinte.

«Nenhum dever admite exceções.»

Concorda com esta tese? Justifique a sua posição.

Na sua resposta,

‒ apresente inequivocamente a sua posição;

‒ argumente a favor da sua posição.

GRUPO IV

1. Depois de ter superado o teste da dúvida, Descartes restabelece a confiança nos sentidos. No texto

seguinte, Descartes esclarece em que circunstâncias se justifica confiar nos sentidos.

No que se refere ao bem do corpo, os sentidos indicam muito mais frequentemente a verdade

do que a falsidade. E posso quase sempre utilizar mais do que um sentido para examinar a

mesma coisa; e, além disso, posso utilizar tanto a minha memória, que associa as experiências

presentes às passadas, como o meu intelecto, que já examinou todas as causas de erro. Por
isso, não devo continuar a temer que seja falso o que os sentidos me dizem habitualmente; pelo

contrário, as dúvidas exageradas dos últimos dias devem ser abandonadas como risíveis. [...] E

não devo ter sequer a menor dúvida da sua verdade se, depois de apelar a todos os sentidos,

assim como à minha memória e ao meu intelecto, para examinar as indicações que receber de

qualquer destas fontes, não houver conflito entre elas.

Explique, recorrendo ao texto, em que circunstâncias a informação proveniente dos sentidos não deve ser

aceite.

2. De acordo com Hume, a suposição de que a natureza é uniforme está implicitamente contida nas inferências

indutivas. Porquê?

3. Leia os textos seguintes.

Claro que o cientista individual pode desejar estabelecer a sua teoria, em vez de a refutar.

Mas, do ponto de vista do progresso na ciência, esse desejo pode induzi-lo seriamente em erro.

Mais ainda, se não examinar a sua teoria preferida de modo crítico, outros o farão por ele. [...]

Para que uma nova teoria constitua uma descoberta ou um passo em frente, deve entrar em

confronto com a que a antecedeu [...]. Neste sentido, o progresso na ciência – ou, pelo menos, o

progresso significativo – é sempre revolucionário.

Sir Karl [Popper] acentua os testes realizados para explorar as limitações da teoria aceite

ou para submeter à tensão máxima uma teoria vulgar. Entre os seus exemplos favoritos [...]

estão as experiências de Lavoisier sobre a calcinação e as expedições para observar o eclipse

solar de 1919 [...]. Claro que estes são testes clássicos, mas, ao usá-los para caracterizar a

atividade científica, Sir Karl omite algo de muito importante a seu respeito. Episódios como

estes são muito raros no desenvolvimento da ciência. [...] São aspetos ou exemplos do que

algures chamei «investigação extraordinária» [...]. Sugiro, portanto, que Sir Karl caracterizou

todo o empreendimento científico em termos que só se aplicam às suas partes ocasionalmente

revolucionárias.

Nos textos anteriores, são apresentadas duas perspetivas diferentes acerca do desenvolvimento da

ciência.

Confronte as duas perspetivas expressas nos textos anteriores.

Na sua resposta, integre adequadamente informação dos textos.

GRUPO V

Alguns filósofos defendem que a sensação interior de liberdade se opõe à conceção determinista do

universo.

Será que essa sensação é uma razão forte para aceitarmos que o livre-arbítrio existe?

Na sua resposta,

‒ clarifique o problema do livre-arbítrio;

‒ apresente inequivocamente a sua posição relativamente à questão proposta;


‒ argumente a favor da sua posição.

2018 1ºfase: 1. De acordo com a análise tradicional do conhecimento,

(A) para sabermos que uma certa pessoa nasceu em 2001, basta que essa pessoa tenha nascido nesse

ano.

(B) para sabermos que uma certa pessoa nasceu em 2001, basta termos uma justificação para que tenha

nascido nesse ano.

(C) se acreditamos que uma certa pessoa nasceu em 2001, então sabemos que essa pessoa nasceu

nesse ano.

(D) se sabemos que uma certa pessoa nasceu em 2001, então acreditamos que ela nasceu nesse ano.

2. Imagine que um agente poderoso fazia recuar o tempo até um qualquer ponto do passado, para que, a

partir daí, mantendo-se as leis da natureza, a história recomeçasse.

Qual das situações seguintes poria em causa o determinismo radical?

(A) As deliberações dos agentes seriam causadas por acontecimentos anteriores.

(B) Em alguns casos, haveria alternativas aos acontecimentos da história.

(C) Teríamos a ilusão de que haveria mais do que um futuro possível.

(D) Ocorreriam acontecimentos que não teríamos sido capazes de prever.

3. Segundo a perspetiva utilitarista, a única coisa desejável por si mesma é

(A) a felicidade.

(B) o dever.

(C) a boa vontade.

(D) a justiça.

4. Considere o caso seguinte.

Um agressor apoderou-se de um tanque de guerra e manifestou publicamente a intenção de matar

centenas de pessoas. Fez ainda um refém inocente, que mantém no tanque, usando-o como escudo

humano. Destruir o tanque, matando o agressor e o refém, é a única alternativa capaz de evitar a morte

de centenas de pessoas.

De acordo com a ética de Mill, num caso como o apresentado,

(A) é obrigatório abstermo-nos de agir.

(B) é permissível abstermo-nos de agir.

(C) é obrigatório destruirmos o tanque.

(D) é proibido sacrificarmos inocentes.

5. Leia o texto seguinte.

Em 1900, num notável momento de arrogância, o célebre físico britânico Lord Kelvin declarou:

«Já não há nada de novo para se descobrir na física. Restam apenas medições cada vez mais

precisas.»
B. Dupré, 50 Ideias de Filosofia que precisa mesmo de saber, Alfragide, Publicações D. Quixote, 2011, p. 138.

De acordo com a perspetiva de Kuhn acerca da ciência, a declaração de Lord Kelvin exemplifica a maneira

de encarar a atividade científica nos períodos

(A) de ciência normal.

(B) de ciência extraordinária.

(C) de crise da ciência.

(D) de revolução na ciência.

6. Leia o texto seguinte.

Uma coisa requerida para uma nova teoria ser um avanço claro em relação a uma teoria

prevalecente até então é que a nova teoria tenha mais conteúdo testável do que a teoria

anterior. Mas Kuhn [...] nega que uma revolução científica resulte alguma vez nesta espécie de

superioridade nítida. A ideia subjacente é que numa revolução científica há ganhos mas também

perdas, de modo que as duas teorias são incomparáveis quanto ao conteúdo.

Que crítica a Kuhn pode ser extraída do texto anterior?

(A) Numa revolução científica, os ganhos são sempre inferiores às perdas.

(B) Se as novas teorias constituem avanços claros, a incomensurabilidade é falsa.

(C) Nenhum cientista admite que alguma teoria empírica seja preferível a outra.

(D) O conteúdo testável de uma teoria não é relevante para a sua avaliação.

7. O caso seguinte serve para testar a teoria da justiça de Rawls.

Um indivíduo sofre de graves deficiências mentais, e um outro tem um grande talento matemático.

Estando satisfeitas as necessidades materiais de ambos, a sociedade dispõe de recursos adicionais que

permitem ajudar apenas um deles. Desse modo, ou o indivíduo com graves deficiências mentais terá um

apoio educativo suplementar, que não irá melhorar significativamente a sua vida, ou será proporcionada

uma educação superior ao indivíduo com talento matemático, que dela retirará a grande satisfação de

desenvolver todas as suas potencialidades nesse domínio.

Quem, contra Rawls, defender a opção de ajudar o indivíduo com talento matemático estará a pôr em

causa

(A) a existência de bens sociais primários.

(B) o dever de imparcialidade.

(C) o princípio da diferença.

(D) o princípio da igualdade de oportunidades.

8. Hume distinguiu as questões de facto das relações de ideias. De acordo com esta distinção,

(A) as questões de facto apenas podem ser decididas pela experiência.

(B) as verdades matemáticas são questões de facto.

(C) todos os raciocínios sobre causas e efeitos exprimem relações de ideias.

(D) negar uma questão de facto resulta numa contradição.


9. Suponha que alguém argumenta do seguinte modo.

Dizem que o povo dinamarquês é o mais feliz do mundo. Mas é um abuso fazer tal afirmação sem

provas. Na minha opinião, o povo dinamarquês não é o mais feliz do mundo, uma vez que não me

apresentam provas de que o seja.

A falácia em que incorre quem apresenta o argumento anterior é

(A) o boneco de palha.

(B) a petição de princípio.

(C) o apelo à ignorância.

(D) o falso dilema.

10. Imagine que um candidato a um cargo político se dirige às pessoas nos seguintes termos.

Aqueles que me conhecem sabem que me podem confiar o seu voto, pois nunca usei em benefício

próprio os cargos que exerci, e sempre dei, com todo o empenho e seriedade, o máximo de mim em prol

do bem comum.

O modo de persuasão usado é

(A) o pathos, pois o orador tem em vista suscitar empatia no auditório.

(B) o logos, pois a conclusão é uma consequência lógica das premissas.

(C) o ethos, pois o orador destaca aspetos da sua vida que o tornam confiável.

(D) o pathos, pois o orador visa mostrar que merece a confiança dos eleitores.

GRUPO II

Neste grupo, para os itens 1., 2. e 3., são apresentados dois percursos:

Percurso A – Lógica aristotélica e Percurso B – Lógica proposicional.

Responda apenas aos três itens de um dos percursos.

Na sua folha de respostas, identifique claramente o percurso selecionado.

PERCURSO A – Lógica aristotélica

1. A forma padrão de «Não há cidadãos responsáveis» é «Nenhum cidadão é responsável».

Escreva as duas proposições seguintes na forma padrão.

a) Existem cidadãos responsáveis.

b) Nem todos os cidadãos são responsáveis.

2. Considere que as proposições seguintes são uma das premissas e a conclusão de um silogismo.

Premissa: Alguns amantes do silêncio são marinheiros.

Conclusão: Logo, alguns amantes do silêncio não são músicos.

Escreva uma premissa que permita obter um silogismo válido.

Na sua resposta, indique se a premissa que escreveu é a premissa maior ou a premissa menor.

3. No texto seguinte, encontra-se um silogismo.

Os ecologistas não usam carro. Parece-me, aliás, que os ecologistas também não usam

outros veículos motorizados; vejo-os muitas vezes a andarem de bicicleta, e noto que não o
fazem apenas por uma questão de prazer. Além disso, há ecologistas que têm aversão ao ruído

dos motores. Portanto, entre as pessoas que têm aversão ao ruído dos motores, algumas não

usam carro.

Apresente na forma canónica o silogismo que se encontra no texto.

PERCURSO B – Lógica proposicional

1. A tradução de «Platão é filósofo e grego» é P ˄ Q, em que P é «Platão é filósofo» e Q é «Platão é grego».

Recorrendo ao dicionário apresentado, traduza as proposições seguintes:

a) Caso Platão seja filósofo, é grego.

b) Platão é filósofo ou não é grego.

2. Considere que a proposição seguinte é a conclusão de uma inferência com uma única premissa.

Se Joana Schenker é campeã mundial de bodyboard, então treina intensamente.

Escreva a premissa que, mediante a aplicação de uma das formas de inferência válida estudadas, permite

obter a conclusão apresentada.

Na sua resposta, identifique a forma de inferência válida aplicada.

3. No texto seguinte, encontra-se um argumento que tem uma das formas lógicas válidas estudadas.

Tomé da Fonseca, um velho general reformado, revive com frequência a atividade militar. À

sua maneira, foi desde a infância uma pessoa sociável e enérgica, e o universo militar sempre

lhe deu muito prazer. Ora, o velho general não revive com frequência a atividade militar se não

jogar muitas vezes jogos de estratégia. Portanto, Tomé da Fonseca joga muitas vezes jogos de

estratégia.

Formalize o argumento que se encontra no texto, indicando o dicionário utilizado.

GRUPO III

1. Leia o texto seguinte.

Uma pessoa, por uma série de desgraças, chegou ao desespero [...]. A sua máxima [...] é a

seguinte: Por amor de mim mesmo, admito como princípio que, se a vida, prolongando-se, me

ameaça mais com desgraças do que me promete alegrias, devo encurtá-la. [...] Vê-se então [...]

que uma natureza cuja lei fosse destruir a vida em virtude do mesmo sentimento cujo objetivo é

suscitar a sua conservação se contradiria a si mesma.

1.1. Explique como Kant, recorrendo à fórmula da lei universal do imperativo categórico, condena o

suicídio.

1.2. Segundo Kant, uma pessoa que, nas circunstâncias descritas no texto, optasse pelo suicídio agiria de

modo autónomo ou heterónomo? Justifique a sua resposta.

2. Acerca da posição original, Rawls afirma:

O objetivo da posição original é excluir aqueles princípios que seria racional tentar fazer

aprovar [...] em função do conhecimento de certos dados que são irrelevantes do ponto de vista

da justiça.
Explique a afirmação de Rawls. Na sua resposta, dê pelo menos um exemplo de dados irrelevantes na

escolha dos princípios da justiça.

GRUPO IV

1. Leia o texto seguinte.

Quantas vezes me acontece que, durante o repouso noturno, me deixo persuadir de coisas

tão habituais como que estou aqui, com o roupão vestido, sentado à lareira, quando, todavia,

estou estendido na cama e despido! Mas, agora, observo este papel seguramente com os olhos

abertos, esta cabeça que movo não está a dormir, voluntária e conscientemente estendo esta

mão e sinto-a: o que acontece quando se dorme não parece tão distinto. Como se não me

recordasse já de ter sido enganado por pensamentos semelhantes!

São apresentadas no texto as premissas do argumento do sonho.

A que conclusão chegou Descartes a partir delas?

2. Leia os textos seguintes, um de Hume e outro de Descartes.

A geometria ajuda-nos a aplicar leis do movimento, oferecendo-nos as dimensões corretas

de todas as partes e grandezas que podem participar em qualquer espécie de máquina, mas

apesar disso a descoberta das próprias leis continua a dever-se simplesmente à experiência

[...]. Quando raciocinamos a priori, considerando um objeto ou causa apenas tal como aparece

à mente, independentemente de qualquer observação, ele jamais poderá sugerir-nos a ideia de

qualquer objeto distinto, tal como o seu efeito, e muito menos mostrar-nos a conexão inseparável

e inviolável que existe entre eles.

As coisas corpóreas podem não existir de um modo que corresponda exatamente ao que

delas percebo pelos sentidos, porque, em muitos casos, a perceção dos sentidos é muito

obscura e confusa; mas, pelo menos, existem nelas todas as propriedades que entendo clara

e distintamente, isto é, todas aquelas que, vistas em termos gerais, estão compreendidas no

objeto da matemática pura.

Haverá conhecimento a priori do mundo?

Confronte as respostas de Hume e de Descartes a esta questão.

Na sua resposta, integre adequadamente a informação dos textos.

3. Que razões levaram Popper a opor-se à perspetiva segundo a qual a ciência começa com a observação?

GRUPO V

Quando argumentamos acerca de valores, a tolerância e o respeito pelas diferenças merecem

habitualmente uma atenção especial. Os subjetivistas são sensíveis à tolerância em relação às preferências

individuais; os relativistas, por sua vez, preocupam-se antes com a tolerância em relação a culturas

diferentes; e os objetivistas defendem que a tolerância deve ter sempre em conta direitos fundamentais e

invioláveis de qualquer ser humano, seja ele qual for.

Que perspetiva acerca dos valores nos oferece as melhores razões contra a intolerância?

Na sua resposta, deve:


‒ clarificar o problema da natureza dos valores, subjacente à questão apresentada;

‒ apresentar inequivocamente a posição que defende;

‒ argumentar a favor da posição que defende.

2018 2 fase:

Para ser sólido, um argumento

(A) tem de ser válido, mas pode ter premissas falsas.

(B) tem de ser válido e ter as premissas verdadeiras.

(C) apenas tem de ter as premissas verdadeiras.

(D) apenas tem de ter a conclusão verdadeira.

2. A frase «na manhã do dia 15 de janeiro de 1770, o Marquês de Pombal, em vez de tratar de assuntos

políticos, deixou-se ficar na cama a beber chocolate e a ler poesia»

(A) não exprime uma proposição, porque não sabemos se é verdadeira ou falsa.

(B) exprime uma proposição, ainda que não seja verdadeira nem falsa.

(C) exprime uma proposição, ainda que ignoremos qual é o seu valor de verdade.

(D) não exprime uma proposição, porque não é verdadeira nem é falsa.

3. Considere as frases seguintes.

De um lado, temos aqueles que se limitam à leitura de informação instantânea na Internet e que têm

dos acontecimentos uma visão perigosamente superficial. Do outro, temos aqueles que leem os clássicos

e que adquirem uma grande profundidade na análise dos acontecimentos.

Estas frases poderiam naturalmente ser premissas de

(A) um falso dilema.

(B) uma falácia da derrapagem.

(C) uma falácia ad hominem.

(D) um boneco de palha.

4. Considere o argumento seguinte.

Os enormes custos ecológicos do transporte aéreo deveriam ser integrados nos bilhetes de avião, pois

essa é a única coisa sensata a fazer.

Quem apresenta o argumento anterior

(A) não incorre numa falácia, porque todos os custos de um serviço devem ser pagos por quem o usa.

(B) incorre numa falácia, porque dá como provado o que pretende provar.

(C) incorre numa falácia, porque critica injustamente as transportadoras aéreas.

(D) não incorre numa falácia, porque dá razões, em vez de procurar explorar as emoções do auditório.

5. Considere o argumento seguinte.

O direito à vida implica o direito a prolongar a vida através do acesso aos melhores cuidados médicos

disponíveis. Assim, numa sociedade justa, se todos têm igual direito à vida, então todos têm igual direito a

prolongar a vida através do acesso aos melhores cuidados médicos disponíveis. Por conseguinte, numa
sociedade justa, não é aceitável que o acesso aos melhores cuidados médicos disponíveis dependa do

poder económico dos indivíduos ou das suas famílias. Em contrapartida, numa sociedade injusta, impera

literalmente o princípio do «salve-se quem puder».

A conclusão do argumento anterior é

(A) o acesso aos melhores cuidados médicos disponíveis não deve depender do poder económico dos

indivíduos ou das suas famílias.

(B) numa sociedade injusta, apenas se salva quem pode pagar o acesso aos melhores cuidados médicos

disponíveis.

(C) todos temos igual direito a prolongar a vida através do acesso aos melhores cuidados médicos

disponíveis.

(D) não ter direito a prolongar a vida através do acesso aos melhores cuidados médicos disponíveis é o

mesmo que não ter direito à vida.

6. De acordo com a ética de Kant, temos a obrigação de respeitar os princípios seguintes:

– Nunca se deve violar contratos.

– Nunca se deve quebrar promessas.

Suponha que alguém prometeu fazer algo, não se apercebendo de que isso implicava violar um contrato.

Que problema levantaria este caso à ética de Kant?

(A) O primeiro princípio deverá ser desrespeitado, pois tem menos força do que o segundo.

(B) O segundo princípio deverá ser desrespeitado, pois tem menos força do que o primeiro.

(C) Os dois princípios deixam de ter importância moral, pois mostram não ser universalizáveis.

(D) O conflito de princípios é irresolúvel, pois ambos constituem proibições absolutas.

7. A dúvida cartesiana também se aplica às crenças a priori. O argumento que permite pôr em causa as

crenças a priori é o argumento

(A) das ilusões dos sentidos.

(B) do sonho.

(C) do génio maligno.

(D) da existência de Deus.

8. Imagine que Descartes era forçado a concluir que, afinal, Deus pode ser enganador; nesse caso, para ser

coerente, ele teria de aceitar que

(A) apenas as sensações corporais podem ser falsas.

(B) as ideias claras e distintas podem ser falsas.

(C) é falsa a ideia de que ele próprio existe enquanto pensa.

(D) os sentidos são mais importantes do que a razão.

Neste grupo, para os itens 9. e 10., são apresentados dois percursos:

Percurso A – A experiência estética e Percurso B – A experiência religiosa.

Responda apenas aos dois itens de um dos percursos.

Na sua folha de respostas, identifique claramente o percurso selecionado.


PERCURSO A – A experiência estética

9. Considere as afirmações seguintes.

1. Salieri era simultaneamente um rival e um admirador de Mozart.

2. Mozart teve uma grande influência na história da música.

3. As composições de Mozart são mais belas do que as de Salieri.

(A) 2 e 3 exprimem juízos estéticos; 1 não exprime um juízo estético.

(B) 1 exprime um juízo estético; 2 e 3 não exprimem juízos estéticos.

(C) 1 e 2 exprimem juízos estéticos; 3 não exprime um juízo estético.

(D) 3 exprime um juízo estético; 1 e 2 não exprimem juízos estéticos.

10. O problema da definição da arte é o problema de

(A) identificar as propriedades que fazem algo ser arte.

(B) distinguir as obras-primas das outras obras de arte.

(C) justificar o que torna a arte valiosa para as nossas vidas.

(D) explicar o significado estético de cada obra de arte.

PERCURSO B – A experiência religiosa

9. Qual das afirmações seguintes exprime adequadamente a perspetiva religiosa sobre o sentido da vida?

(A) Se Deus não existisse, nós também não existiríamos.

(B) Se Deus não existisse, a nossa vida teria um sentido diferente.

(C) Se Deus não existisse, não saberíamos o que devemos fazer.

(D) Se Deus não existisse, a nossa vida não teria propósito.

10. O problema da existência de Deus consiste em

(A) explicar como Deus surgiu.

(B) compreender porque existe Deus.

(C) apurar se Deus existe de facto.

(D) determinar qual é o Deus verdadeiro.

GRUPO II

1. A ação distingue-se do mero acontecimento.

Apresente uma frase que, inequivocamente, descreva uma ação e outra que, inequivocamente, descreva

um mero acontecimento.

Na sua resposta, para cada frase apresentada, assinale se é descrita uma ação ou se é descrito um mero

acontecimento.

2. Um determinista moderado e um determinista radical observaram a jogada a seguir descrita.

O João e o Carlos estão a jogar à bola em equipas contrárias. Numa das jogadas, o João

correu para a bola. Atrás dele, vinha o Carlos, também decidido a disputar o lance. O Carlos

acabou por conseguir chegar primeiro à bola, mas o João tocou-lhe com a chuteira no tornozelo.

O Carlos caiu imediatamente no relvado. O Manuel, que estava a arbitrar o jogo, expulsou o
João. Mas o João disse que era injusto ser penalizado pelo sucedido.

2.1. Relativamente às possíveis explicações para a intervenção do Manuel, o determinista moderado e o

determinista radical concordam apenas parcialmente.

Explicite os aspetos em que os dois observadores concordam e aqueles em que divergem.

2.2. Caso o Carlos tenha caído ao chão de propósito, de modo a prejudicar a equipa contrária, será que

o determinista radical lhe atribui responsabilidade moral pelo seu comportamento? Justifique a sua

resposta.

GRUPO III

1. Leia os dois textos seguintes, um de Kant e outro de Mill.

Aquele que diz uma mentira, por muito bem-intencionado que possa ser, tem de ser responsável

pelas suas consequências [...], ainda que estas possam ter sido imprevisíveis; pois a veracidade

é um dever que tem de ser entendido como a base de todos os deveres decorrentes de um

contrato, cuja lei se torna incerta e inútil caso se admita a menor exceção.

Por conseguinte, ser verídico (honesto) em todas as declarações é um mandamento sagrado

da razão [...].

I. Kant, «Sobre um Suposto Direito de Mentir por Amor à Humanidade», in A Paz Perpétua e Outros Opúsculos,

Lisboa, Edições 70, 1989, pp. 175-176 (texto adaptado).

Todos os moralistas reconhecem que mesmo a regra de dizer a verdade, sagrada como é,

admite a possibilidade de exceções, verificando-se a principal quando ocultar um facto (por

exemplo, ocultar informação a um malfeitor ou más notícias a uma pessoa muito doente) iria

salvar uma pessoa (especialmente uma pessoa que não nós próprios) de um mal maior e

imerecido, e quando só é possível realizar a ocultação negando a verdade.

Confronte as posições de Kant e de Mill, expressas nos textos anteriores, acerca da regra de dizer a

verdade.

Na sua resposta, integre adequadamente a informação dos textos.

2. Leia o texto seguinte.

O valor da liberdade não é o mesmo para todos. Alguns gozam de maior poder e riqueza e

dispõem, portanto, de maiores meios para alcançar os seus fins. [...] Considerando os princípios

da justiça em conjunto, a estrutura básica deve ser disposta de modo a maximizar para os menos

beneficiados o valor do sistema completo de liberdades iguais que é partilhado por todos. É esta

a definição do objetivo da justiça social.

2.1. Por que razão, de acordo com Rawls, é preciso maximizar o valor da liberdade para os menos

beneficiados?

Na sua resposta, mostre como se faria essa maximização aplicando os princípios da justiça propostos
por Rawls.

2.2. Considere, a título de hipótese, que temos a liberdade de viver a vida que queremos e que temos a

liberdade de usar como entendermos os recursos que adquirimos em resultado do exercício legítimo

das nossas capacidades. Suponha, ainda, que estas liberdades são direitos morais absolutos.

Teríamos, neste caso, a obrigação de contribuir para a realização da justiça social defendida por

Rawls? Porquê?

GRUPO IV

1. Leia o texto seguinte.

Da primeira vez que um homem viu a comunicação de movimento por impulso, ou pelo choque

de duas bolas de bilhar, ele não poderia afirmar que um evento estava conectado, mas apenas

que estava conjugado com o outro. Depois de ter observado vários casos desta natureza, passa

a declarar que eles estão conectados.

Como é que Hume explica que tenhamos a ideia de conexão necessária entre acontecimentos?

Na sua resposta, integre adequadamente a informação do texto.

2. Considere as proposições seguintes.

a) Se há instabilidade política no Reino Unido, os preços das ações na bolsa de Londres caem.

b) Se há instabilidade política no Reino Unido, os preços das ações na bolsa de Londres

alteram-se.

Qual das proposições seria mais interessante para um cientista que usasse o método proposto por Popper?

Justifique a sua resposta.

3. Será que a avaliação das teorias científicas é determinada por critérios objetivos?

Compare as respostas de Popper e de Kuhn a esta questão.

GRUPO V

De acordo com a análise tradicional do conhecimento, o conhecimento é crença verdadeira justificada.

Será que as conclusões dos argumentos indutivos fortes são conhecimento?

Na sua resposta, deve:

‒ clarificar o problema apresentado;

‒ apresentar inequivocamente a posição que defende;

‒ argumentar a favor da posição que defende.

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