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TRABALHO DE FILOSOFIA

Questões sobre o Livro: “Convite à Filosofia”-


Marilena Chaui

Lia Kilsztajn, Nº23 – 1B

Marlito, Filosofia
QUESTÕES:

1 – O que é a tendência à racionalidade?

2 – O que é síntese? E análise?

3 – Qual é a noção de conhecimento verdadeiro trazido pela Filosofia nascente?

4 – O que significa afirmar que a razão e o pensamento operam obedecendo a leis, princípios e
regras universais?

5 – Qual a diferença entre o acaso na natureza e o possível nas ações humanas?

6 – Para a ação humana, qual é a diferença entre necessidade, contingência e possível?

7 – Resuma os principais legados da Filosofia grega para o pensamento ocidental?

8 – Quais as principais diferenças entre Filosofia e mito?

9 – Quais as condições históricas que propiciaram o surgimento da Filosofia na Grécia?

10 – Por que a invenção da política foi decisiva para o nascimento da Filosofia?


1. Tendência a racionalidade é o que diferencia o homem dos outros seres. É a capacidade de
pensamento do ser humano como animal racional que é dotado de razão. Tudo que a razão
humana pode conhecer é conhecido de forma plena e verdadeira. Para obter o conhecimento
verdadeiro é necessário que haja pensamento e razão, estes devem conhecer as leis, regras,
princípios e normas, que seria o critério de explicação de alguma coisa.

2. Síntese é a capacidade de generalização que o homem possui, onde o pensamento é capaz


de descobrir semelhanças e identidades. O pensamento consegue reunir diversos fatores que
para os nossos sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato) aparentam ser totalmente
diferentes, mas que têm algo em comum, alguma semelhança. Reúne diversos fatores
formando um todo. Assim somos capazes de realizar uma síntese, e isto é uma característica
apenas humana. Como dado um exemplo no livro, ao observamos vários estados da água que
aparentemente são muito diferentes, percebemos que todos tratam de um mesmo elemento,
que é a agua. Ou seja, foi identificado algum ponto em comum entre eles, desta forma
realizamos a chamada síntese. Já a análise vem da capacidade de diferenciação, podemos
dizer que opera de forma quase oposta à síntese, porém as duas requerem nossa capacidade
de identificar semelhanças e identidades, como já citado anteriormente. No caso da análise,
ela aponta certos fatos que aparentemente são semelhantes ou iguais e identifica suas
identidades, mostrando assim que na verdade são diferentes. Realizar a análise seria separar
um todo em suas várias partes. Para entender e compreender a realidade é necessário em
primeiro lugar decompô-la, assim estudando várias de suas partes até completar o todo.

3. A noção de conhecimento verdadeiro trazida pela filosofia nascente é aquilo que a razão
procura, por meio de questões e dúvidas e, assim, debates e discussões, criando provas e
então um conhecimento verdadeiro, que busca a verdade e que é compreendido de forma
racional por todos e não apenas as divindades (como se pensava antes da filosofia grega).
Busca-se a verdade daquele momento baseado no conhecimento do mesmo, mas que está em
constante mudança. A partir do desenvolvimento do conhecimento, outras verdades podem
ser descobertas. Em cada momento histórico, o conhecimento verdadeiro busca encontrar as
leis e os princípios universais e necessários do objeto conhecido. O conhecimento verdadeiro
não é algo imposto a outros e sim demostrado por meio das provas. Também o conhecimento
só é verdadeiro se é explicado de forma racional o que é conhecido, explicando como é, e por
que é.

4. Todo ser humano é dotado de razão. Por isso, sendo o conhecimento de todos, é preciso
que a razão e o pensamento operem obedecendo a leis, princípios e regras universais, e que
seja possível demostrar, por meio de provas, tal conhecimento. Estabelece-se essas leis para
que haja comunicação e coerência entre os conhecimentos, que desta forma possam ser
discutidos e comprovados. As regras universais são essenciais, significam que são validas para
todos e que são as mesmas em toda parte e em todos os tempos. Com estas leis somos
capazes de distinguir o verdadeiro e o falso, se algo faz sentido (tem lógica) ou não. Desta
forma somos capazes de conhecer a realidade, o conhecimento verdadeiro.

5. O acaso na natureza é algo que ocorre acidentalmente, como diz a própria palavra “não
caso”, casual, sem “planejamento”. Não é algo necessário, isto é, poderia ser diferente do que
é, poderia ser de outra forma, é maleável. Porém, o acaso é o encontro acidental de dois
acontecimentos necessários. Não é controlado e nem previsível, simplesmente ocorre, como é
citado no texto um exemplo: se quando uma pedra é lançada um ser humano passa e
acidentalmente é atingido pela pedra, isto aconteceu por acaso. O ato da pedra cair é
necessário e do homem andar também, mas a pedra atingir o homem não seria necessário, é
um acidente. O acaso é algo da natureza e o homem não pode impedir que aconteça. Já o
possível é de manejo e escolha do homem. Esta escolha do ser racional dotado de vontade e
de liberdade (ser humano) é que determina se ele vai fazer tal coisa ou não. O possível é o que
age além do necessário, o ato de um ser humano andar é necessário, mas a escolha para onde
andar é o possível, depende de uma escolha voluntaria e livre. O possível está no poder dos
homens, diferentemente do acaso.

6. O necessário é aquilo que não pode ser de outra forma, sendo assim o homem não tem
poder sobre, acontece independente de nossa vontade. O contingente é o que pode ou não
pode ser, ou seja, é móvel. Desta forma há o contingente de acontecimentos que podem ou
não acontecer na natureza, que é chamado de acaso, algo acidental, que assim como o
necessário, também não está em nosso poder escolher. Já o contingente entre humanos (que
pode ou não acontecer entre os homens) é chamado de possível e, este sim, é de total poder
de escolha do homem.

7. Um dos principais legados da filosofia grega para o pensamento ocidental é o conhecimento


verdadeiro, com a ideia que este deve ser encontrado nas leis e princípios universais e
necessários, ou seja, que necessariamente acontecem de tal forma e em todos os lugares e
todos os tempos. Por meio de argumentos e provas racionais se explana a verdade, se
demonstra um conhecimento verdadeiro. Além disso o conhecimento não é algo que alguém
impõe a outras pessoas, e sim algo compreendido por todos, por meio de argumentos,
debates, explicações que são provados racionalmente.
Outro legado é a ideia de que a natureza segue uma ordem necessária, que não pode ser de
outra forma. Se estabelece assim as leis da natureza que são necessárias e universais, sempre
são as mesmas, não se pode escapar e são válidas para todos os seres. Importante ressaltar
que estas leis também são válidas para todos os tempos, ou seja, eram válidas no passado, são
válidas no presente e também serão no futuro. O que muda é o conhecimento do homem, no
passado não se conhecia tais leis naturais que hoje em dia são conhecidas, porém isso não
quer dizer que não existiam – mas os homens não a conheciam.
Algo de tamanha importância para o nascimento da filosofia é a ideia (já discutida) de que a
natureza segue as leis e princípios universais e necessários, pois traz consigo a origem a
cosmologia, que é a expressão filosófica inicial. A palavra cosmologia significa “ordem e
organização do mundo”, ou seja, a partir dessa ideia os homens puderam criar uma forma de
explicar a natureza e a origem do mundo, e isso encadeou o surgimento da ciência da
natureza, a física. Essa ideia, criada pelos filósofos gregos, deu origem a todo conhecimento,
estudo e criação de leis formuladas pelos cientistas, ao longo dos anos, que hoje em dia fazem
parte de nosso conhecimento.
Também a ideia de que essas leis naturais podem ser compreendidas e conhecidas pelo nosso
pensamento, não é algo místico que só pode ser conhecido por divindades, pode ser
conhecido por qualquer um.
A ideia de que o pensamento opera obedecendo a princípios, leis, regras e normas universais e
necessárias (o que já foi citado anteriormente), e com isso somos capazes de separar e
identificar o que é verdadeiro (tem lógica e faz sentido) e o que é falso (é contraditório). Assim
pela realidade seguir essas leis e princípios, somos capazes de conhecê-la, já que nosso
pensamento é coerente, busca a verdade, por sermos seres racionais. Diferenciamos assim o
que é uma afirmação e o que é uma negação, reconhecemos o que é identidade, distinguindo
e diferenciando os seres. Diferenciamos o que é ilusão e o que é verdade. E identificamos por
meio de provas e demonstrações o que é contraditório e o que não é.
A ideia de que o ser humano é um ser racional dotado de vontade e liberdade, assim a prática
humana, como ação moral, política, técnicas e artes, ocorrem por uma escolha humana que
vem da vontade livre, a partir de nossas opiniões e preferências.
A ideia de que pelo o humano fazer parte da natureza e pelo seu comportamento obedecer a
leis naturais, os acontecimentos humanos também são necessários (não podem ocorrer de
outra maneira), porém isso não quer dizer que não podem ocorrer “acidentes”, que possa
ocorrer em certas condições coisas que não são usuais e esperada, acontecem por acaso, tudo
aquilo que pode ou não acontecer (que é o contingente). Podem ocorrer sim, tanto por o
encontro acidental de coisas necessárias na natureza (chamado de acaso), tanto pelo fato de
que o homem é um ser dotado de vontade e liberdade, e desta forma pode fazer livres
escolhas, mudando ou prevenindo certos acontecimentos (chamado de possível).
A ideia de que os seres humanos não são “controlados” por forças misteriosas e fabulosas a
agirem de tal forma, e não adquirem um “destino”. Os seres humanos aspiram naturalmente
ao conhecimento verdadeiro, por serem dotados de razão, e por serem seres dotados de
vontade e liberdade também aspiram naturalmente a justiça, por serem dotados de desejos e
vontades, aspiram a felicidade. Desta forma agem por si mesmos, estabelecem valores que
dão coerência e significado as suas vidas e as suas ações.

8. As principais diferenças entre filosofia e mito são que o mito tem como narrativa mostrar as
coisas que tinham e como era no passado, mas não um passado próximo e sim um passado
muito distante, sem memorias e fabuloso, antes das coisas serem como são no presente. Em
principal os mitos e “histórias” passadas buscam trazer ensinamentos e explicações
(inquestionáveis) aos homens do presente. Já a filosofia não estuda ou narra o passado para
entender o presente, mas ao contrário do mito, ela procura conhecer e explicar as razões pelas
quais as coisas são como são vendo o tempo como algo eterno, uma totalidade (passado,
presente e futuro), buscam compreender como as coisas eram, são e vão ser, conhecendo e
estabelecendo as leis naturais e universais que servirão para o passado, presente e o futuro.
Além disso os mitos procuram explicar a origem das coisas e do mundo por meio de uma
genealogia, guerras ou alianças entre esses deuses, que são forças divinas, supernaturais e
caracterizadas, carregam personalidades. Já a filosofia ao contrário explica as origens naturais
das coisas e do mundo, que se originam a partir de elementos anteriores como, água, fogo, ar
e terra, os 4 elementos, isso por causas naturais e “impessoais”, no sentido de gerais e sem
personalidades. Enquanto o mito narra a origem de seres pelo casamento de deuses, a filosofia
explica a surgimento destes pelos “movimentos de ações de composições, junção e separação
destes 4 elementos”. Outra grande diferença é que para o mito não havia problema a grande
presença de contradições e coisas magicas não compreensíveis, inclusive era de grande
caracteriza dos mitos esta presença, além do que por ser algo de origem divina não se
duvidava de quem contava (o narrador tinha autoridade religiosa). Porém a filosofia não
admite este tipo de coisa, tudo há de ser comprovado, explicado e coerente e é exigido que
siga uma lógica racional. O domínio da explicação não é do filosofo e sim da razão, e sendo
todo o homem um ser racional, portanto este domínio é o mesmo para todos.

9. As condições históricas que propiciaram o surgimento da filosofia na Grécia no final do


século VII e início do século VI a.C. foram, em primeiro lugar, as grandes navegações gregas
que aconteciam na época, estas trouxeram aos gregos a ideia de que seus mitos não eram
verdadeiros, os mitos que falavam de deuses habitando outras terras e monstros presentes
nos mares. Puderam perceber que não havia nada disso e ao invés de deuses lá habitavam
outros homens. Desta forma foi necessário que criassem novas explicações sobre as origens
das coisas e do mundo, já que as explicações míticas já não os satisfaziam mais. Outro fator foi
a invenção do calendário, que trouxe uma nova noção de tempo como algo natural, sendo o
calendário uma forma de calcular o tempo a partir das repetições de fatos (como estações do
ano, horas dos dias e etc.), era preciso de uma nova abstração, onde não viam mais o tempo
como uma força divina que não eram capazes de compreender. A invenção da moeda também
foi muito influente, revelando uma nova capacidade de abstração e de generalização, permitiu
uma forma de troca que já não era mais trocar alguma coisa por outra e sim uma troca
abstrata reconhecendo e estabelecendo um valor as coisas. Podemos dizer que a moeda é a
linguagem comum entre as mercadorias. O surgimento da vida urbana que trouxe técnicas de
fabricação e de trocas, diminuindo com a imobilidade social e o poder e importância das
famílias aristocratas que tinham o domínio das terras. Assim com o surgimento de uma classe
de comerciantes ricos que buscavam acabar com os valores antigos e procuravam o “prestigio
pelo patrocínio e estimulo as ás artes, técnicas e aos conhecimentos”, o que ajudou a
surgimento da filosofia já que procuravam desenvolver exatamente isso. A invenção da escrita
alfabética que assim como a moeda e o calendário também trouxe uma capacidade de
generalização e abstração. Diferente das outras escritas mais antigas, representadas por
imagens, esta busca um signo abstrato que é representado pelas palavras, e onde as letras
podem ser combinadas de diversas formas formando palavras que combinadas com demais
outras criam situações e descrições. Nas escritas antigas cada símbolo, imagem significava uma
situação, expressão ou ideia. Além disso esta nova escrita é utilizada por todos e não tem
caráter magico, nada fantasioso como tinham as antigas escritas. E é claro também a invenção
da política que trouxe a ideia de lei, o surgimento do espaço público e o estímulo ao
pensamento.

10. A invenção da política foi decisiva para o nascimento da filosofia. Com ela trouxe a ideia de
lei, onde a sociedade, a coletividade humana, por meio de uma organização e estabelecendo
regras e um aspecto legislado passa a decidir por conta própria o que é melhor para eles. E
desta forma que a filosofia buscou entender e conhecer o surgimento do mundo de forma
racional por essas leis e ordens. Também trouxe o surgimento do espaço público, onde o
discurso dos homens muda, ao invés de ser narrado pelos mitos por alguém escolhido aos
deuses (poeta-vidente) para propagar as decisões feitas pelos próprios deuses, que não
deviam ser contestadas, passaram, com o surgimento da cidade, polis (cidade política) instituir
a ideia de cidadão, onde cada um tem direito de fala, de discurso político. Onde as coisas são
discutidas e argumentadas por meio de provas resultando em decisões racionais que são
compreendidas por todos. A política estimulando o e valorizando o ser humano, o
pensamento, o debate, o conhecimento racional, e entre outros, estimula e influencia na
origem da filosofia que tem como base a ideai da razão e do conhecimento verdadeiro. E o
estímulo ao pensamento, com a ideia de passar conhecimento a todos através de ensinos
transmissões e discussões públicas, partindo da ideia de que todos podem compreender e
discutir um pensamento, trazendo novamente abertura para a filosofia e a ideia de que todo
homem tem capacidade do conhecimento, já que todo ser humano é um ser racional.

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