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Prof.

Marcílio Diniz da Silva


Material auxiliar acerca de Lógica.

I.

*Lógica
O termo ‘Lógica’ vem do latim, ‘logica’ que por sua vez vem do grego ‘λόγικα’
(logika), enquanto derivado de λόγος (logos) que significa “discurso, palavra, razão,
pensamento”. Pode ser definida como:
-“A ciência que determina as formas corretas (ou válidas) de raciocínio” (Joseph Dopp apud
KELLER, BLASTOS, 2002. p. 15).
-“A ciência das formas do pensamento” (L. Liard, idem)
-“É a ciência da argumentação, enquanto esta é a diretiva da operação de raciocinar” (G.
Telles Júnior, idem).
A lógica surge na Grécia antiga no século V a.e.C. com a Dialética (método de
argumentação) sofística, com Zenão de Eléia, Protágoras de Abdera, Górgias o Leontino e
Sócrates, posteriormente sistematizada por Platão (século VI a.e.C.), quando ganha um
caráter e cunho filosófico. Posteriormente, também há a sistematização de Aristóteles (Lógica
Aristotélica - século III a.e.C.). Surge ainda na Grécia antiga, entre os séculos III a.e.C e II
e.C. a Lógica Megárico-Estóica, representada por Crisipo e Diodoro Cronos e demais
pensadores ligados ao Estoicismo.
Durante a época Medieval, basicamente é repetida e aperfeiçoada a Lógica
Aristotélica; Durante o Renascimento, com o filósofo alemão Leibniz (século XVII) a Lógica
é identificada com os procedimentos do cálculo matemático, sendo pela primeira vez
sistematizada enquanto Lógica Matemática por G. Boole (século XIX), aperfeiçoada por G.
Frege (final do século XIX) e por Bertrand Russell e A. Whitehead no início do século XX.
Por sua vez, ainda no século XX passou por revisões e outras sistematizações realizadas por
Peano, Gödell, etc.

*Raciocínio
Aristóteles, Organon, A, 1:
Ora, o raciocínio é um argumento em que, estabelecidas certas coisas, outras
coisas diferentes se deduzem necessariamente das primeiras. (a) O raciocínio
é uma "demonstração" quando as premissas das quais parte são verdadeiras e
primeiras, ou quando o conhecimento que delas temos provém
originariamente de premissas primeiras e verdadeiras: e, por outro lado (b), o
raciocínio é "dialético" quando parte de opiniões geralmente aceitas. São
"verdadeiras" e "primeiras" aquelas coisas nas quais acreditamos em virtude
de nenhuma outra coisa que não seja elas próprias; pois, no tocante aos
primeiros princípios da ciência, é descabido buscar mais além o porquê e as
razões dos mesmos; cada um dos primeiros princípios deve impor a convicção
da sua verdade em si mesmo e por si mesmo. São, por outro lado, opiniões
"geralmente aceitas" aquelas que todo mundo admite, ou a maioria das
pessoas, ou os filósofos em outras palavras: todos, ou a maioria, ou os mais
notáveis e eminentes.

*Argumento
Keller & Bastos (2002, p. 43):
O argumento é construção intelectual, que segue uma ordem própria,
servindo-se de materiais conceituais dados pelas diversas experiências
humanas. Argumentar é estruturar materiais. A estruturação destes materiais é

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que torna possível diferenciar um argumento logicamente válido ou correto de
uma falácia ou sofisma. O sofisma serve-se de materiais que são de base
emotiva, lingüística ou psíquica, enquanto o argumento logicamente válido
pretende fundar-se em dados racionais.

*Extensão
Refere-se ao número de indivíduos aos quais um predicado é atribuído. Ou ainda ao alcance
(escopo ou domínio) de um determinado predicado ou termo qualquer. A extensão pode ser
Universal (quando se refere a um conjunto abrangente e geral de indivíduos indistintamente)
ou Particular (quando se refere a uma porção do todo ou a um indivíduo em particular).
Exemplos: ‘Mortal’ é um predicado que se atribuí a todo e qualquer ser vivo (seja um
Homem, um Cachorro ou uma Largata, etc.), logo é Universal no que diz respeito ao conjunto
de seres vivos. O termo ‘Homem’ também é universal no sentido em que engloba todos os
seres humanos sob seu alcance; já ‘João Pedro’ é um termo particular, por ser uma porção (na
verdade um indivíduo) parte do conjunto de todos os Homens que existe.

*Definição
Aristóteles, Organon, A, 5:
Uma definição é uma frase que significa a essência de uma coisa. Apresenta-
se ou sob a forma de uma frase em lugar de um termo, ou de uma frase em
lugar de outra frase; pois às vezes também é possível definir o significado de
uma frase.

Definiendum (<a coisa que está> a definir, para ser definida) > Definiens (o que define). No
geral, evita-se que o definiendum apareça no definiens. Já que a coisa que está para ser
definida não pode ser a coisa que define, o que tornaria a definição inválida e vazia de
significado.

II.

Tipos de argumentos:
1) Indutivo: parte do particular para o universal. “O que convém a várias partes,
suficientemente enumeradas, de um certo universal, convém a este universal” (KELLER,
BASTOS, 2002, p. 45). Se tem uma argumentação indutiva por:
*Analogia ou semelhança: ao verificar-se determinado caso sob determinada circunstância,
esperasse que este caso repita-se a semelhança do primeiro. Exemplo: “eu já assisti um filme
de Jackie Chan muito bom, esse novo filme dele deve ser ótimo”.
*Enumeração incompleta mas suficiente: toma-se certos eventos particulares como típicos e
representantes de um conjunto de coisas. Exemplo: uma fábrica de manteiga produz um lote
de 100 embalagens de manteiga por hora; são selecionadas 5 a primeira, a vigésima, a
quadragésima, a sexagésima e a octogésima para serem analisadas. Se todas estiverem OK,
conclui-se que o lote todo (as 100 embalagens) está OK.

2) Dedutivo: parte do universal para o particular. Consiste na inferência de uma conseqüência


a partir de antecedentes universais. “Inferir é tirar um enunciado ou levar a um enunciado a
confirmação a partir de outros” (ibid. p. 47). Grosso modo, esta é a maneira lógica de se
pensar. Exemplo: Todo triângulo possui 3 lados, isto é um triângulo escaleno, logo, possui três
lados.

III.

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Meios de convencimento.
No nosso cotidiano, somos bombardeados por informações vinculadas por diversos
meios, sejam pela televisão, rádio e demais meios da mídia, sejam por pessoas próximas à
nós e que convivem conosco. Muitas vezes somos persuadidos, direta ou indiretamente, ou
coagidos a realizarmos determinados eventos ou nos comportarmos de acordo com certas
coisas; seja ir a Igreja ou comprar um determinado produto ou escolher uma marca de um
produto qualquer. Para tanto, em alguns casos, precisamos ser convencidos de tal. Existem
diversas maneiras de se ser convencido. Em termos mais técnicos, se entendem tais maneiras
como argumentos. Estes por sua vez podem ser legítimos ou não. Quando são ilegítimos ou
incorretos, em Lógica, chamam-se de “falácias”.
“Sofismas ou falácias são raciocínios que pretendem demonstrar como verdadeiros os
argumentos que logicamente são falsos. Sua eficiência consiste em transferir a argumentação
do plano lógico para o psicológico ou lingüístico” (KELLER, BLASTOS, 2002. p. 24).
Podemos dividir as falácias em três grupos básicos: as psicológicas, as lingüísticas e as
lógicas. As falácias psicológicas (1) dizem respeito a quando é feita a transferência do plano
lógico para o psicológico, as lingüísticas (2) quando transferimos para o campo da linguagem
e as lógicas (3) quando dizem respeito puramente a forma lógica do argumento.

Relacionemos as principais falácias do grupo psicológico:

Conclusão irrelevante: quando se conduz um argumento, de maneira intencional ou não,


para uma conclusão que não é garantida pelas premissas e considerações em questão.
Conclui-se “algo nada a ver”.
Petição de princípio ou Círculo vicioso: quando se pressupõe como certo o que se deveria ter
demonstrado; a conclusão é extraída de um ponto de partida do argumento, sendo justamente
este ponto o que se quer provar.
Falsa causa: consiste na atribuição de uma falsa causa à um fenômeno, ou ainda como causa
dele, algo que apenas o precedeu.
Causa comum: quando dois acontecimentos relacionados entre si são tomados um como
causa do outro, sem considerar que ambos são causados por um terceiro.
Generalização apressada: quando se atribui ao todo o que é próprio de uma parte.
Acidente: acontece quando se recorre á regras gerais sem levar em conta as possíveis
exceções às quais a regra não se aplica.
Contra o homem (ad hominem): consiste em atacar diretamente a imagem pessoal do
falante, ao invés de seus argumentos.
Recurso à força (ad baculum): consiste em convencer, ou coagir alguém a concluir algo com
base na força, ou no poder, ao invés de ser pelos argumentos em si próprios.
Apelo à ignorância (ad ignoratiam): recorre-se a ignorância ou não-contestação de um fato
para concluir uma determinada proposição que estaria pendente.
Apelo à piedade (ad misericordiam): é a utilização de chantagem emocional, nem sempre
claramente exposta, para fazer alguém aceitar determinada conclusão.
Populismo (ad populum): recorre-se à platéia, ou ouvintes, ou seja a massa, população para
“demonstrar” que determinada conclusão é válida.
Apelo á autoridade (ad verecundiam): consiste no apelo à autoridade de uma pessoa que não
é especialista (uma autoridade) em um determinado campo, para validar uma conclusão neste
campo.
Pergunta complexa: é a combinação de duas ou mais perguntas em uma só, visando
confundir o interlocutor ou a platéia.
Usar à raiva: consiste em fomentar e estimular determinados ações ou maneiras visando
enraivecer/desequilibrar emocionalmente o interlocutor.

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IV.

Princípios da Lógica Clássica (Aristotélica).


>Princípio de Identidade: A=A (o que é é)
>Tríplice Identidade: A=B, B=C | A=C (duas coisas idênticas entre si, são idênticas entre si,
na medida em que são idênticas a uma terceira).
>Princípio de Não Contradição: A=A, A≠B (uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo
tempo e sob o mesmo aspecto).
>Princípio do Terceiro Excluído: A=V≠FvA=F≠V | A=F≠VvA=V≠F (ou algo é verdadeiro,
em um determinado momento e aspecto, ou é falso; não há meio termo).

Símbolos de conectivos lógicos:


= (“igual”)
≠ (“diferente”)
| (indica uma conclusão: “logo, considerando o dito, se conclui”)
. ou ^ (“e”, conjunção)
v (“ou”, disjunção)
¬ ou ~ (“não”, negação)
→ ou ⊃ (“se... , então...”, “implica”, implicação [material])
↔ ou ≡ (“se e somente se”, “apenas se”, bicondicional, implicação biunívoca).

Exemplos: ~A→B (não-A implica B), AvB (A ou B), ~C→(A^B) (se não-C, então A e B).

V.

Silogismo.
O termo Silogismo, vem do latim ‘syllogismus’ que por sua vez vem do grego ‘συλλογισμός’
(syllogismos) que significa “pensamento conjunto, conferência”. É uma argumentação em
que, de um antecedente que une dois termos a um terceiro, infere-se um conseqüente que une
estes dois termos entre si (KELLER, BASTOS, 2002, p. 49). Exemplo:

Todo homem é mortal Premissa maior


Antecedente
José é homem Premissa menor
Conseqüente José é mortal Conclusão

Ou seja, é um argumento formado por duas premissas e uma conclusão. O que define uma
premissa como ‘Maior’ ou ‘Menor’ é a extensão de seus termos. Todo silogismo é formado
também por 3 termos: o ‘Médio’, o ‘Maior’ e o ‘Menor’. No exemplo acima o termo de maior
extensão é ‘Mortal’ (tanto se diz dos homens quanto de tantos outros seres vivos); o termo de
menor extensão é ‘José’ (é um indivíduo parte de todos os homens que existe) e o termo de
média extensão é ‘Homem’ (possui uma extensão maior que ‘José’ e menor que ‘Mortal’).
Tomemos:
t: Termo menor.
T: Termo Maior.
M: Termo Médio.

M T
Todo homem é mortal
t M

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José é homem
t T
José é mortal.

Pode-se classificar as premissas de um silogismo de acordo com as seguintes notações:


*Proposição Universal Afirmativa: (A) Todo livro é instrutivo.
*Proposição Universal Negativa: (E) Todo livro não é instrutivo (o mesmo que dizer que
‘Nenhum livro é instrutivo’).
*Proposição Particular Afirmativa: (I) Algum livro é instrutivo.
*Proposição Particular Negativa: (O) Algum livro não é instrutivo.

Diz-se que são proposições ‘Contrárias’, quando se opõem uma Afirmativa Universal (A) a
uma Negativa Universal (E). Que são ‘Subcontrárias’ quando se opõem um Afirmativa
Particular (I) a uma Negativa Particular (O). Que são ‘Contraditórias’ quando se opõem uma
de Universal a uma Particular de qualidade oposta (caso se tenha uma A e se oponha uma O,
por exemplo). Quando se opõem preposições da mesma qualidade (Negativas ou Afirmativas)
mas de quantidade (Universal ou Particular) diferentes, tem-se proposições ‘Subalternas’.

A oposição entre preposições pode ser melhor visualizada da seguinte maneira:

Todo livro é instrutivo Nenhum livro é instrutivo


A Contrárias E

Subalternas Contraditórias Subalternas

I Subcontrárias O
Algum livro é instrutivo Algum livro não é instrutivo

VI.

Regras relativas a validade ou invalidade dos silogismos:

1ª Todo silogismo contém somente três termos: maior, médio e menor.


2ª Nunca, na conclusão, os termos podem ter extensão maior do que nas premissas.
3ª O termo médio não pode entrar na conclusão.
4ª O termo médio deve ser universal ao menos uma vez.
5ª De duas premissas negativas, nada se conclui.
6ª De duas premissas afirmativas não pode haver conclusão negativa.
7ª A conclusão segue sempre a premissa mais fraca.
8ª De duas premissas particulares, nada se conclui.

De acordo com estas regras podemos identificar se um silogismo é correto, válido ou se é


incorreto, inválido. Como nos exemplos a seguir:

a) Algum vivente é homem


b) Nenhuma planta é homem
c) Nenhuma planta é vivente.

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O sujeito da conclusão “planta” tem extensão universal; na premissa, “planta” também tem
extensão universal: portanto, o sujeito desta conclusão não fere a regra. O predicado
“vivente” tem extensão universal, por se tratar de preposição negativa: “vivente”, na
premissa, tem extensão particular porque é sujeito de uma preposição particular. Daí, segue-
se que feriu a segunda regra, pois na conclusão sua extensão foi maior que na premissa. Neste
sentido, este argumento é inválido, ou constitui uma falácia formal (Ibid. p. 77).

a) Todo chumbo é metal


b) Todo metal é corpo
c) Logo, todo chumbo é corpo.

Este argumento, de acordo com as regras do silogismo é correto/válido.

VII.
“As proposições são verdadeiras ou falsas conforme correspondem ou não aos fatos do
mundo. Já os argumentos são válidos ou inválidos, corretos ou incorretos. Um argumento é
válido quando sua conclusão é conseqüência lógica de suas premissas” (ARANHA;
MARTINS. 2005, p. 157). Neste sentido, a Lógica não trata da Verdade de proposições, no
sentido de corresponderem aos fatos do mundo, antes trata da validade de argumentos,
segundo sua estrutura formal, lógica. Em todo caso, quando se considera um argumento como
relevante para os fatos do mundo (um proposição científica, por exemplo), estipula-se que
satisfaça duas condições: seja válido (logicamente) e suas premissas sejam verdadeiras.

VIII.

Lógica proposicional.
É uma parte da lógica simbólica que trata da estrutura de argumentos, através de uma
linguagem artificial. Tal linguagem artificial foi concebida por lógicos e matemáticos como
uma ferramenta que impedisse ambigüidades oriundas das línguas naturais, para campos
(como a própria Matemática e alguns campos das Ciências Naturais) onde o rigor lógico
conceitual fosse o máximo possível. Esta proposta de uma língua artificial data desde o
século XVIII com filósofo Gottfried W. Leibniz, mas tendo sido criada de fato por George
Boole no século XIX, melhorada por Gottlob Frege (que morreu no primeiro quarto do século
XX), Bertrand Russell (morreu em 1970) e Kurt Gödel (morreu em 1978).

Proposições simples: são assim chamadas as proposições formadas por um sujeito e um


predicado. Ex. João assobia.
Proposições compostas: ocorrem quando duas ou mais proposições simples são ligadas por
um conectivo lógico. Ex. João assobia ou chupa cana.
Tabelas-verdade: são tabelas que expõe os valores lógicos (ambivalentes: verdadeiros ou
falsos, sem meio termo) proposições simples ou compostas, por meio dos conectivos lógicos
aos quais estão ligadas. Já vimos alguns conectivos lógicos e seus símbolos, ei-los novamente
e mais algum:

Símbolo Leitura
~¬ Negação: “não”. Ex. “José não estudou para a prova”
.^ Conjunção: “e”. Ex. “comeu e foi dormir”
v Disjunção inclusiva: “ou”. Ex. “Biu vai à pé ou de carona”
→ Implicação: “implica, se ... então ...”. Ex. “Gelo implica frio”
↔≡ Bicondicionalidade: “se e somente se”. Ex. “Teresinha passa de ano se e somente

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se estudar”.

E as respectivas tabelas-verdade, para as proposições: (A) Alberto corre (B) Joana pula.

Negação: V V V
A ~A V F V
V F F V V
F V F F F

Implicação:
A B A→B
V V V
V F F
F V V
Conjunção: F F V
A B A.B
V V V
V F F
Bicondicionalidade:
F V F A B A↔B
F F F V V V
V F F
F V F
Disjunção: F F V
A B AvB

Quando temos um argumento composto por diversas proposições, dizemos que é uma
tautologia (do grego: ταυτολογία, “ato de dizer o mesmo”) quando o argumento se mostra
sempre válido não importa o que aconteça (quando o resultado da tabela-verdade do
argumento for toda V). Quando o argumento é inválido (quando a tabela-verdade resulta em
toda F), dize-se uma contradição (do latim: contradictio, “contra-dito, algo dito contra”) e
uma contingência (do latim: contingentia, “acaso, contingência”) quando há indecidibilidade
do ponto de vista lógico (quando a tabela-verdade apresenta tanto valores V como F).
Para a organização lógica dos argumentos muitas vezes são utilizados parênteses entre
premissas ou proposições compostas. Vejamos o argumento (~P v Q) . ~(P → Q). Neste caso,
como e Matemática, resolve-se primeiro o que está entre parênteses. Observemos a resolução
da Tabela-Verdade deste argumento. Para compreender a conclusão, observe:

P Q (~ P v Q) . ~ (P → Q)
V V F V V V F F V V V
V F F V F F F V V F F
F V V F V V F F F V V
F F V F V F F F F V F
0 0 2 1 3 1 5 4 1 3 1

Neste caso, a última linha da tabela representa a ordem de resolução: 0 é o primeiro


passo a ser feito, a distribuição dos valores de verdade das proposições simples que compõem
o argumento (P e Q). 1 é o segundo passo: por os respectivos valores de verdade das
proposições simples (P e Q) em cada lugar onde eles aparecem. 2 é a resolução das negações
dentro dos parênteses, neste caso, apenas dentro do primeiro parêntese (negação da
preposição P, onde for V, negado vira F). 3 é a resolução dos conectivos lógicos dentro dos
parênteses de acordo com as respectivas tabelas-verdade dos conectivos lógicos. 4 é a
resolução da negação de um resultado de um parêntese, no caso acima, do segundo: o valor
da implicação P→Q é negado, onde for V se torna F. E por último, 5 que é o último passo

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para se saber se o argumento é válido ou não: a definição do último conectivo, a partir do
resultado dos parênteses e das negações dos resultados dos parênteses (no caso acima, o
primeiro 3 –da disjunção - e 4) de acordo com a tabela-verdade do conectivo lógico em
questão ( no caso acima, uma conjunção). No exemplo acima, conclui-se que o argumento é
inválido (ou diz uma contradição, já que o resultado de sua tabela verdade foram apenas Fs)

IX.

Lógica de predicados.
Diz-se da lógica que trata dos predicados e envolve Quantificadores. Trabalha-se,
basicamente, com dois quantificadores, o Universal (lê-se “para todo”, representado por ∀) e
o Existencial (lê-se “para algum, existe” representado por ∃). As constantes individuais são
representados por letras minúsculas, os predicados por maiúsculas e as variáveis individuais
(que estão sob um domínio) por minúsculas (x, y e z). Eis exemplos:

Qualquer que seja a forma, se é uma forma é Espacial, implica em ser Representável por um
plano cartesiano.
∀x (xE → xRpc).
Lê-se: para todo x, se x é E implica em x ser Rpc.

Algumas coisas são Amarelas e algumas outras coisas Não são Amarelas.
∃x . ∃y (Ax . ~Ay).
Lê-se: existe x, tal que x é A e existe x tal que x não é A.

Se tudo é Sagrado, então não existem coisas Profanas.


∀x (Sx) → ~∃x (Px).
Lê-se: se para todo x, x é S, então não existe x, tal que x é P.

Tais formalizações também visam principalmente elucidações, esclarecimentos e resoluções


de ambigüidade oriundas das formulações das linguagens naturais. Tais formulações com
base em uma linguagem lógica artificial propiciaram muitos desenvolvimentos no campo das
tecnologias, principalmente no que concerne aos computadores, etc.

REFERÊNCIAS.
ARANHA, Maria L. de A.; MARTINS, Maria H. P. Temas de Filosofia. 3ªEd. São Paulo:
Moderna, 2005.
ARISTÓTELES. Organon. Versão eletrônica disponível em: http://www.ciberfil.org
KELLER, Vicente; BASTOS, Cleverson L. Aprendendo Lógica. 10ª ed. Petrópolis: Vozes,
2002.
SCHOPENHAUER, Arthur. Como vencer um debate sem precisar ter razão: em 38
estratagemas. Tradução de Daniela caldas e Olavo de Carvalho. Rio de Janeiro: Topbooks,
1997.

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