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Conceitos introdutórios
• Signos
a) Substituto de algo que está ausente e fora do nosso alcance sensorial; trata-se da
representação de uma coisa e não da própria coisa (pode ser traiçoeiro e mentiroso ao
trazer para a nossa consciência, a ideia de um objeto – consequentemente, tornamo-
nos proprietários desse objeto, ou seja, este vive na nossa mente, apesar de não o
termos fisicamente).
b) É necessário para toda a comunicação;
c) É no signo que reside a significação.
• Significação Processo composto por emissor, que transmite os conteúdos, e recetor, que
os descodifica e interpreta.
Exemplo:
“Ceci n’est pas une pipe” o autor afirma isto uma vez que se trata da representação de um
cachimbo, de uma imagem do mesmo, e não o objeto em si (“Ele é apenas uma representação.
Portanto, se eu tivesse escrito sob o meu quadro: "Isto é um cachimbo", eu teria mentido.”).
A significação que é feita depende da representação que sugere a cada um, portanto a
significação depende do intérprete. Ex: esta imagem pode 1. para algumas pessoas, remeter a
lembranças, 2. para outros, pode remeter a uma associação a um homem rico, etc.
Existem 3 planos:
Ícone Faz parte da realidade e não exige processo de aprendizagem porque houve
socialização visual de um objeto (por exemplo do cachimbo). Assim, a representação como
está na imagem assume a forma de significante.
Por outro lado, as palavras já exigem aprendizagem, pelo que quem não domina uma certa
língua, não a consegue compreender.
O ser humano enquanto sujeito intérprete, traz muita riqueza interpretativa para aquilo que
observa, que sente e que os sentidos lhe trazem. Quando se interpreta uma imagem através
do imediatismo do senso comum, costuma-se esquecer a superfície e a envolvência branca
que rodeia o ponto negro esta superfície branca é igualmente importante ao ponto negro.
No mesmo século, John Locke usa o termo semeiotike para se referir à ciência que estuda os
signos/significação. Do seu ponto de vista, a ciência divide-se em: 1º o Homem capta a
natureza das coisas, através da compreensão humana; 2º o Homem traduz o mundo em ideias,
os conceitos em significados; 3º o Homem exterioriza e comunica esse conhecimento a Outro.
Signo numa perspetiva diacrónica (evolução do signo)
• Período Clássico
a) Platão
Convencionais Fazem parte a maioria das palavras/ signos verbais que incorporam uma
língua, um código linguístico. Não há relação lógica, ou seja, não se consegue explicar porque é
que uma palavra está associada àquela ideia ou objeto – simplesmente, há um acordo numa
sociedade, de atribuir determinada palavra a uma ideia. – mais apoiado por Peirce.
“O estudo das ideias nada revela sobre a verdadeira natureza das coisas, uma vez que a
realidade das ideias é independente das representações sob a forma de palavras” Ex:
“gato”; é impossível não associar esta palavra à ideia e imagem que temos de gato, no
entanto, esta palavra nada revela sobre a sua natureza uma vez que não especifica se é um
gato pequeno, grande, bebé, velho,… É de acrescentar que a ideia é independente da palavra,
visto que a ideia de gato nada tem a ver com a palavra gato (que também pode ser cat, chat,…)
– diferentes palavras correspondem à mesma ideia.
b) Aristóteles
“Um nome é um som falado, significante por convenção. Eu digo por convenção, porque
nenhum nome é natural, mas apenas quando se torna um símbolo.” um nome é
estabelecido por convenção, ou seja, a língua é estabelecida como norma dentro de uma
comunidade, que se fixou e normalizou. Nenhum nome é natural porque, apesar do processo
de traduzir pensamentos em palavras ser feito de forma natural, a criação das palavras
atribuindo-lhes ideias, é convencional.
Signos: marcas escritas referentes a sons falados sons falados são signos e símbolos de
impressões mentais impressões mentais (ideias) são cópias das coisas.
O que distingue o símbolo do signo? O símbolo é mais natural, espontâneo, mecânico (ex:
cacarejar – flui com naturalidade porque lembra o som produzido por um animal; ex:
heteróclito NÃO é um símbolo). O signo é mais convencional (ex: cadeira).
A partir do momento em que um nome passa a viver em nós e quase que flui naturalmente na
nossa expressão oral, este transita de signo para símbolo.
c) Estoicos
• Período medieval
Segundo Santo Agostinho, o signo é composto por 2 planos:
Plano semântico “Um signo é o que se mostra a si mesmo ao sentido (por via sensorial,
função de significante), e que, para além de si, mostra ainda alguma coisa ao espírito (mostra
uma ideia/significado, só assim é considerado um signo)”.
Plano comunicacional “A palavra é o signo de uma coisa que pode ser compreendida pelo
auditor quando é proferida pelo locutor.” Ao dizer que a palavra é o signo de uma coisa, estou
automaticamente a referir o significante e significado, porque o signo é composto por estes.
Antes de conhecer o significado de uma palavra, esta é apenas ruído ou um mero som, não
sendo percetível nem inteligível. A partir do momento em que lhe atribuo um significado,
consigo decifrá-la e descodificá-la, tornando-se um signo.
• Racionalismo
a) Descartes
b) Leibniz
Defende a visão pansemiótica: inclui, nos signos, palavras, letras, símbolos químicos e
astronómicos, carateres chineses, hieróglifos, marcas musicais, algébricas e aritméticas e
outros signos que usamos, em vez das coisas quando pensamos.
Ex: se disser “A” surge um “A” na nossa mente; no caso dos caracteres chineses, para os
ocidentais são só significantes e não chegam a signos, mas para quem compreende a língua
chinesa são signos porque conseguem atribuir um significado aos significantes (caracteres).
“Um signo é aquilo que percecionamos e, por outro lado, consideramos conectado com outra
coisa, em virtude da nossa ou da experiência de outrem” – O que percecionamos deixa de ser
só uma mera sensação/ruido, e ganha entendimento (deixa de ser só significante e passa a ter
também significado). A partir do momento em que atribuímos significado a uma
representação, conectamo-la com o objeto que existe na realidade.
Os signos são ferramentas úteis e necessárias que servem de abreviatura a conceções
semânticas mais complexas que representam. Ex: mala da GUESS composta por várias
fotografias e pelo logotipo da marca - o signo é a representação das imagens e, a partir deste,
tenho competências interpretativas para gerar processos de raciocínio, tais como, o logotipo
remete-me para o nome e ideia da marca, o próprio nome “GUESS” é tradução de “adivinha”,
como que numa maneira de espicaçar o sujeito intérprete, etc.
• Empirismo britânico
- Ideias só podemos falar em signo quando uma ideia está associada na nossa mente com
uma palavra, caso contrário não temos signo – neste caso, apenas está presente a
componente do signo que é a ideia = conceito = significado.
Rejeita o axioma das ideias inatas: “as ideias provêm das sensações dos objetos externos” por
reflexão. A mente perceciona e reflete conhecemos o mundo através das experiências e das
sensações, e não através do intelecto como Descartes defende.
• Iluminismo francês
Diderot estuda a:
- Superioridade da linguagem não verbal: a linguagem dos gestos, não só é mais expressiva,
como também é mais lógica que a linguagem verbal (no caso da linguagem verbal, se não
cumprirmos uma sequência lógica de palavras é muito provável que o recetor não entenda,
distorcendo a realidade).
Ferdinand de Saussure reivindica a ciência que “estudaria em que consistem os signos, que leis
os regem” e propõe a designação “Semiologia”. Este estuda a presença dos signos na vida
social, ou seja, dá uma socialização aos signos. Estrutura o seu pensamento em binómios: o
conceito e a imagem acústica que, mais tarde, passam a ser denominados de significado e
significante, respetivamente.
Charles Sanders Peirce entendia a Semiótica, como apenas um outro nome da ciência da
Lógica. Peirce estrutura o seu pensamento em sistemas triádicos: 1º a composição do signo
(próprio signo – equivalente ao significante de Saussure -, referendo/objeto, e interpretante);
2º tipos de signo (índice, ícone e símbolo).
Charles Morris, considera que a Semiótica “tem uma dupla relação com as ciências: ela é
simultaneamente uma ciência entre as ciências e um instrumento das ciências” (“meta-
ciência”).
Peirce e Morris concebem a Semiótica como a ciência das ciências, porque todas precisam de
um corpo de conhecimentos que só pode ser transmitido através da sua materialização em
palavras. De um modo geral, todos os teóricos dizem que a Semiologia é uma ciência por si
própria, mas que todas as demais também dependem dela.
O objeto é a realidade em si que está a ser analisada, o referente, a coisa. O próprio signo é o
modo como essa determinada realidade é representada e materializada, seja por meio de
ícones ou de mensagem linguística – também designado de “veículo sígnico” porque conduz a
realidade ao interpretante. Com base na maneira como a realidade é representada, o
interpretante faz as suas próprias conclusões e interpretações – este interpreta que o que
observa não é uma coisa em si, mas uma coisa que representa outra coisa, criando assim, um
signo na sua mente.
Conceito parte psíquica, imagem mental, é mais abstrato que a imagem acústica.
Imagem acústica parte sensível, sensorial (apela ao sentido da audição) e é só, neste
sentido, que é material – ao haver expressão oral de uma ideia, esta materializa-se e cria-se
uma representação mental; Ex: ouço alguém falar russo, no entanto, para mim apenas está a
ser transacionado ruído estéreo, uma vez que não consigo associar ao som uma imagem
acústica, ou seja, não consigo entender a ideia que me está a ser transmitida e materializá-la.
No circuito da fala, segundo Saussure, há, pelo menos, 2 sujeitos que estabelecem uma
comunicação entre si: o emissor, que tem uma atitude ativa e transmite a informação, e o
recetor que a recebe e descodifica, tendo uma atitude passiva. Este intercâmbio carateriza-se
por:
1. Parte exterior (vibração dos sons no seu trajeto boca-ouvido) / Parte interior (tudo o resto);
2. Parte psíquica (cérebro e processos a ele associados) / Parte não psíquica (factos fisiológicos
com sede nos órgãos: fonação e audição, e factos físicos exteriores ao sujeito, possibilitados
através das ondas sonoras);
3. Parte ativa (centro de associação do sujeito emissor ao ouvido do outro) / Parte passiva (o
que se processa do ouvido deste ao seu centro de associação);
- Troca de coisas similares – ato de comparação; as coisas são signos mais eficientes por terem
uma imagem mental mais próxima da realidade (Ex: morrer/ falecer).
O traço que une o significante ao significado é arbitrário, ou seja, não assenta numa relação
lógica, racional, motivada nem natural. Ex.: a ideia de pé não está ligada por nenhuma relação
à cadeia de sons “p” + “é”. Podia ser perfeitamente representada por outra cadeia de sons,
dependendo das línguas (foot, pie, pied). Apesar da relação entre a palavra e o que ela
representa ser arbitrária, isso não significa que o significante fica à livre escolha do sujeito
falantes.
Objeções: onomatopeias (seguem um raciocínio lógico, Ex: criação da palavra “zumbido” com
base no som “zzzz”, exclamações, exemplos de composição e derivação vocabular (palavras
são formadas com base num determinado raciocínio).
“Um sistema é arbitrário quando os seus signos são estabelecidos, não por contrato, mas por
decisão unilateral.” – Roland Barthes
• Linearidade do significante
O significante, por de natureza auditiva, desenvolve-se no tempo e, a este vai buscar os seus
atributos. Representa uma extensão e esta é mensurável numa linha – todo o mecanismo da
língua, para deter sentido, deve seguir este princípio.
Se escrever uma série de palavras soltas por uma folha – ou seja, se não houver linearidade/
sequencialidade -, não conseguimos identificar as ideias e o sentido que estão a ser
transmitidos.
• Imutabilidade
O signo é imutável porque resiste a qualquer substituição arbitrária. A massa social não é
consultada e o significante, escolhido pela língua, não pode ser substituído por qualquer outro
– a comunidade linguística não tem soberania sobre uma palavra.
Neste caso, invoca-se o caráter arbitrário do signo, que coloca a língua ao abrigo de qualquer
tentativa de mutação; o caráter demasiado complexo do sistema (a língua é um sistema,
havendo impotência da comunidade para o alterar totalmente); e o fator de conservação (a
língua é um sistema de que muitos indivíduos se servem, daí haver pouca margem para
iniciativas e alterações.
• Mutabilidade
Complementa o conceito de imutabilidade. Apesar de haver um esfrço por garantir a
estabilidade do signo e assegurar a sua continuidade da língua (como referido no ponto
anterior), o tempo acaba sempre por provocar alterações no signo linguístico – daí ser possível
conciliar a imutabilidade com a mutabilidade.
Alterações gramaticais e semânticas que vão ocorrendo com o tempo, impactam a língua,
afastando o significado do significante (Ex: queer, em tempos era utilizado como ofensa à
comunidade LGBT e, nos dias de hoje, serve para designar membros dessa mesma
comunidade, mas sem uma conotação pejorativa atribuída). Apesar de serem poucos os casos
de mutação na língua, os mesmos existem – como na elaboração do novo acordo ortográfico.
• Denotação (constituída pelo significado concebido objetivamente e apenas como tal; Ex:
texto jornalístico) e conotação (expressa por valores subjetivos ligados ao signo, resultantes da
sua forma e função; associado a juízos de valor). – Um uniforme denota o grau e função de um
indivíduo e conota o prestígio e autoridade que lhe estão associados.
• Símbolo A relação entre o signo e o objeto está convencionada, exigindo, para a sua
descodificação, uma aprendizagem. Ex.: linguagem.
“O Homem é mais um ser simbólico do que racional” (Charles Morris), ou seja, o Homem
socorre-se de convenções linguísticas para comunicar.
O índice antecede o signo, o ícone está presente no signo (análise icónica) e o símbolo
representa-o. Somos seres visuais, que veem o mundo e o ícone é uma representação próxima
do mundo – logo, nós temos as componentes visuais necessárias para compreender os ícones.
a) Ponto de partida Saussure parte do ato sémico entendido como facto social que,
por via do circuito da fala, estabelece uma relação entre, pelo menos, dois
interlocutores;
Peirce parte da ideia de semiosis, e afirma que existe uma cadeira interrupta de signos
e este processo protagoniza-se pelo intérprete;
b) Limite das Ciências Saussure percebe que a Semiologia se confronta com limites e
existem objetos exteriores ao seu âmbito, ou seja, não semiotizáveis (Ex.: signos
naturais, como o céu carregado de nuvens, não são semiotizáveis.
Peirce entende que tudo é semiotizável, pelo que a Semiótica não tem freios.
Linguagem
A linguagem não é uniforme e é considerada heteróclita (extravagante) – Saussure. Esta não é
uma ciência autónoma, concreta ou objetiva. Passa por diversas manifestações (música,
gestos, cinema, pintura, …).
É um instinto, que já nasce com o Homem, no sentido de comunicar. Somos seres sociais e a
linguagem é uma resposta à nossa necessidade de estar com o outro.
• Forma efetiva de comunicar
Funções da linguagem:
Dicotomia língua-fala
• Língua Parte essencial e social da linguagem. Todos nós somos utentes da mesma e, por
isso, somos todos uma massa falante. É um sistema de valores porque atribuímos valor às
palavras e signos, e a partir daí, escolhemos as palavras q transmitem melhor as nossas ideias.
É também uma instituição social porque perdura e é transmitida - o indivíduo não tem o poder
de, por si só, alterar a língua.
• Fala Parte acessória (não é tao importante como a língua) e individual da linguagem (cada
sujeito tem a sua própria fala). Trata-se de um ato de seleção (cada indivíduo tem a liberdade
de selecionar as palavras que irá utilizar) e de atualização (estamos constantemente a
aprender palavras novas através das interações sociais e de meios de comunicação social).
É constituída por combinações, que permitem ao sujeito falante expressar o que quiser, dando
uso ao código da língua, e estão envolvidos mecanismos psicofísicos (tudo o que ocorre no
cérebro) e fisiológicos (transmissão de estímulos dado pelo cérebro aos órgãos) que lhe
permitem exteriorizar essas combinações.
A fala precisa de algo que lhe dê vida (substrato) e a língua consegue fazê-lo; por sua vez, a fala
também dá vida à própria língua – relação de simbiose (a fala seria oca sem língua, a língua
precisa da fala para se manifestar exteriormente). A língua é produto e instrumento da fala.
- Norma padrão A norma modelo/idealizada, que não se deixa vandalizar pela normalidade
e pela adulteração das palavras ao longo do tempo - escrever sem erros ortográficos, frases
pouco longas. Aplica-se à língua e à fala (ex: a forma mais correta de falar a língua portuguesa
é a de Lisboa)
- Norma regional Hábitos linguísticos próprios de uma certa região – dialetos. Cada um tem
formas de concretizar a língua de forma diferente, seja na pronunciação ou nas gírias
regionais.
• Fala Trata-se da manifestação de como cada indivíduo realiza o sistema, com as suas
peculiaridades, vícios, distinções.
Nota: Desvios à norma podem ser: voluntários (o infrator está consciente do desvio, não o
pratica por ignorância; fazem evoluir a língua – ex: impressionismo, não seguiram a norma da
pintura que até aí procurava representar a realidade de forma fidedigna, revolucionando a
forma de pintar) OU involuntários (o infrator fá-lo por ignorância, degenerando o uso correto
da língua – ex: erros ortográficos, construções frásicas sem sujeito…)
• Norma É a língua considerada na sua forma material; dá-se a associação entre imagens
acústicas e conceitos.
• Uso É a língua considerada na sua forma social; dá-se a exteriorização das imagens
acústicas com intenção comunicacional.
- Linguagem do afásico (linguagem da pessoa que não é compreendida pelos outros, mas há de
haver sempre alguém que entenda; não é uma linguagem extremamente individualizada).
- Estilo de um escritor (para ser lido e partilhado pelo público, deve procurar fazer-se entender
por vários indivíduos; pode haver algumas exceções como José Saramago).
• Expressões não improvisadas (perder a cabeça, agarrar-me com unhas e dentes, engolir
sapos, dar o braço a torcer)
Análise sémica
Sema partícula de sentido que reside em unidades materiais, como o ícone e a palavra.
• Função apelativa incide no recetor; procura influenciar e persuadir sobre as suas opiniões
e comportamentos.
Funções da linguagem
Modelo actancial
• Adjuvante tudo o que contribui para a aproximação entre o sujeito e o objeto, (Ex:
anúncio para bolhas nos pés, o adjuvante será um calçado novo, bonito e confortável);
• Oponente tudo o que contribui para o afastamento entre o sujeito e o objeto, (Ex:
anúncio para bolhas nos pés, como eu nunca tive bolhas este anúncio não me interessa).
• Sujeito passivo identifica o sujeito ativo e a sua inclusão num ambiente graças à posse do
objeto; pode tornar-se o sujeito ativo se adquirir o objeto em questão (no fundo, este sujeito é
qualquer pessoa que tenha acesso ao anúncio)
• Objeto-valor quando o sujeito passivo anseia rever-se no mesmo papel que o sujeito ativo
e, assim, gozar do objeto.
• Ator o protagonista, sobre o qual incidem os olhares, e que faz evoluir a ação;
• Competência concretização que assiste a qualquer sujeito e que lhe permite alcançar os
seus objetivos:
Semas
• Sema comum partilhado por dois ou mais lexemas e/ou ícones; (Ex: filho e filha –
partilham a componente de filiação e de serem seres humanos)
• Sema diferencial foca a significação distintiva entre lexemas e/ou ícones; (Ex: homem e
mulher – diferenciam-se pela componente de género)
• Sema contextual ou classema “manifestam-se em unidades sintáticas mais amplas que
comportam a junção de dois lexemas, pelo menos”, variável consoante o contexto; ??
• Núcleo sémico mínimo sémico permanente; constituído por semas nucleares (dois no
mínimo) de lexemas e/ou ícones (Ex: mãe = fêmea + procriação + ser humano)
Mensagem publicitária
A mensagem visual pode ser: icónica, plástica ou linguística, e faz-se acompanhar por descrição
denotativa.
Mensagem plástica Os signos plásticos ganham identidade a partir da década de 1980, com
o Grupo Mu. Este demonstra que “os elementos plásticos das imagens (cores, formas,
composição, textura) eram signos plenos e integrais e não a simples matéria de expressão dos
signos icónicos (figurativos)” (Martine Joly).
Constitui uma restrição à imagem, e podemos desdobrá-la em: 1. Física (os limites estão
materializados); 2. Psíquica (não há moldura física, contudo, psiquicamente, há restrição sobre
aquilo que o observador pode imaginar para lá da imagem, aka “fora de campo”); 3. Ausência
de moldura (não tem física nem psíquica, ou seja, não há restrições à imaginação e somos
motivados a criar uma história fora daquilo que nos é dado pela imagem);
O cinema e a pintura também têm molduras na imagem, que fecham o espaço imaginativo:
são designadas de tradição cinematográfica e tradição pictórica.
Objetivas com uma maior distância focal - tele-objetivas -, jogam mais com o contraste nitidez-
desfocagem e proporcionam representações mais expressivas.
1.Construção focalizada: as linhas de força (traço, cores, iluminação, formas) convergem para
um ponto da imagem; 2. Construção axial: coloca o cerne no eixo do olhar, em geral
exatamente no centro da imagem (para por esta em prática, pode-se recorrer à regra dos
terços, que cria 4 pontos focais); 3. Construção em profundidade: a essência está integrada
num cenário em perspetiva, ocupando a frente da cena, no primeiro plano; 4. Construção
sequencial: convida o olhar a percorrer a imagem, de modo que, no final do seu trajeto, caia
sobre a essência. Na maior parte das vezes, está situada na parte inferior direita. O modelo
mais convencional deste tipo de construção é a construção em Z.
• Cores A sua interpretação é antropológica e cultural (isto porque, há cores que têm
significados diferentes, dependendo do país e cultura). Podem ser primárias, secundárias,
terciárias, complementares e neutras.
• Iluminação Pode ser: 1. Difusa: não se foca em nenhum aspeto específico, ilumina tudo;
como é dispersa, acaba por esbater a realidade; 2. Orientada: foca em algo e orienta o olho do
observador; 3. Contraluz: contraste entre luz e sombra; 4. Luz natural; 5. Luz artificial:
proveniente de um ecrã.
• Textura É uma qualidade da superfície e atribui caráter tátil a uma imagem bidimensional
(sem tocar no objeto apresentado, consigo ter a impressão do toque). A textura pode ser
suave, áspera, arenosa, pastosa; também pode ser térmica, como quente, frio, …
Interpretação da imagem
• Transferência icónica é dada uma nova vida a um modelo/ícone por se assemelhar a outro
Fotografia
A fotografia tem caráter conotativo (critica a realidade) e denotativo (representa-a tal como é).
Esta está sempre atrelada ao referente (ao objeto, realidade que representa) e para a ler
devidamente, é necessário reconstituir no tempo, o seu assunto, derivá-lo no passado e
conjugá-lo num futuro visual. A fotografia permite também, eternizar momentos.
Todas as fotografias são fabricadas (quando tiro uma fotografia, eu é que escolho em que
focar, o que omitir, que perspetiva utilizar, etc.), o que gera uma realidade adulterada e
reforça o caráter subjetivo da mesma.
Não reproduz exatamente a realidade e pode representar uma determinada ideologia (Ex: a
fotografia foi utilizada como instrumento de propaganda no regime nazi). Reproduz
infinitamente um momento, congelando-o no tempo. É também polissémica (adotando
diferentes significados).
“Studium” interesse humano (histórico, cultural, político) de uma fotografia; tem valor
informativo e documental, porém é impessoal e não tem impacto suficiente para nos
impressionar – valor humano.
Defende que a fotografia não é dotada de exclusividade, visto que congela uma realidade que
pode ser replicada múltiplas vezes. Considera também que veio democratizar o acesso à
realidade – através da fotografia, posso ter acesso a belas paisagens de cidades, florestas ou
oceanos a que, noutro contexto, não teria acesso.
• Elementos morfológicos todos os que têm natureza espacial, ou seja, ocupam espaço
• Objetos – os mais importantes são os seres humanos, mas os restantes elementos visuais
também são
Cinema
É uma linguagem porque veicula sentido e cada significante, tem um significado. Para além
disso, explora outros tipos de linguagem (verbal, escrita, cénica, musical, corporal). O cinema,
à semelhança da fotografia, permite a projeção do sujeito naquilo que assiste, ou seja, integra-
se na história. Este pode ser ficção ou uma representação da realidade.
Há ainda montagem dos planos (colocar as imagens e áudio na ordem estabelecida pelo
diretor); alternância de cores e enfoques; pano-travelling, que é o oposto à montagem, não há
cortes e a câmara segue ininterruptamente a personagem, de forma demorada, provocando
cansaço ao espectador; utiliza primeiramente a palavra escrita (desde a génese do projeto) e
esta é usada como âncora (Ex: é escrito o nome de uma cidade ou o ano em que decorre a
ação).
Metodologias do Cinema
Cinema e Teatro
Pontos comuns Exploram outras linguagens (cénica, gestual, musical); partem de um texto
(guião, argumento); há linearidade (para que as histórias sejam conhecidas pelo público, é
necessário serem projetadas numa linha no tempo); envolvem equipamento técnico de luz e
de som.
• Fragmentação
• Movimento de câmara panorâmica vertical ou horizontal (a câmara roda sobre ela própria
e está fixada num eixo, facultado várias vezes por uma grua); travelling (acompanha a cena
através do movimento da câmara); tilt (movimento vertical, em sentido descendente ou
ascendente, usado para apresentar uma personagem); câmara na mão. Nota: o zoom não é
um movimento de câmara, mas sim uma técnica de enfoque.
- Dramáticas: expressiva, mais comprometida (Ex: afastamento/ saída da câmara quando uma
personagem morre).
Códigos
- Códigos cinematográficos – muito complexo e técnico, foca mais nos movimentos da câmara
e na essência da linguagem cinematográfica.
1º) Diversas linguagens p/ codificar; focar no fluir das imagens; analisar o movimento da
câmara;
5º) Escolher uma “chave hermenêutica” – qual o ponto específico, a chave, que nos irá fazer
compreender a ambiência do filme (Ex: psicanálise, identidade cultural)
Planos
• Plano geral mais aberto; dá muita informação; semelhante a visão panorâmica (Ex:
imagem panorâmica do ISCSP)
• Plano de pé sujeito é cortado nos pés e o limite superior é um pouco acima da cabeça
• Plano americano sujeito é cortado nos joelhos e limite superior é um pouco acima da
cabeça
• Muito grande plano foca o rosto e corta um pouco a cabeça na parte superior
Tipos de estudo
Podemos focar na narrativa e na sua fluidez e evolução sequencial (estudo diacrónico) ou focar
em fragmentos da narrativa (estudo sincrónico).
• Quantitativo – exige quantificação; Ex: analisar o nº de vezes que uma personagem interage
com outra, que faz uma determinada ação, …
Análise de conteúdo
• Escolha de fotografia
• Análise interna
• Chave hermenêutica
Linguagem da pintura
A pintura é perspetivada como uma representação do real, face ao qual se encontraria numa
situação de espelho – porém, reinventa-se. É criado o conceito de signo picturial – é um signo
icónico, que faz uma representação muito próxima da realidade.
- O discurso no qual se cruzam o código figurativo e o real, ou seja, o quadro não é mais do que
o texto que o analisa: “tornar-se texto” do quadro; “simulacro-entre-o-mundo-e-a-linguagem”.
A pintura clássica tinha uma estrutura fechada, ou seja, não havia muita liberdade para o
espectador imaginar para lá do que lhe era dado - o fora de campo. Porém, na pintura
moderna é possível haver um processo de liberdade criativa – é um processo que vai para lá do
objeto representado; que cria a oportunidade de, através de um código limitado (a tela),
derivar todo um processo significante -, criando-se, assim, múltiplas interpretações e
codificações.
Banda desenhada
É um tipo de arte sequencial, que conjuga texto com imagem - possui uma linguagem muito
própria e infantilizada. É composta por:
Existem vários tipos de balões de fala e, cada um desempenha um papel diferente. Existem
ainda vários códigos de comunicação especialmente usados nas bandas desenhadas: signo
cinético (linhas que representam movimento); onomatopeia (representação de sons e ruídos);
legenda (falas do narrador) e metáfora (sinais gráficos que expressam o estado de espírito da
personagem).
Relativamente aos planos, existem: plano geral (descreve o ambiente onde se desenrola a
história); plano de conjunto (enquadra a personagem no cenário); plano americano
(personagens cortadas pelos joelhos); plano médio (personagens cortadas pela cintura); plano
próximo (personagens cortadas pelos ombros) e plano de pormenor (personagens com grande
aproximação). Quanto aos ângulos de visão, existem: ângulo picado (a cena é vista de cima
para baixo); contrapicado (a cena é vista de baixo para cima).
• Linear contornos das figuras bem recortados, e linha com espessura regular e constante
• Gestual os contornos das figuras apresentam uma linha com espessura variável