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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO

DOCENTE: PROFª CENEIDA FERRAIUOLI

DISCENTE:
LUIZA FERNANDES DA SILVA SOUZA

CAMPOS DOS GOYTACAZES


2021
O presente trabalho possui objetivo de discorrer sobre as contingências de
comportamento dos personagens principais do filme “Somos todos iguais”, para isso,
será analisado individualmente os comportamentos de cada personagem,
discorrendo sobre as contingências que colaboraram para que houvesse
reforçamento ou inibição de tais comportamentos.
Iniciaremos pela análise do comportamento do personagem Ronnie. Esposo de
Deborah. Logo no início do filme, o mesmo apresenta sua grande casa, identificando
que sua característica de gostar de coisas grande se dá pelo fato de ser oriundo do
Texas, atribuindo que existe a correlação da questão ambiental com seu gosto. Ao
decorrer do filme, entende-se que Ron é um bem sucedido vendedor de obras de
arte, que realiza eventos beneficentes para ações de caridade, e em um desses
eventos, o mesmo é advertido por uma pessoa presente, que já possui ciência do
envolvimento extraconjugal do mesmo com outra mulher, ameaçando que “se” ele
não contar, “então” ela mesma irá revelar a informação para Debbie, sendo assim, a
advertência faz com que Ron revele seu caso extraconjugal naquela mesma noite
para sua esposa, e após ser impelido a decidir se desejaria permanecer no
casamento, ou assumir o novo relacionamento, o mesmo decide permanecer.
Acompanhamos então uma transformação em Ron, onde ele passa a comparecer
aos trabalhos beneficentes, incentivado por Debbie. Conhece um desabrigado
apelidado de “suicida”, e inicia uma tentativa de aproximação com o sem teto, após
a esposa tê-lo deixado dormir no sofá por não ter ido atrás do “suicida”, então se ele
não tentasse uma aproximação, ele teria que lidar com a insatisfação da esposa,
sendo assim, tem seu comportamento reforçado por ela, de ir atrás do “suicida”. Ao
longo do tempo, apesar da estranheza inicial, passa a se relacionar com o “suicida”
ao qual descobriu que o nome era Denver, aprendendo que o mesmo possuía muitas
qualidades e existiam vários motivos para levar a vida que levava, inibindo, portanto,
o pensamento de considerar que os desabrigados estavam naquela condição por
escolha própria e o comportamento de manter-se afastado. Ao mesmo que se
aproximava do Denver, Ron ia estabelecendo relação cada vez mais próxima com
Debbie. Ainda assim, ao convidar Denver para dormir em sua casa, Debbie percebe
o desconforto de Ron, pois o mesmo ainda acreditava que Denver pudesse ser
perigoso, afinal, não o conhecia, e foi condicionado a achar que pessoas de rua
podem ser perigosos e não devem ser levados para dentro de casa, porém, com o
diálogo e franqueza de Denver, vai passando a confiar nele, mantendo relação cada
vez mais estreita com ele. Inclusive após morte da esposa por um câncer, onde
escreve sobre a história e passam a divulgá-la por todos os Estados Unidos. Além
disso, incentivado por Denver a ver que as pessoas sempre tem um lado bom,
reaproxima-se do seu pai, e verifica que apesar do mesmo já ter errado em várias
atitudes, possui também qualidades.
A partir da análise do comportamento do Ron, iniciaremos então a análise do
comportamento de Deborah, carinhosamente apelidada de Debbie. Casada com
Ron, pelo que se pode perceber no filme, dedica-se ao serviço voluntário relacionado
à questão religiosa, não sendo condicionada a ver os desabrigados enquanto
diferentes dela, portanto, consegue enxergar valor em cada uma daquelas pessoas
que ali procuram alimentação, e incentivar tal comportamento também em seus
familiares, afinal se ela pode agir assim, então seus familiares também poderiam ser
capazes de alcançar a mesma visão que ela. Debbie é comunicada da traição do
esposo, porém, ainda assim decide permanecer no casamento e dar outra chance
ao mesmo. Com o decorrer do filme, pode ser percebido o carinho que tratava a
todos, inclusive a uma desabrigada a qual maquiou, cortou os cabelos, e a mesma
agradeceu, entendendo que apesar de Debbie não estar na mesma situação dela,
possuía interesse genuíno na mesma. Incentiva a aproximação do esposo com
Denver, homem com o qual sonhou, reforçando assim o comportamento do mesmo.
Apesar de no filme não ter sido apresentado passado de Debbie, foi mostrado como
ela conseguiu aos poucos ir modificando a paisagem do local, assim como idealizou
e apresentou ao seu esposo na primeira visita dele ao local, incentivando
comportamentos relacionados à compaixão, e inibindo comportamentos agressivos,
principalmente de Denver. Houve o choque da descoberta do câncer, porém,
diferente do que se verifica na nossa realidade, a mesma, apesar de abalada com a
notícia, houve ausência de contingência sobre uma possibilidade de morte, ela não
atribuiu que se estava com câncer, então iria morrer, até que descobre por uma
conhecida na rua, que sua situação era irreversível, por isso, passou a adotar
comportamento de realizar decisões práticas sobre sua morte, como: conversar com
os filhos sobre casamento deles, sua vontade de que o esposo fosse feliz em outro
relacionamento, decidiu o local que gostaria de ser enterrada, e de Denver falar em
seu velório. Ao final do filme, entende-se que se ela semeou o amor por onde passou
então ela também o colheu, até mesmo após a sua morte, com todas as homenagens
realizadas não só por seus familiares, mas também pelos desabrigados atendidos
por ela, durante o velório.
Para finalizar, iremos analisar sobre Denver, inicialmente atribuído como sujeito
violento, sempre com taco de beisebol nas mãos, ameaçando a todos, porém,
conforme foi se aproximando da família de Ron e Debbie, foi apresentando as
contingências que reforçaram ou inibiram seu comportamento. Começou a contar
sobre sua infância, fora criado pela avó, a qual sentia dores constante, apresentando
a contingência do comportamento da mesma onde sempre que estava com dor, ele
dava a ela o remédio apelidado de “diabo vermelho”, onde então, sua dor passava,
e assim ela podia dormir. Após um incêndio, sua avó morre, e ele e seu primo
passam a residir com um tio, identificado por ele como homem bom, que o leva à
igreja todos os domingos e incentivou o mesmo a se batizar, portanto, se ele se
batizasse, então estaria livre de toda magia negra presente nele que o fazia passar
por tantas provações. Inicia uma amizade com o filho do patrão e dono da fazenda,
onde lembra-se de episódio onde foi repreendido pela mãe do menino, uma mulher
branca, que lá não era o seu lugar, inibindo então comportamento que tanto gostava,
brincar com seu amigo. Anos mais tarde, encontra a mesma mulher na estrada com
pneu furado, oferecendo-lhe ajuda, porém, é humilhado pela mulher e açoitado por
outros rapazes brancos, reforçando, portanto, a ideia de que não deveria se
aproximar de pessoas brancas, pois isso só lhe traria problemas, principalmente das
mulheres, comportamento pelo qual adotou durante toda sua vida, sendo inibido
apenas pela aproximação respeitosa e afetuosa de Debbie e sua família. No filme,
desde o início apresentou que Denver sempre pegava dois pratos, todos atribuíam
que era para ele mesmo, porém, o segundo prato era dado a um desabrigado,
cadeirante, ao qual ninguém auxiliava, e que não conseguia ir até o local se
alimentar, nesse momento ele questiona a contingência de Ron, onde ele achava
que se dava um prato de comida a um sem teto, então estava mudando a realidade
do mesmo, Denver explicou que mesmo com um prato de comida, ele continuava
um sem teto, portanto, sua realidade não era modificada por isso, ele apenas o tirava
da invisibilidade social que a maior parte das pessoas o colocavam. Denver explica
que nunca frequentou escola, nunca foi estimulado, sempre realizou trabalho
escravo em uma fazenda de algodão junto com seus familiares, até o dia que decidiu
fugir, viu-se então maravilhado quando viu a cidade e a possibilidade de ter coisas
que nunca imaginou, sendo assim, após tentarem roubar seu tênis, toma a arma do
ladrão e tenta seu primeiro assalto, porém, é preso e enviado para cumprir 10 anos
de prisão, onde precisa se defender, pois era matar, ou morrer. Quando o mesmo
explica sobre a tentativa de assalto que sofreu, onde tentaram pegar seu tênis,
justifica a primeira cena dele no filme, onde entrou no refeitório gritando, com o taco
nas mãos, queixando-se que alguém havia roubado seus tênis. No avançar do filme,
estando frequentando o clube com Ron, há um incômodo de um rapaz, que pede
para Ron não levar Denver até o local, porém, o mesmo o defende, e Denver a partir
considera-o amigo, pois, se Ron o defendeu, então Ron é seu amigo, no filme não
passou uma só cena em que ele havia sido defendido em sua vida por pessoas que
não fossem negras e de sua família, mostrando então, outro condicionamento que
fora aprendido por Denver ao longo de sua vida. Dado momento do filme, mostra
que Denver não anda mais com o taco de beisebol o tempo todo nas mãos, afinal, o
mundo não estava mais contra ele, apesar de tudo que viveu até aquele momento
ter apresentado o contrário, ele estava sendo apresentado a outra realidade, fazendo
com que seu comportamento foi alterado nesse percurso, inibindo então
comportamento agressivo e de necessidade constante de se defender. Com a
descoberta do câncer de Debbie, Denver apresenta um falso condicionamento, onde
se a pessoa é boa, então não deve ocorrer o mal com ela, tendo questionado tal
realidade a Deus.
Ao final, durante o seu discurso, Denver apresenta que todos seres são
diferentes, portanto, todos são desabrigados, entendendo que a verdadeira morada
não é a terrestre, e sim a “morada de Deus”, sendo assim, todos são iguais, pois,
todos irão para o mesmo local, regressarão para casa.

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