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TESTE 1 SOBRE NOÇÕES ELEMENTARES DE LÓGICA E LÓGICA ARISTOTÉLICA

I
1. «Ao avaliar um argumento dedutivo não precisamos de avaliar a verdade das premissas
e da conclusão. Só precisamos de fazer uma pergunta.»
W.H. Newton-Smith, Lógica – Um Curso Introdutório, Gradiva, Lisboa,2005, p. 17.

Que pergunta temos de fazer para avaliar um argumento dedutivo?


R.: Devemos fazer a seguinte pergunta: Estão as premissas organizadas de tal maneira
que, se forem verdadeiras – de facto –, somos obrigados a aceitar a verdade da
conclusão?

2. Mostre através de um argumento dedutivamente inválido que a verdade não implica a


validade. Justifique a sua resposta.
R.: Eis o argumento:
Todos os ciclistas são pessoas que trabalham muito.
Lance Armstrong é uma pessoa que trabalhou muito.
Logo, Lance Armstrong foi um ciclista.
O raciocínio não é válido porque há imensas pessoas que trabalham muito e não são
ciclistas. O argumento só seria válido se a primeira premissa afirmasse que todas as
pessoas que trabalham muito são ciclistas.

II
Assinale a alternativa correta.

1. Que termo não está distribuído no seguinte silogismo: Alguns M não são P. Todos os S
são M. Logo, alguns S não são P.

R.:

a) O termo médio.

b) O termo menor.

c) O termo maior.

d) Todos estão distribuídos.


2. Os termos do silogismo seguinte estão todos distribuídos?

Alguns M não são P.


Todos os S são M.

Logo, alguns S não são P.

R.:

a) Sim.

b) Não. O termo médio não está distribuído.

c) Não. O termo menor não está distribuído.

d) Não. O termo menor não está distribuído.

3. Se uma premissa for uma proposição do tipo E, a conclusão

R.:

a) Tem de ser negativa.

b) Pode ser negativa.

4. Se uma premissa for uma proposição do tipo O, a conclusão

R.:

a) Tem de ser negativa.

b) Pode ser negativa.


5. Se uma das premissas do silogismo for do tipo I, a conclusão

R.:

a) Pode ser do tipo E.

b) Pode ser do tipo E ou O.

c) Tem de ser do tipo I.

d) Tem de ser do tipo A.

III
Verifique a validade dos seguintes silogismos.
1. Os homens são seres mortais.
Os tubarões são seres mortais.
Logo, os tubarões são homens.
Este silogismo é constituído por três proposições universais afirmativas. Só tem três
termos e por isso cumpre essa regra, mas o mesmo já não acontece quanto à regra que
exige que o termo médio tenha uma extensão ou quantificação universal numa das
premissas. Em ambas as premissas, ele está quantificado particularmente, não está
tomado em toda a sua extensão, não está quantificado universalmente. Como descobrir
isto? Podemos basear-nos na regra das proposições que diz: «O predicado de uma
proposição afirmativa é particular». Como as premissas «Os homens morrem» («Todos
os homens são mortais») e «Os tubarões morrem» («Todos os tubarões são mortais»)
são afirmativas, o seu predicado (mortais) está quantificado particularmente. Se não
soubermos essa regra, há também uma forma de descobrir se o predicado das
premissas maior e menor (neste caso, o termo médio «mortais») é ou não particular.
Como proceder? Convertamos as proposições que constituem as premissas. A premissa
maior ‒ «Todos os homens são mortais» é equivalente a «Alguns mortais são homens».
Vê-se que o predicado «mortais» está quantificado particularmente. A premissa menor
‒ «Todos os tubarões são mortais» ‒ é equivalente a «Alguns mortais são tubarões».
Nesta premissa, o predicado «mortais» está também quantificado particularmente.
Como o predicado de ambas as premissas é o termo médio e não aparece quantificado
universalmente em nenhuma, infringe-se uma regra fundamental do raciocínio
silogístico. A conclusão «Todos os tubarões são homens» não foi inferida de forma
válida, não é justificada pelas premissas. O facto de serem mortais não pode significar
que tubarões e homens sejam idênticos. O silogismo só seria formalmente válido se
fosse assim construído:
Todos os mortais são homens.
Todos os tubarões são mortais.
Logo, todos os tubarões são homens.

2. Todo o animal que voa é ave.


Os morcegos voam.
Logo, os morcegos são aves.
O argumento tem uma premissa falsa, «Todo o animal que voa é ave» (os insetos
também voam, o morcego voa e não é ave), uma premissa verdadeira, «os morcegos
voam», e conclusão falsa. No entanto, a sua forma é válida porque a conclusão deriva
das premissas. Isto significa apenas que quem, por erro, assumisse que as premissas
eram verdadeiras teria de assumir que a conclusão também o era (a menos que
estivesse interessado em entrar em contradição consigo mesmo).

3. Todos os seres vivos são mortais.


O macaco é um ser vivo.
Logo, nenhum macaco morre.
O silogismo não é válido porque «Premissas afirmativas têm de dar conclusão
afirmativa». Aqui a conclusão teria de ser «Todos os macacos são mortais».

4. Alguns portugueses são ministros.


Alguns portugueses são deputados.
Logo, alguns ministros são deputados.
Este silogismo não é válido. O termo médio está quantificado particularmente («Alguns
portugueses...») em ambas as premissas quando pelo menos em uma deve estar
quantificado universalmente. Além disso, de premissas particulares nada se conclui
necessariamente. Que haja portugueses ministros e que haja portugueses deputados
não implica necessariamente que haja ministros que sejam deputados. A conclusão só
seria válida se o silogismo fosse alterado e ficasse assim:
Todos os portugueses são ministros. Alguns portugueses são deputados. Logo, alguns
deputados são ministros.

5. Todos os soldados são patriotas.


Nenhum traidor é patriota.
Logo, nenhum traidor é soldado.
Este silogismo é válido: a conclusão deriva necessariamente das premissas. Se todos os
soldados são patriotas e nenhum traidor é patriota, só podemos concluir que não há
traidor algum que seja soldado. Este silogismo respeita as regras fundamentais que o
tomam válido: – Não tem mais de três termos. – O termo médio repete-se nas
premissas e não surge na conclusão. – O termo médio (patriota) é quantificado
universalmente numa das premissas. Com efeito, quando na premissa menor se diz que
nenhum traidor é patriota, se fizermos a conversão desta proposição, obtemos
«Nenhum patriota é traidor», ou seja, «Todos os patriotas não são traidores». A
partícula «todos» indica que «patriotas» é um termo quantificado universalmente.
Como diz uma regra: «O predicado de uma proposição negativa – o caso da premissa
menor – é universal.» – Os termos maior e menor não têm conclusão.

IV
Construa silogismos válidos a partir dos elementos dados.

1. Termo maior: sócios do Barcelona


Termo médio: tocador de harpa
Termo menor: seres belos.
4.ª figura. Modo: IAI.
Alguns seres belos são tocadores de harpa.
Todos os tocadores de harpa são sócios do Barcelona.
Logo, alguns sócios do Barcelona são seres belos.
2. Termo maior: homens.
Termo médio: filósofos.
Termo menor: cavalos.
2.ª figura. Modo: AEE.
Todos os homens são filósofos.
Os cavalos não são filósofos.
Logo, os cavalos não são homens.

V
Identifique a falácia cometida nos silogismos seguintes. Justifique a resposta.

1. Todos os tigres são animais.


Alguns cães não são tigres.
Logo, alguns cães não são animais.
Falácia da ilícita maior.

2. Todos os bons cidadãos são patriotas.


Todos os bons cidadãos são progressistas.
Logo, todos os progressistas são patriotas.
Falácia da ilícita menor.

3. Alguns animais são voadores.


Os répteis não são voadores.
Logo, nenhum réptil é animal.
Falácia da ilícita maior.

4. Tudo o que é bom é agradável.


Toda a comida é agradável.
Logo, toda a comida é boa.
Falácia do termo médio não distribuído.
5.Todos os portugueses são pessoas.
João é pessoa.
Logo, João é português.
Falácia do termo médio não distribuído.

6. Todos os portugueses são europeus.


Nenhum búlgaro é português.
Logo, nenhum búlgaro é europeu.
Falácia da ilícita maior.

7. Os papagaios são palradores.


Algumas aves são papagaios.
Logo, as aves são palradoras.
Falácia da ilícita menor.

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