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Tom

Muitas línguas moçambicanas são tonais, tal como o são tonais, tal como o são a maioria das
línguas do mundo.

Quando se fala de tom nos referimos a altura de sílabas de algumas palavras pode servir para
distinguir significados diferentes, portanto nas línguas moçambicanas podem encontrar-se duas
ou mais palavras com a mesma sequência de segmentos cujos significados difere somente devido
á altura de algumas sílabas.

Ex: Ronga:

Màvélé _______________ “seios”

Màvèlé __________________ “milho”

Como se vê no exemplo acima as marca (ˊ) e (ˋ) indicam o tom alto (A) e o tom baixo (B),
respectivamente, formas adoptadas para representar os dois tipos de tons na maioria das línguas
moçambicanas e em muitas línguas do mundo, mas não são as únicas.

Nos relatórios dos seminários sobre a padronização da orografia de línguas moçambicanas


(NELIMO 1989 e Sitoe e Ngunga 2000) foi sempre referenciado que o tom era um assunto que
precisava de mais investigação. Isto é se numa determinada língua o tom menos frequente for o
baixo como em Changana, então marcar-se-á o tom baixo.

Na língua onde que o tom alto for menos frequente do que o baixo, então marcar-se-á o tom alto.

Ex1: Changana:

Nyìmbu ____________ “avestruz”

Kwatsi _____________ “bem”

Ex2:Yao:

Como se vê nos exemplos Changana o tom alto é mais frequente do que o tom baixo. Dai que o
tom baixo seja marcado. Em contrapartida, língua Yao, tom baixo é mais frequente do que o tom
alto. Dai que o tom alto seja marcado nesta língua.
Contudo, nos seminários acima referido foram feitas tentativas no sentido de reduzir a
quantidade de marcas tonais no texto escrito. A este respeito, foi sugerido que se deveria
considerar a relevância do tom com base na distinção que se faz em termos de tom gramatical
por vezes tom lexical e verificar a relevância da cade um deles para se decidir, sendo apenas um
tipo de tom a ser marcado, qual é que se deve marcar tendo em vista evitar a ambiguidade que
não pode ser evitada com base no contexto. Nesta secção sobre o tom não se vai entrar em
detalhes sobre o estudo deste assunto, o que poderá ser matéria de análise em estudos de línguas
particulares. Nas subsecções que se seguem vai-se proceder, de forma na língua, uma vez que
nesta perspectiva este pode ser lexical ou gramatical.

Tom lexical

Fala-se de tom lexical quando este desempenha a sua função distintiva a nível do léxico. Isto é,
quando ele é portador do significado lexical, ou seja, quando duas palavras podem ser incluídas
no dicionário (com sentido diferentes evidentemente) só porque se distinguem a nível segmental.

Ex: Yao:

Kutúundu _____ “bagagem” Kutuúndu _________ “cesto”

Cipaáta _______ “ espaço” cipáátá ___________ “doença”.

Como se ilustra em todos estas palavras tem de aparecer no dicionário das respectivas línguas da
maneira como estão aqui escritas. Caso contrario, o leitor pode ser conduzido a uma
ambiguidade, pois nenhum dos significados é previsível sem a marcação do tom. Não obstante a
sua importância nas línguas, em muitos materiais escritos na maioria das línguas bantu o tom
nunca aparece representado.

Tom gramatical

O tom gramatical é aquela que aparece na gramática da língua e não no dicionário. Por outras
palavras, o tom gramatical é aquele que serve para exprimir aspectos gramaticais da língua. Por
exemplo as vezes, a diferença entre os tempos verbais pode ser expressa através do tom, o
mesmo acontecendo com as diferenças de modos verbais, presença ou ausência de marcas de
objecto na estrutura de forma verbal, presença ou ausência de marcas de negação ou de
afirmação.

Ex: Mak:

ápali _______________ “ela não está” apali ________ “está”

álata _________________ “ela não vai” alata _________ “ele quer”.

Expansão tonal

O tom pode expandir-se uma mora (U) à esquerda ou à direita, dependendo das línguas. Em Yao
por exemplo, onde existem dois tons fonémicos (A e B), o fenómeno de expansão tonal permite
saber o número de padrões tonais existentes nesta língua como se mostra a seguir:

u u

A partir desta regra pode-se concluir que nem sempre uma sequência tonal de superfície
corresponde a umas sequências subjacente, pois os tons que se vêem/ ouvem à superfície podem
ser resultado de regras de expansão tonal que tem as suas consequências como sejam, permitir:

a) O aparecimento de dois tons adjacentes à superfície a partir de um tom subjacente.


b) A associar um tom flutuante à mora seguinte. Considerem-se os seguintes exemplos:

Ex: dois tons adjacentes à superfície:

Ngúku _______________ “galinha”

Jaangu _______________ “minha”

Portanto palavra nguku que aparece a nível subjacente ( no dicionário), com um único tom,
aparece com dais tons à superfície (na gramática), ou seja, num sintagma em que ela seja seguida
por algum outro material.
Acento

É a forma articulatória e respiratória que se exerce com maior intensidade sobre uma
determinada Porção (sílaba ou simplesmente vogal) de uma palavra ou uma expressão que acaba
sendo destacada em relação as outras. Em transcrição fonética o acento representa-se marcando
com uma espécie de apóstrofe antes da sílaba acentuada.

Em ortografia corrente de línguas onde este tem diferentes funções, geralmente o acento é
marcado através de um diacrítico (acento agudo ou outra forma para o efeito convencionada).
Nas diferentes línguas, o acento pode ter pelo menos uma das três funções seguintes:

 Função demarcativa, quando o acento é fixo, não muda de posição, é apenas um traço
da língua, como acontece nas seguintes línguas:

Ex: Swahili: mapatano __________ “acordo”

Uzito ______________ “peso”

Em todas as palavras dos exemplos a penúltima sílaba é acentuada. Por consequência elas se
pronunciam com uma duração ligeiramente maior do que as restantes sílabas, todavia dada a sua
predizibilidade o acento só ocorre na penúltima sílaba está não se marca na ortografia corrente.
Contudo, o acento pode ocorrer, de forma impredizível, em outras posições.

 Função distinta, quando o acento é usado para distinguir o sentido das palavras.
 Função enfática, quando o acento é enfatizar uma determinada parte do discurso, da
frase ou da palavra, como se pode ver nos seguintes exemplos de português.

Ex: este é o meu sobrinho.

No exemplo acima vê-se que a palavra sobrinho que, como as regras, tem acento na penúltima
sílaba por isso não é marcado graficamente possui um acento de ocasião devido a importância
que esta palavra ocupa nesta frase o acento enfático neste caso recai na primeira sílaba sem
conteúdo, anular o seu conceito natural que recai sobre a penúltima sílaba.

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