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ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO
Ambiente alfabetizador
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Desenvolver as habilidades da leitura e da escrita é essencial para que as
instituições escolares possam atingir seus objetivos maiores e preparar
seus alunos para a vida social e o exercício da cidadania. Dessa forma,
é necessário que você saiba o que significa um ambiente alfabetizador,
que pode apresentar-se dentro e fora da escola. Esse ambiente possui
características específicas que, caso sejam observadas, irão contribuir
para o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa da leitura
e da escrita. Afinal, como você sabe, as interações com o meio em que
essas habilidades são desenvolvidas pode contribuir diretamente com
o aproveitamento e o desenvolvimento dos alunos.
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Por meio dessa citação, você pode perceber que as ideias construtivistas a
respeito das capacidades da criança propuseram que o contato desta com mate-
riais escritos e sua participação ativa em práticas de escrita e leitura de adultos
poderiam potencializar o conceito de alfabetização. E, partindo desse princípio, a
necessidade de criação de um ambiente alfabetizador também se tornou evidente.
Talvez seja importante você relembrar o que vem a ser o construtivismo
nesse início de abordagem sobre o tema. Isso é válido principalmente para
marcar que, a partir dele, se muda o foco do “ensinar” para o “aprender”, o
que altera significativamente a forma de abordar a leitura e a escrita. Segundo
Coll et al. (2006, p. 19, grifo nosso):
Partindo da citação dos autores, você pode perceber que, ao tratar dos objetos
de conhecimento da leitura e da escrita, também deve atentar ao conceito de
representação. Esse conceito será essencial para que você possa desenvolver
suas atividades como professor alfabetizador. A representação produz sentidos
na criança a respeito de determinado objeto que a cerca e sobre o qual produz
suas experiências. Você pode pensar que, ao estar em um mundo onde se vê
cercada de sinais, símbolos gráficos e sons, a criança logo cedo irá começar a
estabelecer relações entre esses elementos na tentativa de representá-los. Ima-
gine a criança que, em casa, diariamente se utilize de objetos que apresentam
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escritas e desenhos. Essa experiência faz com que ela comece a realizar suas
associações e combinações desses sinais buscando construir uma representação.
Logo, o creme dental “X do ursinho” passa a ser o seu preferido e assim ela irá
identificá-lo no mercado ao realizar as compras com a família, por exemplo.
https://goo.gl/nzaG4h
https://goo.gl/NC9Fpn
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Esses contextos sociais funcionais citados pela autora podem ser compre-
endidos como a capacidade de a criança entender as mensagens, traduzir ou
decodificar o que aparece ao seu redor cotidianamente, ser capaz de transmitir
o que pensa, escrever aquilo que ouve e fala.
Outra observação importante é que “a aprendizagem da leitura e da escrita
é um processo de construção pessoal do conhecimento que, no entanto,
não pode acontecer sozinho. Nesse processo, a interação, a ajuda, é muito
relevante” (PAUSAS et al., 2004, p. 21). Você deve considerar que a criança,
ainda antes de entrar na escola, já se encontra envolta em experiências que
se relacionam à escrita e à leitura, ou seja, já traz consigo uma bagagem
em relação a esses objetos de conhecimento. Ao chegar na escola, porém,
para que possa apropriar-se e de fato adquirir as habilidades da escrita e da
leitura, é imprescindível o trabalho do professor alfabetizador. Este deverá,
além de considerar o que a criança já traz consigo, entender que cada um
dos alunos pode se apresentar num nível diferente na organização de suas
ideias, conhecimentos e representações sobre a leitura e a escrita, o que
deve ser respeitado.
Aqui, é oportuno que você se lembre de Vygotsky (1979). Ele afirma que,
ao estudar a linguagem, a criança nunca parte do zero para aprender algo,
pois suas vivências histórico-sociais a acompanham. Cabe ao professor atuar
na Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) dos alunos, estimulando o seu
máximo desenvolvimento potencial.
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O conceito de ZDP foi desenvolvido por Vygotsky e simboliza o espaço em que o professor
deve atuar, estimular e agir para que o aprendiz possa sair de seu desenvolvimento real
e atingir o seu desenvolvimento potencial, que se encontra latente. Ou seja, existe um
momento em que a criança precisará de algum apoio ou intervenção do professor
alfabetizador ou de seus colegas para que dê os próximos passos na sua aprendizagem.
Na Figura 1, você pode ver uma síntese de alguns aspectos que favorecerão
a aprendizagem da leitura e da escrita.
Participação Conhecimentos
Diversificação prévios
Agora, você vai ver cada um dos itens mostrados na Figura 1, que poderão
auxiliar muito na tarefa da alfabetização escolar.
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Você viu até aqui alguns aspectos que poderá considerar para que a
alfabetização ocorra com maior sucesso no ambiente escolar. Os pontos que
conheceu farão com que o ambiente alfabetizador possa ser estabelecido
e favoreça a aprendizagem destes tão importantes e essenciais objetos de
conhecimento que são a leitura e a escrita. Porém, a percepção do profes-
sor, sua capacidade de observação e leitura de cada aluno e de cada grupo
é imprescindível para que todos esses itens sejam aplicados. Como você
sabe, cada aluno é diferente, pode ter vivido experiências sociais totalmente
diversas e traz consigo uma bagagem única, que deve ser conhecida pelo
professor em seus primeiros contatos e que irá definir, muitas vezes, os
caminhos a seguir nas ações futuras.
Assista ao vídeo disponível no link a seguir para conhecer o Projeto Alfaletrar. Esse
projeto tem como objetivo oferecer a todas as crianças as condições necessárias para
prosseguirem com sucesso em sua escolarização e, sobretudo, para se apropriarem
de competências indispensáveis à plena inserção na vida social e profissional: as
competências de leitura e de produção textual.
https://goo.gl/LKY3aE
Você também pode conferir uma entrevista com a idealizadora do projeto, Magda Soares.
https://goo.gl/fLN1cq
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COLL, C. et al. O construtivismo em sala de aula. 6. ed. São Paulo: Ática, 2006.
FERREIRO, E. Com todas as letras. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1999.
MONTEIRO, S. M. Ambiente alfabetizador. [201-?]. Disponível em: <http://www.ceale.
fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/ambiente-alfabetizador>. Acesso
em: 6 mar. 2018.
Leituras recomendadas
BELINTANE, C. Leitura e alfabetização no Brasil: uma busca para além da polarização.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 261-277, maio/ago. 2006. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/%0D/ep/v32n2/a04v32n2.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2018.
FERREIRO, E. A representação da linguagem e o processo de alfabetização. Cadernos
de Pesquisa, São Paulo, v. 52, fev. 1985. Disponível em:
<https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6135820>. Acesso em: 7 mar. 2018.
MORTATTI, M. do R. L. Alfabetização no Brasil: conjecturas sobre as relações entre
políticas públicas e seus sujeitos privados. Revista Brasileira de Educação, v. 15, n. 44,
maio/ago. 2010. Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/275/27518764009/>.
Acesso em: 6 mar. 2018.
SOARES, M. B. As múltiplas facetas da alfabetização. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v.
52, fev. 1985. Disponível em: <http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/
view/1358>. Acesso em: 7 mar. 2018.