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ALFABETIZAÇÃO

E LETRAMENTO

Pablo Rodrigo Bes Oliveira


A formação do professor
alfabetizador
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Analisar a importância de uma formação específica ao professor alfa-


betizador para a realização de seu trabalho junto às crianças.
 Identificar a escola como o lócus da formação do professor alfabetizador.
 Reconhecer o professor como um pesquisador de sua prática
pedagógica.

Introdução
A sociedade atual proporciona a todos um universo de situações co-
tidianas que se encontram impregnadas pela escrita. Portanto, essas
situações exigem as habilidades de ler e escrever. Você pode considerar
que aqueles que conseguiram desenvolver essas competências no início
de sua escolarização somente irão beneficiar-se, uma vez que sua vida
social será constantemente permeada por experiências que as exigem. A
importância de ser alfabetizado fica evidente quando você percebe que o
sistema de ensino tem investido em programas de formação continuada
voltados aos professores que se dedicam à alfabetização.
Dessa forma, cabe a você, como futuro docente, conhecer as ca-
racterísticas necessárias nessa formação para que possa desenvolver o
processo de alfabetização de forma eficaz com seus alunos. A habilidade
do professor alfabetizador de trabalhar com seus alunos na educação
infantil e nos anos iniciais será decisiva e determinante para as futuras
conquistas intelectuais destes durante toda a sua vida escolar, em todas
as etapas do ensino de que venham a participar. Além disso, precisa
compreender como a escola contribui com essa formação e, ainda, como
a pesquisa se articula com a prática pedagógica do docente.
2 A formação do professor alfabetizador

O professor alfabetizador e a sua formação


específica
A formação de um professor alfabetizador é um processo que se inicia quando
começa sua busca por educação formal para atuar como docente. Isso pode
acontecer já no ensino médio, com a frequência a um curso de magistério,
por exemplo, ou ao buscar uma licenciatura em pedagogia no ensino superior.
Ainda durante essa formação inicial, ocorre a inserção desse profissional no
universo escolar. Nesse ambiente, por meio dos estágios, ele vai procurar ob-
servar, planejar e desenvolver a sua regência. Além disso, a partir das reflexões
acerca das teorias que estudou, o futuro professor vai aprimorar os saberes
que o acompanharão durante a carreira. Logo, você deve compreender que o
professor, de modo geral, se encontra em constante processo de aprendizagem
e de renovação de seus saberes e de sua prática, recebendo novas influências
de sua práxis, refletindo sobre ela e a transformando. Veja o que Tardif (2014,
p. 11) afirma sobre o assunto:

[...] o saber é sempre o saber de alguém que trabalha alguma coisa no intuito
de realizar um objetivo qualquer. Além disso, o saber não é uma coisa que
flutua no espaço: o saber dos professores é o saber deles e está relacionado
com a pessoa e a identidade deles, com a sua experiência de vida e com a sua
história profissional, com as suas relações com os alunos em sala de aula e
com outros atores escolares na escola, etc.

Você pode acompanhar o raciocínio do autor e realizar uma analogia com


os saberes que poderiam fazer parte da formação do professor alfabetizador.
Considere, nesse sentido, que a forma como o professor compreende a impor-
tância da alfabetização de seus alunos e a função social da escola na vida deles
também vai alicerçar a sua prática. Você pode inferir ainda que a forma como
o professor vivenciou o seu processo de alfabetização na sua escolarização
inicial também serve como parâmetro para o que pode (ou não pode) ser feito
em sala de aula nessa etapa da educação básica.
A identidade do professor alfabetizador normalmente é facilmente reco-
nhecida, pois esse docente costuma sentir-se orgulhoso e feliz com o resultado
de seu trabalho. Esse trabalho docente, por sua vez, foi aprimorando-se,
aperfeiçoando-se, agregando novas ideias, novos métodos e novas técnicas a
partir das experiências e das constantes trocas com pais de alunos, colegas pro-
fessores, gestores escolares e, muito intensamente, com os próprios estudantes.
A formação do professor alfabetizador 3

Outro aspecto interessante a ser considerado quando se fala no processo


formativo do professor alfabetizador diz respeito à sua formação continuada,
uma vez que:

[...] para se tornar um professor alfabetizador a formação inicial por si só


não se faz suficiente; é preciso oportunizar (através de formação contínua)
saberes necessários ao profissional para que este sinta segurança ao lecionar
e possa de fato contribuir com o processo de ensino-aprendizagem. Vale
lembrar que o tempo na docência também se configura num dos elementos
indispensáveis para o exercício da profissão, uma vez que a prática pode ser
(re)apropriada conforme os diferentes contextos em que o professor atua
(CARVALHO, 2014, p. 102).

Como o professor alfabetizador está em constante aperfeiçoamento de sua


prática pedagógica, encontra na formação continuada a oportunidade de buscar
novos conhecimentos teóricos, novas leituras, discussões e compartilhamento
de experiências significativas de colegas. Tudo isso pode contribuir para que
ele melhore ainda mais seus processos de ensino e aprendizagem. Claro que
essa formação continuada deve se adaptar à realidade em que o docente se
encontra. Além disso, deve ser endereçada ao perfil de seus alunos, estar
próxima às dificuldades e necessidades destes e ter o intuito de preencher
lacunas de conhecimento, habilidades ou atitudes que se façam necessárias aos
professores. Ainda sobre esses aspectos da formação docente, você deve ter
cuidado para não reduzir o conceito de formação do professor alfabetizador,
uma vez que:

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, de conhecimentos ou


de técnicas), mas sim através de um trabalho de reflexividade crítica sobre as
práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. Por isso
é tão importante investir a pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência
(NÓVOA, 1992, p. 13).

Dessa maneira, você pode retomar aqui a seguinte ideia: é característica


importante do professor alfabetizador a capacidade de refletir sobre os seus
conhecimentos, as técnicas e as metodologias adotadas e experienciadas no
cotidiano. Assim, ele pode sempre aperfeiçoar o que realiza em sala de aula
e a própria afirmação de sua identidade docente.
4 A formação do professor alfabetizador

A escola e suas implicações na formação do


professor alfabetizador
Ao analisar a formação do professor alfabetizador, você não pode desconectá-
-la da instituição social onde esse professor vai atuar durante todas as fases
de sua carreira docente: a escola. E, como as escolas fazem parte de um
sistema nacional que as organiza e regulamenta, você vai verificar como elas
são referidas, em relação à formação docente, nas Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais para a Educação Básica (BRASIL, 2013). Esse documento
tem caráter normativo e deve ser aplicado por todas as escolas em território
nacional. Segundo tal documento:

Para a formação inicial e continuada dos docentes, portanto, é central levar


em conta a relevância dos domínios indispensáveis ao exercício da docência,
conforme disposto na Resolução CNE/CP nº 1/2006, que assim se expressa:
I – o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função
de promover a educação para e na cidadania;
II – a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de
interesse da área educacional;
III – a participação na gestão de processos educativos e na organização e
funcionamento de sistemas e instituições de ensino. Além desses domínios,
o professor precisa, particularmente, saber orientar, avaliar e elaborar pro-
postas, isto é, interpretar e reconstruir o conhecimento. Deve transpor os
saberes específicos de suas áreas de conhecimento e das relações entre essas
áreas, na perspectiva da complexidade; conhecer e compreender as etapas de
desenvolvimento dos estudantes com os quais está lidando. O professor da
Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental é, ou deveria
ser, um especialista em infância [...] (BRASIL, 2013, p. 58).

Dessa forma, você pode notar que é no interior da escola que o professor
alfabetizador vai colocar em prática seus saberes. Esses saberes são constru-
ídos junto aos alunos e o professor deve ser um especialista, desenvolvendo
as aprendizagens necessárias para que o aluno conheça, valorize e exercite
sua cidadania. Se você considerar o conceito de cidadania, pode afirmar que
na sociedade atual, para que um indivíduo consiga minimamente reconhecer
seus direitos e deveres sociais e participar ativamente da vida social em seu
cotidiano, é necessário que seja alfabetizado. Logo, a escola, por meio da
realização dos afazeres do professor alfabetizador, poderá conduzir esse aluno
à possibilidade de se instrumentalizar por meio da leitura e da escrita para
tornar-se cidadão de fato.
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Quando as Diretrizes citam a escola como uma “organização complexa”,


você deve entender que essa instituição apresenta uma diversidade cultural que
vai se fazer presente tanto entre os docentes quanto entre os alunos. Além disso,
entre os docentes existirão várias tendências pedagógicas que irão pautar as
práticas cotidianas, que podem aproximar-se ou afastar-se daquilo que a escola
e a comunidade escolar propuseram em seus projetos político-pedagógicos.
Lidar com essa complexidade e multiplicidade de relações e interações não é
tarefa simples e desafia os gestores escolares no seu cotidiano.
A escola está implicada diretamente na formação do professor alfabeti-
zador. Suas primeiras experiências, ainda como aluno na sua escolarização
inicial, contribuem para esse processo. Os exemplos que traz consigo em suas
lembranças de professores e práticas utilizadas para alfabetização no interior
da escola também constituem esse docente. Já na formação inicial, quando
o professor busca os conhecimentos teóricos e práticos para tornar-se um
docente, a escola será o palco de inúmeros estágios de observação, entrevistas
com docentes e gestores escolares e regências de classe.

Acesse o link a seguir e assista a uma entrevista sobre a formação do professor alfa-
betizador no Brasil com a professora Delia Lerner:

https://goo.gl/fxJ7h3

Uma interessante pesquisa realizada por Utsumi (2004) revelou que, no


interior das escolas analisadas pela autora, são destacados alguns aspectos
que caracterizam um professor considerado bem-sucedido em suas práticas
docentes. Essas características são:

 tempo de casa;
 tempo de atuação na mesma turma;
 ações bem-sucedidas.

Como você pode perceber, essas características apontadas pela autora estão
presentes na escola, onde o tempo de casa irá relacionar-se com a vivência que
o docente possui no espaço escolar. O tempo de atuação na turma refere-se
à permanência do professor em um mesmo ano, em que pode se apropriar
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das especificidades de cada turma e, assim, aprimorar suas práticas com o


passar dos anos. E as ações bem-sucedidas referem-se a todas as atividades
planejadas e colocadas em práticas com os alunos e que trouxeram resultados
satisfatórios e contribuíram significativamente para a aprendizagem. Como
você viu, não é possível falar da formação docente de um professor alfabeti-
zador sem considerar o local, o espaço, o “laboratório” onde ele vai se propor
a tornar-se alfabetizador de fato: a escola.

No projeto político-pedagógico (PPP) da escola, são definidas as posições filosóficas


da instituição em relação ao modelo de educação que será ofertado, ao tipo de aluno
que será formado, entre outros questionamentos sobre a função social da escola e
seus objetivos. Esse documento, para que seja legitimado pela comunidade escolar,
deve ser construído de forma participativa, por meio de plenárias que permitam a
participação de todos os professores, gestores da escola, pais, funcionários, membros
das associações de pais e mestres e demais conselhos e representantes da sociedade
que se encontram no entorno da escola.

O professor alfabetizador e a pesquisa


Na atualidade, muitos são os estudos acadêmicos que recaem sobre os profes-
sores e seus saberes e afazeres no interior da escola. Esses estudos mapeiam
e analisam suas práticas, seus sucessos e suas implicações no insucesso dos
resultados inerentes aos seus alunos durante a escolarização. Você deve notar,
porém, se observar esse cenário com uma visão um pouco mais apurada e
crítica, que, na sua grande maioria, essas pesquisas e essa produção acadêmica
que ocorrem no interior das academias pelo mundo afora normalmente não
são um espaço em que o professor alfabetizador se faça presente. Ou, ainda,
quando isso acontece, a sua presença é minoritária. Ao refletir sobre esse fato,
Nóvoa (1992, p. 6) faz a seguinte constatação:

Não deixa de ser estranho que, numa época em que tanto se fala de “autonomia
profissional” ou de “professores reflexivos”, se assista a um desaparecimento
dos movimentos pedagógicos, no sentido que este termo adquiriu na primeira
metade do século XX, isto é, coletivos de professores que se organizam em
torno de princípios educativos ou de propostas de ação, da difusão de métodos
de ensino ou da defesa de determinados ideais. A pobreza atual das práticas
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pedagógicas, fechadas numa concepção curricular rígida e pautadas pelo


ritmo de livros e materiais escolares concebidos por grandes empresas, é
a outra face do excesso do discurso científico-educacional, tal como ele se
produz nas comunidades acadêmicas e nas instituições de ensino superior.

Esse trecho de Antonio Nóvoa reafirma a importância e a implicação da


pesquisa científica na formação do professor alfabetizador. Você deve ter
notado que os professores de turmas de alfabetização algumas vezes acabam
por desenvolver suas práticas somente a partir dos livros que a escola adquire
para serem aplicados. Não que os livros não sejam bons e não sirvam de apoio
para as práticas; o errado seria reduzir as práticas somente ao que os livros
propõem. Essa atitude dá a entender que não é necessária reflexão nem pes-
quisa, simplesmente aplicação do conhecimento, o que você já viu que não é
considerado formação. Ao professor cabe desconfiar, manter seu olhar e sua
mente aguçados ao receber um material a ser utilizado. Deve, ao utilizá-lo,
possuir um olhar atento e, muitas vezes, realizar as adaptações necessárias
para que atinja com seus alunos os objetivos que considera importantes. Além
disso, após a aplicação de quaisquer atividades, ele precisa analisar e registrar
os resultados, apontando possíveis melhorias futuras na sua aplicação.
Aqui, é importante que você se lembre de que o conceito de pesquisa tam-
bém é muito abrangente e passou por reconfigurações. Na atualidade, aquela
ciência que buscava definir a verdade sobre as coisas é substituída pelos mais
variados campos discursivos das ciências, em que inúmeras são as verdades
produzidas a partir das pesquisas. Essas mudanças afetaram diretamente as
pesquisas na área das ciências humanas, em que a educação se encaixa. Nesse
caso, a pesquisa pode ser considerada como:

(...) um trabalho esforçado, persistente e diferenciado para reduzir os riscos


do “senso comum” e para transformá-lo em um “consenso” que, mesmo
provisório, discutível e substituível por melhores hipóteses e explicações,
constitui o patamar mais seguro para orientar nossas ações coletivas e indi-
viduais (PONTES, 1995, p. 48).

Acompanhando o pensamento da autora, você pode entender que a pesquisa


científica voltada para a área da educação é capaz de fornecer um caminho
mais seguro para pautar as práticas cotidianas em sala de aula. Logo, o docente
deverá assumir uma postura curiosa e investigativa nas práticas pedagógicas
que diariamente aplica. No interior da sua classe escolar, onde irá colocar seus
saberes em funcionamento para que consiga desenvolver a aprendizagem da
leitura e da escrita, a pesquisa deve pautar tanto a sua postura como docente
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quanto estimular os próprios alunos a possuírem esse interesse por novas


descobertas e novos achados, iniciando-se na pesquisa científica.
Marques (2006, p. 95) acrescenta: “[...] pesquisar é buscar um centro de
incidência, uma concentração, um polo preciso das muitas variações ou modu-
lações de saberes que se irradiam a partir de um mesmo ponto”. Você deve se
lembrar de que o professor pesquisador que tem interesse em fazer da pesquisa
um instrumento na realização de suas aulas estará enxergando o aluno como
o sujeito da educação. É desse sujeito que partem as dúvidas, curiosidades e
indagações. Além disso, como o centro do processo de ensino e aprendizagem,
ele deve ser estimulado a desenvolver também essa atitude de pesquisador.
É necessário que os professores alfabetizadores encontrem na escola o
apoio necessário e os espaços onde refletir sobre suas metodologias, técnicas,
recursos e teorias a respeito da alfabetização. Eles devem realizar testagens
e experimentações em suas turmas, mapear e analisar os resultados destas
e promover novos caminhos a trilhar para o futuro. Da mesma forma, essas
pesquisas precisam ser divulgadas, publicadas em periódicos da área da
educação e em revistas interdisciplinares. Assim, o campo discursivo dessa
ciência pode evoluir e se renovar quanto a esses objetos de conhecimento e
suas aproximações.

O professor alfabetizador é um pesquisador, analista constante de boas práticas


a serem desenvolvidas em sala de aula e que poderá contribuir para o sucesso na
aprendizagem de seus alunos. Da mesma forma, um bom professor alfabetizador tem
sua formação lapidada no interior da escola, nos embates do dia a dia, nos avanços,
paradas, retrocessos e surpresas que a sala de aula lhe apresenta, lhe desafiando a
conhecer novos caminhos, corrigir sua rota, planejar diferente, enfim, tornar-se outro.
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BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais gerais da educação


básica. Brasília: DICEI, 2013.
CARVALHO, T. K. P. O perfil do professor alfabetizador: formação, concepções e práticas
docentes. Temporis, v. 14, n. 2, jul./dez. 2014.
MARQUES, M. O. Escrever é preciso: o princípio da pesquisa. 5. ed. rev. Ijuí: Unijuí, 2006.
NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente. 1992. Disponível em: <http://re-
positorio.ul.pt/bitstream/10451/4758/1/FPPD_A_Novoa.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2018.
PONTES, E. F. A insatisfação dos professores: conseqüências para a profissionalização.
In: PONTES, E. F. (Org.). A causa dos professores. Campinas: Papirus, 1995.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Porto Alegre: Vozes, 2012.
UTSUMI, L. M. S. Professoras bem-sucedidas são professoras reflexivas?! A prática da re-
flexividade nas ações pedagógicas de professoras nos anos iniciais de escolaridade.
2004. 242 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Metodista de São
Paulo, São Bernardo do Campo, 2004.

Leitura recomendada
LERNER, D. Formação do professor alfabetizador: grandes diálogos. Youtube, 29 out.
2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YLIRcUNGxMQ>. Acesso
em: 20 mar. 2018.

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