Você está na página 1de 13

O PEDAGOGO E SUAS INÚMERAS FUNÇÕES NOS

DIVERSOS ESPAÇOS DE TRABALHO

Israele Silveira de Oliveira1


Marcos Batinga Ferro2
Edelfrancla Gomes dos Reis 3

GT8 – Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente (Saberes e Práticas)

RESUMO
O artigo tem como objetivo refletir as atribuições do pedagogo na organização do trabalho escolar e
extraescolar. Este é um profissional que pode atuar inclusive em empresas e hospitais desenvolvendo
projetos educativos, pois se trata de um indivíduo preparado para alargar um trabalho de educação
com qualidade de acordo com todo o conhecimento e formação que o mesmo adquiriu em sua
graduação e em cursos, levando sempre em consideração a legislação vigente. A metodologia do
estudo consiste em pesquisa exploratória, a partir de uma análise bibliográfica, mediante a leitura de
livros, textos e trabalhos publicados, que relatam conhecimentos pertinentes às atribuições
condizentes ao pedagogo. Assim, o pedagogo deve estar num processo de formação permanente de
interlocução do saber e do trabalho de investigação.

Palavras-chave: Espaço Escolar. Formação. Funções. Pedagogo.

ABSTRACT
The article aims to reflect the attributions of the pedagogue in the organization of school and out - of -
school work. This is a professional that can act in companies and hospitals developing educational
projects, because it is an individual prepared to extend a quality education work in accordance with all
the knowledge and training that he has acquired in his undergraduate and in courses, Always taking
into account the current legislation. The study methodology consists of exploratory research, based on
a bibliographical analysis, through the reading of books, texts and published works, which report
knowledge relevant to the attributions appropriate to the pedagogue. Thus, the pedagogue must be in a
process of ongoing formation of interlocution of knowledge and research work.

Keywords: School Space. Formation.

1
Pedagoga graduada e pós-graduada em Gestão Escolar/Pedagogia Empresarial, professora substituta da rede de
ensino da Prefeitura Municipal de Nossa Senhora do Socorro. E-mail: Mlindabbb2010@hotmail.com>.
2
Mestrando em Educação pela Universidade Federal de Sergipe - UFS. Pós-Graduado em Didática e
Metodologia do Ensino Superior, Pós-graduação em Competência Pedagógica, Docência Universitária e Gestão
Escolar. Graduado em Pedagogia pela Faculdade São Luís de França - FSLF. Professor da Faculdade São Luís
de França, atuando nos cursos de extensão, graduação e pós-graduação e da Educação Básica da Rede Estadual
de Sergipe. E-mail: <marcosbating@hotmail.com>.
3
Graduanda em Pedagogia pela Faculdade São Luís de França - FSLF. Integrante do Núcleo de Pesquisa em
Inclusão Escolar da Pessoa com Deficiência – NUPIEPED/UFS e do Grupo de Estudo e Pesquisa em Docência -
GEPED/FPD. Instrutora de Formação Profissional do SENAC/SE. E-mail: <frangomes02@gmail.com>.
1
INTRODUÇÃO

O tema referente à formação e área de atuação dos pedagogos vem ocupando


grande espaço nos estudos de pesquisadores e profissionais da educação e, em especial, nos
meios de comunicação do país. Há consenso em se enfatizar deficiências de formação docente
e, como consequência, muitas dificuldades em suas atuações profissionais.
Há algumas décadas, acreditava-se que depois de concluída a formação inicial, o
profissional da educação estaria preparado para atuar pelo resto de sua vida laboral, porém, a
visão atual mudou de forma significativa.
A educação do século XXI deve acompanhar o processo de mudanças que a
sociedade exige como contribuição para a formação de um novo sujeito. O conhecimento é
um diálogo, é uma expressão de liberdade, na medida em que temos consciência de uma
leitura crítica da realidade, onde a nossa reflexão deve ser um constante devir, na perspectiva
de indagação e de esquadrinhar com a imaginação, sem acordo com resposta estanques e
únicas.
Assim, a formação dos professores configura-se num desafio que tem a ver com o
futuro da educação e da própria sociedade brasileira e, diante das mudanças ocorridas na
política em nosso país, mais do que nunca há a necessidade de construção de um projeto
político e educacional, voltado para uma formação que se efetive em bases consistentes,
teoricamente sólidas e fundadas nos princípios de qualidade e de relevância social. Essa
formação, ao ser compreendida e trabalhada numa perspectiva de constante reflexão sobre a
natureza do ser professor e os aspectos que permeiam a identidade docente, vem se
consolidando a partir da formação de um professor que atue profissionalmente, de maneira
significativa e transformadora.
Nesse sentido, o desenvolvimento de uma consciência crítica sobre a relação
necessária entre teoria e prática é, portanto, o diferencial capaz de conduzir, dialogicamente, a
própria relação rumo a uma nova práxis e o exercício da docência apreendido como ação
transformadora que se renova tanto na teoria quanto na prática, requer necessariamente o
desenvolvimento de uma consciência crítica por parte do professor.
Faz-se necessário saber que o campo de trabalho do pedagogo não se limita mais
às escolas. Antes, a pedagogia era restrita às séries iniciais e a determinadas funções na
escola. Hoje pode ser uma aliada em outras áreas, nas quais os pedagogos se inserem em
2
equipes multidisciplinares. As possibilidades são as mais variadas: organizações sociais,
brinquedotecas, desenvolvimento de materiais e metodologias para a educação à distância e,
até, empresas e hospitais.
Diante disso, a escolha do tema surgiu pela inquietação de ouvir pessoas falarem
do pedagogo como um profissional restrito a uma sala de aula. Conforme o pressuposto,
sabemos que não se resume a isso, mas a um vasto campo de uma importância
incomensurável para educação atual. Assim o objetivo primordial deste artigo é mostrar as
diversas áreas de atuação de um pedagogo.
A proposta deste trabalho é apresentar algumas considerações de caráter
bibliográfico e metodologia qualitativa, considerando os estudos de autores como: Garcia
(1999), Freire (1996), Ferreira (1998), Libâneo (1999), Matos (2011), Monezi (2003),
Perrenoud (2000), Ribeiro (2003), Vasconcelos (2006), além de sites especializados, artigos
científicos, monografias e dissertações, que respaldam as abordagens presentes neste estudo.

CONTEXTUALIZANDO A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO

Vivemos uma época de muitas transformações, momentos de muitas


improbabilidades, assiste-se a uma valorização da produtividade, da competitividade nos
diversos segmentos da vida humana, inclusive na educação. Neste contexto está incluída a
figura do educador e os saberes que servem de base para a sua prática educativa, saberes estes
que não podem ser desvinculados das outras dimensões do ensino, de seu profissionalismo, de
sua formação e de sua epistemologia da prática.
Pensar em educação pressupõe pensar a formação docente e a prática pedagógica
com qualidade. Para tanto, se faz necessário entender a formação do professor para o
desenvolvimento dos saberes docentes, o que exige qualificação, valorização profissional e
políticas adequadas, considerando o lócus de trabalho do professor.
Mas o que entender por formação? Que conceito se pode construir e reconstruir a
respeito deste tema, inserido no contexto da educação?
De acordo com o dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, o vocábulo
“formação” deriva do latim formatione e tem o sentido de formar, construir num processo de
interação e de transformação de conhecimentos. O educador Paulo Freire (1996) já se referiu
à formação como “um fazer permanente que se refaz constantemente na ação”.
3
Decerto que a formação não se dá por mera acumulação de conhecimentos, mas
constitui uma conquista tecida com muitas ajudas: dos livros, mestres, das aulas, das
conversas entre professores, da internet, dentre outros. Além do mais depende sempre de um
trabalho de teor pessoal. Parafraseando Freire (1996), ninguém forma ninguém, cada um
forma-se a si mesmo, em comunhão.
Garcia (1999) contribui para essa reflexão ao enfocar que a formação pode adotar
diferentes aspectos, de acordo com o sentido que se atribui ao objeto da formação, ou a
concepção que se tem do sujeito.
Atualmente, a formação dos professores configura-se num desafio que tem a ver
com o futuro da educação e da própria sociedade brasileira e, diante das mudanças ocorridas
na política em nosso país, mais do que nunca há a necessidade de construção de um projeto
político e educacional, voltado para uma formação que se efetive em bases consistentes,
teoricamente sólidas e fundadas nos princípios de qualidade e de relevância social. Esse
projeto formativo, ao ser compreendido e trabalhado numa perspectiva de constante reflexão
sobre a natureza do ser professor e os aspectos que permeiam a identidade docente, vem se
consolidando a partir da formação de profissionais que atuem de maneira significativa e
transformadora.

Todos os educadores seriamente interessados nas ciências da educação, entre


elas a Pedagogia, precisam concentrar esforços em propostas de intervenção
pedagógica nas várias esferas do educativo para enfrentamento dos desafios
colocados pelas novas realidades do mundo contemporâneo. (LIBÂNEO,
1999, p. 59).

Diante dos desafios atuais no campo da Educação com transformação na


legislação, mutação do currículo dos cursos de Pedagogia, muitas polêmicas giram em torno
desses cursos e de qual seria sua função neste momento. A Pedagogia deveria estar integrada
ao ensino e a pesquisa, pois não é possível pensar num pedagogo que não saiba, ou que não
possa ensinar/pesquisar.
O educador percebe que comuta pedagógica é não só promover a
autoaprendizagem de seu aluno fora da sala de aula, mas também ele próprio vivenciar novas
experiências e caminhar para novas descobertas de suas habilidades e competências fora da
abrangência escolar. Passou a buscar, então, novas matrizes pedagógicas, ampliando a
dimensão pessoal e social do conceito de educador.
Por isso, quando a legislação educacional passa a exigir, na atualidade, que a
4
universidade cumpra sua responsabilidade social, encontra um educador consciente de seu
papel de agente de transformações e multiplicador de valores. A concretização e alcance dos
resultados desta ação precisam promover condições para que este profissional possa caminhar
com confiança e segurança em sua trajetória profissional, conquistando a eficácia de sua
formação ao desempenhar o seu real papel na sociedade.

Para um projeto educativo interdisciplinar ser bem sucedido, é necessário


que o professor, envolvido e comprometido com a educação e com seus
pares, apresente coerência entre sua visão e sua ação, o que contribuirá
eficazmente com o processo de construção e reconstrução da sociedade:
porque não há projeto sem sonho e sem vontade de futuro [...]. (MONEZI,
2003, p. 60).

Assim, a otimização no processo de formação do educador, para o mundo


globalizado, implica em conquista da autonomia para a construção do próprio caminho na
nova trajetória transformacional, o que exige atitude resiliente, ou seja, posturas proativas,
organizadas, éticas, positivas, flexíveis, bem como iniciativas educacionais que valorizem a
diversidade; e ainda, em participação efetiva nos relacionamentos interpessoais não só em
espaços escolares, como também em espaços não escolares.
Para concluir esse amplo leque de reflexões da formação docente, Libâneo (1999)
afirma que:
A ampliação do campo de ação do pedagogo, em correspondência com a
amplitude cada vez maior das práticas educativas na sociedade, leva também
ao aparecimento de operadores do processo educativo para além do educador
escolar. Com isto, aqueles elementos constitutivos da relação pedagógica
vão adquirindo outras acepções de aluno e educador. (LIBÂNEO, 1999, p.
48)

Por estas razões o curso de Pedagogia deve formar um pedagogo “strico sensu”,
isto é um profissional qualificado para atuar em vários campos educativos para atender
demandas socioeducativas de tipo formal e informal, decorrentes de novas realidades, novas
tecnologias, novos atores sociais, ampliação das formas de lazer, mudanças nos ritmos de
vida, presença dos meios de comunicação e informação, mudanças profissionais,
desenvolvimento sustentado, etc.

5
AS INÚMERAS FUNÇÕES DO PEDAGOGO

As atribuições do pedagogo compreendem, conforme o Art. 62 da Lei de


Diretrizes e Bases 9.394/96:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível


superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e
institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o
exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos
do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal.
(BRASIL, 2013, não paginado).

É este o documento regente da área do pedagogo, a regra é que para exercer o


magistério o docente possua nível superior, mas estabelece que seja “admitida” como
formação mínima o nível médio na modalidade normal.
As possibilidades de atuação do pedagogo, apesar de serem amparadas pelas
Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Pedagogia, da Resolução Nacional de 15 de
maio de 2006, provocam questionamentos por parte dos profissionais de outras áreas que
resistem à presença do pedagogo fora do contexto escolar.
Esta realidade gerou o interesse de aprofundar o conhecimento sobre a prática
deste docente na atualidade e tornar conhecida a sua contribuição.
Ainda nesse contexto, a Resolução CNE / CP Nº 1 de 15 de maio de 2006, que
trata especialmente do curso de Pedagogia, no parágrafo único, do art. 4, estabelece que

[as] atividades docentes também compreendem participação na organização


e gestão de sistemas e instituições englobando:
I- Planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de
tarefas próprias do setor da educação; II- Planejamento, execução,
coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências
educativas não-escolares; III- Produção e difusão do conhecimento
científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não-
escolares. (BRASIL, 2006, não paginado).

Analisando a Resolução citada, nota-se que o campo de atuação do pedagogo está


se ampliando, visto que este profissional poderá desenvolver ações relacionadas à educação,
seja no ambiente escolar ou não escolar, a função do pedagogo é desenvolver a formação
humana dos indivíduos em diferentes lugares.
Verifica-se que as transformações ocorridas na sociedade contemporânea

6
descortinam a ação valiosa do pedagogo fora da instituição escolar, e para isso ele precisa
estar atento para atender as necessidades que surgem junto às oportunidades. Ao pedagogo
cabe visualizar a dimensão da aprendizagem para que sua intervenção produza resultados no
outro, tornando sua ação produtiva, atendendo as expectativas da sociedade atual.
Diante disso, a partir das mudanças da nova sociedade, constata-se que a prática
deste profissional é considerada importante não apenas na escola, mas em todas as instâncias
em que haja a necessidade da prática educativa, pois ele atua diretamente nos processos de
transmissão e assimilação de saberes da formação humana, não apenas da criança,
contribuindo com o desenvolvimento de habilidades e competências.
Alguns autores defendem a posição de que as áreas de atuação dos pedagogos são
amplas em nossa sociedade e que isso deve ser considerado na formação desse profissional. A
vastidão do campo de atuação do pedagogo:

É quase unânime entre os estudiosos, hoje, o entendimento de que as práticas


educativas estendem-se às mais variadas instâncias da vida social não se
restringindo, portanto, à escola e muito menos à docência, embora estas
devam ser a referência da formação do pedagogo escolar. Sendo assim, o
campo de atuação do profissional formado em Pedagogia é tão vasto quanto
são as práticas educativas na sociedade. Em todo lugar onde houver uma
prática educativa com caráter de intencionalidade, há aí uma Pedagogia.
(LIBÂNEO, 2002, p. 51).

O pedagogo é um profissional da educação do qual se espera que entre no mundo


do trabalho com condições de atuar onde houver necessidade de organizar, planejar,
programar e avaliar oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento de habilidades.
Dessa forma, o pedagogo pode atuar profissionalmente desempenhando funções
docentes, atuar na organização de sistemas, unidades, projetos e experiências educacionais
escolares e extraescolares, ou seja, ele pode atuar na articulação de projetos pedagógicos
prestando assessoramento e coordenação pedagógica, consultoria, avaliação e pesquisa
educacional em diversos espaços. Na sociedade contemporânea não é possível traçar um
divisor rígido entre espaços educativos nas ditas áreas emergentes do campo educacional.
Diante do contexto analisado até aqui, cabe salientar algumas atribuições próprias
do pedagogo como supervisor escolar, atuação em empresas e hospitais.

7
PEDAGOGO COMO SUPERVISOR ESCOLAR

O Projeto Lei nº 4106/12 certifica a regulamentação, de maneira geral de um


profissional para exercer a função de supervisor escolar, cabendo ao profissional ter formação
superior em pedagogia ou pós-graduação em supervisão educacional. Para ser aceitos,
diplomas expedidos por instituições estrangeiras deverão ser revalidados por universidades
públicas brasileiras de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Esse projeto
estabelece que o pedagogo coordene e contribua nas atividades de planejamento, execução,
controle e avaliação do projeto político pedagógico da unidade educativa, juntamente com a
direção, especialistas e professores.
A função supervisora se mostra bem mais ampla e o profissional dessa área
entende a verdadeira essência desse termo: “supervisor”, aquele que vê o geral, que vê além e
articula ações entre os elementos que envolvem a educação. O supervisor de hoje sabe que
precisa ser um constante pesquisador e com isso poderá contribuir para o trabalho docente,
pois essa equipe conta com a sua orientação e apoio.

Ser supervisor não é fiscal de professor, não é dedo duro [...] não é pombo
correio [...] não coringa/tarefeiro/quebra galho/salva vidas [...] não é tapa
buraco, não burocrata [...] não é de gabinete, não é diário [...] não é
generalista que entende quase nada de quase tudo. (VASCONCELOS, 2006,
p. 86).

Nos dias atuais, essa função se mostra através de profissionais maduros,


capacitados para melhor executar propostas de resolução de problemas e enfrentar os desafios
na escola os quais exigem o olhar investigativo do Supervisor Escolar como um agente
articulador das políticas internas e externas da escola.
Portanto, é possível dizer que a figura de supervisor foi sendo construída
historicamente conforme a necessidade da sociedade. Atualmente seu papel já precisa
responder o ato de planejar, coordenar, orientar, dialogar, auxiliar, estudar, discutir as
problemáticas presentes no dia-a-dia e, ainda, buscar junto ao coletivo os temas para a
formação dentro do interior da escola, sem perder de vista, a política de educação, onde a
escola está inserida.

8
PEDAGOGO NA EMPRESA

A Pedagogia na Empresa caracteriza-se como uma das possibilidades de


atuação/formação do pedagogo bastante recente, especialmente no contexto brasileiro. Tem
seu surgimento vinculado à ideia da necessidade de formação e/ou preparação dos Recursos
Humanos nas empresas.
Vale destacar que nem sempre as empresas preocuparam-se com o
desenvolvimento de seus recursos humanos, entendidos como fator do êxito empresarial. Esta
área surge como uma demanda, ao mesmo tempo, interna e externa por melhor desempenho e
formação profissional, a sua operacionalização. Serve de exemplo a Lei 6297/75.
A partir daí passa a ganhar espaço nas empresas enquanto alguém que atua na área
de desenvolvimentos de recursos humanos, especificamente em treinamento de pessoal,
responsável pela preparação, formação de mão de obra para atendimento das especificidades
da Organização.
Assim, Ferreira citado por Ribeiro (1985, p. 74), diz que “um dos propósitos da
pedagogia na empresa é a de qualificar todo o pessoal da organização nas áreas
administrativas, operacional, gerencial, elevando a qualidade e produtividade
organizacionais”.
A Pedagogia tem como finalidade principal provocar mudanças no
comportamento das pessoas de modo que estas melhorem tanto a qualidade do seu
desempenho profissional quanto pessoal.
O Pedagogo Empresarial precisa de uma formação filosófica, humanística e
técnica sólida a fim de desenvolver a capacidade de atuação junto aos recursos humanos da
empresa. Assim as atividades do Pedagogo Empresarial relacionam-se a quatro campos, a
saber: atividades pedagógicas, sociais, burocráticas e administrativas. Essas atividades
permitem a atuação em escolas e empresas em funções de natureza técnico-pedagógica e
administrativa, a proposição de objetivos e metas a serem alcançadas a partir de diagnósticos
da realidade institucional; propor, coordenar atualização de profissionais em Empresas e
Órgãos ligados a área educacional; coordenar serviços no campo das relações interpessoais;
planejar, controlar e avaliar o desempenho profissional de seus subordinados; assessorar
empresas no entendimento de assuntos pedagógicos atuais.

9
PEDAGOGO NOS HOSPITAIS

O papel que se depara a Pedagogia Hospitalar compreende os procedimentos


necessários à educação de crianças e adolescentes hospitalizados, de modo a desenvolver uma
singular atenção pedagógica aos escolares que se encontram em atendimento hospitalar e ao
próprio hospital na concretização de seus objetivos.
Enfoque educativo e de aprendizagem deu origem à ação pedagógica em hospitais
pediátricos, nascendo de uma convicção de que a criança e o adolescente hospitalizados, em
idade escolar, que não devem interromper, na medida do possível, seu processo de
aprendizagem, seu processo curricular educativo.
Sob tal ponto de vista, o objetivo é claro e definido, isto é, manter e potencializar
os hábitos próprios da educação intelectual e da aprendizagem de que necessitam as
crianças/adolescentes em idade escolar, mediante atividades desenvolvidas por pedagogos em
função docente.
[...] o desenvolvimento de uma consciência critica que permite ao homem
transformar a realidade se faz cada vez mais urgente. Na medida em que os
homens, dentro de sua sociedade, vão respondendo aos desafios do mundo,
vão temporizando os espaços gráficos e vão fazendo historia pela própria
atividade criadora. (FREIRE, 1983, p. 33).

A Pedagogia Hospitalar mostra, portanto, que é um processo de educação


organizada que transcende aos parâmetros usualmente adotados. A Pedagogia Hospitalar é um
processo alternativo de educação, pois ela ultrapassa os métodos convencionais escola/aluno,
buscando dentro da educação formas de apoiar o paciente.

PEDAGOGO NA SALA DE AULA

Os papéis sociais são definidos levando-se em consideração as instituições onde


se desenvolve a prática dos sujeitos, o pedagogo desenvolve sua prática no espaço da
instituição que é a escola. Enquanto instituição social é tarefa da escola a transmissão e
criação sistematizada da cultura, entendida como o resultado da intervenção dos homens na
realidade, transformando-a e transformando a si mesmos.
A escola não é uma entidade abstrata. Ela tem características específicas e cumpre
uma função determinada, na medida em que está presente e é constituinte de uma sociedade
10
que se organiza de maneira peculiar, historicamente. Ela resulta do trabalho e das relações
estabelecidas em seu interior, é o espaço da práxis de determinados sujeitos. E pode-se
afirmar que o caráter contraditório da escola advém da contradição presente na prática desses
sujeitos, que, ao transmitirem o saber, ao estabelecerem certas relações, mantêm e
transformam esse saber, essas relações.
No interior da instituição escolar, o pedagogo exerce sua profissão. A ideia de
profissão nos remete à de ofício, que guarda o sentido de dever, de obrigação. A ideia de
exercício relaciona-se à ideia de atividade, de trabalho. O pedagogo, enquanto profissional,
enquanto trabalhador numa determinada sociedade, tem de realizar sua "obrigação" de uma
maneira específica.
O que compete ao pedagogo em sala de aula? Existem várias atribuições do
pedagogo em sala de aula:
1. estabelecer um clima de amizade a fim de adquirir a confiança da turma;
2. elaborar e sistematizar os trabalhos interdisciplinares realizados pela escola;
3. cooperar com a direção e equipe pedagógica com informações, sondagens de
interesse e sugestões referentes à turma;
a. estimular os alunos positivamente: a) valorizando e incentivando-os nas tarefas
realizadas; b) informando o aluno sobre suas dificuldades e seu progresso.
4. indicar à equipe Pedagógica os alunos com dificuldades de aprendizagem na
leitura, na escrita e/ou cálculos essenciais.
Nesse contexto o pedagogo em sala de aula desenvolve competência técnica e
metodológica, é saber usar a didática certa para melhor desenvolver o trabalho docente.

[...] o saber fazer bem tem uma dimensão técnica, a do saber e do saber
fazer, isto é, do domínio dos conteúdos de que o sujeito necessita para
desempenhar o seu papel, aquilo que se requer dele socialmente, articulado
com o domínio das técnicas, das estratégias que permitam que ele, digamos,
"dê conta de seu recado", em seu trabalho. (RIOS, 2004, p. 47).

A qualidade da educação tem sido constantemente prejudicada por pedagogos


preocupados em "fazer o bem", sem questionar criticamente sua ação. Ou pela consideração
da prática educativa apenas na dimensão moral, ou na visão equivocada de um compromisso
que se sustenta na afetividade, na espontaneidade. Isso precisa ser negado, quando
procuramos uma consistência para o desempenho do papel do educador na contribuição que
11
dá à construção da sociedade. Por este pretexto é possível afirmar que o pedagogo enquanto
profissional é portador de valoração em sua prática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, a formação de professores, é hoje uma preocupação constante para aqueles


que acreditam na necessidade de transformar o quadro educacional presente. A ausência do
pedagogo junto às instituições educativas deixa uma lacuna, pois, sem ele, não há quem
coordene os trabalhos pedagógicos. O pedagogo é aquele profissional capaz de mediar teoria
pedagógica e práxis educativa e deve estar comprometido com a construção de um projeto
político voltado à emancipação dos sujeitos na busca de novas e significativas relações sociais
desejadas pelos mesmos.
O saber do Pedagogo precisa estar calcado no diálogo, na discussão coletiva, na
compreensão e reflexão e, na interpretação dos fenômenos econômicos, políticos e sociais do
momento para avançar no trabalho de relação e na interação teoria e prática resgatando a ação
educativa e a docência como base de formação. Nesse sentido o pedagogo vai estar num
processo de formação permanente de interlocução do saber e do trabalho de investigação.
Assumir a profissão de pedagogo é lidar com escolas, empresas, hospitais,
capacitar diferentes alunados, criar diferentes projetos de acordo com a necessidade da
realidade, pois nas mãos de um pedagogo pode está um médico, um engenheiro, um
advogado, um jornalista ou qualquer outro profissional porque ser pedagogo é ser um
profissional completo.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Resolução CNE/CP n.1, 15.5.2006. Diretrizes Curriculares Nacionais para o


Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Brasília. 2006.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua


Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 9. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 1998.

12
GARCIA, Carlos Marcelo. Formação de professores: para uma mudança educativa. São
Paulo: Porto Editora, 1999.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 2. ed. São Paulo: Cortez, 1999.

MATOS, Elizete Lúcia Moreira. Pedagogia hospitalar: a humanização integrando educação


e saúde. 5ª ed. Petrópolis RJ: Vozes, 2011.

MONEZI, Mary Rosane Ceroni. Atitude interdisciplinar na docência. Revista de


Cultura: Revista do IMAE - Instituto Metropolitano de Altos Estudos para o
Desenvolvimento das Pesquisas do UniFMU. Periódicos Interdisciplinares. São Paulo: ano 4,
n. 9, p. 56-60, jan./jun.2003.

PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes
Médicas Sul, 2000.

RIBEIRO, Amélia Escotto do Amaral. Pedagogia empresarial: atuação do pedagogo na


empresa. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak, 2003.

RIOS, Tezerinha Azerêdo. Ética e competência. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2004.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto


político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2006.

13

Você também pode gostar