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Língua Portuguesa -

Morfologia

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Bem vindo(a)!

Seja muito bem-vindo(a)!

Prezado(a) aluno(a), se você é alguém que gosta de estudar a língua portuguesa em


todos os seus aspectos, isso já é o início de uma grande caminhada que vamos fazer
juntos a partir de agora. Proponho, junto com você construir nosso conhecimento
sobre a morfologia, mas sem deixar de lado os demais elementos de análise
gramatical.

Na unidade I começaremos a nossa jornada pelo conceito da formação de palavras,


das unidades morfológicas e estrutura da palavra, bem como as construções
históricas que ocorreram até o conceito de morfologia que conhecemos hoje.

Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os elementos mór cos


conhecendo a Nomenclatura Gramatical Brasileira – NGB – que divide as classes
gramaticais em dez partes. Apontaremos, ainda, alguns problemas de classi cação
das palavras que apareceram após a de nição da NGB. Ainda na unidade II vamos
conhecer as classes gramaticais dos substantivos, adjetivos e verbos.

Já nas unidades III e IV vamos dar continuidade nas classes gramaticais. Na unidade
III vamos conhecer os artigos, pronomes e numerais, bem como o uso das palavras
fóricas, em anáforas e catáforas. Na unidade IV nalizaremos as classes gramaticais
aprendendo sobre advérbios, conjunções, preposições e interjeições.

Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados
em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e
pro ssional.

Muito obrigada e bom estudo!


Unidade 1
Contribuições históricas
para os estudos de
morfologia

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Prezado(a) aluno(a), a partir de agora vamos embarcar em uma viagem pelo
conhecimento. Nesta unidade estudaremos a morfologia de uma forma didática e
de fácil entendimento, mas sem deixar de conhecer as características do estudo
morfológico, bem como todas as suas peculiaridades.

Cada um dos tópicos nos mostrará como é necessário compreender o estudo da


morfologia para que as demais análises da Língua sejam feitas com propriedade.
Vamos conhecer as unidades morfológicas para que seja possível entender a palavra
no seu grau primitivo e as possibilidades que a Língua nos dá de modi cá-la.

Os processos de composição e derivação das palavras também estarão presentes


nesta unidade, mostrando como é possível brincar com as palavras e criar sempre
algo novo e contextualizado.

Bons estudos!
Contribuições históricas
para os estudos de
morfologia

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Falar em morfologia é, antes de tudo, pensar em origem, em começo,
etimologicamente, a palavra vem do grego, morfhê que signi ca ‘forma’ e logos,
‘estudo’, ‘tratado’, em outras palavras morfologia é o estudo da forma.

Mas, antes de mergulharmos nas características da morfologia é preciso entender as


contribuições históricas que houveram até que se chegasse, de fato, no termo
morfologia que surgiu no século XIX.

Antes, porém, o que se tinham eram estudos e pesquisas sobre a língua baseadas
em escritos e, para isso, surge a lologia, ciência responsável pelas análises de
documentos escritos a m de conceituar uma língua, ou seja, ela busca normatizar,
organizar a língua estudada.

O Historicismo (Gramática Comparada ou Filologia Comparada ou


ainda Linguística Histórica e Comparada), como uma nova perspectiva
de abordagem dos fenômenos de linguagem, emerge no século XVIII,
com a descoberta de que o Latim e o Grego tinham raízes comuns no
Sânscrito. Surgem estudos da linguagem que se voltam para a busca
de uma língua-mãe, para o enigma da origem da linguagem.
(BOTELHO, 2007, p. 12).

O historicismo foi uma concepção


da loso a, baseada em Wilhelm
Dilthey, que traz o conceito de que
os fatos humanos são históricos , ou
seja, os aspectos políticos, sociais,
religiosos, econômicos, psíquicos,
artísticos e técnicos são os
responsáveis pela formação integral
do homem. 

@wikipedia

Em termos gerais, a língua e a forma de se expressar e comunicar também está


inserida nesse contexto e é base da formação humana. E é nesse cenário que entra a
lologia com o objetivo de pesquisar como os escritos comprovam essa formação
integral humana, a nal, língua é parte do homem.
A criação do termo morfologia é atribuída ao escritor e cientista alemão Johann
Wolfgang Von Goethe (1749-1832)

É nesse contexto que o termo morfologia aparece. As palavras


continuam no centro da investigação, mas o que se enfatiza são os
estudos históricos comparativos; “a busca das formas básicas,
originárias das palavras, pertencentes ao protoindo-europeu”. Nessa
busca pelo processo de evolução das línguas, emerge o interesse pela
estrutura interna da palavra e surge uma nomenclatura designativa de
tal estrutura (raiz, radical, tema). (BOTELHO, 2007, p. 13)

Portanto, podemos de nir morfologia como o estudo da forma das palavras, é a


parte da gramática que estuda isoladamente cada uma delas segundo os morfemas
(menores unidades de signi cação que formam as palavras e são classi cados em
desinência, raiz, radical, a xo, tema e vogal temática).

A partir de agora vamos conhecer, de fato, as unidades morfológicas e saber como


elas podem exionar e se modi car.

As unidades morfológicas e a
estrutura interna da palavra
As unidades morfológicas ou elementos mór cos compreendem a divisão que se
faz de uma palavra, são elas:

Raiz
Radical
Vogal temática
Tema
A xos: pre xos e su xos
Desinências

Veremos agora como cada um desses itens se estabelecem na análise morfológica e


como se completam.
Antes, porém, é importante salientar que a análise da morfologia é realizada na
palavra isoladamente, ou seja, os elementos analisados estão fora de contexto e são
apenas classi cados por uma questão de organização do estudo da língua. Já
quando se pretende analisar os elementos de um texto, por menor que seja, quanto
ao seu signi cado e/ou a relação que há entre elas, dentro de um argumento
signi cativo, temos, então, a análise sintática estabelecida para tal.

Vamos aos elementos mór cos e suas características:

Raiz
É o elemento mínimo e primitivo da palavra. Essa palavra pode ser tanto verbo
quanto termos nominais (substantivo, adjetivo, etc.), a raiz NÃO aceita pre xos.

Radical
O radical é a parte xa de uma palavra, ou seja, é o elemento básico e signi cativo
das palavras. Mesmo que raiz e radical se confundam, não são iguais. Vejamos um
exemplo para que seja possível observar essa diferença:

Exemplo: “Nos desentendemos por algo sem sentido”

Na palavra DESENTENDEMOS é possível identi car o radical -


DESENTEND, pois é a partir dele que se dará as demais conjugações:
desentendi, desentenderam, etc.; é possível também perceber que há o
pre xo – DES antes da forma – END. Portanto, - ENTEND é a raiz da
palavra desentendemos, é a origem e a unidade mínima indivisível. Em
termos gerais, o radical é a parte xa de um VERBO para ns de
conjugação, já a raiz é a origem da palavra (que pode ser verbo ou não).

Vogal temática e Tema


O tema se dá quando se liga uma vogal (chamada de vogal temática = VT) ao radical.
Portanto:
Tanto os verbos quanto os nomes apresentam vogais temáticas, no caso dos verbos
o tema surge quando se acrescenta o -R do in nitivo, dando origem ao que se
classi ca como verbos de 1ª, 2ª ou 3ª conjugação.

Exemplo de vogal temática nominal:  são -a, -e e -o: mesa, livro, artista,
amparo, combate, etc., é importante ressaltar que as vogais temáticas
não são responsáveis em classi car uma palavra quanto ao seu gênero
(masculino ou feminino).

Exemplo de vogal temática verbal: são -a, -e e -i, gerando os grupos de


verbos chamados de conjugações, que podem ser de 1ª, 2ª ou 3ª: cantar,
bater, partir.

A xos
São elementos que se unem ao radical de uma palavra trazendo novos signi cados.
Podem ser antepostos ao radical, que são os pre xos, ou pospostos ao radical,
chamados de su xos.

Exemplo: infelizmente (in = pre xo / feliz = radical / mente = su xo)

Desinências
São os elementos nais das palavras que indicam as exões. As desinências podem
ser verbais ou nominais, quando verbais indicam exões de número (singular e
plural), pessoa (1ª, 2ª ou 3ª), tempo (passado, presente e futuro) e modo (indicativo,
subjuntivo e imperativo); quando nominais indicam as exões de gênero (masculino
ou feminino) e número (singular e plural).
Exemplo de desinência nominal:

Menin – o = gênero masculino/número singular

Menin – as = gênero feminino/número plural

Exemplo de desinência verbal:

Estudávamos:

-Estud: radical

-á: vogal temática

-va: modo-temporal (pretérito imperfeito do indicativo)

-mos: número-pessoal (1ª pessoa do plural = Nós)

Os elementos mór cos são os responsáveis pela classi cação das palavras, por isso,
devem sempre ser analisados com cuidado para que a estrutura interna seja feita de
forma correta e adequada.
Formação das palavras

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Quanto à formação de palavras elas podem ser divididas entre primitivas ou
derivadas. As primitivas, como o próprio nome diz, são aquelas que não derivam de
outras, ou seja, elas existem por elas mesmas dentro da língua portuguesa. Exemplos:
pedra, terra, dente, etc.

Já as palavras derivadas possuem sua origem em outras, por exemplo: pedreiro,


terreiro, dentista, etc.

Há, ainda, na língua portuguesa, dois processos gerais para a formação das palavras,
que é o que veremos a seguir:

DERIVAÇÃO: PREFIXAL, SUFIXAL, PARASSINTÉTICA E REGRESSIVA

A derivação tem como objetivo formar novas palavras a partir de uma já


existente, e pode ocorrer:

Derivação pre xal: quando se coloca um pre xo antes do radical.


Exemplo: desligar, incapaz, pré-história, etc.;

Derivação su xal: quando se coloca um su xo após o radical. Exemplo:


dentista, sapataria, boiada, etc.;

Derivação parassintética: esse tipo de derivação pode também ser


encontrado como parassíntese, e ocorre quando há, ao mesmo tempo,
um pre xo e um su xo adicionado ao radical. Exemplo: envergonhar,
esfarelar, alistar, etc.;

Derivação regressiva: ocorre a derivação regressiva quando há a


substituição da parte nal de um verbo pelas desinências a, o ou e.
Exemplo:

Mudar > Muda

Ajudar > Ajuda

Pescar > Pesca

Falar > Fala

Há, ainda, dentro do processo de formação de palavras e especi camente nas


derivações a Derivação imprópria que ocorre quando uma palavra sofre alteração não
somente de estrutura, mas também de classes gramaticais.
Na derivação regressiva vimos que apenas os verbos sofreram essas alterações, já na
derivação imprópria há modi cações em outras classes gramaticais também.

Veja:

Os adjetivos podem se tornar substantivos: os bons, os maus, o verde,


etc.;

Os verbos no in nitivo podem se tornar substantivos: o andar, o


caminhar, o pensar, o o sorrir, etc.;

Os substantivos podem se tornar adjetivos: menino prodígio, traje


esporte, etc.;

Os adjetivos podem se tornar advérbios: cantar alto, respirar forte,


falar baixo, etc.;

Composição: justaposição e aglutinação


Já no processo de composição das palavras ocorre algo um pouco diferente das
derivações, aqui duas ou mais palavras se unem a dois ou mais radicais para dar
origem a uma nova palavra.

Temos, então, a composição por justaposição e a composição por aglutinação, que


será explanado nos próximos tópicos deste material.

Redução
Outra maneira de encontrar o processo de formação de palavras é através da
redução, que é quando há supressão de parte da palavra plena.
Exemplos:

Auto (automóvel)

Moto (motocicleta)

Seu (senhor)

Pneu (pneumático)

Quilo (quilograma)

Foto (fotogra a)

Hibridismo
Ocorre o hibridismo quando há mistura de palavras de línguas diferentes dando
origem a uma nova palavra. Veja:

Televisão (tele [grego] + visão [latim])

Monocultura (mono [grego] + cultura [latim])

O processo de formação de palavras acontece quando há modi cações nas


estruturas das palavras, seja com um radical ou mais, adicionando ou suprimindo
unidades dos termos de acordo com o que se pretende dizer. É válido lembrar que a
língua é uma unidade social e viva e, que ao longo dos anos, sofre alterações dos usos
e costumes das palavras.

Há ainda palavras que se tornam comum na oralidade e passam a ser escritas da


mesma maneira da oralidade, mas tudo isso leva tempo e trata-se também de
costumes e da cultura de um determinado povo.
Flexão ou derivação?

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Quando falamos em formação de palavras nos deparamos com algumas
características e denominações que, em algum momento, pode nos confundir e
levar a alguma dúvida.

E uma das mais recorrentes é sobre a exão ou derivação. Há diferença entre elas?
Ou para que servem?

Primeiro, vamos veri car o que Rosa (2002) diz sobre a gramática as divisões das
classes gramaticais:

A primeira [parte da gramática] é o conhecimento dos vocábulos. Onde


cada vocábulo ou é um nome, ou é um verbo, ou é um advérbio,
denominando-se o vocábulo muitas vezes por dição. A segunda é a
própria declinação. E a declinação é a manutenção do início e a
variação da terminação. Declina-se o nome por suas declinações; o
verbo pelas conjugações; o advérbio não se declina. A terceira parte é a
própria construção. E se faz por quatro maneiras a saber: entre o
substantivo e o adjetivo, entre o relativo e o antecedente, entre o
suposto e o verbo e quando uma palavra exige outra depois de si.
(ROSA, 2002, p. 28).

Analisando pelo pressuposto de que algumas classes gramaticais são variáveis, ou


seja, se modi cam e exionam, enquanto outras classes não mudam, é importante
ressaltar que há, de fato, diferença entre a derivação e a exão das palavras sim.
Sendo:

Segundo o prof. José Mário Botelho, a derivação é assistemática, aberta


e não obrigatória; enquanto que a exão é sistemática, fechada,
obrigatória e possui congruência. A derivação é o surgimento de uma
nova palavra que nos remete a uma dada realidade. A exão é a
formação de novos modos de dizer a mesma palavra. No
vocábulo  ferreiro  podemos observar claramente a formação de uma
nova palavra a partir de  ferro  através do processo de derivação. O
mesmo ocorre em  garota  em que temos uma nova palavra a partir
de garoto através da derivação. Para Evanildo Bechara a exão consiste
fundamentalmente no morfema aditivo su xal acrescido de radical,
enquanto a derivação consiste no acréscimo ao radical de um su xo
lexical ou derivacional: casa+ s: casas ( exão de plural); casa+ inha:
casinha (derivação). (BOTELHO, 2005 apud PACHECO, 2018, online)

Portanto, ca evidente que a exão acontece quando há outras maneiras de dizer a


mesma palavra, enquanto que a derivação pode ocorrer - ou não - em determinada
palavra. Por exemplo, cantarolar é derivada de cantar; mas não há derivação para
falar e gritar, que são situações da voz humana tanto quanto o catar.
Composição e seus
processos

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Como visto anteriormente, a composição ocorre de duas maneiras, por justaposição
e por aglutinação. Neste processo de formação de palavras duas ou mais se unem a
dois ou mais radicais para dar origem a uma nova palavra. Veja:

Justaposição: a composição por justaposição acontece quando duas ou mais


palavras (que podem ser radicais ou não) se unem sem sofrer alteração de estrutura.
Exemplo: passatempo, girassol, televisão, rodovia, etc.

Aglutinação: já a composição por aglutinação acontece quando duas ou mais


palavras (que podem ser radicais ou não) se unem sofrendo alteração de estrutura
de um ou mais de seus elementos. Exemplo: planalto (plano alto), boquiaberto (boca
aberta), embora (em boa hora), etc.
SAIBA MAIS
No Brasil há, segundo o linguista Sírio Possenti (2009), existem três tipos
de gramáticas: a normativa, a descritiva e a internalizada. Veremos no
quadro a seguir as de nições e diferenças que Possenti aponta sobre
elas:
Quadro 1 - Tipos de gramática

Gramática
Gramática Gramática
normativa =
descritiva = internalizada =
conjunto de
  conjunto de conjunto de regras
regras que
regras que que o falante
devem ser
são seguidas domina
seguidas

é a língua em
situações de uso
busca pelas
obrigação: pelo falante: são
regularidades
assemelha- conhecimentos/usos
da língua:
se à lei linguísticos dos
Regra assemelha-se
jurídica: “é falantes, com regras
à lei da
o que deve implícitas (sem que
natureza: “é o
ser” se tenha
que é”
consciência delas,
muitas vezes)

-expressão
das pessoas
cultas -
regras
baseadas -
apenas na regularidades
modalidade -não existem
escrita - línguas
Língua  
critério uniformes -o
literário - critério não é
norma apenas
culta ou literário
variante
padrão ou
dialeto
padrão

-há variáveis
entre
-o que foge padrões de
da boa uso -só é erro
linguagem, o que não faz
Erro  
segundo a parte
norma sistemática
culta de nenhuma
variante da
língua
Fonte: Gramáticas normativa, descritiva e internalizada. Educação UOL,
2018,  online.

Gramática descritiva – Como antes a rmado, a língua está submetida a constantes


transformações, prova maior disso é a linguagem dos internautas, quase sempre
truncada, fragmentada, abreviada, tudo em nome do fator tempo. Outro exemplo
de tais transformações são as gírias, muito comuns nos grupos sociais especí cos,
bem como os modismos. Ou seja, essa gramática se torna responsável pelo estudo
da língua em se tratando de um dado contexto de comunicação.

Gramática normativa – Também anteriormente mencionada, sobretudo no que


tange às regras gramaticais, trata-se do estudo dos fatos linguísticos aplicáveis nas
situações especí cas de interlocução. Representa, pois, o registro de um sistema
que postula as regras convencionais da língua que falamos, passíveis, portanto, de
serem obedecidas e postas em prática, sempre que assim a situação requisitar.

Gramática internalizada – Como bem nos aponta o próprio nome, trata-se daquela
habilidade de que dispõe o falante desde o momento em que ele começa a se
mostrar apto a exercer os primeiros contatos com a linguagem propriamente dita,
ou seja, desde o momento da aquisição da fala que, estando certo ou errado
segundo os padrões formais, ele possui condições de ordenar suas ideias e expressar
seu pensamento, conferindo assim um sentido lógico ao discurso que profere.

REFLITA
 “A palavra é o meu domínio sobre o mundo”

Clarice Lispector
Conclusão - Unidade 1

Nesta unidade foi possível identi car a relação existente entre a lologia, que é a
ciência que estuda os textos escritos com o surgimento da morfologia, parte da
gramática que estuda isoladamente as palavras.

Aprendemos ainda como se dá o processo de formação das palavras, suas


composições, derivações e a parte estrutural das mesmas.

Por m, foi possível perceber como essa classi cação minuciosa é importante para
entendermos o processo de formação das palavras isoladamente para que, quando
necessário, analisadas juntas se entenda o conceito sintático que elas devem
estabelecer de signi cação.

Espero que nas demais unidades possamos continuar focados e prontos para as
anotações, pois vamos conhecer, de fato, as classes gramaticais e como elas
aparecem nos textos e em todo o processo comunicacional.

Leitura Complementar
"Pilhei a senhora num erro!", gritou Narizinho. "A senhora disse: 'Deixe estar que já te
curo!' Começou com o Você e acabou com o Tu, coisa que os gramáticos não
admitem. O 'te' é do 'Tu', não é do 'Você'"... "E como queria que eu dissesse, minha
lha?" "Para estar bem com a gramática, a senhora devia dizer: 'Deixa estar que já te
curo'." "Muito bem. Gramaticalmente é assim, mas na prática não é. Quando falamos
naturalmente, o que nos sai da boca é ora o você, ora o tu; e as frases cam muito
mais jeitosinhas quando há essa combinação do você e do tu. Não acha?" "Acho, sim,
vovó, e é como falo. Mas a gramática..." "A gramática, minha lha, é uma criada da
língua e não uma dona. O dono da língua somos nós, o povo; e a gramática - o que
tem a fazer é, humildemente, ir registrando o nosso modo de falar. Quem manda é o
uso geral e não a gramática. Se todos nós começarmos a usar o tu e o você
misturados, a gramática só tem uma coisa a fazer..." "Eu sei o que é que ela tem a
fazer, vovó!", gritou Pedrinho. "É pôr o rabo entre as pernas e murchar as orelhas..."
Dona Benta aprovou.

Fonte: Monteiro Lobato. Obra Completa. "Fábulas", São Paulo, Editora Brasiliense.

Livro

Filme
Unidade 2
Classes e categorias em
gramáticas de língua
portuguesa

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Prezado(a) aluno(a), seja muito bem-vindo novamente!

Nesta unidade II vamos conhecer três classes gramaticais que nos levarão ao
entendimento do processo de construção de palavras e, posteriormente, frases.

Analisaremos morfologicamente cada uma delas através do seu conceito e depois


aplicando em um exemplo didático e de fácil compreensão.

Antes, porém, serão tecidas considerações relevantes a respeito da NGB


(Nomenclatura Gramatical Brasileira) e conheceremos um pouco sobre a gramática
de valência e como todos esses elementos estão, de certo modo, interligados.

Não há mais como negar que a morfologia está diretamente ligada aos contextos
comunicativos, é preciso conhecer, sim, as classes gramaticais e suas respectivas
classi cações, mas é relevante também o entendimento de que os elementos
frasais se relacionam através de contextos situacionais, ou seja, “tudo depende do
contexto”, e até mesmo a classi cação de uma palavra dependerá do momento e
lugar de fala.

Vamos juntos nessa missão de descobrir a Língua Portuguesa de uma forma


simples e prática?!

Bons estudos!
Classes e categorias em
gramáticas de língua
portuguesa

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Vimos na unidade I que a lologia é a ciência que estuda os documentos escritos de
uma determinada língua com o objetivo de organizá-la e estabelecer suas normas e
regras.

E, bem antes de termos uma gramática como a que conhecemos atualmente, os


estudos a respeito da língua e de todo processo comunicativo já existia desde a
Grécia Antiga quando a busca pelo saber se fazia presente nas conversas do dia a
dia e o conhecimento era vivido no seu mais profundo signi cado.

É parte natural do homem querer saber suas origens e como as coisas se


transformaram ao longo dos tempos, por isso, com o estudo das palavras não foi
diferente, a busca pela “identidade” da língua sempre foi um universo a ser
descoberto.

A gramática foi organizada há


muitos anos para que fosse possível
conhecer e classi car as partes do
discurso e, como todo elemento vivo
e social, ela sofreu e possivelmente
sofrerá modi cações ao longo da
história. Por isso, é importante
sempre observar se a gramática que
você se propõe a estudar é
atualizada e está em concordância
com as novas regras e normas
vigentes.

@freepik

A primeira gramática do Ocidente foi de autoria de Dionísio de Trácia,


que identi cava oito partes de discurso: nome, verbo, particípio, artigo,
preposição, advérbio e conjunção. Atualmente, são reconhecidas dez
classes gramaticais pela maioria dos gramáticos: substantivo, adjetivo,
advérbio, verbo, conjunção, interjeição, preposição, artigo, numeral e
pronome. Como podemos observar, houve alterações ao longo do
tempo quanto às classes de palavras. Isso acontece porque a nossa
língua é viva, e, portanto, vem sendo alterada pelos seus falantes o
tempo todo, ou seja, nós somos os responsáveis por estas mudanças
que já ocorreram e pelas que ainda vão ocorrer. Classi car uma palavra
não é fácil, mas atualmente todas as palavras da língua portuguesa
estão incluídas dentro de uma das dez classes gramaticais
dependendo das suas características. (MATANDAUDJE, 2018, p. 10).
Temos, portanto, hoje, uma organização normativa de dez classes gramaticais na
língua portuguesa, classes essas que podem ser encontradas nas gramáticas atuais,
e aqui nessa unidade vamos conhecer três delas: o substantivo, o adjetivo e o verbo.

Posteriormente, nas demais unidades desta apostila, vamos conhecer as demais


classes gramaticais e como elas podem ser usadas em determinados contextos e
situações especí cas.

Antes, porém, de darmos continuidade ao assunto proposto, vamos ver no tópico


seguinte as características da NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) e como ela
in uencia diretamente na forma de analisar morfologicamente as palavras.
A NGB e os critérios de
classi cação

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
A língua portuguesa é determinada por normas e regras como já vimos até aqui, no
entanto, sabe-se que além do Brasil e de Portugal, também Angola, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe falam o português.

Para que todos esses países entre em um consenso sobre as normas da língua
alguns tratados sempre foram estabelecidos, por vezes acordados, outras nem
sempre.

No início do século XX Portugal tentou pela primeira vez formular um acordo geral
ortográ co para Brasil e Portugal, mas sem sucesso, as negociações se estenderam
por anos e até hoje é possível identi car as diferenças que existem em ambos
países. Só anos depois é que as propostas começaram a surtir efeito:

As tentativas iniciais materializaram-se num primeiro acordo, assinado


em 1931, que, no entanto, viria a ser interpretado de forma diferente nos
vocabulários ortográ cos nacionais, entretanto produzidos em
Portugal, o Vocabulário Ortográ co da Língua Portuguesa, de 1940; no
Brasil, o Pequeno Vocabulário Ortográ co da Língua Portuguesa, de
1943, acompanhado de um  Formulário Ortográ co. A m de eliminar
estas divergências, foi assinado por ambos os países um novo  acordo
ortográ co, em 1945, mas este apenas foi aplicado por Portugal,
continuando o Brasil a seguir o disposto no Formulário Ortográ co de
1943. (Acordo ortográ co, 2019, online).

Após tais negociações da década de 1940, tanto o brasil quanto Portugal sofreram
alterações e revisões na sua forma de escrita e as negociações continuaram a andar
em passos lentos:

Nas décadas seguintes, houve várias tentativas de chegar a um novo


consenso, mas, embora no início da década de 1970 tenha havido
revisões que aproximaram as duas variedades escritas, não foi aprovada
o cialmente uma reforma que instituísse um documento normativo
comum. Fruto de um longo trabalho da Academia Brasileira de Letras e
da Academia das Ciências de Lisboa, os representantes o ciais dos
então sete países de língua o cial portuguesa (além do Brasil e de
Portugal, também Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e
São Tomé e Príncipe) assinaram em 1990 o  Acordo Ortográ co da
Língua Portuguesa, rati cado também, depois da sua independência
em 2004, por Timor-Leste.  (Acordo ortográ co, 2019, online).

De fato, no Brasil, o Acordo Ortográ co da Língua Portuguesa que teve sua origem
em 1990 só entrou em vigor em 2009, no começo do ano; Portugal se estendeu por
mais alguns meses e em maio do mesmo ano também passou a vigorar as novas
normas e regras.
Tanto para os brasileiros quanto para
os portugueses, o Novo Acordo foi
impactante, uma vez que se
estabeleceram regras que poderiam
confundir ainda mais alguns
aspectos morfológicos, ortográ cos
e até mesmo sintáticos da língua,
por isso, o acordo apontava um
período de adaptação de três anos
para que a população se acostumar
com as novas regras.

@freepik

Atualmente, o Acordo Ortográ co está em vigor e faz parte do dia a dia dos países
de Língua Portuguesa.

E, voltando um pouco na linha do tempo da LP, a NGB (Nomenclatura Gramatical


Brasileira) foi estipulada em 1959 pelo então Exmo. Sr. Ministro de Estado da
Educação e Cultura Clóvis Salgado, e elaborado pela Comissão designada na
Portaria Ministerial número 152/57, constituída pelos Professores:

Antenor Nascentes
Clóvis do Rêgo Monteiro
Cândido Jucá ( lho)
Carlos Henrique da Rocha Lima
Celso Ferreira da Cunha
SAIBA MAIS
A NGB teve, então, papel primordial na de nição e constituição
gramatical brasileira. Ela foi dividida em três partes, sendo:

Primeira parte: fonética;


Segunda parte: morfologia;
Terceira parte: sintaxe.

Para conhecer a Nomenclatura Gramatical Brasileira na íntegra, acesse


o link disponível a seguir:

ACESSAR
Problemas de classi cação

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Ao pesquisar uma palavra na gramática ou tirar algumas dúvidas sobre determinado
item temos a certeza de que a resposta que encontramos ali será 100% correta e não
haverá possibilidade de equívocos, correto? Depende.

O que ocorre é que após a classi cação da NGB ser instituída e as novas gramáticas
adotarem as 10 classes de palavras como de fato classes de palavras (parece
redundância, mas já explico) alguns problemas de classi cação foram aparecendo, e
não apenas classi cação, mas também de incoerência.

A nível de organização da NGB, a gramática é dividia em variáveis e invariáveis, sendo:

Variáveis: Substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome e verbo;


Invariáveis: Advérbio, preposição, conjunção e interjeição

Agora, vamos ver quais são os principais problemas que surgiram na NGB, vejamos:

Classi cação
Começando pelo quesito “classi cação”, a NGB foi incoerente ao classi car a divisão
em 10 partes como “classes de palavras”, a nal o que houve, de fato, foi uma
“classi cação de vocábulos”. E o que isso muda? Muita coisa.

Vejamos: quando se classi ca um artigo, uma preposição e interjeição (os dois


últimos chamados também de conectivos); e um morfema, como o artigo, mas deixa
de classi car outros vocábulos, há aqui um separatismo que pode ser entendido
como incoerente. Antes, vamos relembrar o conceito de:

Vocábulo: palavra considerada apenas no seu aspecto vocal, da pronúncia;


Palavra: item analisado segundo critérios fônico (som), mór co (forma) e frásico
(signi cado);
Morfema: menor unidade signi cativa que se pode identi car.

Ou seja, os problemas de classi cação podem -e vão – re etir quando a análise passar
da parte morfológica para a sintática.

Critérios homogêneos
Outro fator determinante e incoerente da NGB, é que ela classi cou adjetivos e
substantivos como classes diferentes, além de que os pronomes passaram a ser
independentes e até mesmo opostos às duas classes citadas. Mas, não se esqueça de
que os substantivos e os adjetivos podem também assumir função de pronomes. E os
numerais, que não são distintos de pronomes e substantivos, passaram a ser
considerados classe gramatical independente. E agora?
Agora, é preciso entender qual é a diferença de classe e função, pois a grande
confusão e problemática da divisão estabelecida pela NGB se dá nessa mistura
quando na verdade não deveria ocorrer.

Diferença entre classe e função


A maior questão, portanto, está no entendimento de classes e funções que foram
estabelecidas pela NGB. Vejamos a diferença:

Se o vocábulo apresenta forma, função e sentido, é lógico que os


critérios mór cos, sintáticos e semânticos se con itam nessa tentativa
de classi cação. Contudo, não se pode confundir classe com função,
como é o caso da NGB. O nome, o pronome e o verbo são classes. O
substantivo, adjetivo e advérbio são funções. As classes são estudadas na
morfologia. As funções são estudadas na sintaxe. A diferença entre
classe e função, linguisticamente falando, é que a “classe” é identi cada
por critérios mór cos e semânticos; a “função” possui natureza
estritamente sintática e varia de acordo com o contexto. (SANTOS, 2018,
online)

Logo, o que chamamos de nome não se trata apenas do substantivo, mas também
das funções básicas como o adjetivo ou o advérbio, e além dessa divisão, toda palavra
será:

Um nome, se a representação for estática, sem variações temporais.


Um verbo, se sofrer variações temporais, ou seja, se expressar uma
representação dinâmica ou indicar um processo da realidade, ou
Um pronome, se apenas situar uma representação no
espaço/tempo.

Em resumo, podemos identi car que os principais problemas de classi cação que
aparecem na NGB são:
Morfologia
A divisão de 10 classes se torna incoerente, pois foi baseada apenas
na signi cação, o que traz duplicidade de sentido pela própria
de nição do que é uma classe.

Classes gramaticais
Há, de fato, apenas duas classes gramaticais, que são nomes e
verbos, as demais são funções.

Pronomes e nomes
A principal diferença entre eles é que os nomes representam,
classi cam, enquanto os pronomes apenas indicam.

Numerais
São nomes e não classes gramaticais.
Classes valenciais

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Em seu livro Gramática de valências (1986), Winfried Busse & Mário Vilela trazem um
conceito diferente do que se tinha, até então, dos verbos. Vejamos o conceito:

A gramática de dependências toma o verbo como elemento central da estrutura da


frase – elemento do qual dependem todos os demais. A gramática de valências é,
pois, um desdobramento da gramática de dependências. A gramática de valências
considera, portanto, o verbo como o elemento central da frase e trata a relação entre
esse centro e os demais elementos dependentes sob dois pontos de vista: um
sintático e outro semântico. (BUSSE; VILELA, 1986, p.42).

A Gramática de valência é um outro


conceito linguístico diferente da
gramática tradicional que
conhecemos, ela questiona os
critérios usados pela tradicional no
que diz respeito à classi cação de
sujeitos, objetos e adjuntos
adverbiais.

@artista em freepik

Na Valenciana o verbo é visto como um núcleo que se une a casas ou


complementos para que haja sentido completo entre eles. Os verbos são divididos
em:

Avalentes
Possuem sentido completo e não precisam de nada (nenhuma casa) para
complementá-los, como os fenômenos da natureza: amanheceu, trovejou, choveu,
etc.

Monovalentes
Necessitam de complemento para que haja sentido completo, normalmente é um
sujeito que traz essa signi cância.
Exemplo:

A árvore caiu – temos aqui um verbo (cair) e um sujeito (árvore)


complementando o sentido.

Fazendo um comparativo com a gramática tradicional, os verbos Avalentes e


monovalentes podem ser entendidos como os verbos intransitivos, aqueles que
possuem sentido completo.

Voltando à classi cação da gramática de valência, temos ainda:

Bivalentes
Aqui eles precisam de duas casas, ou seja, dois complementos para que seja feito o
entendimento correto.

Exemplo:

A árvore produziu frutos.

Árvore: sujeito
Produziu: verbo
Frutos: objeto

São os verbos ligados diretamente ao objeto sem o auxílio da preposição, o que na


gramática tradicional conhecemos como VTD (verbos transitivos direto e seu OD –
objeto direto)

Trivalentes
Já os verbos trivalentes necessitam de três complementos para que haja sentido, ou
três casas como também são chamadas.
Exemplo:

A prefeitura enviou ajuda aos desabrigados.

Prefeitura: sujeito
Enviou: verbo
Ajuda: Objeto direto
Aos desabrigados: destinatário
Substantivo

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Os substantivos, segundo a gramática da língua portuguesa e a de nição da NGB
(Nomenclatura Gramatical Brasileira) são os responsáveis pela designação dos seres,
ou seja, são eles que dão nome às coisas.

Os substantivos se dividem em:

Comuns
São aqueles que recebem a denominação de seres da mesma espécie.

Exemplo: meninos, cachorros, árvores (há muitos meninos, muitos cachorros e


muitas árvores);

Próprios
São aqueles que denominam seres em particular, podem ser nomes de cidades,
estados, países, pessoas, etc.

Exemplo: João, Curitiba, Canadá, Machado de Assis, Deus, etc;

Concretos
Que dão nome a seres reais ou que há sentido igual para todos, aquilo que a
imagina apresenta como real.

Exemplo: mulher, pedra, fada, avô, etc;

Abstratos
Os substantivos abstratos são aqueles que nomeiam sentimentos, ações, qualidades
ou estados dos seres.

Exemplo: beleza, coragem (qualidade), saudade, alegria (sentimento), esforço,


viagem (ações) e morte, doença (estado);

Simples
São aqueles formados por um só radical.

Exemplo: pão, lobo, chuva;

Compostos
São aqueles que se formam com mais de um radical.

Exemplo: passatempo, pré-história, etc;


Primitivos
Aqueles que não derivam de outra palavra, eles são a origem.

Exemplo: terra, pedra, dente, etc;

Derivados
Os substantivos derivados são aqueles que vieram das palavras primitivas, ou seja,
derivam de outros substantivos.

Exemplo: terreiro, pedraria, dentista, etc;

Coletivos
Os coletivos são aqueles que denominam grupos ou conjunto de seres da mesma
espécie.

Exemplo: rebanho (ovelhas), ramalhete ( ores), cardume (peixes), matilha (cães), etc.

Flexão dos substantivos


Os substantivos exionam para indicar:

Gênero: masculino ou feminino;


Número: singular ou plural;
Grau: aumentativo e diminutivo
    Os substantivos podem ser, ainda,
epicenos, sobrecomuns, comuns
de dois gêneros e de gênero
incerto , ou seja, não se trata de
masculino ou feminino.

No epiceno encontramos palavras


que designam alguns animais e tem
só um gênero, seja macho ou fêmea.

@freepik

Exemplo: jacaré (macho ou fêmea) – cobra (macho ou fêmea) – onça ( macho ou


fêmea)

E para diferenciar o gênero no contexto comunicativo, usa-se as palavras “macho ou


fêmea”.

Exemplo: O jacaré fêmea estava rodeada de lhotes.

Já os substantivos sobrecomuns designam pessoas e têm só um gênero, tanto se


referindo a homem ou a mulher.

Exemplo: a criança (menino ou menina) – pessoa (homem ou mulher) – guia


(homem ou mulher), etc.

Os comuns de dois gêneros possuem uma só forma de designar os indivíduos


independente do sexo, a diferença é que será possível identi car apenas dentro de
um contexto e quando zer o uso de artigo (o, a, os, as) antes das palavras.

Exemplo:

Colega: o colega... a colega


Estudante: o estudante... a estudante
Cliente: o cliente... a cliente
Fã: o fã... a fã

Número dos substantivos


Quando se fala em número dos substantivos estamos nos referindo à forma que eles
aparecem, se é no singular (retratando apenas um item ou situação) ou plural
(quando retrata mais de um item ou situação).

O plural nos substantivos, normalmente, se dá com o acréscimo do -S nas palavras,


mas há situações em que é preciso acrescentar – es (colher – colheres), - is (pastel –
pastéis), -ns (nuvem – nuvens), -ões (botão – botões).

Grau dos substantivos


O grau nos substantivos re ete as variações de tamanhos e seres, e podem ser:

Aumentativo: aumento do objeto ou ser em relação ao seu tamanho real.

Exemplo: Aquela bolsona cabem todos os meus itens de maquiagem.

Diminutivo: diminuição do objeto ou ser em relação ao seu tamanho real.

Exemplo: Aqueles olhinhos sempre brilham quando sorri.

Vale lembrar que o grau nos substantivos pode ser usado na sua forma literal ou
podem ainda representar o sentido conotativo das coisas, ou seja, nem sempre será
com a intenção real, mas sim um modo de dizer algo.

Exemplo diminutivo:

Aquela mulherzinha mora na rua de casa (literal)


Aquela mulherzinha não sabe com quem está falando (conotativo)

Exemplo aumentativo:

Aquela menina é muito alta, uma criançona linda (literal)


Algumas pessoas demoram para amadurecer, sempre serão
criançonas na vida (conotativo).
Adjetivo

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Os adjetivos são aquelas palavras que trazem uma qualidade, característica ou
quali cam os seres em geral.

Algumas gramáticas trazem os adjetivos divididos em dois tipos: os quali cadores e


os classi cadores.

Adjetivos quali cadores


Como o próprio nome diz, os adjetivos quali cadores são aqueles que expressam
uma qualidade aos seres, normalmente quali cam um substantivo. Por se tratar de
uma qualidade essas palavras podem ser tanto positivas, quanto negativas, além
disso elas são subjetivas e podem mudar de pessoa para pessoa. Vamos observar o
exemplo:

“Aquele estojo bonito é da minha colega de sala”

Bonito, aqui, é um adjetivo quali cador, uma vez que traz uma
qualidade para o substantivo estojo, mas o que é bonito para uma
pessoa, nem sempre é bonito para a outra pessoa, por isso, dizemos que
são palavras que denotam qualidade e a qualidade é passível de
variação de acordo com o princípio do gosto de cada indivíduo.

Adjetivos classi cadores


Diferentemente dos quali cadores, os adjetivos classi cadores denotam a ideia de
classi cação. Isso quer dizer que tipi cam uma classe, um grupo ou mesmo trazem
características especí cas a um agrupamento de coisas.

Exemplo:

“Fomos ao cinema ver o lme de terror que está em cartaz”

Aqui no exemplo citado a palavra terror traz uma classi cação para o
lme, ou seja, é ela que nos dá a ideia do gênero especi co do lme
que está em exibição.
E, diferente do adjetivo quali cador, o adjetivo classi cador é objetivo, ou seja, ele
não muda de pessoa para pessoa, se o lme é de terror, não há como dizer que é de
comédia porque eu acho que é comédia. Ele simplesmente se quali ca como tal.

Os adjetivos são responsáveis pela caracterização das palavras, mas não podemos
confundir uma qualidade com uma classi cação, por isso há essa diferença entre os
dois tipos de adjetivos.

Adjetivos pátrios
Os adjetivos pátrios são aqueles que denotam a nacionalidade, ou seja, o lugar de
origem de uma pessoa ou de um determinado objeto. Por exemplo:

Quem nasce no Brasil é? Brasileiro.


Quem nasce no Japão é? Japonês.
Quem nasce no estado do Rio de Janeiro é? Fluminense.
Quem nasce na cidade do Rio de Janeiro é? Carioca.

Alguns adjetivos pátrios são bem simples de se identi car, mas há


outros que são completamente diferentes, como por exemplo quem
nasce no Estado do Espírito Santo é? Capixaba.

Formação do adjetivo
Os adjetivos podem ser formados por:

Primitivo: são aqueles adjetivos que não derivam de nenhuma outra palavra,
como por exemplo: bom, forte, feliz, etc.;
Derivado: são aqueles adjetivos que derivam de outras palavras, normalmente
substantivos ou verbos, como por exemplo: famoso, amado, carnavalesco, etc.;
Simples: são aqueles adjetivos formados apenas por um elemento, como por
exemplo: brasileiro, escuro, etc.;
Composto: são aqueles adjetivos que são constituídos por mais de um
elemento, como por exemplo: luso-brasileiro, castanho-escuro, etc.;

Flexão dos adjetivos


Os adjetivos podem se exionar em gênero, número e grau.

Quanto aos gêneros dos adjetivos, eles podem ser uniformes ou biformes. Os
uniformes são aqueles que possuem a mesma forma tanto no feminino quanto para
o masculino, por exemplo:

Leal
Superior
Inferior
Simples
Lilás
Veloz
Otimista
Jovem

Já os biformes são aqueles adjetivos duas formas, ou seja, uma para o masculino e
outra para o feminino. Por exemplo:

Mau/ má
Europeu/ europeia
Alemão/ alemã
Cristão/ cristã
São/ sã
Judeu/ judia
Bom/ boa
Chorão/ chorona

Já em relação ao número dos adjetivos, eles podem exionar em singular e plural,


da mesma forma que os substantivos.

Já o grau dos adjetivos se divide em:

Grau comparativo
Nessa de nição os adjetivos são comparados em qualidade nos quesitos: igualdade,
superioridade e inferioridade.

Igualdade: Sou tão alto quanto você;


Superioridade: pode ser expressa na forma analítica: sou mais alto do que
você; ou pode ser expressa na forma sintática: você é maior que eu;
Inferioridade: sou menos alto do que você.
Grau superlativo
O grau superlativo se divide em:

Absoluto: O grau superlativo absoluto se subdivide ainda em analítico (ela é


muito alta) e sintético (ela é altíssima).
Relativo: O grau superlativo relativo se subdivide ainda em relativo de
superioridade (esta montanha é maior que a outra) e de inferioridade (ele é o
menos alto de todos os irmãos)

É possível perceber que os adjetivos recebem classi cações quanto ao seu modo de
caracterizar (quali cador ou classi cador) e quanto às suas formas de exão (gênero,
número e grau) e suas respectivas subdivisões.

Vale lembrar, ainda, que algumas palavras podem desempenhar função de adjetivo
quando inseridas em um contexto de caracterização. Por exemplo:

Sempre fazemos festas surpresa na empresa

Originalmente, a palavra “surpresa” é um substantivo, mas no contexto em que está


inserida acima exerce a função de classi car a festa, não é qualquer festa, é uma
festa surpresa. Traz, portanto, uma característica ao substantivo “festa”.
Verbo

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
A classe gramatical dos verbos talvez seja a que mais nos traz detalhes e uma
verdadeira abundância de informações, possibilidades e maneiras de aplicação. Fato
é que no dia a dia muitas vezes usamos os verbos com os tempos, modos ou formas
nominais misturados e até mesmo não sabemos ao certo se estamos fazendo o uso
correto ou não daquela colocação.

Pensando nisso, separei um


esquema para que seja possível uma
boa compreensão do que são os
verbos e de como podemos estudá-
lo de forma organizada e sem
confundir. Vamos lá?!

@freepik

Tempos verbais
Para o início da nossa organização da estrutura do verbo é preciso entender que eles
podem ser encontrados em três tempos. Sendo:

Presente: quando a ação acontece no momento da enunciação;


Passado ou pretérito: quando a ação ocorreu antes do momento da
enunciação;
Futuro: algo que ainda acontecerá.

Parece óbvio e simples delimitar esses três tempos, mas se faz necessário uma vez
que posteriormente nos depararemos com outros tempos verbais, digamos, mais
elaborados e ricos em detalhes.

Modos verbais
Assim como nos tempos verbais, os modos também são três:
Indicativo: algo que nos dá a ideia de certeza;
Imperativo: uma ordem, conselho ou pedido;
Subjuntivo: algo que traz a ideia de possibilidade, do talvez, da hipótese.

Agora que já conhecemos os tempos e os modos ca ainda mais fácil prosseguir no


estudo dos verbos, a nal, contextualizar toda teoria é a melhor saída para o
entendimento.

Con ra na tabela abaixo os outros modos e tempos verbais:

Quadro 1: Tempos e modos verbais

Modos Verbais Tempos Verbais Exemplos

Presente Ele consegue.

Pretérito Perfeito Ele conseguiu.

Pretérito Imperfeito Ele conseguia.


Indicativo
Pretérito mais que perfeito Ele conseguira.

Futuro Presente Eu conseguirá.

Futuro Pretérito Ele conseguiria.

Presente Que ele consiga.

Subjuntivo Pretérito Imperfeito Se ele conseguisse.

Futuro Quando ele conseguir.

Imperativo A rmativo Consiga ele.


A rmativo Negativo Não consiga ele.

Fonte: acesse o link Disponível aqui

Formas nominais do verbo


Outra característica verbal é a forma nominal que se divide em três também:

In nitivo: são os verbos terminados em – R;


Gerúndio: são os verbos terminados em – NDO;
Particípio: são os verbos terminados em – DO;

Vale lembrar que existe uma situação corriqueira, mas equivocada, do uso do
gerúndio. Quando isso acontece dizemos que há gerundismo, ou seja, uma situação
em que não se deveria ter aplicado o gerúndio e foi.

O gerúndio é uma ação que foi iniciada no presente e ainda não foi concluída.
Exemplo: Estou estudando português.

Aqui, o aluno começou a ação de estudar português, mas ainda não concluiu. Em
termos gerais, é uma ação inacabada e, portanto, cabe o uso do gerúndio. Já
quando se diz:

“Vou estar enviando sua fatura até amanhã”

Há, portanto, uma ação futura e que não deveria ter usado o gerúndio. O correto
seria “Enviarei sua fatura até amanhã” já que a ação ainda não aconteceu. Para essa
situação do uso incorreto do gerúndio temos o gerundismo.

Vozes verbais
As vozes verbais acontecem para mostrar se uma ação está sendo sofrida ou
praticada pelo sujeito. As vozes verbais podem se dividir em:

Ativas: quando o sujeito pratica a ação expressa pelo verbo.

Exemplos: Os pais educam os lhos;

Passiva: diz-se que aqui o sujeito é paciente, ou seja, ele recebe a ação expressa pelo
verbo.

Exemplo: Os lhos são educados pelos pais;

Re exiva: na voz re exiva há uma ação mútua em que o sujeito é ativo e passivo.

Exemplo: O homem feriu-se no acidente de carro.

Aqui, o sujeito homem pratica e recebe a ação de “ferir” ao mesmo tempo.

Conjugações
Os verbos dividem-se também nas conjugações, que são:

Primeira conjugação: terminados em -ar: cantar, nadar, falar;


Segunda conjugação: terminados em -er: beber, comer, escrever;
Terceira conjugação: terminados em -ir: partir, abrir, rir, etc.

SAIBA MAIS
Dentre as classes de palavras, o verbo é a mais rica em exões. Com
efeito, o verbo reveste diferentes formas para indicar a pessoa do
discurso, o número, o tempo, o modo e a voz. Ao conjunto ordenado das
exões ou formas de um verbo dá-se o nome de conjugação. O verbo é
a palavra indispensável na organização do período.

Fonte: Domingos Paschoal Cegalla - Novíssima Gramática da Língua


Portuguesa - São Paulo. Companhia Editora Nacional, 2020. p.182.

REFLITA
“A leitura traz ao homem plenitude, o discurso segurança e a escrita
precisão”.

Francis Bacon.
Conclusão - Unidade 2

Chegamos ao m de mais uma unidade e com ela foi possível aprender como as
classes gramaticais se dividem de acordo com a NGB e as gramáticas tradicionais,
bem como nossa língua pode ser organizada de formas diferentes pela gramática de
valência.

Vale lembrar que tais diferenças sempre existiram e que não uma verdade absoluta
no que diz respeito ao estudo da Língua Portuguesa, o que há, de fato, são maneiras
diferentes de se de nir e interpretar a mesma situação.

Seria um grande equívoco da nossa parte a rmar que essa ou aquela está certa ou
errada, uma vez que estamos falando de um organismo vivo e social e passível de
mudanças.

Assim como os acordos ortográ cos com Portugal e os demais países de língua
portuguesa levaram anos para entrar em concordância (e de fato nunca entrou 100%)
é possível entender como a diversidade da língua é vasta e as possibilidades de
aplicação também.

Tudo é uma questão de pontos de vista, contexto e momento do discurso. Nas


próximas unidades vamos conhecer as outras classes gramaticais e nos aprofundar
ainda mais no estudo delas.
Livro

Filme
Acordo ortográfico. INSTITUTO DE LINGUÍSTICA TEÓRICA E COMPUTACIONAL, 2019
online. Disponível em <http://www.porta Ida ling ua portug uesa.org/acordo.php>.
Acesso em: 23jan. 2020

BASÍLIO, Margarida. Formação e classes de palavras no português do Brasil. São


Paulo: Contexto, 2004. Disponível em: http://fcv.bv4.digita1pages.com.br

BASÍLIO, Margarida. Teoria lexical. 8 ed. São Paulo: Ática, 2007. Disponível em:
http://fcv.bv4.d ig ita Ipages.com.br

BUSSE, Winfried; VILELA, Mário. Gramática de Valência. Coimbra: Livraria Almedina, p.


42, 1986.

GONÇALVES, Carlos Alexandre. Iniciação aos estudos morfológicos:

flexão e derivação e m português. São Paulo: Contexto, 2011. Disponível em:


http://fcv.bv4.d ig ita Ipages.com.br

MATANDAUDJE, Amone. Categorias Gramaticais. Chimoio, p.10, 2018

NEVES, Maria Helena de Moura. Ensino de língua e vivência de

linguagem: temas e m confronto. São Paulo: Contexto, 2010. Disponível em:


http://fcv.bv4.d ig ita Ipages.com.br

Nomenclatura Gramatical Brasileira. INSTITUTO DE

LINGUÍSTICA TEÓRICA E COMPUTACIONAL, 2019 online. Disponível em


<http://www.portaldalinguaportuguesa.org/acordo.php>. Acesso em: 22jan. 2020

Pereira, Regina Celi; Roca, Pilar (orgs.). Linguística Aplicada: um caminho com
diferentes acessos. São Paulo: Contexto, 2009. Disponível em:
http://fcv.bv4.d ig ita Ipages.com.br

RODRIGUES, Angela; ALVES, leda Maria. Gramática do português culto

falado no Brasil: vol. VI: a construção morfológica da palavra. São Paulo: Contexto, 2015.
Disponível em: http://fcv.bv4.digita1pages.com.br

RODRIGUES, Angela; ALVES, leda Maria. Gramática do português culto

falado no Brasil: vol. VI: a construção morfológica da palavra. São Paulo: Contexto, 2015.
Disponível em: http://fcv.bv4.digita1pages.com.br

ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. 6 ed. São Paulo: Contexto, 2011.
Disponível em: http://fcv.bv4.digita1pages.com.br
Unidade 3
Palavras fóricas e a
referenciação situacional e
textual

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos conhecer outras classes gramaticais
baseadas na divisão da gramática tradicional segundo a Norma Gramatical
Brasileira (NGB).

Antes, porém, vamos conhecer as palavras fóricas e em que situações elas podem
ser usadas e como o contexto situacional interfere na signi cação do texto nal.

Veremos como se dividem os pronomes e quais são suas características especí cas,
além dos artigos e numerais, classes gramaticais denominadas também segundo a
NGB.

Bons estudos!
Palavras Fóricas e a
Referenciação Situacional
e Textual

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
As palavras fóricas na língua portuguesa são aquelas usadas para chamar a atenção
dentro do contexto textual. Em outras palavras, elas servem para evidenciar algo que
já foi dito ou que se pretende dizer.

As palavras fóricas normalmente são os pronomes, mas há casos em que os


advérbios também podem exercer essa função.

Além disso, as palavras fóricas se dividem em duas, sendo:

Anafóricas
As palavras anafóricas ou termos anafóricos, podem ser entendidos
como aqueles que servem para retomar uma informação que já
apareceu no texto.

Por exemplo:

João e Guto, apesar de serem gêmeos, são muito diferentes. Por


exemplo, este é calmo, aquele é explosivo.

Nota-se, portanto, que os elementos em negrito fazem referência a


João e Guto, ou seja, retomam algo já expresso no texto.

Catafóricas
As palavras catafóricas, ou termos catafóricos, são aqueles que agem de
forma oposta à das anafóricas. Aqui, elas sugerem algo que ainda não
apareceu no texto. Veja o exemplo:

Felipe queria fazer um bolo e comprou vários ingredientes:


achocolatado, açúcar, essência de baunilha e ovos.

O termo grifado é catafórico, pois antecipa algo que ainda não foi dito
no texto
A classe gramatical dos artigos é uma das mais simples da língua portuguesa, ela é
responsável apenas por classi car apenas oito itens e que são facilmente entendidos
no contexto comunicacional.

Vamos conhecer neste primeiro momento o artigo de nido que, como o próprio
nome diz trata-se daquele artigo que de ne com precisão o substantivo que o
precede.

São eles os artigos de nidos:

MASCULINO SINGULAR FEMININO SINGULAR

O A

MASCULINO PLURAL FEMININO PLURAL

OS AS

Os artigos de nidos são utilizados quando se deseja mostrar com precisão de qual
objeto ou de qual pessoa está a evidência dentro de um contexto situacional.

Vejamos os exemplos:

A menina que estuda Letras fez um belo discurso na abertura do evento.


Os pratos que compramos na semana passada foram quebrados ao lavar a
louça.
Ao utilizarmos os artigos de nidos
“a” e “o” é possível estabelecer uma
relação de apropriação da situação,
a nal, não foi qualquer menina que
fez o discurso, mas sim foi a menina
que estuda Letras. Não foram
quaisquer pratos que quebraram,
foram aqueles que compramos na
semana passada.

@freepik
Pronome: Pessoal,
Possessivo e
Demonstrativo

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Pronome pessoal
A classe dos pronomes é uma das mais importantes, embora todas elas tenham
suas funções e importância dentro do contexto situacional.

Os pronomes se dividem em seis, sendo:

Pronome pessoal;
Pronome possessivo;
Pronome demonstrativo;
Pronomes inde nidos;
Pronomes relativos;
Pronomes interrogativos.

Aqui nos atentaremos, a priori, com os pronomes pessoais, pois são eles que
substituem os substantivos (ou os determinam) e representam as pessoas do
discurso.

Quadro 1: Pronomes pessoais

PRON.
PESSOAS PRON. PESSOAIS PRON. PESSOAIS
PESSOAIS
DO DO CASO DO CASO OBLIQUO
DO CASO
DISCURSO OBLIQUO ATÔNO TÔNICO
RETO

1ª PESSOA EU ME MIM, COMIGO

2ª PESSOA TU TE TI, CONTIGO

3ª PESSOA ELE/ELA SE, O, A, LHE SI, CONSIGO

1ª PESSOA NÓS NOS NÓS, CONOSCO

2ª PESSOA VÓS VOS VÓS, CONVOSCO

SI, CONSIGO, ELES,


3ª PESSOA ELES/ELAS SE, OS, AS, LHES
ELAS

Fonte: a autora.
Em regra, os pronomes pessoais se dividem em dois: os retos e os oblíquos. No caso
dos pronomes pessoais do caso reto a norma diz que eles devem funcionar como os
sujeitos da oração, enquanto os oblíquos funcionam como objetos ou
complementos.

Exemplo:

SUJEITO OBJETO VERBO

Eu te admiro

Nós o amamos

Ela me chamou

Eles lhe bateram

Já em relação à acentuação, os pronomes oblíquos podem se dividir em:

Tônicos: esses pronomes são assim chamados por sempre serem precedidos
por preposições, normalmente as reposições a, para, de e com. Logo, eles
exercem função de objeto indireto da oração e sua acentuação tônica forte.
Átonos: esses pronomes são assim chamados porque não são precedidos de
preposição e sua acentuação tônica é fraca.

Pronome possessivo
Os pronomes possessivos são aqueles que se referem às pessoas do discurso, tanto
no singular quanto no plural, atribuindo-lhes a posse de algo, por isso, são chamados
de possessivos.
Vale lembrar que cada pessoa do
discurso tem seu pronome
possessivo especí co, mas na
oralidade muitas vezes há uma
confusão do uso de terceira pessoa
do discurso com os pronomes
relativos à segunda pessoa.

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Veja no quadro abaixo os pronomes possessivos e a que pessoas cada um deles


corresponde.

Quadro 2: Pronome possessivo

PESSOA M.S.P/F.S.P.*

1ª PESSOA SINGULAR MEU, MEUS, MINHA, MINHAS

2ª PESSOA SINGULAR TEU, TEUS, TUA, TUAS

3ª PESSOA SINGULAR SEU, SEUS, SUA, SUAS

1ª PESSOA PLURAL NOSSO, NOSSOS, NOSSA, NOSSAS

2ª PESSOA PLURAL VOSSO, VOSSOS, VOSSA, VOSSAS

3ª PESSOA PLURAL SEU, SEUS, SUA, SUAS

Fonte: a autora.

*S.P = masculino, singular e plural


*F.S.P = feminino, singular e plural
Veja no quadro abaixo os pronomes possessivos e a que pessoas cada um deles
corresponde.

Pronome demonstrativo
Outro pronome que usamos bastante no dia a dia é o pronome demonstrativo, mas
assim como algumas palavras da língua portuguesa, os pronomes demonstrativos
são usados de forma equivocada várias vezes.

Eles indicam o lugar, a posição ou até mesmo a identidade dos seres fazendo
sempre referência às pessoas do discurso.

Veja no quadro abaixo essa relação:

Quadro 3: Pronome demonstrativo

PESSOA MASC. MASC. FEM. FEM. INVARIÁVEIS

  SING. PLURAL SING. PLURAL  

1ª PESSOA Este Estes Esta Estas Isto

2ª PESSOA Esse Esses Essa Essas Isso

3ª PESSOA Aquele Aqueles Aquela Aquelas Aquilo

Fonte: a autora.

Os pronomes demonstrativos podem ser usados em três situações: espaço, tempo e


no texto. Vamos analisar agora cada um deles:

Espaço
Em relação ao pronome demonstrativo com ideia espacial, temos:

Este: quando o objeto está perto da pessoa que fala (eu, nós).

Exemplo: Este caderno é meu. (está perto de mim)

Esse: quando o objeto está perto da pessoa com quem se fala (você, tu).
Exemplo: Esse caderno aí é do João. (perto do receptor da mensagem).

Aquele: quando o objeto está longe da pessoa que fala e da pessoa com quem se
fala.

Exemplo: Aquele livro lá está na sala do outro pavilhão.

Tempo
Relativo ao tempo, temos os pronomes demonstrativos com situação temporal
assim:

Este: indica tempo presente.

Exemplo: esta semana, este mês, este ano.

Esse / aquele: dá a ideia de tempo passado, porém o “esse” se refere a um passado


próximo, enquanto o “aquele” faz referência a um passado distante.

Exemplo: Esse ano que passou foi muito produtivo (passado recente)

Aquela época nos divertíamos muito no sítio do meu avô (passado remoto)

Texto
Outra situação em que se pode usar o pronome demonstrativo é no texto, e talvez
seja esse (ou este?) o que mais temos di culdade. Observe:

Este: Trata-se de algo que será referido em seguida.

Exemplo: Fernando Pessoa escreveu este verso: "Tudo vale a pena se a alma não é
pequena".

Esse: Trata-se de algo que já foi dito anteriormente no texto.

Exemplo: "Tudo vale a pena se a alma não é pequena." Esse verso é de Fernando
Pessoa.
A Quanti cação e a
Identi cação

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Quando se fala em quanti cação logo nos vem à mente os cálculos matemáticos, e
parece que isso nada tem a ver com a gramática da língua portuguesa, não é?

Aparentemente, pode até não ter, mas não podemos nos esquecer de que os
numerais fazem parte das classes gramaticais também.

A diferença é que eles são utilizados em língua portuguesa de forma escrita por
extenso, enquanto na matemática os numerais são expressos através dos
algarismos.

A quanti cação e a identi cação de


termos dentro das orações e dos
períodos acontecem através da
classe dos numerais, sejam os
cardinais, ordinais, multiplicativos ou
fracionário (no tópico numerais
deste material veremos as de nições
de cada um desses numerais e seus
respectivos exemplos).

@freepik

Além dos numerais temos ainda a classe dos artigos inde nidos que podem se
confundir durante a escrita, a nal o artigo de nido, masculino, singular é UM, e o
número cardinal é UM também.

Então, como saber de qual das duas classes gramaticais estamos nos referindo? A
resposta é bem simples, basta observar o contexto em que está inserida.

Exemplo:

Um garoto me disse que estava procurando por você. (artigo inde nido,
qualquer garoto).
Um menino e uma menina devem se dirigir ao teatro para a avaliação. (um e
uma são numerais, quantidades especí cas).
REFLITA
“A maior parte do tempo de um escritor é passado na leitura, para
depois escrever; uma pessoa revira metade de uma biblioteca para
fazer um só livro”.

Samuel Johnson.

O artigo inde nido


Já os artigos inde nidos são o oposto dos artigos de nidos, mas assim como os que
já vimos anteriormente, são facilmente compreendidos. Veja a tabela abaixo:

MASCULINO SINGULAR FEMININO SINGULAR

UM UMA

MASCULINO PLURAL FEMININO PLURAL

UNS UMAS

Os artigos inde nidos podem ser utilizados em situações em que não se pode ou
não se deseja especi car algo ou alguém.

Exemplo:

Um garoto estava atravessando a rua quando o semáforo abriu


Uma garrafa de leite já é su ciente para a receita do pudim.
Nas duas situações exempli cadas é
possível notar como os artigos “um”
e “uma” foram usados para mostrar
“qualquer garoto e qualquer
garrafa”, não se sabe ao certo de
qual garoto estava falando, nem ao
menos de qual garrafa de leite
estava sendo citada.

@freepik
Pronome Inde nido e
Numerais

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Pronome inde nido
Os pronomes inde nidos são bem especí cos, eles se referem à terceira pessoa do
discurso, mas a sua ideia será sempre de algo vago, impreciso, indeterminado.

Veja a tabela abaixo dos pronomes inde nidos.

PRONOMES INDEFINIDOS

algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), demais, mais,


menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, nenhuma(s), outro(s),
outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s),
quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s),
vários, várias.

Exemplos de frases com pronomes inde nidos:

Algo o incomodava todos os dias


Qualquer coisa que você zer já será o su ciente
Nenhum de nós está preparado para ir embora
Quanto mais você se doar, mais será recompensado
Ela toma água várias vezes ao dia

Numerais
A classe gramatical dos numerais é dividida em quatro e compreende:

Numerais cardinais
São os mais usados nosso dia a dia e mostram a quantidade exata dos seres - um,
dois, três, quatro.

Exemplo: As duas toalhas foram rasgadas.

Numerais ordinais
São os numerais que indicam ordem e normalmente são utilizados em
classi cações de concursos, atividades e tudo o que exige classi cação – primeiro,
segundo.

Exemplo: João cou em terceiro  lugar na categoria júnior.

Numerais multiplicativos
São os numerais que demonstram aumentos proporcionais de determinada
quantidade - dobro, triplo, quinto.

Exemplo: Ele teve o triplo de chances de passar no concurso.

Numerais fracionários
Assim como os multiplicativos indicam aumento proporcional, os fracionários
indicam diminuições proporcionais, frações ou divisões – terço, meio, metade.

Exemplo: Luiza comeu um terço  do bolo que z ontem.


SAIBA MAIS

Diferença entre número, numeral e algarismo

O que é um número?

Um número, por de nição, é uma expressão de quantidade. Nós


pensamos em números sempre que contamos ou medimos alguma
coisa, por exemplo:

quantos dias faltam para o nosso aniversário;


em que posição estamos em um ranking;
qual a nossa altura;

Os números não são tratados nem como classi cação gramatical e


nem como símbolos, mas sim a própria noção de unidades

O que é um numeral?

O numeral é a classe gramatical que nos dá a representação de um


número, de uma quantidade. Essa representação pode ser escrita ou
falada. Os numerais são divididos em 4 tipos conforme sua função:

Cardinal
Ordinal
Multiplicativo
Fracionário

O que é um algarismo?

Se você é um bom observador, percebeu que até agora todos os


numerais foram escritos por extenso nos exemplos

Um algarismo é um símbolo numérico empregado para representar os


numerais de forma escrita, e também pode ser chamado de dígito.

ACESSAR
Conclusão - Unidade 3

Nesta unidade conhecemos as classes gramaticais dos pronomes, artigos e numerais,


foi possível identi car a relação que os pronomes têm com as pessoas do discurso,
bem como devemos usá-los em vários contextos situacionais, tanto de tempo, quanto
de espaço e texto.

Os pronomes devem ainda ser usados, de acordo com a função de cada um deles,
como sujeito da oração ou complementos.

As classes gramaticais até aqui estudadas devem ser pensadas em contextos


signi cativos, a nal, sabemos que as palavras podem assumir classes de palavras
diferentes de acordo com a situação em que são usadas.

Para isso, na próxima unidade vamos conhecer alguns recursos de expressividade


que, junto com as classes já estudadas, darão maior sentido nos períodos.

Livro
Filme
Unidade 4
A junção

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Introdução
Chegamos à última unidade da nossa apostila e para quem gosta de estudar a
língua portuguesa deve estar se perguntando se veremos ainda alguns recursos
expressivos ou mais ferramentas para construção textual.

Sim, nesta unidade vamos conhecer a coesão e a coerência textual e como elas se
relacionam de modo a formar um texto de fácil entendimento e sem gerar
equívocos na interpretação.

Além desses recursos, e não menos importante, falaremos também da conotação e


denotação, a primeira expressa através das guras de linguagem que nos auxiliam
na hora de dar ênfase em contextos comunicativos especí cos.

Mas antes, nalizaremos a apostila com os tópicos deste módulo com as classes
gramaticais que ainda não vimos para que seja completa nossa análise morfológica
de acordo com a NGB.

Espero que você desfrute de bons momentos de estudo e aprendizado nesta quarta
unidade. Vamos lá?!
Junção  e Preposições

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
A junção
As classes gramaticais que veremos nesta unidade são as que podem ser
compreendidas como “as de junção”, em termos gerais isso signi ca dizer que uma
junção é uma conexão, uma união.

Até aqui estudamos os artigos, pronomes, verbos, adjetivos e tantas outras


características que nos permitem dar nomes aos seres, quali car e classi car coisas,
objetos e pessoas e de nir ou não algo ou alguém.

Mas como unir informações? Quais são os conectivos que devemos usar para que
essa união seja, gramaticalmente, correta?

Bom, a partir de agora vamos conhecer essas palavras que fazem toda a diferença
na hora de construir a maior unidade de comunicação, que é o texto.

Na oralidade, no contexto
comunicativo do cotidiano ,
fazemos essas construções de
maneira natural e sem nos
preocupar muito com o que
estamos escolhendo para construir
frases e demonstrar os sentimentos.

Além disso, vale lembrar que na


oralidade contamos ainda com as
expressões corporais e faciais que
nos ajudam a conectar ideais e
expressar nossos pensamentos de
uma maneira mais e caz

@freepik

Quando essa ideia precisa ser passada para o papel, de forma clara, coesa e
convincente, adotamos elementos de conexão que, juntos e empregados da
maneira correta, nos darão a ideia que se deseja transmitir.

Por isso, nos tópicos seguintes você encontrará quando e quais conectivos usar em
determinadas situações, seja em pequenas orações ou em períodos, parágrafos e
até mesmo em um texto como um todo.

Preposições
A preposição é uma das classes gramaticais invariáveis, ou seja, que não se altera no
contexto em que está inserido, por isso, sua principal função é o de unir, conectar
um termo dependente a um termo principal para que ambos se completem em
signi cação e sentido.

Existe, na língua portuguesa, alguns tipos de preposições e suas nalidades são bem
delimitadas, listei algumas para exempli car, mas elas não se limitam a isso, basta
pensar e interpretar “que tipo de conexão estou fazendo nessa frase?”, aí a resposta
será fácil de encontrar. Veja a seguir alguns exemplos bem práticos:

Preposição de lugar: O carro veio de


Preposição de modo: As cadeiras eram colocadas em
Preposição de tempo: Pordois anos ele morou no Canadá.
Preposição de distância: Adez quilômetros daqui encontraremos uma praia.
Preposição de causa: Coma neve, as estadas cam escorregadias.
Preposição de instrumento: Ele cortou o dedo comuma tesoura.
Preposição de  nalidade: A casa foi enfeitada paraa ceia de Natal.

As preposições se dividem ainda de duas formas:

Preposições essenciais: as que são por natureza uma preposição mesmo.


Exemplo: até, de, entre, sobre, para, sem, após, contra, em, perante, etc.;
Preposições acidentais: as que pertencem a outras classes gramaticais, mas
que acidentalmente se tornam preposições na construção do período.
Exemplo: conforme, segundo, durante, mediante, visto, etc.
Conjunções

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Assim como as preposições, a classe gramatical das conjunções é formada também
por palavras invariáveis e que conectam, ligam. Mas, a diferença básica entre as
preposições e as conjunções é que aqui elas vão ligar orações, ou palavras da
mesma oração.

Se nas preposições tínhamos alguns tipos que deveria ser analisado de acordo com
o contexto em que estavam inseridas, aqui nas conjunções não será diferente, o que
ocorre aqui é que as conjunções são bem delimitadas e dividas em cinco tipos
especí cos nas conjunções coordenativas e dez tipos nas subordinativas. Vamos
conhecê-las:

Conjunções coordenativas
São as conjunções que unem orações de sentido inteiro.

Conjunções Aditivas
Nas conjunções aditivas temos um elemento simples e fácil de identi car, que é o
elemento de soma. Se o próprio nome diz ser “aditiva” é porque em sua
característica há a ideia de adição de pensamentos. São elas: e, nem, não só, mas
também, não só, como também.

Exemplo: Aquela criança não bebe refrigerante nem come doce.

Conjunções Adversativas
Assim como na anterior, seu nome também é bem claro, as adversativas trazem a
ideia de oposição, contraste, compensação de pensamentos. São elas: mas, porém,
contudo, entretanto, no entanto, todavia.

Exemplo: Eu gostaria de ir à festa, mas não será possível.

Conjunções Alternativas
As alternativas também são fáceis de se identi car, elas dão a ideia de escolha de
pensamentos. São elas: ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, seja...seja.

Exemplo: Ou você vem amanhã ou nem precisa vir mais.

Conjunções Conclusivas
As conclusivas transmitem a ideia de nal, conclusão de pensamento. São elas: logo,
por isso, pois (quando vem depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
Exemplo: Gosto muito de dormir, por isso, estou indo deitar neste momento.

Conjunções Explicativas
As conjunções explicativas são aquelas que trazem a ideia de razão, motivo. São elas:
que, porque, assim, pois (quando vem antes do verbo), porquanto, por conseguinte.

Exemplo: Você foi reprovado no teste, pois não estudou o su ciente.

Conjunções subordinativas
São as conjunções que unem orações de sentido dependente uma das outras.

Causal
Traz a ideia de causa e suas principais conjunções são: porque, pois, como,
porquanto, etc. Exemplo: João começou a chorar porque sua irmã o ofendeu.

Comparativa
Essa conjunção tem como função iniciar uma oração que estabelece uma
comparação com uma segunda oração. As principais conjunções são: como, qual,
que, do que, bem como, assim como, etc.

Exemplo: Você é tão linda como sua mãe também era.

Condicional
Traz a ideia de suposição. As principais conjunções são: se, caso, contanto que, desde
que, salvo se, a menos que, dado que, a não ser que, sem que, etc.

Exemplo: Se chover no nal de semana não conseguiremos viajar.

Conformativa
A  conjunção conformativa traz a ideia de acordo, uma conformidade. As principais
conjunções são: conforme, como (=conforme), consoante, segundo, etc.

Exemplo: Conforme você cresceu se tornou ainda mais forte.

Concessiva
Indica uma ideia de contradição, mas há a possibilidade de o fato acontecer. As
principais conjunções são: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, se
bem que, por mais que, por menos que, apesar de que, etc.

Exemplo: Por mais que eu não queira terei de guardar dinheiro.

Consecutiva
Traz a ideia de consequência. As principais conjunções são: que, de modo que, de
forma que, de sorte que.

Exemplo: Ele estava tão a ito que não conseguia parar de chorar.

Final
Traz a ideia de um m, um propósito, uma nalidade. As principais conjunções são:
porque, que, para que, a m de que, etc.

Exemplo: Pediu autorização para que pudesse sair.

Proporcional
Traz a ideia de algo que aconteceu ao mesmo tempo que o outro, ou que ainda vai
ocorrer. As principais conjunções são: à medida que, à proporção que, ao passo que,
quanto mais ou quanto menos, etc.

Exemplo: Quanto mais eu viajo mais amigos eu faço.

Temporal
Traz a ideia de condição de tempo. As principais conjunções são: quando, apenas,
logo que, assim que, antes que, sempre que, etc.

Exemplo: Assim que eu saí da sala meus alunos começaram a conversar.

Integrante
Traz a ideia de um complemento ao sentido da outra oração. São elas: que (com
ideia de certeza), se (quando há dúvida, incerteza).

Exemplo: Elas questionaram se eu estava preparada para me casar.


Advérbio e as Outras
Classes e Categorias

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
 

A classe gramatical dos advérbios é uma das que mais encontramos expressões e
possibilidades de interpretação. Além dela ser dividida em vários aspectos, ela nos
dá a ideia de circunstância, modi cando o sentido do verbo, do adjetivo e até
mesmo do próprio advérbio.

A priori, vamos conhecer os tipos de advérbios que podemos encontrar nas orações
e períodos:
Quadro 1: Tipos de Advérbios

Lugar:

aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá,
acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte,
nenhures, adentro, afora, alhures, embaixo, externamente, a distância, etc.

Tempo: 

hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, amanhã, cedo,


dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante, nunca, então,
ora, jamais, agora, sempre, já, a nal, amiúde, breve, constantemente, etc.

Modo:

 bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa, acinte, debalde, devagar, às


pressas, às claras, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito,
desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, etc.

A rmação:

 sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente, certo, decididamente,


deveras, indubitavelmente.

Negação:

 não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de forma nenhuma, tampouco,


de jeito nenhum.

Dúvida:

acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez,


casualmente, por certo, quem sabe.

Intensidade:

 muito, demais, pouco, tão, em excesso, bastante, mais, menos, demasiado,


quanto, quão, tanto, assaz, que, tudo, nada, todo, quase, de todo, de muito,
por completo, extremamente, intensamente, grandemente, etc.

Exclusão:
 apenas, exclusivamente, salvo, senão, somente, simplesmente, só,
unicamente.

Inclusão:

 ainda, até, mesmo, inclusivamente, também.

Fonte: a autora.

Advérbios Interrogativos
São aquelas palavras usadas para fazer uma pergunta, seja ela direta ou indireta.

Podem ser: onde? aonde? donde? quando? como? por que?

Todas fazem referência circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa.

Veja alguns exemplos:

Interrogação Direta Interrogação Indireta

Como disse? Perguntei como leu sem óculos.

Onde quer ir? Indaguei onde trabalhava.

Por que choras? Quis saber como se sustenta.

Até agora conhecemos, ao longo de todas as unidades da nossa apostila, nove


classes gramaticais. Mas, logo no começo do material eu disse que ao todo temos
dez classes gramaticais nas gramáticas tradicionais estipuladas pela NGB, certo?

Certíssimo, a última classe gramatical que falta conhecermos é a classe das


Interjeições. Vamos a ela!
Outras classes e categorias:
Interjeições
Essa classe gramatical é uma das mais polêmicas no que diz respeito à classi cação.
Ela traz as expressões e sentimentos retratados em palavras, mas sabemos que
muitas vezes não é possível escrever com precisão o que estamos sentindo ou até
mesmo algum balbuciar, seja de alegria, tristeza, espanto, opinião e a ns.

Figura 1: interjeições

Fonte: vectorhight.
Elas podem expressar a ideia de:

Admiração
Advertência
Afugentamento
Alegria ou Satisfação
Alívio
Animação 
Aplauso 
Dor 
Dúvida
Espanto
Medo
Silêncio

Quadro 2: Interjeições

Vamos conhecer algumas interjeições:

Cuidado!, Calma!, Atenção!, Olha! Fora!, Passa!, Xô! Vamos!, Força!,


Coragem!, Eita!, Credo!, Irra!, Ih!, Fora!, Francamente!, Xi!, Chega!, Ora!,
Salve!, Viva!, Adeus!, Olá!, Oh!, Uai!, Puxa!, Céus!, Devagar!, Quê?!,
Caramba!, Opa!,Vixe!, Nossa!, Hein?, Cruz!, Putz!

Fonte: a autora.
Marcadores de Coerência /
Coesão Discursiva

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
A coesão e a coerência, dentro do contexto comunicativo, são extremamente
importantes para que haja compreensão da mensagem que se deseja transmitir.

Os elementos essenciais do processo de comunicação foram estabelecidos por


Roman Jakobson em meados do Século XX.

Roman Jakobson  foi um proeminente linguista russo que elaborou essa teoria
procurando explicar de forma prática a comunicação, visto que os sistemas
computacionais que começavam a aparecer na época precisavam aprender a
reconhecer, por exemplo, mensagens enviadas entre países inimigos.  (PEREIRA,
2018, p.5)

Tais elementos se integram para produzir o efeito comunicacional. São eles:


emissor, mensagem, receptor, canal, código e referente. 

Emissor: aquele que emite a mensagem


Receptor: a quem se destina a mensagem
Código: a maneira pela qual a mensagem se organiza, pode ser:
linguagem verbal e não verbal, gestos, sons, etc. desde que seja de
conhecimento de ambos.
Canal: meio para a circulação da mensagem que garantirá o
contato entre emissor e receptor.
Mensagem: é o objeto da comunicação
Referente: o contexto

Partindo do princípio de que é preciso que todos os elementos se completem para


que haja processo comunicativo, seja na oralidade ou na linguagem escrita, há
também de se levar em consideração que para haver troca de informações é
necessário compreensão, e para isso os elementos que se estabelecem são os
marcadores de coesão e coerência.

A coesão acontece quando os elementos do texto se completam de modo que haja


entendimento, é a ligação harmoniosa entre os parágrafos. As palavras se conectam
de modo a formar frases, as frases se organizam em períodos, parágrafos e no texto
como um todo.

Essa relação entre as palavras escolhidas (de todas as classes gramaticais) é que nos
traz a coesão dos elementos, mas para que isso aconteça é preciso escolher
corretamente os conectivos (sejam as conjunções, os pronomes ou os advérbios).
Já a coerência é marcada em relação ao texto como um todo. A relação que se
estabelece entre os parágrafos e o que está explicitado no contexto, seja ele com as
informações internas ou externas do texto em si.

Tipos de coesão textual


Existem alguns tipos de coesão no texto que auxiliam na compreensão de um todo,
vejamos:

Coesão Referencial
Como já visto anteriormente, aqui se encaixam a anáfora e a catáfora. Esses termos é
que trazem a conexão entre os itens textuais retomando ou introduzindo ideias. Os
principais mecanismos da coesão referencial acontecem quando temos a elipse e a
reiteração.

Exemplo: coesão referencial por elipse:

Vamos à igreja domingo. Você nos acompanha?

OBS:  aqui um elemento do texto é retirado para evitar a repetição.

Exemplo: coesão por reiteração:

Aprendizado é dedicação. Aprendizado é plantar o conhecimento todos os dias.

OBS: aqui um elemento foi repetido para enfatizar o que se queria dizer.

Coesão Sequencial
É a maneira como o tempo do texto foi organizado de forma a não gerar dúvidas ou
duplo sentido.

Exemplo: coesão sequencial

Bernardo é, com certeza, a melhor opção para o cargo. Além disso, conhece os
clientes da empresa.

Tipos de coerência textual


Assim como existem alguns tipos de coesão, a coerência textual também se
subdivide. Vejamos:
Coerência sintática: eis o princípio básico da sintaxe: escrever frases, orações e
períodos na ordem direta. Ou seja, a coerência sintática é utilizada para evitar
duplo sentido e evita a ambiguidade.
Coerência semântica: a Semântica é a área da Linguística que analisa o
signi cado das palavras, em termos gerais, é ela a responsável pelas relações
entre os termos (signos) e os seus complementos (referentes). Logo, a
coerência semântica é estabelecida quando os elementos do texto estão
dispostos corretamente no que diz respeito ao sentido.
Coerência temática: o princípio da coerência temática é o famoso “não fugir
do tema”. Comece e termine o texto com a mesma ideia, sem viajar pelas
in nitas possibilidades.
Coerência pragmática: pragmática é a parte da Linguística que estuda a
relação entre o emissor e o receptor, ou ainda o interlocutor e a in uência do
contexto comunicacional. Por exemplo, quando você faz uma pergunta é
natural que haja uma resposta, se essa expectativa não ocorrer temos aqui a
falta de coerência pragmática.
Coerência estilística: o estilo de um texto é aquilo que você escolhe para
construir sus produção, ou seja,  é o uso da variedade linguística seja a  padrão
ou não. Seria incoerente começar o texto utilizando a linguagem coloquial e
terminar usando a norma culta.
Coerência genérica: é a escolha adequada do gênero textual. Se você
começou escrevendo um poema, não pode terminar escrevendo uma narrativa
de cção, etc.
Marcadores da
Expressividade

AUTORIA
Lucimari de Campos Monteiro
Após conhecermos todas as classes gramaticais e ainda os recursos de coesão e
coerência, é importante falarmos sobre os mecanismos de expressividade ou os
recursos de expressividade.

Como o próprio nome diz, trata-se de elementos que nos ajudam a construir um
texto mais próximo da realidade com o objetivo de demonstrar a expressão que, na
oralidade, conseguimos alcançar com entonação vocal e até mesmo expressões
faciais, gestuais e corporais.

No texto escrito temos alguns elementos que nos ajudam nessa construção, são as
Figuras de Linguagem. Elas são responsáveis pela linguagem conotativa, ou seja,
aquela que não é representada no seu sentido real, mas sim no seu sentido gurado
e contextualizado.

Já a denotação é a linguagem real e


literal, costuma-se dizer que é a
linguagem dos dicionários, é a
palavra no seu real signi cado,
enquanto a conotação é o “querer
dizer” algo de maneira diferente.

As guras de linguagem se
subdividem em três tipos: guras
de palavras, guras de sintaxe (ou de
construção) e guras de
pensamento.

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Figuras de palavras
Metáfora: transferência de signi cados: A Amazônia é o pulmão do mundo;
Comparação: bem parecido com a metáfora, mas a diferença é que sempre vai
existir um comparativo expresso pelo “como, tal qual”: Você é alto como o seu
pai era.
Metonímia: uso de uma palavra pela outra: Eu amo ler Machado de Assis.
Sinestesia: mistura dos sentidos: Sua voz é doce e aveludada.

Figuras de Sintaxe (ou de construção)


Zeugma: uma palavra que foi omitida para evitar a repetição. Eu adoro calor, e
você frio.
Polissíndeto: repetição intencional de um conectivo: Eu amo ler, e escrever, e
cantar, e correr.
Anáfora: repetição intencional de uma palavra ou termo no início da frase:
Todos os dias ela vai ao mercado, todos os dias ela sai com seu cachorro, todos
os dias ela tenta viver um novo dia.
Pleonasmo: emprego redundante das palavras: Cheguei em casa e havia uma
surpresa inesperada.

Figuras de Pensamento
Antítese: palavras opostas na mesma construção: Ela estava entre a  vida e a
morte.
Paradoxo: ideias opostas na mesma construção: Estou  sonhando
acordado com o dia da minha formatura.
Eufemismo: amenizar uma notícia triste: Ele partiu para junto de Deus.
Ironia: quando se diz algo querendo dizer o oposto: eu achei linda roupa,
amiga.
Hipérbole: exagero exacerbado: Eu morri de tanto comer naquele rodízio.
Personi cação: dar vida a seres inanimados: O mar está calmo hoje.
Gradação: sentido de sequência de acontecimentos: O sentimento
foi mudando, diminuindo, desaparecendo.

Outros recursos expressivos


Existem ainda alguns recursos que podemos utilizar para dar ênfase ao texto ou em
passagens que poderiam passar despercebidas.

Exemplos: Enumeração; Adjetivação Expressiva; Intertextualidade; Ambiguidade;


Interrogação Retórica; Alegoria; Recursos sonoros variados: assonâncias,
aliterações, rimas, onomatopeias.
SAIBA MAIS
Vimos até aqui as classes gramaticais e como as palavras podem ser
modi cadas através das derivações, composições e exões. Mas, é
válido ressaltar que há grande diferença entre a língua falada e a língua
escrita, a morfologia é a base para nos direcionar segundo as normas
gramaticais da linguagem escrita, comumente utilizada para a
elaboração de documentos e textos que exigem o padrão culto da
Língua Portuguesa. Já na linguagem oral, a linguagem falada, há
entendimento da mensagem mesmo que as palavras fujam das regras
da normatização gramatical, o que não anula em nada sua importância.

Fonte: a autora

REFLITA
“Os lugares-comuns, as frases feitas, os bordões, os narizes-de-cera, as
sentenças de almanaque, os rifões e provérbios, tudo pode aparecer
como novidade, a questão está só em saber manejar adequadamente
as palavras que estejam antes e depois”.

José Saramago.
Conclusão - Unidade 4

Nesta unidade conhecemos as outras classes gramaticais totalizando as dez que


temos estabelecidas pela NGB e que encontramos nas gramáticas tradicionais dos
mais variados autores.

Além das classes, foi possível, ainda, conhecer recursos de expressividade que usamos
em vários tipos de textos para evidenciar o que queremos passar para o leitor, seja em
sentimentos, emoções ou mesmo com o objetivo de demonstrar algo que se quer
dizer.

Os mecanismos de coesão e coerência são recursos que auxiliam na construção do


texto, eles nos direcionam para uma formatação adequada, e caz e sem gerar
dúvidas, pois a ambiguidade impede a boa interpretação do texto.

Os conectivos, sejam eles preposições ou conjunções, são importantes elementos de


conexão que ajudam na implantação da coesão e da coerência.

Espero ter contribuído para a sua formação e que as dúvidas tenham sidos sanadas a
respeito das classes gramaticais, principalmente sob a ótica da morfologia.
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Considerações Finais

Prezado(a) aluno(a),

Neste material, busquei trazer para você as de nições das classes de palavras sob o
estudo da morfologia, baseada na NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira). Para
isso, apontei as di culdades encontradas em relação às incoerências que é possível
encontrar nas gramáticas (lembrando que há vários tipos de gramáticas), mas
evidenciando como esse processo é natural e pode, até mesmo, ser enriquecedor
quando olharmos para a perspectiva de que a língua nos traz inúmeras
possibilidades de aplicação.

Espero que as dúvidas tenham sido sanadas e que todas as informações tenham
chegado até você de maneira didática e possível de compreensão.

Além das classes gramaticais estabelecidas pela Nomenclatura Gramatical Brasileira


– NGB, vimos também a gramática de Valência que, mesmo trazendo
denominações diferentes das tradicionais se mostra e caz e uma possibilidade a
mais na hora do estudo da língua.

Além dos aspectos teóricos que contribuíram profundamente para o entendimento


dos assuntos aqui abordados, trouxemos vários exemplos para que fosse possível a
melhor compreensão sobre como as classes gramaticais se relacionam e quais suas
funções nos contextos situacionais.

Levantamos também aspectos históricos desde a lologia para que o entendimento


fosse ainda mais concreto e para que chegássemos ao entendimento do que temos,
hoje, como objeto de estudo em mãos. Esse olhar para o passado, para entender o
presente, e visualizar o futuro é algo importante para a compreensão de um todo e
também para responder algumas lacunas de dúvidas que porventura possam surgir
no decorrer dos estudos da língua portuguesa.
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente e
aplicar a gramática de forma e ciente e real, que é o que podemos chamar de
semantização da gramática na prática.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigada!

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