INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
A Origem da Ciência
dos Significados e sua
evolução histórica
1 OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM
2 COMEÇANDO A HISTÓRIA
Aqui estamos nós, mais uma vez, juntos, animados e curiosos, para conhecer
com maior acuidade, maior profundidade, a ciência que não se cansa de buscar
sentido nas significações das palavras, dos enunciados, do discurso enfim.
Vamos perscrutar a origem dessa ciência, seguindo seus passos até as atuais
teorias que, embora tracejem novos rumos, não eliminam nem desprezam os
caminhos da tradição semântica.
Com essa primeira explanação, queremos chamar sua atenção para um traço
marcante em nosso curso: a interligação, a conexão que procuramos realizar
entre as disciplinas. Observemos que desde os estudos do latim clássico, do
latim vulgar, da história da língua portuguesa, da morfologia, da linguística, das
teorias literárias, entre outros assuntos, estamos construindo um material que
tenta reproduzir ou expor a trajetória da construção, da análise e da evolução
dos fenômenos do significado em nosso idioma.
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3 TECENDO CONHECIMENTO
Tudo começou pelo sentido. Você já reparou como essa palavra sempre aparece
em nossas leituras? E não é à toa que isso acontece. Segundo Tamba-Mecz (2006,
p. 7), “o sentido é um dado tão imediato e fundamental em nossa experiência
cotidiana da linguagem que não é de admirar reações de espanto diante do
surgimento tardio e do estatuto controverso e ainda incerto da “ciência” chamada
semântica, que faz do sentido seu campo de estudos”.
Para essa conceituação, é necessário que digamos sob que ponto de vista
consideramos o sentido. Segundo a autora acima, o sentido foi visto e reconhecido
por M. Bréal, em 1883, como um elemento especificamente linguístico, assim
como as formas sonoras. Visto dessa forma, o sentido deve ser analisado como
elemento que, linguisticamente, exerce pressão sobre a compreensão dos fatos
registrados na e pela linguagem. Partindo dessas primeiras reflexões, Tamba-
Mecz (idem, p. 8), nos apresenta uma primeira definição de semântica: “uma
disciplina lingüística (sic)1 que tem por objeto a descrição das significações próprias
às línguas e sua organização teórica (grifos da autora).
1 Expressão latina que significa “tal”, com valor de “tal qual o original”; conforme o autor”; “conforme
texto original”. Na ocorrência que destacamos, é necessário que assim coloquemos porque
atualmente o termo linguística não comporta o trema, porém não podemos suprimi-lo do
texto transcrito, já que, quando de sua publicação o trema ainda era uma acentuação vigente,
adequada à norma gramatical daquele período.
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A Origem da Ciência dos Significados e sua evolução histórica
Tendo uma primeira definição como ponto de partida, já podemos visualizar outras
formas de se ver a Semântica, apresentadas pela mesma autora, transcrevendo
a conceituação dos autores a seguir:
A primeira ideia nos permite constatar que se concentra apenas nas características
linguísticas das significações, ignorando aspectos filosóficos ou psicológicos.
Observe que não se trata do estudo “dos sentidos”, das diversas formas de
compreensão de uma palavra, mas sim do que se evoca intelectivamente. Nessa
posição, é preciso, mais que tudo, definir o que seria sentido, e como há muitas
ideias controversas sobre o assunto, não se tem, nessa teoria uma conceituação
que lhe assegure o objeto de estudo. Desse lugar de compreensão, a significação
seria ativada unicamente pela ideia conceitual que a palavra estaria evocando.
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AULA 1
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A Origem da Ciência dos Significados e sua evolução histórica
Atenção: Você se recorda da Teoria proposta por Charles Darwin? Que tal
dar uma olhada nos estudos desse cientista e ver qual é a relação possível
entre sua teoria e os estudos semânticos? Acesse o link abaixo e confira:
ààhttp://maniadehistoria.wordpress.com/teoria-da-evolucao-charles-darwin/?
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AULA 1
Figura 1
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A Origem da Ciência dos Significados e sua evolução histórica
Enfim, como o sentido linguístico não foi eficientemente definido pelos linguistas
e semanticistas, as pesquisas, nesse período, continuaram a ser feitos à luz do
evolucionismo, embora ainda se pretendesse buscar a origem etimológica das
palavras ou sua determinação pelo pensamento e pelo uso.
Evidentemente isso não pode ser visto como algo negativo, já que se pode ampliar
os estudos semânticos sob outras bases teóricas, libertando-a das correntes
da lógica e da filosofia. Por outro lado, verificou-se que os estudos baseados
no evolucionismo não poderiam ser muito confiáveis, já que se descobriu
também que havia regularidades contínuas na constituição das palavras e de
seus encadeamentos.
Preocupa-se com o estudo dos sinais, os quais podem ser naturais ou convencionais.
Os primeiros se manifestam em forma a) de indícios, são físicos, como a fumaça, a
trovoada, o cheiro, a luz etc.; b) de sintomas (fisiológicos), como a dor, a pulsação,
a febre, a fome, o suor etc. Já o signo convencional “pressupõe a existência de
uma cultura (antropologicamente falando) já estabelecida. Pode apresentar-se
em forma de ícone, símbolo ou signo” (CARVALHO, 2003).
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AULA 1
Figura 3 Figura 4
conceito = significado
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A Origem da Ciência dos Significados e sua evolução histórica
Daí se conclui que o signo linguístico é “uma entidade psíquica de duas faces”
(CLG, in CARVALHO, idem, p. 31), semelhante a uma moeda.
Vamos tentar colocar esse grupo linguístico em outro contexto: TIVESTE. Observe
que agora se trata de uma forma verbal, em que o grupo -ste (desinência) tem
significação gramatical na flexão verbal. Observe: tu tiveSTE; tu dormiSTE.
Essa terminação traz em si a informação de que os verbos estão flexionados
no modo indicativo, no tempo do pretérito perfeito (aquele das ações curtas,
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AULA 1
Arbitrariedade
Carvalho (2003, p. 39) apresenta essa característica defendida por Saussure: “Em
coerência com seu ponto de vista dicotômico, Saussure propõe a existência de um
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A Origem da Ciência dos Significados e sua evolução histórica
A linearidade do significante
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AULA 1
Exercitando
1) Relacionando as colunas:
B – Significante FF É semiarbitrário.
A essa altura de nosso curso, você já deve ter se convencido de que é necessário
buscar apoio em outras leituras para aprimorar seu conhecimento. Com esse
propósito, indicamos a leitura do artigo científico produzido por Raquel Basílio,
alocado no endereço eletrônico a seguir:
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A Origem da Ciência dos Significados e sua evolução histórica
àà http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_esp_2_a_relacao_
significante_e_significado_em_saussure.pdf
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AULA 1
5 TROCANDO EM MIÚDOS
Ainda pudemos circunscrever sua construção teórica com base em outras ciências,
como a Biologia, por exemplo, valendo-se os simpatizantes dessa perspectiva da
possibilidade de as línguas se manifestarem como as ciências naturais. Assim, as
palavras seriam analisadas a partir de suas propriedades biológicas como nascer,
modificar-se e desparecer. Essa perspectiva vai de encontro a uma outra teoria,
que persiste no aspecto histórico, numa abordagem diacrônica.
Em uma segunda fase de estudos, a Semântica abre espaços para a Teoria Lexical,
mesclando aspectos da corrente evolucionista, galgada nas pesquisas de Darwin,
a novos conceitos defendidos por Ferdinand de Saussure.
6 AUTOAVALIANDO
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REFERÊNCIAS
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