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Título do Trabalho
Heterogeneidade da semiose estética
23/03/2023
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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED (UNISCED)
FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA
DISCIPLINA: TEORIA DE LITERATURA
Título do Trabalho:
Heterogeneidade da semiose estética
23/03/2023
1.1.1. Índice
1. Introdução. ....................................................................................................................................... 4
2. Contextualização ............................................................................................................................. 5
3. Conclusão. ..................................................................................................................................... 12
4. Bibliografia. ................................................................................................................................... 13
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1. Introdução.
O presente trabalho tem por objetivo primário compreender as acepções que sustentam a
noção de texto na semiótica discursiva e os elementos necessários para a geração do objeto
semiótico, Com as discussões da semiótica tensiva, Essa conclusão possibilitou avançar para as
discussões acerca do contexto, da cultura e das práticas sociais; a partir de uma noção de
textualização mais ampla, (i) vislumbramos o uso de uma ferramenta, a notação, para auxiliar no
trabalho com as práticas sociais (e experiências “ao vivo”), e (ii) demonstramos como a
textualização das ações humanas é um dos principais fatores para a atribuição do valor capital
ao big data na sociedade contemporânea. Os achados, além de permitirem a compreensão da
esfera textual e da textualização, colocam em xeque a premissa defendida por alguns
semioticistas de que as práticas (e outras manifestações) não fazem parte do campo textual e
lançam luzes sobre o devir da semiótica nas próximas décadas.
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2. Contextualização
2.1. A heterogeneidade textual.
Na verdade, a noção de texto pode ser encarada à luz das formulações de Deleuze sobre
sistemas semióticos e regimes de signos os quais, para o autor, nunca são puros mas relevam
antes de um carácter misto que advém de fusões ou transformações de outros regimes de signos.
A tese de partida é a de que seja qual for o regime de signos a fundar uma semiótica, incluindo o
linguístico, ele mistura-se com outros regimes de signos de modo que, em última análise, não
existem semióticas puras, dado se operarem fusões, transformações, agenciamentos constantes.
E, assim, diríamos do texto. Perceber a heterogeneidade intrínseca ao conceito de texto é aceitar
que uma dada forma de expressão, num dado estrato de linguagem, “faz sempre apelo a vários
regimes combinados, isto é, qualquer regime de signos ou qualquer semiótica é concretamente
mista” (Deleuze, 1980, p.181). Este carácter misto retira preponderância a um qualquer regime
de signos e, por isso, vai contra aquilo que é costume designar pelo logocentrismo da língua.
Tabelece um agenciamento com o regime pragmático que o acolhe e que altera, define,
regula o seu funcionamento, diferenciando, por exemplo, o valor de um enunciado no espaço
público e o valor do mesmo enunciado no espaço privado. Assim, há que distinguir também o
enunciado oral do escrito, a sua contextualização fazendo apelo, em cada caso, a regimes de
signos diferentes. Particularmente no que concerne a literatura, Deleuze considera não haver
preponderância do linguístico sobre os outros regimes, por haver nela um excesso pulsional,
feito de afecções e de forças.
Ora essas forças que podem invadir o texto, tal como invadem a pintura, tendem a
desalojar o regime da representação do signo, para instalar o corpo dessa materialidade. O
heterogéneo de que fala Deleuze é justamente o que escapa à representação, trata-se de fluxos
que invadem a escrita literária e que a tornam num texto het/erogén/e/o. Pensar a textualidade
como um regime misto permite perceber então que o texto não pode ser reduzido à pura
linguisticidade da língua e que se afasta assim de qualquer tendência intuitivista de o definir
como uma sucessão de frases, permitindo libertá-lo da homogeneidade à qual sempre esteve
votado naturalmente. Trata-se então de questionar essa aparente naturalização, com todas as
consequências que ela acarreta para a textualidade.
O texto não é unicamente da ordem da linguagem embora se efective nela, já que
estabelece desde logo uma relação inextricável entre o dito e o não-dito. A frase é puramente
linguística. Os regimes do enunciado, do discursivo, do textual são semióticas que podemos
definir como heterogéneas. O próprio logocentrismo está disposto a admiti-lo quando, na óptica
da linguística saussuriana, a fala, ao contrário da língua, é vista como saindo do âmbito da
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ciência por participar de uma heterogeneidade incontornável e incontrolável.
2.1.1. Os domínios da linguística e da semiótica.
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Hjelmslev, ainda é preciso considerar que (2) a semiótica da Escola de Paris, desde as primeiras
décadas de sua formulação, e até os dias de hoje, com semioticistas contemporâneos, como
Claude Zilberberg, tirou grande proveito dos estudos hjelmslevianos. Muitos dos princípios da
semiótica, que assumimos como terreno teórico e epistemológico em nossa pesquisa, estão
calcados na teoria de Hjelmslev; ele é reconhecido como uma das principais influências teóricas
para a concepção do projeto da semiótica.
É, principalmente, a partir dessa constatação que algumas reflexões sobre a concepção
do texto em sua obra aparecem neste capítulo, intitulado Em torno do texto: asbases fundadoras,
que tem como objetivo investigar as acepções de texto que se sustentam na formulação do projeto
da semiótica. Embora não fosse um semioticista, Hjelmslev é certamente um nome importante
quando pensamos no embrião epistemológico da semiótica de Greimas.
Em acepção hjelmsleviana, a análise prevê uma hierarquia, que pode ser definida
como uma classe de classes (HJELMSLEV, 2010, def. 8, p. 5), porque estabelece uma cadeia de
operações analisadas em outras operações. Quando nos referimos a uma classe, estamos lidando
com um objeto que foi submetido à análise (HJELMSLEV, 2010, def. 4, p. 4), e a única maneira
para que uma classe não seja considerada uma hierarquia é se ela for constituída por uma única
classe (uma análise simples), já que toda análise contínua é obrigatoriamente uma hierarquia.
A análise contínua, no que lhe concerne, registra operações nos níveis mais baixos,
visto que ela possui uma extensão maior, condição necessária para que se tenha uma semiótica.
Em outras palavras, pode-se dizer que é somente pelo estabelecimento de uma relação de
hierarquia, ou melhor, pela presença de uma análise contínua, que uma semiótica vê a sua
existência como possível
Uma semiótica é, à vista disso, por definição uma hierarquia ela mesma, e “cada um de
seus componentes admite uma análise ulterior em classes definidas por uma relação mutual”13
(HJELMSLEV, Def. 24, p. 11, trad. nossa)14. A hierarquia coloca como condição uma direção;
essa poderá ser, como dito, paradigmática ou sintagmática, a sua existência depende da
uniformidade (ou homogeneidade) presente entre os níveis mais baixos, inferiores, da
hierarquia. O papel da dependência uniforme é especial para a análise, pois “uma análise
exprime essa característica de uniformidade a partir do momento em que ela
A teoria da linguagem determina a análise sobre um dado empírico, isto é, o texto; a
análise conduz a instauração de um objeto de conhecimento, ou seja, uma semiótica. Dizemos,
assim, que é em razão da análise que o texto assume o estatuto semiótico, condição propiciada
pela mutação dos planos da semiótica, que resulta em uma forma - a semiótica - e uma
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substância - o texto (BADIR, 2014, p. 185); ela oferece ao objeto semiótico, antes de qualquer
coisa, uma definição, permitindo caracterizá-lo como uma hierarquia, para, em seguida,
especificá-lo entre as hierarquias existentes.
2.1.3. As acepções de texto para Hjelmslev
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3. Conclusão.
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4. Bibliografia.
ZILBERBERG, Claude. Razão e poética do sentido. Trad. de Ivã Carlos Lopes, Luiz Tatit e
Waldir Beividas. São Paulo: Edusp, 2006 [1988].
ZINNA, Alessandro; Luisa Ruiz Moreno 2014. (Orgs.). Dossiê: La inmanencia en cuestión –
I.Tópicos del Seminario, v. 31, jan.- jun.,
Danto, A., L’art contemporain et la clôture de l’histoire, Paris, Seuil, 2000. Deleuze, G. e
Guattari, F., Capitalisme et Schizophrénie - Mille Plateaux, Paris, Minuit, 1980.
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