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DIREITO PENAL III

TÍTULO I – DOS CRIMES


CONTRA A PESSOA. CAPÍTULO I:
DOS CRIMES CONTRA A VIDA:
ABORTO
GERALDO MAGELA CARVALHO LIMA
gmcl9196@hotmail.com
(31) 9 98 71 – 09 16.
ABORTO
 1° Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
 Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que
outrem lho provoque:
 Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

 Aborto provocado por terceiro

 Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

 Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.

 Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante:

 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

 Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a


gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou
débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante
fraude, grave ameaça ou violência.
 CRIME DE ABORTO E TEORIA MONISTA
(PUNIÇÃO DIVERSA DE PESSOAS ENVOLVIDAS
NO MESMO ABORTAMENTO).
 CONCEITO DE ABORTO (ABORTAMENTO).

 OBJETO JURÍDICO E OBJETO MATERIAL.

 INÍCIO E TÉRMINO DA PROTEÇÃO PELO TIPO


PENAL DO ABORTO (quando inicia a vida?
Fecundação ou concepção. Interesse penal:Nidação)
 NIDAÇÃO E MÉTODOS CONTRACEPTIVOS.

 GRAVIDEZ ECTÓPICA OU EXTRAUTERINA.

 CONSUMAÇÃO
 CONCEITO: Aborto é a interrupção da gravidez com a morte do feto.
 Termo inicial da vida para prática do aborto: A vida tem início a partir da
concepção ou fecundação, isto é, desde o momento em que o óvulo feminino
é fecundado pelo espermatozoide masculino. Contudo, para fins de
proteção por intermédio da lei penal, a vida só terá relevância após a
nidação, que diz respeito à implantação do óvulo já fecundado no útero
materno, o que ocorre 14 (catorze) dias após a fecundação.
 Proteção legal: nidação (gestação) até início do parto.

 Após início do parto: homicídio ou infanticído.

 Nidação e discussão sobre métodos contraceptivos: em geral esses métodos


ou impedem a fecundação ou a nidação, por isso não são abortivos.
 Gravidez ectópica ou extrauterina: indiferente penal, uma vez que,
juridicamente, somente nas hipóteses de gravidez intrauterina é que se
pode configurar o delito em estudo. Feto demonstra inviabilidade para a
vida.
 ESPÉCIES DE ABORTO E INTERESSE PENAL:
 1 – aborto natural ou espontâneo

 2 – aborto doloso (artigos 124, 125 3 126) ou aborto


culposo.
 3 – aborto legal ou permitido. (artigo 128 )

 Anencefalia: STF : FATO ATÍPICO


 CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
 Crime de mão própria, quando realizado pela
própria gestante (autoaborto), sendo comum nas
demais hipóteses quanto ao sujeito ativo; considera-se
próprio quanto ao sujeito passivo; pois somente o feto
e a mulher grávida podem figurar nessa condição;
pode ser comissivo ou omissivo (desde que a omissão
seja imprópria); doloso; de dano; material;
instantâneo de efeitos permanentes (caso ocorra a
morte do feto, consumando o aborto); não
transeunte; monossubjetivo; plurissubsistente; de
forma livre.
 OBJETO JURÍDICO E OBJETO MATERIAL
 BEM JURÍDICO PROTEGIDO: vida intrauterina,
vida humana em desenvolvimento.
 Protege a vida do feto e no caso do artigo 125 a vida e
a incolumidade física e psíquica da mulher
 BEM MATERIAL: pode ser o óvulo fecundado
(aborto cometido até os dois meses de gravidez,
chamado de aborto ovular); o embrião (aborto
cometido no terceiro ou quarto mês de gravidez,
chamdo de aborto embrionário) ou o feto (aborto
praticado após o quinto mês de gravidez, chamdo de
aborto fetal).
 ELEMENTO SUBJETIVO
 Os crimes de autoaborto (artigo 124 do CP), aborto
provocado por terceiro sem o consentimento da
gestante (artigo 125 do CP) e aborto provocado por
terceiro com o consentimento da gestante (artigo 126
do CP), somente podem ser praticados a título de
dolo, seja ele direto ou eventual, isto é, ou o agente
dirige finalisticamente sua conduta no sentido de
causar a morte do óvulo, embrião ou feto, ou, embora
não realizando um comportamento diretamente a este
fim, atua não se importando com a ocorrência do
resultado.
 NÃO HOUVE PREVISÃO DA MODALIDADE
CULPOSA.
 SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO:
 ARTIGO 124

 ARTIGO 125

 ARTIGO 126
 Artigo 124: autoaborto: crime de mão própria, somente a
mãe pode ser sujeito ativo.
 Sujeito passivo: crime próprio: o óvulo fecundado, o embrião, o
feto, ou seja, o produto da concepção em suas diversas fases.
 Artigo 125: aborto provocado por terceiro sem o
consentimento da gestante: sujeito ativo: crime comum,
qualquer pessoa. Sujeito passivo: crime próprio, sendo de dupla
subjetividade passiva. Primeiro o produto da concepção, e de
forma mediata, a mulher, genitora.
 Artigo 126: aborto provocado com consentimento: sujeito
ativo: crime comum, qualquer pessoa. Sujeito passivo crime
próprio: somente o produto da concepção. Porém, caso ocorra a
figura qualificada do artigo 127 a mulher também será sujeito
passivo.
 Continuar próxima aula

 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:
 CRIME IMPOSSÍVEL ARTIGO 17 DO CÓDIGO
PENAL.
 Crime material, o delito de aborto se consuma com a efetiva morte do
produto da concepção. Não há necessidade de que o óvulo fecundado,
embrião ou o feto seja expulso, podendo, inclusive, ocorrer sua
petrificação no útero materno.
 A morte do produto da gravidez pode ocorrer dentro do útero materno ou
fora dele.
 Importante a prova de que o feto no momento da ação ou omissão dirigida
ao resultado morte, esteja vivo, pois, caso contrário será crime impossível.
 Caso o meio utilizado para buscar a morte do feto também seja inidôneo,
teremos a figura do crime impossível.
 Para consumação o feto não precisa demonstrar viabilidade.

 Teoria da imputação objetiva: criação ou incremento de risco proibido: o


feto que teria inviabilidade futura não seria fato típico.
 Tentativa: crime plurisubsistente, ou seja, o iter criminis é fracionado.
Admite tentativa.
 CRIME COMISSIVO E COMISSIVO POR
OMISSÃO.
 As condutas dos artigos 124, 125 e 126 são proibitivas.
Traz condutas proibitivas, portanto, crime comissivo.
 Porém, é possível o crime comissivo por omissão desde
que o agente goze da posição de garantidor, artigo 13 §
2° do CP.
 Ex. gestante que adiante de um sangramento não procura
o médico, sendo que, isso poderia evitar o aborto.
 Médico que não atende gestante em situação de risco e
venha a ocorrer o aborto.
 ARTIGO 127: CAUSAS DE AUMENTO DE PENA:
 Na verdade não se trata de qualificadora do crime de
aborto, mas sim uma majorante.
 Continuar turma a próxima aula

 Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores


são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto
ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por
qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
 Esse artigo só aplica aos casos dos crimes previstos nos
artigos 125 e 126 do CP, considerando que não se pune a
autolesão ou o suicídio.
 TRATA-SE DE CRIME PRETERDOLOSO.
 PROVA MATERIAL DO FATO: ARTIGO 158 CPP.
 MEIOS DE EXECUÇÃO: FORMA LIVRE

 AÇÃO PENAL: AÇÃO PENAL DE INICIATIVA


PÚBLICA INCONDICIONADA.
 COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO: TRIBUNAL
DO JÚRI, ARTIGO 5° INCISO XXXVIII ALÍNEA “D”
 SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO:
ARTIGO 89 LQI 9.099/98: POSSÍVEL PARA OS
CRIMES DOS ARTIGOS 124 E 126 DO CP.
 ABORTO LEGAL OU PERMITIDO
 ARTIGO 128 DO CÓDIGO PENAL

    Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:  


(Vide ADPF 54)
         Aborto necessário

         I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;


(não é necessária autorização judicial)
         Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

         II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é


precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.
 (não é necessária autorização judicial) (não há
necessidade nem mesmo de instauração de IP ou ação
penal).
 a) aborto terapêutico (curativo) ou profilático (preventivo);
(estado de necessidade, portanto, causa excludente da
ilicitude).
 Art. 24 - Estado de necessidade. Considera-se em estado de
necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual,
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se
 b) aborto sentimental, humanitário ou ético.

 Aqui a natureza jurídica não é pacífica, sendo que, a maioria


da doutrina trata como estado de necessidade. (ver sobre
teoria unitária, adotada pelo código e teoria diferenciadora).
 Inexigibilidade de conduta diversa
 CASUÍSTICAS: gestante que perde o filho em acidente de
trânsito: nesse caso não há previsão de aborto culposo. A
gestante não responderá por crime algum. No caso de
terceiro que dá causa ao acidente que venha a levar ao
aborto, o mesmo não responderá pelo aborto, porém pela
figura típica do artigo 303 do CTB: crime de lesão corporal
culposa na direção de veículo automotor, com pena de
detenção de 06 meses a 02 anos.
 Aborto de gêmeos: artigo 70 do CP, concurso formal
impróprio, no caso do agente ter ciência da gravidez de
gêmeos. O agente quis o resultado dois abortos com uma
única conduta, ou seja, possuía desígnios autônomos.
 Gestante que morre ao realizar o aborto, sendo que o feto
sobrevive
 Agressão a mulher grávida: irá depender do elemento
subjetivo. Se for somente lesionar e advêm o aborto, lesão
corporal grave qualificada pelo resultado aborto, artigo
129 § 2° V do CP.
 Porém, se a intenção era provocar o aborto, comente o
delito de aborto.
 Se o dolo de agredir não causa o aborto, aplica-se a
agravante do artigo 61 II h do CP.
 Aborto de feto anencéfalo: Ação de Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF nº 54),
questionando a aplicação dos arts. 124, 126, e 128, I e II,
do Código Penal, no que diz respeito ao feto anencéfalo.
 O STF declarou a inconstitucionalidade da interpretação
segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é
conduta tipificada nos arts. 124, 126, 128, I e II, todos do
diploma repressivo. Assim, uma vez diagnosticada a
anencefalia, poderá a gestante, se for de sua vontade, submeter-
se ao aborto, sem que tal comportamento seja entendido como
criminoso.
 FERE DIREITOS FUNDAMENTAIS: SAÚDE,
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
AUTODETERMINAÇÃO, LIBERDADE SEXUAL E
REPRODUTIVA DA MULHER.
 O Conselho Federal de Medicina, a fim de regulamentar a
hipótese, editou a Resolução nº 1.989, de 10 de maio de
2012.34
 Em recende decisão no HC 124306, o STF decidiu que
“é preciso conferir interpretação conforme a 
Constituição aos próprios arts. 124 a 126 do 
Código Penal – que tipificam o crime de aborto – para
excluir do seu âmbito de incidência a interrupção
voluntária da gestação efetivada no primeiro
trimestre”, à medida que violaria direitos fundamentais
da mulher e o princípio da proporcionalidade (cf. STF, 
HC 124.306, voto-vista do Min. Luís Roberto Barroso).
 Desta forma entendeu o STF ser inconstitucional o crime
de aborto voluntário, tipificados nos atgos 124 e 126 do
CP quando ocorrido no primeiro trimestre da gestação.
 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E
ARREPENDIMENTO EFICAZ: plenamente cabíveis no
crime de aborto. Artigo 15 do código penal.

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