A Violência Obstétrica é o termo usado para as práticas desagradáveis e
invasivas acometidas antes, durante ou após o parto, vindo a causar constrangimento, dor física ou psicológica, violando completamente os direitos e a dignidade da mulher. Lembramos que a mulher que atravessa a maternidade está em um momento de extrema vulnerabilidade, totalmente dependente de profissionais e/ou cooperadores.
O QUE CARACTERIZA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA?
Importante mencionar que a violência obstétrica viola diversos direitos
fundamentais das mulheres, como integridade física, a saúde, a liberdade sexual, a intimidade, a vida privada, a honra e o direito à informação.
Previsto no art. 129 do Código Penal: “A violência obstétrica teria como
bem jurídico o corpo físico e psicológico da pessoa humana, sua saúde e seu bem-estar, exatamente o mesmo bem jurídico, que tem como objeto material o ser humano, visto em sua integridade e observado em suas mais variadas vertentes e digno de receber tratamento humano e respeitoso”. (SANTOS, 2018, p.74 a 75). Poderá se valer dos diversos tipos penais já existentes na legislação para responsabilizar os atos do agressor, tais como:
Difamação – Artigo 139 do Código Penal, com pena de detenção de
3 meses a 1 ano; Injúria – Havendo ofensa à dignidade ou decoro da mulher, conforme artigo 140 do Código Penal, a pena de detenção varia de 1 a 6 meses (via de regra); Ameaça – Previsto no artigo 147 do Código Penal, a pena se constitui em detenção de um a seis meses, ou multa; Lesão corporal – Em situações que as vítimas são submetidas à violência física, fórceps, cesáreas desnecessárias e indesejadas, e constatada a presença de culpa, poderá o agressor ser imputado à conduta de lesão corporal culposa nos termos do artigo 129, §6º do Código Penal, sob pena de detenção de dois meses a um ano. Ainda, caso resultante da inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, aplica-se a causa de aumento de 1/3 da pena prevista no artigo 121, §4º do Código Penal. Ademais, caso vislumbrar um ato intencional e da violência resultar lesão corporal grave com aceleração de parto, a conduta será enquadrada no art 129, §1º, inciso IV, do Código Penal, com pena de 1 a 5 anos. Por fim, se da lesão corporal gravíssima causar aborto a conduta se enquadrará no artigo 129, §2º, inciso V do Código Penal, com pena de reclusão de 2 a 8 anos.
PARECER VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA CASO CONCRETO
Conforme no caso concreto analisado, a paciente deu entrada no dia 28/04
por conta de muito inchaço, sendo uma paciente hipertensa, sendo assim necessário interna-la para indução do parto. Na madrugada do dia 30/04 para o dia 01/05 o parto começou a ser induzido numa tentativa de parto normal, durante a internação foi tomado todos os cuidados, averiguando os batimentos cardíacos do bebê há cada 10 minutos sendo verificado; o grau de dilatação da mãe a fim de realizar o procedimento da melhor forma possível. Contudo, tendo complicações durante a tentativa de parto normal, a médica solicitou a equipe o uso do “bisturi” por ter notado a falta de oxigenação do bebê, sendo de concordância com a mãe e assim tentando realizar uma cessaria de urgência na tentativa de salvar a criança já que tinha má formação pulmonar diagnosticada. A médica constatou que, a criança já teria vindo a óbito por falta de oxigenação, numa ação desesperada tentou a retirada da criança por uso de força a puxando pela cabeça tentando desvincular o corpo onde estava preso necessitando de manobras. Por fim, em nota dada a imprensa o Hospital das Clinicas alegou “ A equipe realizou todos os esforços para garantir a vida da gestante e está empenhado em esclarecer todos os fatos com transparência e agilidade”, assim, resta cristalino, que devido ao quadro apresentado a médica tomou todas as providências necessárias, a fim de salvar a mãe e o bebê entretanto o fato, foi uma fatalidade, tendo em vista que a intenção era garantir a vida dos dois desde o início, porém, a atitude da médica se enquadra no art. 24 do Código Penal: “CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1 º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2 º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Tendo em vista, a prioridade era salvar a vida da mãe, pois o quadro de
estabilidade da criança não poderia ser revertido, tendo vindo a óbito por falta de oxigenação antes do nascimento.
Anna Carolina da Silva Gomes - 06000012
Dara de Andrade Silveira – 01023056 Letícia da Cunha Nascimento – 06004032 Michelle Figueiredo Silva dos Santos – 0102327 Stephany da Silva - 06001001
O Direito à Vida x Aborto de Anencéfalo: o aborto de feto versus Anencefalia na Corte Suprema do Brasil e a autorização do Aborto no Uruguai –Internacionalizando considerações jurídicas sobre a interrupção da vida