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AULA 04 - ABORTO
1 – CONCEITO
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Elaborado com base, precipuamente, nas obras: I. SANCHES, Rogerio. Manual de Direito Penal: Volume
Único. II. ROQUE, Fabio. Direito Penal Didático. III. GONÇALVEZ, Victor Eduardo Rios. Direito Penal
Esquematizado: Parte Especial. IV. GRECO, Rogério. Código Penal Comentado; V. CAPEZ, Fernando. Curso
de Direito Penal; VI. DA COSTA, Álvaro Mayrink. Direito Penal: Parte Especial.
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Segundo defendem alguns estudiosos, a nomenclatura correta para o crime seria abortamento, pois tal é
a conduta direcionada a causar a destruição do embrião ou a morte do feto. Logo, abortamento seria a
conduta tendente a causar o aborto, o qual, por sua vez, seria, tão somente, o produto do abortamento. Tal
distinção, entretanto, não encontra guarida em nossa lei.”
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos
anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do
aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
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Segundo a literatura médica a fase embrionária dura 8 semanas a partir da fertilização.
Mediato: a integridade física e a vida da mãe.
5 – MODALIDADES DE ABORTO
Há, ainda, corrente que defende que o embrião ou feto não pode figurar
como sujeito passivo, pois não seria sujeito de direitos.
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Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em
qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou
omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no
artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Trata-se de crime próprio, exigindo-se a gravidez da mulher (qualidade
específica) e de mão própria, por não admitir coautoria. Apenas a gestante pode prestar o
consentimento.
Por tais razões, há situações previstas em lei nas quais mesmo existindo um
único resultado, os agentes que praticaram a conduta infracional responderão por crimes
diferentes.
É o que se dá com os artigos 124, segunda parte e 126 do Código Penal, pois
o resultado obtido pelos agentes é um só: a morte do feto. Todavia, a gestante que consentiu
responderá pelo artigo 124, segunda parte e o terceiro que provocou o aborto pelo artigo
126.
Ex.: agente que agride mulher grávida com golpes na barriga, com a finalidade
de causar o aborto ou que, de forma sub-reptícia, faz a gestante ingerir substância abortiva
sem que saiba.
Não podemos nos esquecer, entretanto, das situações nas quais a pena do
artigo 125 será aplicada para o caso em que o consentimento da gestante NÃO é válido, as
quais estão previstas no artigo 126, parágrafo único: menor de 14 anos oi pessoa com
deficiência mental ou mediante fraude, grave ameaça ou violência.
6 – MAJORANTES
*Atenção: não confundir com o artigo 129, §2º, V, pois naquele caso, o dolo
era de lesionar a vítima, tendo advindo como resultado culposo o aborto.
7 – CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
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O crime material somente se consuma com a produção do resultado naturalístico, como a morte no
homicídio/infanticídio.
Dúvida há sobre o crime de consentimento da gestante para o aborto (art.
124, segunda parte). Há corrente que defende que o crime se consuma no momento do
consentimento. Há corrente contrária que se manifesta no sentido de exigir a realização da
manobra abortiva para que o consentimento da gestante se consuma. No primeiro caso,
mesmo que a mulher desista do consentimento, o crime já terá se consumado. No segundo,
enquanto não realizada a manobra abortiva, a gestante pode recorrer à desistência
voluntária (art. 15, CP).
A lei permite o aborto se a vida da gestante está em risco, bem como no caso
de gravidez resultante de estupro. O primeiro caso é denominado de aborto necessário ou
terapêutico. O segundo de aborto humanitário ou sentimental.