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DIREITO PENAL (PARTE ESPECIAL)

Aborto
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ABORTO

Os crimes sobre aborto estão previstos nos arts. 124 a 126, além das hipóteses dos arts.
127 e 128.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

O aborto é caracterizado pela retirada da vida de um feto que se encontra na barriga de


sua mãe, tirando a perspectiva da vida de uma pessoa, ou seja, é punido dentro do capítulo
de crimes contra a vida.
• Objeto jurídico: vida humana.
• Objeto material: o feto (e a integridade da gestante nas hipóteses do art. 125, nas pre-
visões de aborto sem o consentimento da grávida).
5m • Termo inicial da gravidez: fecundação.

RELEMBRANDO
• Objeto jurídico é aquilo que a lei visa proteger.
• Objeto material é a pessoa ou coisa sob a qual recai a conduta criminosa.

 Obs.: os métodos contraceptivos que atuam após a fecundação são considerados como
exercício regular do direito, visto que é caracterizada uma hipótese de excludente de
ilicitude, conforme art. 23 do Código Penal.

ATENÇÃO
Não existe a possibilidade de crime de aborto culposo.
Ex.: gestante fumante.

 Obs.: no caso de omissão (Art. 13, § 2º, CP) com dolo é caracterizado o crime de aborto.

Ex.: gestante deixa de comer durante 5 dias para realizar aborto.


ANOTAÇÕES

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ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO

Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena – detenção, de um a três anos.

10m
 Obs.: os crimes dispostos no art. 124 são considerados de mão própria, ou seja, só podem
ser praticados pela gestante.

ATENÇÃO
• Apesar do autoaborto (provocar o aborto em si mesma) ser um crime de mão própria,
se admite a participação. Nesse caso, é considerado exceção pluralística, pois ambos
respondem por crimes diferentes, conforme disposição do art. 126.
• Ex.: namorado compra remédios para realizar aborto, a pedido da namorada grávida.
Ele responde pelo art. 126, enquanto ela responde pelo art. 124. Mãe leva filha grá-
vida em clínica abortiva clandestina. A mãe responde pelo art. 126, enquanto a filha
pelo art. 124.

15m
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO

Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante.


Pena – reclusão, de três a dez anos.

Exemplo: dissolver remédios na comida da gestante para provocar aborto.

Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante.


Pena – reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos,
ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência.

20m
 Obs.: o crime previsto no art. 125 possui dupla subjetividade, ou seja, duas vítimas: o feto e
a gestante.
ANOTAÇÕES

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FORMA QUALIFICADA (CAUSAS DE AUMENTO DE PENA)


25m
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em con-
sequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de
natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Obs.:
• As hipóteses do art. 127 são consideradas preterdolosas: dolo na conduta (aborto) e
culpa no resultado (lesão corporal grave ou morte).
• O art. 127 é aplicável mesmo se o aborto não for consumado, basta a culpa.

30m
HIPÓTESES EM QUE O ABORTO NÃO É CRIME

Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:

• Aborto necessário/terapêutico:

I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Obs.: a vida da gestante é considerada mais importante do que a perspectiva de vida do


feto. Neste caso, deve-se observar a vida da gestante em risco, além de não poder
haver outro meio de salvá-la se não o aborto. Pode ser em razão de risco futuro, como
potencial risco de morte no parto, por exemplo.

• Aborto no caso de gravidez resultante de estupro:


35m

II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quan-


do incapaz, de seu representante legal.

 Obs.: o aborto resultante de estupro não exige autorização judicial e nem da condenação do
autor. O médico apenas precisa de prova de que a gravidez ocorreu a partir de estu-
pro, como, por exemplo, boletim de ocorrência.

Interrupção da gravidez de feto anencéfalo (anencefalia):


40m
Na ADPF 54/DF, o STF decidiu que a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é con-
duta atípica.
ANOTAÇÕES

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Fundamentos:
1) De acordo com o Conselho Federal de Medicina, o anencéfalo é um natimorto cere-
bral, portanto é um feto inviável. Nesse entendimento, o anencéfalo não possui vida humana
– perspectiva do feto.
2) Dignidade da pessoa humana – perspectiva da gestante.
• Interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação*:
No HC 124306, a 1ª Turma do STF decidiu por uma quarta exceção: a interrupção da gra-
videz no primeiro trimestre da gestação (julgado em 29/11/2016. Info 849). Houve manifesta-
ção por maioria nesse sentido.

ATENÇÃO
Interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação não é uma hipótese pacífica,
apesar da decisão tomada pelo STF.

OBSERVAÇÕES JURISPRUDENCIAIS

Homicídio de mulher visivelmente grávida ou que o agente tem conhecimento



da gravidez:
Concurso formal impróprio (imperfeito) entre homicídio (art. 121, CP) e aborto provocado
45m por terceiro (art. 125, CP).
HC 191.490-RJ, julgado em 27/09/2012.

Aborto de gêmeos ou trigêmeos:



A doutrina entende que haverá dois ou três crimes de aborto em concurso formal impróprio
(imperfeito), desde que a(o) agente tenha conhecimento dessa condição.

Obs.: concurso formal impróprio/imperfeito é caracterizado pela prática de dois crimes me-
diante uma ação.

HIPÓTESES PROIBIDAS DE ABORTO (GERAM RESPONSABILIZAÇÃO PENAL)

Aborto eugênico: aborto cometido em razão de uma má formação do feto.


ANOTAÇÕES

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Aborto miserável, econômico ou social: aborto praticado pela agente que não vislum-
bra possuir condições financeiras adequadas para criar um filho.
Aborto honoris causae: aborto para esconder a gravidez originária de uma relação extra-
matrimonial.

PROCESSOS QUE SERÃO JULGADOS PELO STF NOS PRÓXIMOS MESES/


ANOS:

1) ADI 5581/DF – pugna pela permissão para abortar feto vítima de microcefalia (deficiên-
50m
cia na caixa craniana)

Obs.: atualmente apenas é permitida anencefalia (ausência de caixa craniana).

2) ADPF 442/DF – pugna pela não punição do aborto praticado pela gestante até a 12ª
semana de gestação

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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