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• Curso de direito
• Data:
– HOMICÍDIO SIMPLES
• Conforme dispõe o artigo 69º 159º e 160º do actual Código Penal, “quem
matar outra pessoa é punido com pena de prisão de 16 a 24 anos”.
• Da própria leitura da norma torna-se nítido que o bem jurídico tutelado é a vida
humana, e mais precisamente a vida humana de outrem (do que resulta,
também, que não é punível o suicídio).
• Agente do crime de homicídio pode ser qualquer pessoa, enquanto vítima “é
ohomem, enquanto vivo (pessoa humana já completamente nascida e com
vida)”
• – assim cabendo distinguir as hipóteses que integrarão a previsão do crime de
homicídio das situações em que o agente actua sobre um embrião ou feto
humanoainda no ventre materno, pondo fim à respectiva vida, que
consubstanciarão a prática de um crime de aborto.
• assim como as situações em que é a própria mãe que mata o filho
durante ou logo após o parto e ainda sob a influência perturbadora
do mesmo, situações que consubstanciarão a prática do crime de
infanticídio.
• Essencial no crime de homicídio é que o mesmo seja perpetrado
contra a vida de qualquer pessoa, independentemente, por exemplo,
da respectiva idade, estado de saúde, sexo, nacionalidade ou raça,
pese embora a qualidade da vítima possa ser determinante para uma
eventual qualificação do crime de homicídio, como acontece, por
exemplo com o homicídio de pessoa particularmente indefesa, em
razão de idade, deficiência, doença ou gravidez.
• O tipo objectivo do crime de homicídio consiste em matar outra
pessoa, ou seja, pressupõe uma conduta, consubstanciada na
produção do resultado típico: a morte de outra pessoa, objecto da
acção ou omissão do agente, sendo que se tal evento não se verificar
est.aremos perante um crime de homicídio na forma tentada.
• A tal acresce, ainda, que se tem de verificar o nexo de causalidade, ou
seja, o elemento que permita afirmar que entre a conduta (activa ou
omissiva) do sujeito activo e a morte do sujeito passivo existe um elo
de ligação que alicerça a conclusão de que a morte resultou
directamente daquela conduta.
• A este propósito importa realçar que, para preenchimento do crime
de homicídio, não interessa o tempo que medeia entre o momento da
prática da conduta apta a produzir o resultado morte e o momento
em que a morte concretamente se verifica, pois tanto é culpado da
prática de um crime de homicídio aquele agente que ministra à sua
vítima um veneno de efeitos fulminantes, como aquele agente que
causa na respectiva vítima ferimentos de tal modo graves que deles
sobrevem, necessariamente, a morte, mesmo passados vários dias
em que esta é, por exemplo, submetida a tratamentos médicos e/ou
cirúrgicos que, todavia, se revelam infrutíferos.
• Sublinhe-se também que o crime de homicídio pressupõe o elemento
típico do dolo (ou seja, a vontade de realizar o resultado típico) em
qualquer das formas
• contempladas no artigo 14º: dolo directo, dolo necessário e/ou dolo
eventual; a este propósito salienta Figueiredo Dias7 que “…para se
verificar o dolo eventual relativamente a condutas objectivamente e
mesmo extremamente perigosas, não basta que o agente preveja o
perigo de resultado e se conforme com ele…, tornando-se antes
sempre necessário que aquele preveja e se conforme com o próprio
resultado…”.
TIPOS DE HOMICÍDIO
• Homicídio agravado
• De harmonia com o disposto no artigo 160º, n.º 1, do Código Penal “se a morte for
produzida em condições que revelem especial censurabilidade ou perversidade, o agente é
punido com pena de prisão de 20 a 24 anos”.
• Note-se que o n.º 2 do mesmo artigo elenca, exemplificativamente, algumas situações que,
a verificarem-se, são susceptíveis de traduzirem a especial censurabilidade ou perversidade
do agente.
• Sublinhe-se, todavia, que para além de tais situações não serem taxativas (ou seja, outras
condições que não as mencionadas na lei podem revelar a adequação de um tal juízo de
valor sobre o agente, tanto mais que a lei utiliza a expressão “é susceptível”) poderá
também suceder que, apesar de se verificar preenchida uma (ou mesmo mais) daquelas
circunstâncias referidas na lei, a conduta do agente não seja, em concreto, apta a conduzir à
qualificação do crime por ele cometido, pois que, ao nível da respectiva culpa nada justifica
aquele juízo de especial censurabilidade ou perversidade.
• Neste mesmo sentido afirma Figueiredo Dias que as circunstâncias
contempladas no artigo 160º “não são taxativas, nem implicam por si
só a qualificação do crime; isto é, pode o juiz considerar como
homicídio qualificado a conduta do agente que não se acompanhasse
das circunstâncias descritas, mas sim de outras, e pode, por outro
lado, deixar de operar tal qualificação apesar da existência clara de
uma ou mais dessas circunstâncias...”, mais acrescentando que “...
face ao seu funcionamento não automático e à sua não taxatividade,
tais circunstâncias apenas podem ser compreendidas enquanto
elementos da culpa...” (sublinhado meu).
• Será, pois, preciso analisar a concreta culpa do agente, os exactos
motivos que “determinaram” a respectiva conduta (activa ou
omissiva) assim como o concreto circunstancialismo em que a mesma
ocorreu, para se determinar se o agente revelou, ou não, a especial
perversidade ou censurabilidade que a qualificação do crime de
homicídio pressupõe
TIPOS DE HOMICÍDIO PRIVILEGIADO
• Contrariamente às situações anteriormente referidas os casos de
homicídio privilegiado correspondem a situações em que o agente
recebe uma censura mais leve que a que corresponde ao tipo base do
homicídio, em razão dos motivos que determinaram a respectiva
perpetração.
• Assim, e com a epígrafe de homicídio privilegiado, dispõe o artigo
161º do Código Penal que “quem matar outra pessoa dominado por
compreensível emoção violenta, compaixão, desespero ou motivo de
relevante valor social ou moral, que diminuam sensivelmente a culpa,
é punido com pena de prisão ate 2 anos e multa”.
Envenenamento
• 1. Quem cometer o crime de envenenamento é punido com a pena
de prisão de 20 a 24 anos.
• 2. É qualificado como envenenamento todo o atentado contra a vida
de alguma pessoa por efeito de substâncias que podem dar a morte
mais ou menos prontamente, de qualquer modo que estas
substâncias sejam empregadas ou administradas e quaisquer que
sejam as consequências.
(Infanticídio)
• A mãe que matar o filho durante ou até quinze dias após dar o parto,
ainda sob a sua influência perturbadora, é punida com a pena de
prisão de 1 a 5 anos.
(Incitamento, ajuda e propaganda ao suicídio)
• Consagra o art. 164 do CP que Quem incitar outra pessoa a suicidar-
se, ou, mediante pedido sério, instante e expresso que esta lhe tenha
feito, prestar ajuda para esse fim, é punido com pena de prisão de 2 a
8 anos, se o suicídio vier a ser tentado ou a consumar-se.
(Transporte, detenção, posse e
comercialização de órgãos humanos)
• 1. Salvo os casos permitidos por lei, quem transportar, deter, possuir
ou comercializar órgãos humanos, internos ou externos, sangue,
produtos de sangue ou tecidos do corpo humano, é punido com pena
de 12 a 16 anos de prisão, se pena mais grave não couber.
• 2. A pena de prisão de 16 a 20 anos é aplicada a quem, com promessa
de sucesso na vida sentimental, de negócios ou de qualquer outra
natureza, ou aliciamento com pagamento de dinheiro, entrega de
bens móveis ou imóveis ou prestação de facto, instigar o agente à
prática dos actos referidos no número anterior.
Crimes contra a vida intra-uterina
(Interrupção de gravidez
• Estabelece o art. 166 do CP que:
1. Quem, de propósito, fizer abortar uma mulher grávida,
empregando para este fim violência ou bebida, ou medicamento, ou
qualquer outro meio, se o acto for cometido sem consentimento da
mulher, é condenado na pena de prisão de 3 meses a 2 anos; se for
com consentimento da mulher, é punido com a pena de prisão até 1
ano.
(Agravação)