Este documento discute o conceito de concurso de crimes no direito penal. Em três frases:
O documento define concurso de crimes como a situação em que um agente comete múltiplos crimes com uma única conduta ou ações diversas. Discute as formas de concurso de crimes, incluindo concurso efetivo e aparente, e as relações entre normas penais, como especialidade, subsumpção e subsidiariedade. Também aborda as consequências jurídicas do crime, como penas e medidas de segurança.
Este documento discute o conceito de concurso de crimes no direito penal. Em três frases:
O documento define concurso de crimes como a situação em que um agente comete múltiplos crimes com uma única conduta ou ações diversas. Discute as formas de concurso de crimes, incluindo concurso efetivo e aparente, e as relações entre normas penais, como especialidade, subsumpção e subsidiariedade. Também aborda as consequências jurídicas do crime, como penas e medidas de segurança.
Este documento discute o conceito de concurso de crimes no direito penal. Em três frases:
O documento define concurso de crimes como a situação em que um agente comete múltiplos crimes com uma única conduta ou ações diversas. Discute as formas de concurso de crimes, incluindo concurso efetivo e aparente, e as relações entre normas penais, como especialidade, subsumpção e subsidiariedade. Também aborda as consequências jurídicas do crime, como penas e medidas de segurança.
• Numa primeira abordagem importa distinguir entre, verificando-se esta
sempre que um mesmo agente preenche comunidade e pluralidade de crimes a sua conduta uma mesma ou diversa norma penal incriminadora, de forma plural. • A pluralidade de crimes, neste sentido amplo, abrange tanto os casos em que ao preenchimento plural de normas penais incriminadoras corresponde a punição por igual número de crimes (concurso efectivo de crimes), como as situações em que embora a conduta do agente preencha um ou mais tipos penais de modo plural, o agente apenas deverá ser punido por um dos crimes, atentas as especiais relações que se estabelecem entre normas incriminadoras (concurso aparente de crimes) • O concurso efectivo de crimes pode consistir, por sua vez, num concurso de penas (matéria do cúmulo jurídico) ou numa sucessão de penas (v.g. reincidência ou pena relativamente indeterminada), conforme tenham, ou não, sido praticados antes do trânsito em julgado da condenação por qualquer deles, de acordo com a regra positivada no art. 38º do C. Penal de 1886. As formas do concurso aparente – relações entre normas • No concurso aparente de crimes conclui-se, da análise das relações entre normas penais incriminadoras que versem sobre o mesmo objecto, que a aplicação de uma delas exclui a aplicabilidade das restantes. • O conteúdo ou a relevância criminosa do comportamento é esgotada pela aplicação de um só dos tipos violados, pelo que os restantes tipos penais igualmente preenchidos recuam perante aquele tipo penal, subordinando-se ou hierarquizando-se perante tal aplicação. • Por isso, do ponto de vista da aplicação do direito, há que comprovar em primeiro lugar se a conduta do agente dá lugar a uma pluralidade de qualificações para analisar então as relações entre elas, fundamentalmente em função do bem jurídico protegido, e concluir qual é a norma prevalecente, o que não é uma questão de interpretação mas de relação entre normas como aludido, pois estas integram-se num sistema, subordinando-se umas às outras, sobrepondo-se, limitando-se reciprocamente. • O concurso aparente de normas pode ser real ou ideal, consoante se trate de várias acções ou omissões distintas ou de uma única conduta, distinguindose ainda em concurso homogéneo ou heterogéneo consoante esteja em causa a violação plúrima da mesma ou de diferentes normas penais incriminadoras. • Distinguem-se tradicionalmente as várias formas que pode assumir o concurso aparente em função do tipo de relação verificada em concreto entre as normas em concurso, embora, como ensina o Prof. F. Dias, o significado da distinção é muito mais conceitual- classificatório do que prático-normativo, pelo que apenas as referiremos de forma breve. • Entende-se comummente que se verifica o concurso aparente de crime quando entre as normas concorrentes se verifique uma relação de especialidade, de subsidiariedade ou de consumpção. a) Especialidade. • Verifica-se uma relação de especialidade entre normas, quando toda a matéria de facto subsumível à norma especial cabe inteiramente no âmbito mais vasto da norma geral, relativamente à qual a primeira é norma especial, o que corresponde em regra à relação que se estabelece entre um tipo fundamental e um tipo qualificado ou privilegiado: a aplicação desta (lex specialis) derroga a aplicação daquela (lex generalis), pelo que só o tipo especializado deverá ser concretamente aplicado. b) Consunção ou consumpção. • Na sua acepção estrita, a relação de consumpção dá-se quando a realização de um tipo de crime – mais grave – inclui a realização de um outro tipo de crime, mais leve, aceitando-se que, em regra, o legislador ao fixar a pena mais grave, tenha já entrado em linha de conta com a circunstância de esta incluir já a punição pelo crime mais leve, pois o crime mais grave abarca totalmente a tutela jurídica relativamente ao facto que cabe na tutela comum de ambas as normas. c) Subsidiariedade • Há subsidiariedade quando certas normas penais intervêm só de forma auxiliar ou subsidiária, quando o facto não seja punido por norma mais grave. • Há que verificar, em função do facto concreto, qual das normas concorrentes determina a aplicação de pena mais grave; esta valora completamente o facto, de modo que a aplicação das duas normas equivaleria à violação do princípio non bis in idem. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO CRIME O SISTEMA DE REACÇÕES CRIMINAIS Sobre esta materia Vide dos art. 59 a 152 CP • Partindo sobretudo do estudo sistemático levado a cabo pelo Prof. F. Dias, procurar-se-á caracterizar um sistema de reacções criminais que, na perspectiva da protecção e defesa dos direitos humanos, possa considerar-se integrado no chamado movimento internacional de reforma penal, penetrado por um património de ideias que radicam num fundo político-criminal comum, de que podem apontar-se como matrizes, as seguintes (F. Dias) • – a restrição do âmbito e da frequência de aplicação das medidas privativas da liberdade, • – luta decidida contra as penas de prisão de curta direcção, conducente à sua substituição na generalidade ou mesmo na totalidade dos casos, por penas não detentivas ou não institucionais; • – tentar limitar por todos os meios, o efeito estigmatizante – e, consequentemente, criminógeno – das reacções criminais, sem frustrar as expectativas sociais que subjazem às normas violadas; • – esforço para revestir a estrutura e a aplicação das medidas de segurança de garantias conformes à ideia do estado de Direito, sem por isso prejudicar ou deixar de aprofundar o seu conteúdo social. Penas e medidas de segurança art. 59, 112 ss e 95 CP • Num direito penal moderno, resultante da sucessiva evolução que tem sofrido, no sentido de melhor satisfazer as exigências do Estado de Direito, as consequências jurídicas do crime correspondem, essencialmente, às reacções ou sanções criminais, ou seja, às penas e medidas de segurança de cuja articulação, na resposta ou reacção ao mesmo facto, depende a caracterização do sistema como monista, dualista ou híbrido. • Num direito penal do facto, crescentemente garantístico e subsidiário ou fragmentário, as medidas de segurança apenas são concebíveis enquanto reacção ao facto, com carácter pós-delitual, ao contrário da concepção subjacente ao C. Penal de 1886 que prevê diversas medidas de segurança pré-delituais (vd infra, espécies de medida de segurança). • Toda a pena tem como pressuposto e limite a culpa do agente pelo cometimento de um facto passado. A medida de segurança pressupõe que a perigosidade do agente, demonstrada na prática de facto ilícito grave, continue a existir no futuro. • O fim específico das medidas de segurança encontra-se na necessidade de defesa da sociedade, independentemente da culpa do agente. • Sucede, porém, que se tem entendido que em alguns casos a perigosidade do agente excede os limites da culpa no caso concreto, o que tem levado à discussão sobre a adequação de um de dois modelos de fazer face à especificidade dessas situações: • os modelos dualistas optam por aplicar ao agente sanções diversificadas (pena e medida de segurança complementar), correspondentes à diferenciação dos seus pressupostos, ou seja, a culpa e a perigosidade, enquanto as soluções monistas atendem sobretudo às semelhanças na execução de ambas as reacções criminais, optam por aplicar ao agente apenas uma delas. Espécies de penas art 61ss De acordo com a classificação adoptada pelo Prof. Cavaleiro de Ferreira, as penas podem ser de diversas espécies. • – Quanto ao seu objecto, isto é, quanto à natureza dos direitos afectados pela pena (sob a forma da sua privação ou restrição), podem ser (numa perspectiva histórica e comparada) • (1) penas corporais: as que atingem o direito à vida ou à integridade física; (2) penas privativas da liberdade,paradigmaticamente a prisão; • (3) penas restritivas da liberdade (as antigas penas de degredo e de desterro); • (4) penas pecuniárias, ou seja, as que atingem o património do delinquente, como é o caso das multas e coimas • Também o confisco é uma pena pecuniária, pois traduz-se na apropriação pelo Estado, directa ou indirectamente, de todo o património do condenado, sendo actualmente rejeitado pela generalidade dos ordenamentos jurídico-penais; • (5) penas privativas de direitos civis, profissionais ou políticos: incluem-se aqui a pena de suspensão dos direitos políticos (art. 55º nº6 do C. Penal de 1886 privação definitiva (demissão) ou temporária (suspensão) do exercício de funções públicas; • (6) também numa perspectiva histórica e comparada podem ainda considerar-se as penas humilhantes, que são as que afectam os condenados na sua reputação e consideração social, como era o caso da infâmia, (efeito gravíssimo das penas). Quanto à sua gravidade art. 82 ss • Com base nestas pode proceder-se a uma escala de penas, como a consagrada no C. Penal de 1886 que distingue entre: • – penas maiores e penas correccionais, para além da categoria das penas especiais para empregados públicos, Desde a reforma de 1954 as penas maiores são todas de prisão. Quanto à sua duração85 ss • Quanto à sua duração as penas classificam-se ainda em penas perpétuas ou temporárias, sendo certo que, como vimos, apenas a constituição da República da mocambique não prevê expressamente a prisão perpétua • Quanto à sua graduabilidade, as penas podem ser fixas ou variáveis. • Com a reforma de 1954 o C. Penal de 1886 deixou de prever penas não graduáveis, apenas tendo mantido tal característica a pena de suspensão dos direitos políticos. • Seguindo a classificação doutrinária adoptada, designadamente, pelo Prof. F. Dias e pela Prof. Anabela Rodrigues, as penas podem distinguir- se entre penas principais, penas acessórias e penas de substituição. • Penas principais (art. 61 CP)são as penas cominadas nos diversos tipos legais de crime previstos na parte especial do código penal ou em legislação penal secundária e que podem ser concretamente aplicadas na sentença condenatória, independentemente de quaisquer outras; são penas principais aplicáveis a pessoas singulares a pena de prisão (pena privativa da liberdade) e a pena de multa (pena pecuniária). • Penas acessórias são as que, previstas na parte geral ou especial do C. Penal ou, ainda, em legislação avulsa, apenas são aplicáveis juntamente com uma pena principal ou pena de substituição aplicada em seu lugar. • São penas acessórias, entre outras, a proibição do exercício de função e a proibição de conduzir veículos com motor previstas nos artgs 66º e 69º, do C. Penal Português de 1982, ou a inibição do poder paternal cominada no art. 179º do mesmo C. Penal, a expulsão de estrangeiro