Você está na página 1de 18

Índice

Introdução......................................................................................................................3

I. Consequências Jurídicas do Crime.............................................................................4

II. O sistema de reacções criminais...............................................................................5

III. Objecto de doutrina das consequências jurídicas do crime.....................................6

III.I. Pena.......................................................................................................................6

III.II. Espécies de penas.................................................................................................7

a) Quanto ao seu objecto................................................................................................7

b) Quanto à sua gravidade.............................................................................................7

c) Quanto à sua duração.................................................................................................8

d) Quanto à sua graduabilidade.....................................................................................8

III.II.I. Outra classificação das penas............................................................................8

1- Penas principais.........................................................................................................8

2 – Penas Acessórias....................................................................................................10

3-Penas de substituição................................................................................................11

IV. Medidas de Segurança...........................................................................................12

I.V.I.Espécies de medidas de segurança......................................................................13

V. Finalidades das penas e medidas de segurança.......................................................14

V.II. Outros institutos que podemos ser vistam como consequências jurídicas do
crime……………………………………………………………………………………..4

Conclusão.....................................................................................................................15

Referências Bibliográficas...........................................................................................16

2
Introdução

O presente trabalho da cadeira de Direito penal I, tem como tema: “Consequências


jurídicas do crime’’. Pois bem, o grupo vai de forma esgotada pesquisar e aprofundar
rigorosamente o tema em alusão, partindo por abordar de forma particularizada, a noção
geral da Doutrina da Consequências Jurídicas do Crime, Do conceito da
Consequências Jurídica, do Sistema de reacções criminais, Do objecto de doutrina das
consequências jurídicas do crime, Definição das Penas, classificação ou espécie das
penas, Conceito de medidas de segurança, espécies, finalidade das penas e medidas de
seguranças, fim das penas. Outros institutos que podemos ser vistam como
consequências jurídica do crime, Conclusão e Referências bibliográficas.

A problemática das consequências jurídica do crime possui exactamente a mesma


hierarquia jurídica - cientifica que a doutrina de crime. O que pode afirma-se, isso sim, é
que a importância prática daquela problemática é superior à desta doutrina. Quer para o
delinquente que sofre a consequência jurídica, quer para a sociedade em nome da qual é
aplicada, quer ainda para a vítima do crime, o sistema das reacções criminais e os
processos da sua determinação e aplicação surgem como os pontos de mais decidido
relevo. Bem podendo dizer-se, que com determinação das consequências jurídicas do
crime se realiza a decisão politico – criminal no caso concreto. O cumprimento das
intenções e do programa político-criminais do sistema depende, na mais alta medida, de
uma correcta aplicação das consequências jurídicas do Crime.

Objectivos gerais:

 Uso de metodologias científicas ;


 Uso de pesquisa e meio de colecta de dados credível.

Objectivos específicos:

 Abordagem do tema em alusão.

3
1- MARILU GUERREIRO

I. Consequências Jurídicas do Crime

Noção:

Uma vez estudada a doutrina geral do crime, da hipótese ou do Tatbestand, no sentido


de teoria geral do direito, como conjunto de pressupostos de que depende a verificação
de uma consequência ou de um efeito jurídico. Importa de seguida considerar ou grande
doutrina que integra a parte geral do Direito penal e respeitar fundamentalmente as
reacções ou sanções que ao crime encontram juridicamente ligadas.

Outrossim, dominante a afirmação de que a doutrina geral do crime encerra a dogmática


jurídica – penal, enquanto a doutrina das consequências jurídicas do crime se inscreve
no âmbito da política criminal. Por esta forma se pretende traduzir a ideia de que, no
plano da aplicação ou da realização prática do direito penal, a doutrina das
consequências jurídicas assume apenas um relevo derivado, acessório ou instrumental
relativamente a doutrina geral do crime; o que estaria de acordo, de resto, com a
ressonância teorética que ainda hoje assume o pensamento de v. Liszt (1905), que
segundo o qual ‘‘a dogmática jurídico - penal constitui a barreira intransponível da
politica criminal’’1. A partir daqui se pretendendo concluir (ou pelo menos sugerir) que,
face ao papel directo da dogmática, a dignidade e o relevo jurídico – científicos da
doutrina geral do crime sobrelevariam, porventura até de muito, os da doutrina das
consequências jurídicas daquele.

De tudo deve concluir-se que a problemática das consequências jurídica do crime possui
exactamente a mesma hierarquia jurídica - cientifica que a doutrina de crime 2. o que
pode afirma-se, isso sim , é que a importância pratica daquela problemática é superior à
desta doutrina. Quer para o delinquente que sofre a consequência jurídica, quer para a
sociedade em nome da qual é aplicada, quer ainda para a vítima do crime, o sistema das
1
V. LISZT, Strafrechtliche Aufsaze und Vortrage II, 1905, Pgs. 80.
2
Como aqui JESCHIECK antes do §70. Sobre a questão, no sentido do texto, já de resto
v. LISZT, Strafrechtliche Ausfsatze und Vortrage II 1905 93, e KAISER, Estudo
EDUARDO CORREIA, cit. 282.
4
reacções criminais e os processos da sua determinação e aplicação surgem como os
pontos de mais decidido relevo. Bem podendo dizer-se, parafraseando Zipf, que com
determinação das consequências jurídicas do crime se realiza a decisão politico –
criminal no caso concreto3. O cumprimento das intenções e do programa político-
criminais do sistema depende, na mais alta medida, de uma correcta aplicação das
consequências jurídicas do Crime.

Justamente na projecção por ela assumida no moderno processo penal. Aceite-se ou


rejeite-se, no todo ou em parte, o sistema de césure ou schuldinterlokut do julgamento
penal em função de considerações de índole teórica e pragmática e dos resultados de
experimentação a que, em certos lugares, o sistema esta a ser submetido, no que todos
parecem estar de acordo é em que as operações atinentes à determinação da sanção
criminal deve assumir relevo especifico e mesmo formal no decurso do julgamento
penal. Por isso o nosso CPP atribui autonomia as operações de determinação de sanção,
sem contudo constituir com elas uma particular fase do julgamento, no contexto da
deliberação e votação da decisão; e permite mesmo a reabertura da audiência para a
produção de prova suplementar sobre a determinação da espécie e da medida da sanção
a aplicar.

2- AMÉLIA GIGANTE

II. O sistema de reacções criminais

Partindo sobretudo do estudo sistemático levado a cabo pelo Prof. F. Dias, procurar-se-á
caracterizar um sistema de reacções criminais que, na perspectiva da protecção e defesa
dos direitos humanos, possa considerar-se integrado no chamado movimento
internacional de reforma penal, penetrado por um património de ideias que radicam
num fundo político-criminal comum, de que podem apontar-se como matrizes, as
seguintes:

 A restrição do âmbito e da frequência de aplicação das medidas privativas da


liberdade;
 Luta decidida contra as penas de prisão de curta direcção, conducente à sua
substituição na generalidade ou mesmo na totalidade dos casos, por penas não
detentivas ou não institucionais;

3
MAURACH/ZIPF § 57 n.º m. 42.
5
 Tentar limitar por todos os meios, o efeito estigmatizante – e,
consequentemente, criminógeno – das reacções criminais, sem frustrar as
expectativas sociais que subjazem às normas violadas;
 Esforço para revestir a estrutura e a aplicação das medidas de segurança de
garantias conformes à ideia do estado de Direito, sem por isso prejudicar ou
deixar de aprofundar o seu conteúdo social4.

3- EDYMAURO MACIEL

III. Objecto de doutrina das consequências jurídicas do crime

De acordo com DIAS, J. FIGUEIREDO (2004):

‘‘O objecto de doutrina das consequências jurídicas do crime -


consequências jurídicas em sentido amplo (culturais, sociais,
económicas, etc.), é essencialmente constituído, como enfatizado
anteriormente, pelo estudo das reacções ou sanções criminais, é dizer,
pelas penas e medidas de segurança, e institutos de natureza especial’’.

De princípios estruturais do Direito Penal que se reflectem justamente nesta matéria das
consequências jurídicas do crime e que se inserem neste mesmo movimento de reforma
penal, são as penas e das medidas de segurança.

Ainda na mesma ordem de entendimento, ensina DA SILVA (1997):

‘‘Num direito penal moderno, resultante da sucessiva evolução que


tem sofrido, no sentido de melhor satisfazer as exigências do Estado
de Direito, as consequências jurídicas do crime correspondem,
essencialmente, às reacções ou sanções criminais, ou seja, às penas e
medidas de segurança de cuja articulação, na resposta ou reacção ao
mesmo facto, depende a caracterização do sistema como monistas,
dualista ou híbrido’’.

Num direito penal do facto, crescentemente garantístico e subsidiário ou fragmentário,


as medidas de segurança apenas são concebíveis enquanto reacção ao facto, com
carácter pós- delitual, ao contrário da concepção subjacente ao C. Penal de 1886 que
prevê diversas medidas de segurança pré-delituais (vd infra, espécies de medida de
segurança).
4
DIAS, Figueiredo, Direito Penal, Parte Geral – Tomo I, 2004.

6
4- EMÍLIA FELISBERTO

III.I. Pena

Conceito:

Do ponto de vista jurídico - penal, pena é consequência atribuída por lei a um crime ou
a uma contravenção penal. Trata-se de uma sanção, de carácter aflitivo, consistente na

restrição a algum bem jurídico, cuja inflição requer a prática de um injusto culpável.

Toda a pena tem como pressuposto e limite a culpa do agente pelo cometimento
de um facto passado. Por tanto, prevê o n.˚2 do art. 59 do C.P, que ‘‘ A pena não pode
ultrapassar em caso alguma a medida da culpa’’5.

5- IVO MATSINHE

III.I.I. Espécies de penas

De acordo com a classificação adoptada pelo Prof. FERREIRA (1992), as penas podem
ser de diversas espécies, a saber:

a) Quanto ao seu objecto

Isto é, quanto à natureza dos direitos afectados pela pena (sob a forma da sua privação
ou restrição), podem ser (numa perspectiva histórica e comparada):

(1) Penas corporais: as que atingem o direito à vida ou à integridade física;

(2) Penas privativas da liberdade, paradigmaticamente a prisão;

(3) Penas restritivas da liberdade (as antigas penas de degredo e de desterro);

(4) Penas pecuniárias, ou seja, as que atingem o património do delinquente, como são
o caso das multas e coimas.

Também o confisco é uma pena pecuniária, pois traduz-se na apropriação pelo Estado,
directa ou indirectamente, de todo o património do condenado, sendo actualmente
rejeitado pela generalidade dos ordenamentos jurídico - penais;

6- CONTINUIDADE SOBRE ESPECIE DE PENAS- ELISABETE CERVEJA

5
República de Moçambique, Lei n.˚24/2019 de 24 de Dezembro – actual código penal;

7
b) Quanto à sua gravidade

Com base nestas pode proceder-se a uma escala de penas, como a consagrada
no C. Penal de 1886 que distingue entre: – penas maiores e penas correccionais, para
além da categoria das penas especiais para empregados públicos, Desde a reforma de
1954 as penas maiores são todas de prisão.

No C. Penal Português de 1982 a penalidade aplicável nunca é feita por


referência a uma escala de penas, que não existe; para além da fixação dos
limites gerais ou supletivos, os limites da pena aplicável a cada crime
constam unicamente da norma incriminadora, embora esta possa estabelecê-los para a
respectiva norma supletiva, como sucede com alguma frequência com a pena de multa.
Sistema idêntico é adoptado no C. Penal Guineense.

c) Quanto à sua duração

Quanto à sua duração as penas classificam-se ainda em penas perpétuas ou


temporárias, sendo certo que, como vimos, apenas a constituição da República da
Guiné-Bissau prevê expressamente a prisão perpétua. Pelo contrario o nosso sistema e
ordenamento jurídico moç6ambicano não admite a pena perpetua, nos termos do n.1 do
art. 61 da CRM, conjugado com o n.1 do art. 60 do CP, estatui que, ‘‘são proibidos
penas e medidas de seguranças privativas ou restritivas da liberdade com carácter
perpetuo ou de duração ilimitada ou indefinida’’, como também ‘‘ não pode haver
pena de morte nem pena ou medidas de seguranças privativas de liberdade com
carácter perpetuo ou de duração ilimitada ou indefinida’’7.

d) Quanto à sua graduabilidade

As penas podem ser fixas ou variáveis. Com a reforma do 1954 o C. Pen deixou de
prever penas não graduáveis, apenas tendo mantido tal característica a pena de
suspensão dos direitos políticos, por períodos fixos 15 ou 20 anos8.

7- JOVENCIO DE AMARAL

III.II.I Outra classificação das penas

6
República de Moçambique, Constituição da Republica Moçambique – 2018;
7
República de Moçambique, Lei n.˚24/2019 de 24 de Dezembro – actual código penal;
8

8
Seguindo a classificação doutrinária adoptada, designadamente, pelo Prof. F. DIAS
(1993, Pgs. 89) e pela Prof. ANABELA RODRIGUES (1984 p. 34), as penas podem
distinguir-se entre: a) penas principais, b) penas acessórias e c)penas de substituição

1- Penas principais

Definição:

Para Prof. F. DIAS (1993, Pgs. 89):

‘‘Penas principais são penas cominadas nos diversos tipos legais de


crime previstos na parte especial do código penal ou em legislação
penal secundária e que podem ser concretamente aplicadas na
sentença condenatória, independentemente de quaisquer outras; são
penas principais aplicáveis a pessoas singulares, a pena de prisão
(pena privativa da liberdade) e a pena de multa (pena pecuniária) ‘‘9.

Sob ponto de vista do ordenamento jurídico – Penal Moçambicano, isto é, no código


penal actual, que as penas principais são: a) Pena de prisão (art. 61 CP) e Pena de
Multa (art. 63 do CP)10.

8- CONTITUIDADE SOBRE PENAS PRINCIPAIS - NORTE LUIS PEDRO


NTIMBANGA

a) Pena de prisão

A pena de prisão é uma pena privativa da liberdade, em que o indivíduo é encarcerado


num determinado estabelecimento prisional onde cumpre a pena que lhe foi aplicada
mediante o grau da culpabilidade, vendo a sua liberdade de movimentação coarctada11.

A sanção característica do Direito Penal. Prevista e regulada nos arts. 61 e seguintes do


Código penal Moçambicano, concernentes a pena de prisão é, que pena de prisão tem
em regra, a duração mínima de 3 dias e a duração máxima de 24 anos,
excepcionalmente, o limite máximo previsto na lei para a pena de prisão pode atingir os
30 anos, não podendo, em caso algum, ser excedido12.

b) Pena de Multa

9
F. DIAS; ANABELA RODRIGUES, Direito Penal, Parte Geral, Coimbra, 1984 p. 34) ;
10
República de Moçambique, Lei n.˚24/2019 de 24 de Dezembro – actual código penal.
11
DIAS, Figueiredo, Direito Penal, Parte Geral – Tomo I, 2004.

12
República de Moçambique, Lei n.˚24/2019 de 24 de Dezembro – actual código penal;

9
Segundo FERREIRA (1992), a pena de multa é ‘‘uma pena de natureza essencialmente
pecuniária, se o juiz condenar alguém pela prática de um crime com uma pena de
multa e esta não paga, ela tem a virtualidade de ser convertível em prisão’’.

Outrossim, em unanimidade com o código penal Moçambicano, concretamente nos seus


arts. 63 e seguintes, preceitua que a pena de multa consiste no pagamento de:

 De quantia determinada ou a fixar entre um mínimo e um máximo declarados


na lei;
 De quantia proporcional aos proventos do condenado e dos seus encargos
pessoais, fixada em dias, sendo, em regra o limite mínimo de 3 dias e o máximo
de 2 anos, correspondendo cada dia a uma quantia entre um centésimo de
salário mínimo e 1 salário mínimo;

Ainda no mesmo artigo anteriormente referenciados, nas circunstancias e limites supra


estabelecido, podem ser agravados, ou melhor levados aos dobro as penas de multas,
nas seguintes situações:

 Se a infracção tiver sido cometido com fim de lucro; e


 Se, em virtude da situação económica e financeiro do réu, dever reputar-se
ineficaz a multa dentro dos limites normais13.

9- CONTINUIDADE SOBRE PENAS PRINCIPAIS- ÓNESIMO ALBERTO

2 – Penas Acessórias

De acordo com Prof. F. DIAS (2007), entende que Penas Acessórias, como sendo
‘‘Aquelas que não pode ser cominadas na sentenças condenatória sem que
simultaneamente tenha sido aplicada uma pena principal’’. Fundamental no contexto
da doutrina das consequências jurídicas do crime é, por outro lado, a análise de
melindroso problema de determinação da pena em sentido amplo, que abrange as
operações de escolha e de medida (legal, abstracta e judicial ou concreto) da pena.

Segundo prevê o art. 80 e seguintes do C.P, as penas acessórias para pessoas singulares
podem ser:

 a) As regras de conduta;

13
República de Moçambique, Lei n.˚24/2019 de 24 de Dezembro – actual código penal.

10
 b) A perda de mandato ou proibição temporária do exercício de funções
públicas;
 c) A suspensão de exercício de função pública;
 d) A proibição de Condução;
 e) A inibição do exercício de poder parental, tutela ou curatela.

O chamado direito penal secundário é fértil em penas acessórias, nomeadamente as que


se encontram previstas para as pessoas colectiva, cuja punição é aí regime regra,
previstas no art. 90º e seguintes do Código penal, como: Regras de conduta, Causação
de boa Conduta, interdição temporária de exercício de certa actividade ou de contratar,
privação do direito a subsídios, subvenção ou incentivos públicos; ou encerramento de
estabelecimento14.

Se refere a penas acessórias mas antes a efeitos da condenação ou das penas. Tais
efeitos seguem-se necessariamente à condenação e podem ter efeitos penais ou não
penais. Entre os primeiros, a perda a favor do Estado dos instrumentos do crime. Em
casos de condenação em pena maior, a perda de qualquer emprego ou funções públicas,
dignidades, títulos de nobreza ou condecorações, incapacidades de eleger e ser eleito ou
nomeado para cargos públicos, ser tutor, curador, ou outros. Os efeitos não penais
(civis) são, entre outros, a obrigação de restituição ao ofendido das coisas ali referidos e
de indemnizar o ofendido pelos danos causados15.

Grosso modo, que estatui o 79 do código penal que, ‘‘nenhuma pena envolve como
efeito necessário a perda de direito civis, profissional ou politico, nem priva o
condenado dos seus direito fundamentais, salvo as limitações imposta por lei inerentes
ao sentido de condenação e as exigências especificas’’ 16. Na ordem de entendimento,
trata-se de direitos constitucionais que nenhum momento deve ser violados a menos nos
casos em que a lei admite.

Ate porque já prevê o n.3 do art. 61 da CRM que, ‘‘Nenhuma pena implica a perda de
quaisquer direitos civis, profissionais ou políticos, nem priva o condenado dos seus

14
República de Moçambique, Lei n.˚24/2019 de 24 de Dezembro – actual código penal.
15
Prof. FIGUEIREDO DIAS (2007),
16
República de Moçambique, Lei n.˚24/2019 de 24 de Dezembro – actual código penal.

11
direitos fundamentais, salvo as limitações inerentes ao sentido da condenação e às
exigências específicas da respectiva execução’’17.

10- YUAN MARTINHO AMISSE

3-Penas de substituição

Segundo explicação do Prof. F. DIAS (2007), As penas de substituição são ‘‘as penas
de carácter não institucional ou detentivo aplicadas no lugar de uma pena principal,
após prévia determinação desta. São penas de substituição em sentido próprio, as
penas de suspensão da execução da prisão, multa de substituição, prestação de
trabalho a favor da comunidade e de admoestação’’.

A consideração autónoma das penas de substituição é, porém, dogmaticamente


justificada e tem virtualidades práticas, nomeadamente no que respeita à compreensão e
aplicação do procedimento para determinação concreta da pena, sendo perfeitamente
ajustada à classificação legal e às espécies de penas adoptadas em todos aquele código.
Mesmo o C. Penal prevê como claros casos de substituição da pena a substituição da
prisão aplicada em medida não superior a 2 Anos (art. 72º) e a suspensão da execução
da pena, em caso de condenação em prisão ou multa, onde prisão e multa: em todos
estes casos se visa sobretudo evitar o efeito estigmatizante e criminógeno da pena de
prisão e, mesmo, da pena principal nos casos de substituição da multa, sendo certo que
sempre a suspensão pressupõe a prévia determinação concreta da pena principal.

Sob ponto de vista do código penal Moçambicano, as Penas de substituição, em sentido


próprio:

 Multa de substituição (art. 72);


 Prestação de Trabalho a Favor da Comunidade ou substituição de multa por
trabalho (arts. 73, 75); entre outros previstos no código penal.

11- FELIX JASTIN

III.II. Medidas de Segurança

Conceito:

17
República de Moçambique, Constituição da Republica Moçambique – 2018;

12
Para FERNANDO CAPEZ (2011), conceitua a medida de segurança, como sendo
‘‘uma sanção penal imposta pelo estado, na execução de uma sentença, cuja finalidade
é exclusivamente preventiva, no sentido de evitar que o autor de uma infracção penal
que tenha demonstrado perigosidade volte a delinquir’’.

Trata-se de uma forma de sanção penal, com carácter preventivo e curativo, visando a
evitar que o autor de um facto havido como infracção penal, inimputável ou imputável,
mostrando perigosidade, torne a cometer outro injusto ou infracção penal e receba
tratamento adequado.

12- CONTINUIDADE DE MEDIDAS DE SEGURAÇA-EDINILZA GIL-

Pressuposto para Aplicação da Medida de segurança

A medida de segurança pressupõe que a perigosidade do agente, demonstrado na


prática de facto ilícito grave, continue a existir no futuro18. Têm um carácter
essencialmente preventivo, embora sejam sempre pós-delituais e são baseadas na
perigosidade do delinquente.

No âmbito do Direito Penal vigora o princípio da culpa que significa que toda a pena
tem como suporte axiológico normativo uma culpa concreta; a culpa é simultaneamente
o limite da medida da pena. Ou seja, quanto mais culpa o indivíduo revelar na prática de
um facto criminoso, maior será a pena, quanto menor a culpa menor será a pena.

Ainda na mesma ordem de ideia, explicação do Prof. F. DIA (2007):

‘‘O fundamento para a aplicação de uma medida de segurança, não


pode ser a culpa, mas sim a perigosidade, ou seja, justifica-se a
imposição daquela medida de segurança quando há suspeita de que
aquele indivíduo que cometeu aquele facto penalmente relevante volte
a cometer novo ilícito, de gravidade semelhante’’.

No mesmo entendimento, prevê o n.3 do art. 59 do CP, que ‘‘ A medida de segurança


só pode ser aplicada se for proporcional à gravidade do facto e à perigosidade do
agente’’19.

18
FERREIRA, Manuel Cavaleiro de, Lições de Direito Penal. Parte Geral, 4ª edição, Lisboa/ são Paulo:
Editora Verbo, 1992 (1ª ed.1985).

19
República de Moçambique, Lei n.˚24/2019 de 24 de Dezembro – actual código penal;

13
Grosso modo, os elementos ou pressupostos da aplicação da medida de segurança é
através do grau ou nível da infracção (gravidade do facto ilícito) e o perigo que
infractor pressupõe-se ter na repetição no cometimento de uma outra infracção penal
(perigosidade do agente na pratica do novo ilícito), em prol aos bens juridicamente
protegido pela lei.

Mais há casos em que a perigosidade do agente ou do infractor pode se basear em


anomalia psíquica grave, a aplicação da qualquer medida de segurança para com o
agente ou infractor, carece de uma decisão judicial, o que pelo contrário não há lugar
para aplicação das medidas de seguranças para com este. Portanto, prevê o n.2 do art. 59
do CP que, ‘‘em casos de perigosidade baseada em anomalia psíquica grave, a
medidas de segurança podem ser, mediante decisão judicial, prorrogada
sucessivamente enquanto aquele estado se mantiver, sem nunca exceder o limite
máximo da pena correspondente ao crime praticado’’20.

Trata-se como afirmado, e uma medida restritiva de direitos ou da liberdade (embora


que no direito penal ou processual penal, a liberdade é a regra, e excepção é a prisão),
portanto, uma forma de sanção penal imprescindível que o agente tenha praticado uma
infracção penal, vale dizer, um facto típico, ilícito, culpável, punível (Crime, crime do
ponto de vista objectiva, para doutrina tradicional), mas não necessariamente culpável,
por exemplo, nos pressupostos da participação no facto principal. Fala-se, neste caso, de
facto punível objectivo ou melhor de um facto ilícito. Justamente por isso, também é
imprescindível haver o respeito ao devido processo legal.

13- HOVETE MANUEL AVELINO

III.II.I Espécies de medidas de segurança

a) A primeira distinção a se fazer é entre medidas de segurança pré-delituais e


pós-delituais, a que já se aludiu, de acordo com a qual as primeiras têm a pretensão de
evitar a futura prática de crimes mediante a sua aplicação a situações de perigosidade
social, ligada a determinadas actividades ou estilos de vida, de origem essencialmente
exógena, como são os casos de chamada perigosidade dos associais.21

20
República de Moçambique, Lei n.˚24/2019 de 24 de Dezembro – actual código penal.
21
FERREIRA, Manuel Cavaleiro de, Lições de Direito Penal. Parte Geral, 4ª edição, Lisboa/ são Paulo:
Editora Verbo, 1992 (1ª ed.1985).

14
As medidas de segurança pós-delituais são – como o indica a sua designação –,
aplicáveis na sequência da prática pelo agente de um facto qualificado como crime pela
lei penal, de acordo, aliás, com o princípio da Dignidade Humana inerente a um Estado
de Direito e, portanto, a um direito penal da culpa e não do agente, isto é, em que se
reprimem factos ilícitos e não personalidades ou meras opções de vida, sem efectiva
violação da lei penal.

Como aludido, as medidas de segurança são uma reacção criminal cuja aplicação tem
como pressupostos a prática de, pelo menos um facto típico e ilícito, pelo agente e a sua
perigosidade criminal no presente e para o futuro, revelada no facto.

b) As medidas de segurança podem distinguir-se ainda entre as que são:

 Aplicáveis apenas a inimputáveis:

Atendendo à necessária relação de causalidade entre a anomalia psíquica de que são


portadores e a perigosidade – criminal – manifestada no facto, e as que,
prescindindo da culpa mas podendo coexistir com ela, que são as chamadas medidas
detentivas ou de privação de liberdade (o internamento de inimputáveis).

14- CONTINUIDADE- FAUSIA DE JESUS

 Aplicáveis a imputáveis:

Que são Medidas de Segurança aplicáveis a imputáveis são chamadas de medidas não
detentivas (a interdição de profissões, a suspensão da execução do internamento, a
expulsão de estrangeiro). São medidas de segurança não privativas da liberdade todas
as demais, nomeadamente: a liberdade vigiada, a caução de boa conduta, ou a interdição
do exercício de actividade22.

VI. Finalidades das penas e medidas de segurança

De acordo com FERREIRA ():

‘‘O fim específico das medidas de segurança encontra-se na


necessidade de defesa da sociedade, independentemente da culpa do
agente. Sucede, porém, que se tem entendido que em alguns casos a
perigosidade do agente excede os limites da culpa no caso concreto, o
que tem levado à discussão sobre a adequação de um de dois modelos
22
JORGE DE FEGUEIREDO DIAS, Direito Penal Português, as consequências jurídicas criminais, 3ª
Reimpressão, Coimbra editora. 2007.

15
de fazer face à especificidade dessas situações: os modelos dualistas
optam por aplicar ao agente sanções diversificadas (pena e medida de
segurança complementar), correspondentes à diferenciação dos seus
pressupostos, ou seja, a culpa e a perigosidade, enquanto as soluções
monistas atendem sobretudo às semelhanças na execução de ambas as
reacções criminais, optam por aplicar ao agente apenas uma delas’’.

Segundo, previsto no n.˚1 do art. 59 do CP, estatui que, ‘‘sem prejuízo da sua natureza
repressiva, a aplicação das penas e medidas de seguranças tem em vista a protecção de
bens jurídico, a reparação dos danos causados , a ressocialização do agente e s
prevenção da reincidência’’. É exclusivamente preventiva, visando tratar o inimputável
e o semi - imputavel que demonstraram, pela prática delitual, potencialidade para novas
acções danosas23.

15- GIANA DA MÁRCIA TARCÍSIO

V.II. Outros institutos que podem ser vistas como consequências jurídicas do crime

Pressupostos da punição e de reparação do dano

O objecto da doutrina das consequências jurídicas do crime parece assim corresponder,


no essencial, à matéria abrangida pelas disposições dos art. 10 e seguintes do CP. Ainda
que pese as circunstâncias de esta a favor dessa correspondência a tradição da nossa
legislação penal e mesmo a lição da legislação penal comprada, a verdade é, porém,
inclusão, na doutrina das reacções criminais, dos termos referentes aos pressupostos
positivos (queixa e acusação particular, nos termos do arts 55 e 56 e seguintes do CPP.)
e aos pressupostos negativos da ou obstáculos a punição (prescrição do procedimento e
da pena, ministra e indulto, reabilitação, e a morte do agente, nos termos do art.156 do
CP). Se torne a questionável. O mesmo por ventura ainda com maior razão, se dirá na
matéria tocante a indemnização da perdas e danos emergente do crime, art. 310 CP e
seguintes, tudo ponderando existem razoes bastante para incluir o presente tratamento, a
primeira daquelas matérias e não a segunda.

a ) os pressupostos ( negativos e positivos ) da punição

A discussão da natureza jurídica dos institutos da acusação, queixa particular da


prescrição do procedimento e da pena, da ministra e indulto vem da muito a ocupar a
doutrina e a ter reflexões na jurisprudência, tanto nacionais como estrangeiras. A uma
23
FERNANDO CAPEZ, Curso de Direito Penal, Parte geral, Vol.1; 15ª – Edição, Editora, Saraiva ,2011;

16
consideração predominante material, que fazia a voltar naqueles institutos, na sua
natureza jurídico substantivo, tem vindo progressivamente a substituir-se a sua
caracterização como condições de prossecução processual; o que conduz a doutrina
mais recente, e hoje dominante em certos países assinalar-lhes uma dupla natureza em
partes jurídicos substantivas, em processual, sem que no entanto faltem autores a
considerar a generalidade daqueles pressupostos como meramente puramente
processuais.

A serem puro as pressupostos e a sua integração sistemáticas no direito penal


substantivo, seria inadequada, pôs embora as suas razoes ( que em verdade existirem e
advêm da estreitíssima relação daqueles pressupostos e singulares e tipo legal de crime).
Que sempre poderia justificar a sua regulamentação no código penal, código processual
penal.

17
16- EDSON MALATE – FAZ A CONCLUSAO DO TRABALHO

Conclusão

Chegados a esta parte do trabalho concluímos que, o objecto das consequências


jurídicas do crime - consequências jurídicas em sentido amplo (culturais, sociais,
económicas, etc.), é essencialmente constituído, pelo estudo das reacções ou sanções
criminais, é dizer, pelas penas e medidas de segurança, e institutos de natureza especial.

Ademais, o fim específico das medidas de segurança encontra-se na necessidade de


defesa da sociedade, independentemente da culpa do agente. Sucede, porém, que se tem
entendido que em alguns casos a perigosidade do agente excede os limites da culpa no
caso concreto, o que tem levado à discussão sobre a adequação de um de dois modelos
de fazer face à especificidade dessas situações: os modelos dualistas optam por aplicar
ao agente sanções diversificadas (pena e medida de segurança complementar),
correspondentes à diferenciação dos seus pressupostos, ou seja, a culpa e a
perigosidade, enquanto as soluções monistas atendem sobretudo às semelhanças na
execução de ambas as reacções criminais, optam por aplicar ao agente apenas uma
delas.

E por fim, nos termos do actual código penal Moçambicano, o legislador entendeu que,
sem prejuízo da sua natureza repressiva, a aplicação das penas e medidas de seguranças
tem em vista a protecção de bens jurídico, a reparação dos danos causados, a
ressocialização do agente e s prevenção da reincidência. É exclusivamente preventiva,
visando tratar o inimputável e o semi - imputável que demonstraram, pela prática
delitual, potencialidade para novas acções danosas.

18
Referências Bibliográficas

 Legislações:

República de Moçambique, Lei n.˚24/2019 de 24 de Dezembro – actual código penal;

República de Moçambique, Constituição da Republica Moçambique – 2018.

 Doutrinas:

JORGE DE FEGUEIREDO DIAS, Direito Penal Português, as consequências jurídicas


criminais, 3ª Reimpressão, Coimbra editora. 2004;

FERNANDO CAPEZ, Curso de Direito Penal, Parte geral, Vol.1; 15ª – Edição, Editora,
Saraiva ,2011;
FEGUEIREDO DIAS; ANABELA RODRIGUES, Direito Penal, Parte Geral, Coimbra,
1984 p. 34;

V. LISZT, Strafrechtliche Aufsaze und Vortrage II, 1905, Pgs. 80. Como aqui
JESCHIECK antes do §70. Sobre a questão, no sentido do texto, já de resto;

V. LISZT, Strafrechtliche Ausfsatze und Vortrage II 1905 93, e KAISER, Estudo


EDUARDO CORREIA, CIT. 282, 1963;

FERREIRA, Manuel Cavaleiro de, Lições de Direito Penal. Parte Geral, 4ª edição,
Lisboa/ são Paulo: Editora Verbo, 1992 (1ª ed.1985);

SILVA, Germano Marques da, Direito Penal e Processual Português, I, 2ª ed. Lisboa,
2001 (1ª ed.1997).

19

Você também pode gostar