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5.

Módulo 2

5.1 Trabalho no Sistema Prisional

Neste tópico iremos focar a atenção no desenvolvimento das atividades de


trabalho no processo de ressocialização do recluso.

O conceito de trabalho assume diferentes dimensões associadas aos


processos de transformações de matérias-primas em produtos ou à execução de
serviços que possam atender às demandas humanas de sobrevivência, reprodução
da vida, contemplação e lazer.

No âmbito prisional, a discussão ocorre de forma ampla, abrangendo os


privados de liberdade em busca de uma nova maneira de aplicar o trabalho.

A sanção penal é a maneira pela qual o Estado (detentor do “jus puniendi” ou


direito de punir) reage contra a violação da norma penal incriminadora. São espécies
de sanções penais (gênero):

Pena: consequência jurídica reservada àqueles que cometem crime ou


contravenções penais sendo imputáveis.
Medida de Segurança: aplicada aos inimputáveis e semi-imputáveis
(portadores de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto).

A pena deve ser obrigatoriamente prefixada em lei e, quando privativa de


liberdade, tem cominada sua espécie (reclusão; detenção ou prisão simples e suas
balizas (mínima e máxima), possuindo as seguintes finalidades:
a) Retributiva: a pena é a retribuição proporcional à violação praticada pelo
autor de um crime (dano social provocado).
b) Preventiva: a pena visa evitar a prática de crimes por intimidação do
delinquente (prevenção especial), e de toda sociedade, pelo receio de sofrer as
mesmas sanções impostas (prevenção geral).
c) Ressocializadora: visando a readaptação social do criminoso.
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As duas primeiras finalidades são previstas na parte final do caput do artigo
59 do Código Penal e a última é apontada pela Doutrina.

Na linha do apontamento da Doutrina, a Lei de Execução Penal Brasileira


nº 7.210, de 11 de julho de 1984, estabelece em seu artigo 1º: “A execução penal
tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do
internado”.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho, além de


ser uma fonte de renda, é um condutor de indivíduos e comunidades rumo ao
progresso social e econômico. Relembremos da máxima do sociólogo Max Weber:
“o trabalho enobrece o homem”. Desta feita, o trabalho provoca no ser humano um
sentimento de utilidade e valorização, onde pode se ver capaz de produzir riqueza
em favor da sociedade e de sua família, em pleno alinhamento com os preceitos da
Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) e da Fundação “Prof. Dr Manoel
Pedro Pimentel” (FUNAP), que buscam incessantemente a valorização humana, o
resgate da autoestima e a correta reintegração social da pessoa que cumpriu a pena.

5.1.1 Normativas e Execução

Ao discorrer sobre o trabalho no âmbito da execução penal a Lei 7.210, de 11


de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), prescreve no artigo 28 que o trabalho
do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade
educativa e produtiva, aplicando-se à organização e aos métodos de trabalho as
precauções relativas à segurança e à higiene.

Estabelece ainda, que o trabalho do preso não está sujeito ao regime da


Consolidação das Leis do Trabalho.

O artigo 29 institui que o trabalho do preso será remunerado, mediante prévia


tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo. A
remuneração pelo trabalho realizado deverá atender:
a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados
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judicialmente e não reparados por outros meios;
b) à assistência à família;
c) a pequenas despesas pessoais;
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do
condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas
letras anteriores. Será depositada a parte restante para constituição do pecúlio, em
Caderneta de Poupança, que será entregue ao condenado quando posto em
liberdade.

A lei prevê também que a pessoa condenada à pena privativa de liberdade está
obrigada ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidades. Todavia, para o
preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior
do estabelecimento.

Seguindo os componentes das Regras de Nelson Mandela, na atribuição do


trabalho deverão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as
necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo
mercado. Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupação adequada à
sua idade.

De modo a assegurar as adequadas condições de trabalho, a jornada normal


de trabalho não será inferior a seis nem superior a oito horas diárias, com descanso
aos domingos e feriados. Porém, a norma possibilita atribuir horário especial de
trabalho aos presos designados para os serviços de conservação e manutenção do
estabelecimento penal.

O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá


remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. A contagem
de tempo será feita à razão de um dia de pena a cada três dias de trabalho, conforme
artigo 126, da LEP.

Assim, percebe-se cada vez mais o trabalho como estratégia para a


reintegração social, ou mesmo, uma condição para a efetivação desta. Para melhor
análise e, consequentemente, aperfeiçoamento da prática social, se faz necessário
assumir o trabalho e a educação profissional no campo da garantia de direitos.
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Nesse sentido, no Capítulo III, Seção I a III, da Lei de Execução Penal,
encontram-se os principais dispositivos acerca do trabalho prisional:

“CAPÍTULO III
Do Trabalho
SEÇÃO I
Disposições Gerais

Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade


humana, terá finalidade educativa e produtiva.
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as precauções relativas
à segurança e à higiene.
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do
Trabalho.
Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não
podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo.
§ 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender:
a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados
judicialmente e não reparados por outros meios;
b) à assistência à família;
c) a pequenas despesas pessoais;
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do
condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas
letras anteriores.
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte restante para
constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue ao
condenado quando posto em liberdade.
Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade não
serão remuneradas.

SEÇÃO II
Do Trabalho Interno

Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na


medida de suas aptidões e capacidade.
Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá
ser executado no interior do estabelecimento.

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Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a habilitação, a
condição pessoal e as necessidades futuras do preso, bem como as
oportunidades oferecidas pelo mercado.
§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão
econômica, salvo nas regiões de turismo.
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupação adequada à
sua idade.
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão atividades apropriadas
ao seu estado.
Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8
(oito) horas, com descanso nos domingos e feriados.
Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos
designados para os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento
penal.
Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou empresa pública, com
autonomia administrativa, e terá por objetivo a formação profissional do
condenado.
§ 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora promover e supervisionar
a produção, com critérios e métodos empresariais, encarregar-se de sua
comercialização, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de
remuneração adequada. (Renumerado pela Lei nº 10.792, de 2003)
§ 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão celebrar convênio com a
iniciativa privada, para implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de
apoio dos presídios. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da União, Estados,
Territórios, Distrito Federal e dos Municípios adquirirão, com dispensa de
concorrência pública, os bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não
for possível ou recomendável realizar-se a venda a particulares.
Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as vendas reverterão
em favor da fundação ou empresa pública a que alude o artigo anterior ou, na sua
falta, do estabelecimento penal.

SEÇÃO III
Do Trabalho Externo

Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado
somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração
Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra
a fuga e em favor da disciplina.
§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total
de empregados na obra.

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§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a
remuneração desse trabalho.
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento
expresso do preso.
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do
estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do
cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que
vier a praticar fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver
comportamento contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo” (BRASIL,
1984).

SEÇÃO IV
Da Remição

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou


semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de
execução da pena.
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.

A política do trabalho prisional no Estado de São Paulo foi positivamente


impactada com a criação da Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" de
Amparo ao Trabalhador Preso – FUNAP, vinculada à Secretaria da
Administração Penitenciária (SAP), conforme previsão da Lei Estadual nº 1.238,
de 22 de dezembro de 1976 e alterações. A FUNAP atua com o objetivo de
contribuir para a recuperação social do preso e para a melhoria de suas condições
de vida, entre elas, com o oferecimento de oportunidade de trabalho remunerado.

A Fundação atua por meio do PROGRAMA DE ALOCAÇÃO DE MÃO DE


OBRA (PROALMO), que visa proporcionar trabalho remunerado, com a
cooperação da iniciativa privada e de órgãos públicos, para homens e mulheres
em privação de liberdade, contribuindo para sua qualificação, capacitação
profissional e geração de renda, preparando-os para a vida em liberdade e, ao
mesmo tempo, sensibilizando o empresariado para suas contribuições na
estratégia da redução dos índices de criminalidade e de reincidência delituosa.

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Além dos benefícios sociais e financeiros gerados para ambas as partes
envolvidas (o empresário/gestor/contratante e a pessoa privada de liberdade), ao
custodiado é oferecida a qualificação em uma nova profissão, geração de renda
para ele e sua família e é criada a possibilidade para remição de um dia de sua
pena a cada três dias trabalhados, conforme decisão judicial.

No PROALMO, a empresa e a indústria podem desenvolver seus planos de


responsabilidade social, propiciando formação e capacitação para os
reeducandos que, sem vínculo empregatício com o trabalhador, atuam durante o
cumprimento de sua pena e, portanto, sem os encargos sociais, a título de
contrapartida da atividade empresarial exercida dentro do sistema prisional.

Para essa estratégia é oportuno salientar que as resoluções SAP nº 53, de


23 de agosto de 2001, e a SAP nº 509, de 11 de dezembro de 2006,
estabeleceram as normas para a contratação de empresas que oferecem serviço
a sentenciados e trazem as condições aprovadas pela FUNAP.

5.1.2 Procedimentos de rotina

As rotinas de trabalho obedecem ao regramento específico disciplinado pela


Lei Federal nº 7.210, de 11 de julho de 1984 e alterações posteriores que tratam
das execuções penais (LEP). A determinação legal tem por objetivo efetivar as
disposições de sentença ou decisões criminais e proporcionar as condições para
a harmônica integração social do condenado e do internado.

Nesse sentido, os turnos de serviço são estabelecidos pelo Diretor de


Trabalho e Educação de cada Unidade Prisional, observando o turno laboral de
seis a oito horas diárias, com uma folga semanal (geralmente aos domingos).

Além da remuneração, que é arbitrada conforme prescrições legais em


conta bancária do reeducando, também há a possibilidade da atribuição de
benefício legal da remição de pena pelo trabalho, o que possibilita o retorno ao
convívio social e familiar com antecedência e, principalmente, com competências
técnicas e habilidades profissionais desenvolvidas por meio de capacitação

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profissional em ofício em vagas de mercado, sedimentado pela possibilidade de
trabalho nas unidades produtivas, como as oficinas da FUNAP.

O horário de trabalho geralmente ocorre das 8h às 16h. Entretanto, é


adaptado de acordo com a rotina da Unidade Prisional e especificidades da
função realizada. Sempre ao saírem para o trabalho as pessoas privadas de
liberdade são revistadas, o que ocorre novamente no seu retorno, tanto no regime
fechado como no regime semiaberto. A realização de escolta dos presos em
regime fechado e semiaberto durante o trabalho depende do local em que é
desempenhada a função (intramuros/extramuros) e as especificidades das
funções.
As atividades laborativas podem ser desenvolvidas internamente, realizadas
nos próprios estabelecimento penitenciários, ou externamente, que acontecem
fora da prisão.

5.1.3 Atuação da Direção de Trabalho e Educação:

Em regra, no sistema prisional paulista, o preenchimento da oferta de vagas


de trabalho constitui parte da rotina da Direção do Estabelecimento Prisional, com
o apoio da Direção de Trabalho e Educação da unidade, ocorrendo geralmente
da seguinte forma:

a) entrevista de inclusão realizada pelo Diretor de Trabalho e Educação do


estabelecimento, quando do ingresso da pessoa presa, para verificação
de suas aptidões, histórico profissional e capacidade laborativa, inclusive
aquela exercida antes de sua prisão;

b) registro em listas de espera, de acordo com a aptidão profissional;

c) a seleção da pessoa presa para atividade laborais se dá em ordem


cronológica conforme a aptidão profissional e o registro na lista de
espera.

São levadas em consideração a voluntariedade do sentenciado, bem como


aspectos objetivos da formação anterior, grau de escolaridade, competências,

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habilidades e a natureza da ocupação laboral ofertada. Outros aspectos
psicossociais são considerados, como conduta individual apurada pela
observação dos mestres de ofício e o grau de integração e interatividade em
grupo.

Assim como na perspectiva da seleção para ocupação da oferta das vagas


de trabalho, a estratégia da divulgação dos postos de trabalho é atribuição e
gestão das Unidades Prisionais, por intermédio da atuação articulada entre a
Direção e Centro de Trabalho e Educação.

Nos casos de realização de trabalho externo por presos em regime


semiaberto, o procedimento de autorização junto ao Juízo da Comarca é realizado
pela Unidade Prisional.

Dentre as diversas atribuições da direção do Centro e do Núcleo de Trabalho


e Educação, previstas nos Decretos de criação ou reestruturação de cada
unidade prisional, seguem alguns pontos importantes em relação ao trabalho:

 Centro de Trabalho e Educação:


- proporcionar o trabalho penitenciário;
- preparar expedientes relativos à remição de pena;
- elaborar, submetendo à aprovação do Diretor da Penitenciária, mediante
prévia manifestação do Diretor do Centro de Segurança e Disciplina, as escalas
de trabalho das pessoas presas que prestam serviços de apoio e manutenção do
estabelecimento penal.

 Núcleo de Trabalho e Educação:


- promover a execução do trabalho dos presos;
- programar, orientar e acompanhar o desenvolvimento do trabalho;
- controlar a frequência e o rendimento em cada área de trabalho;
- fiscalizar a presença dos presos nos locais de trabalho;
- executar programas instrutivos de prevenção de acidentes de trabalho;
- sugerir a implantação de novos processos de produção;

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- zelar pela correta utilização de equipamentos e materiais.

5.1.4 Prática de infrações na atividade laboral

As situações que venham configurar infrações (administrativas ou penais)


no ambiente laboral também são atribuições dos setores envolvidos no processo
em cada unidade prisional ou ambiente produtivo.

Essas situações podem ser identificadas por qualquer integrante/servidor do


Sistema, tais como: o mestre de ofício, pelos Agentes de Segurança Penitenciária
(ASP) ou demais funcionários e colaboradores da FUNAP, os quais,
constantemente realizam visitas técnicas às oficinas de trabalho, por meio de
registros formais em formatos de relatório próprio ou padrões operacionais, tanto
quanto às questões sanitárias, como também sobre a qualidade de produção.

Ocorrendo a prática de uma infração disciplinar será instaurado o


Procedimento Administrativo Disciplinar, conforme disciplina o Regimento Interno
Padrão (Resolução SAP 144/10), para apuração dos fatos. A continuidade na
prática laboral deverá ser analisada individualmente caso a caso.

5.1.5 – Laborterapia nos hospitais

Para inclusão de sentenciados que cumprem medida de segurança nos


Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico nas atividades laborais é
necessária autorização do Juiz Corregedor Permanente dos HCTP's - 5ª Vara
das Execuções Criminais da Capital - DEECRIM.

Tais unidades acolhem pessoas com transtornos mentais que cometeram


delitos, com o objetivo principal de tratá-las enquanto cumprem sua medida de
segurança, visando a cessação da periculosidade a partir da estabilização do
quadro psicopatológico que ensejou sua internação.

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É imperioso ressaltar que, no momento do crime, os pacientes eram
inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do fato, seja de forma
absoluta ou relativa. São aqueles que não entendem, no momento do delito, a
gravidade do seu ato e, por isso, não podem responder pelo que fizeram, sendo
excluídos penalmente, mas ficando sujeitos a medidas de segurança, conforme
prelecionado nos artigos 96 e 97 do Código Penal.

No que tange à rotina dos Hospitais de Custódia, é importante frisar que os


pacientes desenvolvem atividades (recreação, trabalho, educação) dentro da
perspectiva terapêutica, ou seja, como tratamento das patologias psiquiátricas.
Assim, dada a especificidade do perfil desses pacientes, as atividades propostas
são pautadas em recursos e habilidades que visam, sobretudo, o controle da
doença e periculosidade, esperando assim que o paciente não volte a praticar
qualquer fato típico e ilícito.

O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico “Prof. André


Teixeira Lima” de Franco da Rocha/SP foi inaugurado em dezembro de 1933,
com o nome inicial de Manicômio Judiciário, tendo sido alterada sua
denominação em 27 de janeiro de 1988 para o nome atual. Esse Hospital acolhe
sentenciados em medida de segurança do sexo masculino e feminino.

Já o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico II de Franco da


Rocha/SP foi inaugurado em 10 de janeiro de 2002 com a finalidade de trabalhar
especificamente em regime de desinternação progressiva, onde os pacientes,
após autorização, têm a oportunidade de passarem alguns dias com seus
familiares. Essas saídas temporárias, denominadas “Visitas Domiciliares”, fazem
parte da terapêutica aplicada aos pacientes da colônia de desinternação,
conforme prevê o Regimento Interno, apresentado pelo HCTP e
regulamentado conforme Portaria nº 09/2003, expedido pelo Juízo das Varas
das Execuções Criminais de São Paulo.

No município de Taubaté/SP, temos o Hospital de Custódia e Tratamento


Psiquiátrico “Dr. Arnaldo Amado Ferreira”, o qual acolhe apenas pacientes do

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sexo masculino em cumprimento de medida de segurança detentiva nos casos
previstos em lei. A Casa de Custódia foi instalada em 26 de agosto de 1955, no
imóvel onde outrora funcionava a chamada Penitenciária Agrícola de Taubaté/SP
(que era a Seção Agrícola da Penitenciária do Estado). Os primeiros internos, dois
grupos, chegaram em 3 de setembro de 1955, procedentes do Instituto
Correcional da Ilha Anchieta/ICIA. Na condição de regime fechado, acolhe
sentenciados ao cumprimento de medida de segurança e internos submetidos a
tratamento psiquiátrico.

O processo de ressocialização a partir do trabalho para Egressos

Com relação aos egressos, a Secretaria da Administração Penitenciária


(SAP) atua na preparação dessas pessoas para o mercado de trabalho.

A partir da Coordenadoria de Reintegação Social e Cidadania (CRSC), no


Estado de São Paulo existem Unidades de Atendimento em 48 Municípios, onde
são disponibilizados atendimentos psicossocial, auxílio na emissão de
documentos, cursos de capacitação, entre outros.

A CRSC também realiza o cadastro dos egressos no Sistema Online


denominado Pró-Egresso, utilizado pela Secretaria de Desenvolvimento
Econômico (SDE) no encaminhamento de candidatos para vagas de emprego,
entrando em contato diretamente com as pessoas cadastradas.

5.1.6 – Oficinas de Trabalho

FUNAP
Além de ser responsável pelo PROALMO, a Funap tem papel relevante no
Sistema Prisional com o desenvolvimento profissional nas oficinas Funap,
conforme algumas fotos abaixo:

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Penitenciária Feminina I de Tremembé Penitenciária Feminina II de Tremembé

Penitenciária I de Tremembé Penitenciária II de Tremembé

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Penitenciária de Andradina

Penitenciária Feminina de Tupi Paulista

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Penit. "Cabo PM Marcelo Pires da Silva" de Itaí

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UNIDADES PRISIONAIS

Nas unidades prisionais existem diversas oficinas de trabalho onde os


reclusos são capacitados e aprendem uma profissão.

Abaixo segue quadro com as áreas de atividade.

Dados acerca das funções (tipo de atividade) desenvolvidas pelas pessoas privadas de
liberdade que trabalham nos estabelecimentos da Secretaria da Administração
Penitenciária do Estado

Tipo de Atividade - Ramo

Almoxarifado
Aprendiz / Meio Oficial / Oficial
Arcos (Daspre - Oficina Escola)
Artigos de Serralheria
Auxiliar de Montagem
Auxiliar de Produção
Borrachas de Vedação
Colocação de Fio de PVC em Cadeira e Estofados
Confecção de Artefatos para Cintos e Sapatos
Confecção de Cigarros de Palha
Confecção de Espanadores
Confecção de Laços
Confecção de Presilhas
Confecção de Redes Esportivas
Confecção de Sacolas
Confecção de Uniformes / Roupa
Confecção e Dobra de Avental
Corte de Tecido para Confecção de Uniformes Funcionais
Corte e Costura
Costura de Bolas/Montagem de Bolsa
Costura de botões em cartelas e montagem de caixas

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Costurar, Embalar, Rebobinar e Confecções de Cachepôs
Desmontagem de Móveis
Dobrar e Soldar Aramados
Embalagem de Meias
Embalagem e Encartelamento de Pedras Sanitárias
Empacotamento de Assento Sanitário
Empacotamento de Carvão
Enrolamento de Linhas e Alinhamento de Passadores
Equipamentos de Iluminação
Escorredor de Pratos
Etiquetagem e Embalagem de Peças
Fábrica de Artefatos de Concreto - Tubos
Fábrica de Pães
Fábrica de Pães de Queijo
Fabricação de Artefatos de Madeira
Fabricação de Artefatos de Plástico
Fabricação de Cadeiras
Fabricação de Equipamentos de Segurança
Fabricação de Lustres
Fabricação de Massas
Fabricação de Materiais para Medicina e Odontologia
Fabricação de Material Elétrico
Fabricação de Produtos de Couro
Fabricação e Equipamentos de Uso Geral
Fivelas
Fornecimento de Alimentação Preparada
Indústria de Etiquetas Emborrachadas
Lavagem de Roupas em Geral
Luminárias/Móveis
Marcenaria
Metalúrgica
Monitor de Sala
Montador - Processos Contínuos

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Montagem Componentes Eletrônicos
Montagem de Artigos de Festa
Montagem de Brinquedos
Montagem de Cadeiras com Trama de Junco Sintético
Montagem de Catálogos
Montagem de Componentes de Fibra
Montagem de Embalagens
Montagem de EPI´s
Montagem de Hidrômetros
Montagem de Kits e Sacolas Promocionais
Montagem de Materiais para Escritório
Montagem de Móveis Administrativos
Montagem de Peças Automotivas
Montagem de Peças de Bicicletas
Montagem de Presilhas de Cabelo
Montagem de Produtos Pet
Montagem de Rabiolas
Montagem de Reatores
Montagem de Sacolas de Papel
Montagem de Tomadas
Montagem de Varal
Montagem e Embalagem de Materiais Hospitalares
Montagem e Embalagem de Retrovisores
Montagem Sifão
Montagens de Confecções
Oficina de Confecção Têxtil - Corte de Tecido
Oficina de Costura
Oficina Escola de Costura em Máquina Reta (Aprendiz de Costureiro)
Peças Automotivas
Peças de Alumínio para Blindex
Preparação de Alimentação
Prestação de Serviço (Canil e Gatil)
Produção de Aparelhos Ortopédicos

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Produção de Armários Administrativos
Produção de Blocos de Concreto
Produção de Caixas
Produção de Móveis de Escritório
Reciclagem de Tampas de Plástico e Alumínio
Refletores
Reforma de Carteiras
Retrabalho em Peças Automotivas
Serviços gerais no ramo de Construção Civil
Serviços gerais no ramo de tratamento de madeira
Serviços gerais, conservação e manutenção

Algumas oficinas

Penitenciária Feminina Sant'Ana

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Penitenciária I "José Parada Neto" de Guarulhos

Penitenciária de Andradina Penitenciária II de Mirandópolis

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Centro de Ressocialização Centro de Ressocialização
Feminino de Piracicaba Masculino de Rio Claro

Penitenciária de Capela do Alto

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Penit. I "Rodrigo dos Santos Freitas" Centro de Ressocialização de Jaú
de Balbinos

Penit. "Osiris Souza e Silva" de Getulina Penitenciária de Franca

5.1.7 Boas Práticas

Hortas e Estufas

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As pessoas privadas de liberdade têm a oportunidade de se desenvolverem
na área de horticultor (hortas e estufas) junto às unidades prisionais do Estado de
São Paulo.
Atualmente, 116 unidades prisionais desenvolvem atividades de horta e
estufa.

Centro de Progressão Penitenciária "Dr. Javert de Andrade" de São José do Rio Preto

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Penitenciária "Silvio Yoshihico Hinohara" de Presidente Bernardes

CPP I "Dr. Alberto Brocchieri" de Bauru

24
CPP de Jardinópolis

Penitenciária II "Nelson Marcondes do Amaral" de Avaré

25
Penitenciária II "Dr. José Augusto Cesar Salgado" de Tremembé

Penitenciária "ASP Joaquim Fonseca Lopes" de Parelheiros

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5.2 – Resumo

Neste módulo estudamos sobre as principais normativas que


regulamentam o trabalho prisional, bem como sua importância na reintegração
social das pessoas privadas de liberdade.

Aprendemos sobre as finalidades da pena no nosso ordenamento jurídico


(retributiva, preventiva e ressocializadora).

Discorremos sobre o tema com ênfase no Capítulo III, da Lei Federal nº


7.210, de 11 de julho de 1984, que instituiu a Lei de Execução Penal brasileira,
com a previsão de um dia de remição para cada três dias trabalhados.

Destacamos a importância da Fundação “Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel”


- FUNAP no gerenciamento dos contratos de mão de obra carcerária, bem como
na atuação de desenvolvimento de oficinas escolas.

Abordamos sobre as atividades laborterápicas desenvolvidas para os


internos condenados ao cumprimento de medida de segurança, nos Hospitais de
Custódia e Tratamento Psiquiátrico.

O atendimento aos egressos e penas de medidas alternativas é realizado


a partir da Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania (CRSC).

Apresentamos boas práticas existentes nos estabelecimentos prisionais da


Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).

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