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Aula 14

POLITEC-BA - Medicina Legal - 2022


(Pós-Edital)

Autor:
Alexandre Herculano

27 de Outubro de 2022
Alexandre Herculano
Aula 14

Sumário

1 – Lesão Corporal ........................................................................................................................................ 2

1.1 - Lesão Corporal .................................................................................................................................. 2

1.1.1 Lesões corporais leves................................................................................................................... 3

1.1.2 Lesões corporais graves ............................................................................................................... 5

1.1.3 Lesões corporais gravíssimas ...................................................................................................... 10

1.1.4 Lesões corporais seguidas de morte ........................................................................................... 13

Lista de Questões ....................................................................................................................................... 16

Questões Comentadas ............................................................................................................................... 21

Gabarito ..................................................................................................................................................... 27

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1 – LESÃO CORPORAL

Nesta parte, vamos estudar os conhecimentos jurídicos para os crimes de lesões corporais e, também, a
parte médico-legal.

Vamos lá!

1.1 - Lesão Corporal

O crime de lesão corporal (tipificada no artigo 129 do Código Penal) é definido como ofensa à integridade
corporal ou à saúde de outrem, isto é, pela existência de dano somático, funcional ou psíquico. Desta
forma, a autolesão não é crime, desde que não ofenda outro bem jurídico, pois, além de perturbar a
normalidade do corpo humano, a lesão precisa ser juridicamente relevante.

Segundo a doutrina, o crime de lesão corporal leve e lesão corporal culposa são de ação penal
condicionada à representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo nos termos do
artigo 88 da Lei n.9.099/95. Nas demais espécies do crime de lesão corporal a ação penal será pública.
Segundo a quantidade do dano, as lesões corporais classificam-se em:

 Leves — são as que não determinam as consequências previstas nos §§ 1.º, 2.º e 3.º do art.
129 do Código Penal;
 Graves — incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias; perigo de vida;
debilidade permanente de membro, sentido ou função; aceleração de parto;
 Gravíssimas — incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou
inutilização de membro, sentido ou função; deformidade permanente; aborto.

Fiquem atentos, pois não vai ser o legista quem vai determinar em qual lesão se enquadrará, o papel dele é
buscar a constatação do crime ou delito, buscar o agente de infração, apreciar o grau de responsabilidade.
Estabelecer o nexo causal entre a pessoa e o fato, verificando se as lesões encontradas na vitima são
coincidentes com as alegadas pelo autor.

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(2018 – CESPE – Polícia Federal - Perito Criminal) No que se refere à medicina legal, julgue o item que
segue.
Em caso de lesão corporal dolosa não seguida de morte, a classificação jurídica da lesão em leve, grave ou
gravíssima não será de competência do perito médico-legista.
Comentários: A assertiva está CORRETA.

1.1.1 Lesões corporais leves

As lesões corporais leves são representadas frequentemente por danos superficiais, interessando apenas
a pele, tela subcutânea, músculos superficiais, vasos arteriais e venosos de pequeno calibre. São as
escoriações, equimoses, hematomas, feridas contusas, alguns entorses, os torcicolos traumáticos, edemas
e a maioria das luxações. Muitas dessas lesões permanecem por alguns dias, mesmo assim são
classificadas como leves, salvo, se houver incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30
dias, o que será lesão corporal grave.

É de grande importância saber que a rubefação, simples e fugaz rubor da pele provocado por maior
movimento de um fluido de sangue, que não compromete a normalidade anatômica, funcional ou
mental do corpo humano, não constitui lesão corporal leve. É leve rubor que pode ser causado até por
simples emoção.

As lesões corporais leves integram, frequentemente, o corpo de delito indireto pela natureza fugaz dos
vestígios deixados pela infração, ou em consequência da demora na realização da perícia, o que pode
constituir dificuldade intransponível para o experto. Nesse caso, a despeito da ofensa real à integridade
corporal ou à saúde de outrem, núbio de vestígios por desaparecimento material do crime, e só nessa
hipótese, o exame de corpo de delito indireto, feito a partir de outros elementos ou através de
testemunhas idôneas, poderá suprir o exame de corpo de delito direto decorrente da exigência legal.

Segundo especialistas, o choque neurogênico, que pode ser de origem emocional, a crise convulsiva, em
seus diversos tipos, e a sincope, caracterizada por alteração objetiva dos parâmetros cardiovasculares e
respiratórios consequentes à disfunção do sistema nervoso autônomo, podem caracterizar lesão leve, se
devidamente comprovados e quando não geram consequências mais graves.

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(2017 – FCC – POLITEC-AP - Perito Médico Legista) Durante tentativa de assalto na rua de sua
residência, P.H.Y., 21 anos, sofreu ferimento por faca de cozinha na região inframamária à direita.
Procurou por atendimento médico no mesmo dia da ocorrência, tendo sido submetida à tomografia
computadorizada de tórax e sutura da lesão, recebendo alta hospitalar após quatro horas do
atendimento inicial. Retornou ao trabalho após três dias. O Perito Médico Legista realizou exame de
lesão corporal após cinco dias dos fatos, tendo constatado ferida suturada de 3 cm em região
inframamária à direita, sem outros comemorativos. Desse modo, o Perito Médico Legista deve
concluir que ocorreu lesão corporal
a) grave por perigo de vida.
b) gravíssima por ter ocorrido intenção de matar.
c) leve.
d) grave por incapacidade para ocupações habituais.
e) gravíssima por deformidade permanente.
Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. Perceba que houve o suturamento da lesão, em 5
dias, sem outros comemorativos.

(2019 – AOCP – PC ES – Médico Legista) De acordo com o art. n° 129 do Código Penal Brasileiro,
assinale a alternativa correta.
A) Perigo de vida não é considerado lesão corporal.
B) Aborto é lesão corporal de natureza grave.
C) Uma criança que sofreu lesão corporal que a incapacita para as ocupações habituais por 20 dias se
enquadra nesse art. 129 do CPB.
D) Incapacidade permanente para o trabalho é lesão grave.
E) Considera-se lesão corporal seguida de morte quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo.
Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. por eliminação dá para chegar a resposta, mas já
adianto que o caput do art. 129 é lesão corporal leve. Se a incapacidade é inferior a 30 dias temos uma
lesão corporal leve.

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1.1.2 Lesões corporais graves

Essas são representadas pelos quatro tipos mencionados no § 1.º do art. 129 do nosso diploma legal
(incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias; perigo de vida; debilidade permanente de
membro, sentido ou função; aceleração de parto).

Quanto à incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias, a lei não exige falta de
capacidade absoluta, bastando apenas que a lesão caracterize não impossibilidade, mas perigo ou
imprudência no exercício das ocupações habituais, por mais de 30 dias. As ocupações habituais a que se
refere o art. 129, § 1.º, I, do Código Penal, não têm o sentido de trabalho diário, nem são aquelas de
natureza lucrativa. São todas e quaisquer atividades corporais comuns. Dessa forma, são verdadeiramente
genéricas as ocupações habituais da lei. Para avaliar o tempo de duração da incapacidade, os peritos
reexaminarão a vítima, se não for revel, “logo que decorra o prazo de 30 trinta dias, contado da data do
crime”, conforme estatui o art. 168, § 2.º, do Código de Processo Penal.

É o exame complementar a que se submete uma segunda vez a vítima, um mês após, contado da data do
fato delituoso e não do correspondente auto de corpo de delito, objetivando verificar se a incapacidade
excede o trintídio. A realização do exame complementar poucos dias depois dos 30 dias não invalida o
laudo.

Por ocupações habituais entende-se não apenas as de natureza laborativa ou lucrativa, mas toda e
qualquer atividade. A não realização das tarefas por questões emocionais, como a vergonha, a auto-
imagem física ou mesmo simples indisposição, não caracteriza a qualificadora.

(2017 – POLITEC-AP – FCC – Médico Legista) De acordo com o artigo 129 do Código Penal brasileiro,
lesão corporal é a ofensa à integridade corporal ou a saúde de alguém. Ela pode ser classificada em
leve, grave ou gravíssima, a depender dos comemorativos. Analise as assertivas abaixo.
I. Lesões corporais que causem incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias serão
consideradas graves.
II. Lesões corporais com perda ou inutilização de membro, sentido ou função serão consideradas graves.
III. Lesões corporais que causem extrema dor serão consideradas gravíssimas.
IV. Lesões corporais que causem qualquer alteração psíquica serão consideradas leves.
Está correto o que se afirma em
5

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A) I, II, III e IV.


B) I, apenas.
C) IV, apenas.
D) III, apenas.
E) I e III, apenas.
Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. será grave quando a lesão resultar em
incapacidade para as ocupações habitacionais por mais de 30 dias; perigo de vida; debilidade permanente
de membro, sentido ou função; e aceleração de parto.

Quanto ao perigo de vida, trata-se da probabilidade concreta e objetiva de êxito letal próximo. O perigo
de vida é uma situação atual, ou surgida no curso de processo patológico, consequente à ofensa, em que,
pelo estado do ofendido, há o perigo de morte, se não for socorrido adequadamente em tempo hábil.

O perigo de vida pode apresentar-se no momento da lesão ou depois de horas ou dias, em qualquer fase
da evolução clínica, antes dos 30 dias. Por isso, não pode ser suposto, virtual ou potencial, remoto ou
presumido, mas real, sério, efetivo, clinicamente confirmado, não importa se atual ou passado.

São inúmeras as situações que configuram perigo de vida:

 esões penetrantes ou transfixantes de vísceras torácicas ou abdominais, levando a


hemorragias ou infecções graves (peritonite bacteriana);
 derramamento de sangue em cavidade pleural (hemotórax);
 ruptura de grandes vasos sanguíneos com hemorragia grave e estado de choque
hipovolêmico;
 estados de choque não hipovolêmicos (anafilático, neurogênico, cardiogênico, séptico);
 colapso pulmonar com insuficiência respiratória grave;
 septicemias ou infecções graves (tétano, meningites);
 traumatismos cranioencefálicos graves;
 estado de coma grave;
 raumatismos raquimedulares com alterações cardiorrespiratórias;
 arritmias ou insuficiência cardíaca aguda graves;
 grandes queimados, etc.

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(2018 – CESPE – PC-MA - Médico Legista) Em uma emboscada, Jonas foi esfaqueado e, em
consequência, sofreu um hemotórax do lado esquerdo. No hospital, ele foi tratado com colocação de
dreno e subsequente drenagem torácica do lado atingido, tendo de ficar internado por seis dias, após
os quais recebeu alta e um atestado com recomendação de licença médica por dez dias. No entanto,
Jonas ficou com sequelas, como perda parcial e temporária da função do pulmão esquerdo e
debilidade residual permanente da função respiratória devido a cicatriz pulmonar.
Nessa situação hipotética, de acordo com o art. 129 do Código Penal, a lesão sofrida por Jonas é
caracterizada como
a) grave, pois houve perda parcial e temporária da função de um dos pulmões.
b) gravíssima, pois houve debilidade residual permanente da função respiratória devido à cicatriz
pulmonar.
c) gravíssima, pois a emboscada qualifica a tentativa de homicídio.
d) leve, pois não o incapacitou por mais de trinta dias das ocupações habituais.
e) grave, pois a lesão do hemotórax esquerdo ofereceu perigo à vida da vítima.
Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. o perigo de vida, trata-se da probabilidade
concreta e objetiva de êxito letal próximo. O perigo de vida é uma situação atual, ou surgida no curso de
processo patológico, consequente à ofensa, em que, pelo estado do ofendido, há o perigo de morte, se
não for socorrido adequadamente em tempo hábil.

Já na debilidade permanente de membro, sentido ou função, a debilidade a que se refere a lei é


fraqueza, diminuição de forças, enfraquecimento, embotamento, debilitação. A debilidade pode ser
consequência de dano anatômico (amputação de dedo, por exemplo), ou funcional (paralisia).

Segundo a doutrina, a caracterização da figura jurídica prevista no § 1.º, III, do art. 129 do Código Penal
considera-se debilidade permanente a debilitação de membro, sentido ou função consecutiva a um dano
traumático, limitadora duradouramente, mas não do uso da energia, do vigor físico ou da plenitude do
poder de ação, sem comprometimento do bem-estar do organismo.

Debilidade significa redução parcial da força, fraqueza, enfraquecimento, diminuição da capacidade


funcional. Deve ser diferenciada da perda ou inutilização, que tem caráter de redução total, ausência e
que não pertence a esta classe de lesões, mas de natureza gravíssima.

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A debilidade pode ser funcional ou anatômica, conforme seja, a alteração para menor, de natureza
predominantemente fisiológica ou morfológica, respectivamente.

Pode ter caráter estático ou dinâmico. Será dinâmica a debilidade que surgir na execução de algum tipo
de movimento, não sendo percebida no repouso. Exemplos são as alterações da marcha como a marcha
claudicante, somente percebida durante a deambulação, ou da fala. A primeira (marcha claudicante), se
muito intensa, poderá, ainda, constituir lesão gravíssima por deformidade permanente.

A debilidade deve ser permanente. Isso afasta as lesões transitórias, como as contusões ou hematomas,
que podem gerar redução funcional pela dor que acarretam, mas não constituem debilidade permanente.
Porém, a permanência não significa caráter perpétuo, bastando que seja duradoura, muito longa ou de
difícil resolução.

A debilidade permanente de membros não exige que seja de todo o membro, podendo ela atingir
apenas um dos segmentos do mesmo. Muito comuns na prática são as lesões de feixes nervosos causando
fraqueza nos movimentos dos membros ou em parte deles.

O órgão genital masculino, o pênis, não deve ser considerado membro. Na verdade, ele pertence ao
aparelho reprodutor, e sua lesão pode causar debilidade de função (sexual e/ou reprodutora). Os sentidos
referidos na lei são os cinco mecanismos: visão, audição, paladar e tato e olfato.

Traumatismos que levam à surdez parcial, a dificuldades visuais ou ainda a alterações da sensibilidade tátil
da pele são alguns exemplos encontrados na perícia médico-legal, sendo mais raras as perturbações do
paladar ou do olfato.

Função é a atividade de um órgão ou aparelho. Assim, temos a função respiratória, a função do fígado,
do coração, das gônadas, etc. Ela pode manifestar-se através de movimentos, como a marcha, a fala, a
mastigação e os movimentos oculares, ou através da homeostase do meio interno, como o metabolismo
controlado pelo fígado, as funções endócrinas pelas glândulas de secreção interna, a função de defesa
imunológica dos linfonodos, baço, etc.

(2018 - PC MA – CESPE – Médico Legista) Mário, ao envolver-se em uma briga, lesionou Júlio.
Nessa situação hipotética, Mário responderá por lesão corporal de natureza grave se tiver

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A) causado a morte de Júlio em circunstâncias que evidenciem que Mário assumiu o risco de produzir o
resultado.
B) provocado a incapacitação de Júlio para ocupações habituais, como, por exemplo, o trabalho e o
estudo, por quinze dias.
C) provocado em Júlio debilidade permanente de função, como, por exemplo, a redução da capacidade
mastigatória pela perda dentária.
D) ofendido a integridade corporal de Júlio, causando-lhe diversas escoriações no corpo.
E) causado a morte de Júlio, ainda que em circunstâncias que evidenciem que Mário não queria matá-lo.
Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. a função pode manifestar-se através de
movimentos, como a mastigação que é o caso da questão.

Na lesão que atinge órgão duplo (pulmões, rins, olhos, orelhas, testículos, ovários), sendo unilateral o
comprometimento, e estando normal o órgão contralateral, caracteriza-se, a priori, debilidade
permanente de função. Mas, se há previamente lesão de um e o outro é agredido, configurar-se-á lesão
gravíssima, equivalente à perda ou inutilização.

Nos casos de órgão único, em que sua função pode ser assumida, ainda que parcialmente, por outro (baço,
por exemplo), teremos apenas debilidade, e não perda de função.

A possibilidade de reparação ou atenuação das consequências danosas da lesão, através de tratamentos


cirúrgicos ou uso de orteses ou prótese, não exclui a natureza grave da lesão.

A perda de elementos dentários ou de dedos das mãos ou pés, embora gere ausência de elementos
anatômicos, pode configurar apenas debilidade e não perda ou inutilização, desde que a gravidade da
lesão não prejudique de forma severa as funções deles dependentes. Assim, perda do dedo mínimo da
mão ou do pé configuraria debilidade, enquanto a do polegar (dedo de oposição), caracterizaria lesão
gravíssima. Da mesma forma, a perda de um único elemento dentário posterior caracteriza apenas
debilidade.

Quanto à aceleração de parto, significa antecipar o nascimento da criança antes do prazo normal previsto
pela medicina. Nesse caso, é indispensável o conhecimento da gravidez pelo agente. Se, em virtude da
lesão corporal praticada contra a mãe, a criança nascer morta, terá havido lesão corporal gravíssima (art.
129, § 2.º, V). Há possibilidade de haver o nascimento com vida, mas, em razão da lesão corporal sofrida
pela mãe, que tenha atingido o feto, venha a morrer a criança.

Segundo a doutrina, as seguintes duas hipóteses podem ocorrer: a primeira é que se houve aceleração de
parto e o feto nasceu com vida, morrendo, em face das lesões sofridas, dias, semanas ou meses depois,

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não há como falar em lesão corporal gravíssima, ou seja, cujo resultado mais grave é o aborto, pois este é
um termo específico, que significa a morte do feto antes do nascimento. Trata-se, pois, de lesão corporal
grave (aceleração de parto); a segunda, se a lesão corporal atingiu a mãe e também o feto, mas não
provocou a aceleração de parto nem o aborto, vindo a criança a morrer, depois do nascimento com vida,
em virtude da lesão sofrida, não há como imputar-se ao agente lesão grave ou gravíssima, pois sua
conduta, nesse prisma, não se amolda aos tipos penais do art. 129, §§ 1.º, IV, e 2.º, V. Neste último caso,
quanto à lesão corporal, deverá ela ser tipificada como simples.

1.1.3 Lesões corporais gravíssimas

Essas são as ofensas à integridade corporal ou à saúde de outrem explícitas no § 2.º do art. 129 do Código
Penal (incapacidade permanente para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou inutilização de
membro, sentido ou função; deformidade permanente; aborto).

Quanto à Incapacidade permanente para o trabalho, trata-se da inaptidão duradoura para exercer
qualquer atividade laborativa lícita. Nesse contexto, diferentemente da incapacidade para as ocupações
habituais, exige-se atividade remunerada, que implique sustento, portanto, acarrete prejuízo financeiro
para o ofendido.

A doutrina advoga que significa qualquer modalidade de trabalho e não especificamente o trabalho a que
a vítima se dedicava. Contudo, há necessidade de serem estabelecidas certas restrições, visto que não se
pode exigir de um intelectual ou de um artista que se inicie na atividade de pedreiro. Fixa-se no campo do
factualmente possível e não no teoricamente imaginável. Portanto, incapacidade permanente é uma
diminuição efetiva da capacidade física comparada à que possuía a vítima antes do fato punível.

Reforçando, a incapacidade permanente é a perda da possibilidade de execução de uma tarefa por tempo
indeterminado, ainda que não perpétuo. A lei refere-se ao trabalho genérico. Um cirurgião que sofre lesão
nas mãos e não pode mais operar, mas pode executar inúmeras outras tarefas, não caracteriza o inciso.
Não se especifica aqui a intensidade, o tipo, a natureza do dano, mas apenas sua consequência. São
exemplos:

 Perda funcional de ambos os membros superiores ou inferiores;


 Perda de um braço e uma perna;
 Cegueira;
 Alienação mental.

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Já na enfermidade incurável, entende a doutrina como a falta de uma ou mais funções, quer por ausência
congênita, quer por alteração ou abolição definitiva das mesmas, e compatível com um relativo bom
estado de saúde.

Não configura a qualificadora a simples debilidade enfrentada pelo organismo da pessoa ofendida,
necessitando existir uma séria alteração na saúde. Embora a vítima não seja obrigada a submeter-se a
qualquer tipo de tratamento ou cirurgia de risco para curar-se, também não se deve admitir a recusa
imotivada do ofendido para tratar-se.

Quanto à perda ou inutilização de membro, sentido ou função, é preciso saber que a perda é a
amputação posterior à agressão, consequente à intervenção cirúrgica, objetivando salvar a vida ou evitar
consequências gravíssimas para a saúde do ofendido, ou mutilação, quando ocorre no momento do delito.
Inutilização é a falta de habilitação do órgão à sua função específica; é a perda funcional em membro que
subsiste anatomicamente. A perda poderá ser total ou parcial, desde que equivalha à inutilização.

(2019 – AOCP – PCES – Médico Legista) Um indivíduo sofreu uma lesão e teve a capacidade de
movimentar a perna direita reduzida em 95%. De acordo com o art. n° 129 do Código Penal Brasileiro,
em qual classificação o caso se encaixa mais especificamente?
A) Debilidade permanente de membro, sentido ou função.
B) Deformidade permanente.
C) Perigo de vida.
D) Lesão corporal grave.
E) Perda ou inutilização de membro, sentido ou função.
Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. trata-se de uma lesão corporal gravíssima.

Na deformidade permanente, deformar significa alterar a forma original. Assim, configura-se a lesão
gravíssima quando ocorre a modificação duradoura de uma parte do corpo humano da vítima. Salienta a
doutrina, no entanto, estar essa qualificadora ligada à estética. Por isso, é posição majoritária a exigência
de ser a lesão visível, causadora de constrangimento ou vexame à vítima, e irreparável. Citam-se como
exemplos as cicatrizes de larga extensão em regiões visíveis do corpo humano, que possam provocar

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reações de desagrado ou piedade, tais como as causadas pela vitriolagem (lançamento de ácido no
ofendido), ou a perda de orelhas, mutilação grave do nariz, entre outros.

(2018 – FUMARC – PC MG – Delegado de Polícia) De acordo com o Artigo 129 do Código Penal
Brasileiro, trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima:
A) Aceleração de parto.
B) Debilidade permanente de membro, sentido ou função.
C) Deformidade permanente.
D) Perigo de vida.
Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. a doutrina menciona que qualificadora está ligada
à estética. Por isso, é posição majoritária a exigência de ser a lesão visível, causadora de constrangimento
ou vexame à vítima, e irreparável.

E no aborto, há interrupção da gravidez normal e não patológica, em qualquer fase do período gestatório,
haja ou não a expulsão do concepto morto, ou, se vivo, que morra logo após pela inaptidão para a vida
extrauterina, resultante de ofensa corporal ou violência psíquica, constitui lesão gravíssima.

A espécie difere da aceleração de parto porque nesta, resultante da agressão corporal, a criança nasce
antes do tempo previsto para a délivrance, em graus variáveis de prematuridade, porém viva e em
condições de sobreviver, caracterizando o evento lesão grave.

(Delegado de Polícia – MA - FCC) Em face da Medicina Legal é correto afirmar que

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A) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza gravíssima, a constatação
pericial de: Incapacidade permanente para o trabalho; Perda de membro, sentido ou função; Enfermidade
incurável; Deformidade permanente; Aborto.
B) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza grave, a constatação pericial de:
Incapacidade para o trabalho por mais de trinta dias; Perigo de Vida; Debilidade temporária de membro,
sentido ou função; Aceleração do Parto.
C) de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, as Lesões Corporais são classificadas, quanto aos
seus graus, em Levíssima, Leve, Grave, Gravíssima e Lesão Corporal Seguida de Morte.
D) o dano estético é classificado, de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, em leve, grave e
gravíssima.
E) o aborto pode ser enquadrado como lesão corporal de natureza grave ou como de natureza gravíssima,
na dependência de ter ou não havido concordância da vítima na sua perpetração.
Comentários: A alternativa A é o gabarito da questão. vejamos quando uma lesão corporal será
gravíssima:
" Art. 129 (...) § 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos."

1.1.4 Lesões corporais seguidas de morte

O art. 129, após descrever no caput o crime de lesão corporal, acrescenta no § 3.º um resultado agravador
previsível — a morte da vítima.

De acordo com o § 3.º do art. 129, o dolo só se estende à lesão corporal, sendo a morte punida a título de
culpa, pois subentende que o agressor não quer matar a vítima, e não assume o risco de produzir a morte
previsível. Assim, Trata-se da única forma autenticamente preterdolosa prevista no Código Penal (§ 3.º),
pois o legislador deixou nítida a exigência de dolo no antecedente (lesão corporal) e somente a forma
culposa no evento subsequente (morte da vítima).

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Ao mencionar que a morte não pode ter sido desejada pelo agente, nem tampouco pode ele ter assumido
o risco de produzi-la, está-se fixando a culpa como único elemento subjetivo possível para o resultado
qualificador. Justamente por isso, neste caso, havendo dolo eventual quanto à morte da vítima, deve o
agente ser punido por homicídio doloso.

Seguindo, como forma de agravar o tratamento penal nos casos da chamada violência doméstica, tal Lei
acrescentou o § 9.º ao art. 129 do Código Penal. “Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente,
irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: Pena — detenção, de 3 (três) meses a
3 (três) anos”.

Outro detalhe importante, no art. 129 do Código Penal, é o § 12. A norma menciona que caso a lesão seja
praticada contra autoridade ou agente policiai, militares, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena será
aumentada de um a dois terços.

(VUNESP – PC SP – Papiloscopista Policial) O crime de lesão corporal seguida de morte caracteriza-se


quando
A) da ação culposa de lesão advém o resultado morte.
B) da conduta resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem
assumiu o risco de produzi-lo.
C) a vítima ou seu precário estado de saúde contribuem para o resultado morte, que era desejado pelo
agente.
D) o agente assumiu o risco de produzir o resultado mais grave, embora não o desejasse.
E) o agente, num primeiro momento, deseja lesionar, mas num segundo momento passa a agir para obter
o resultado morte.
Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. se da lesão corporal resultar morte e as
circunstâncias evidenciarem que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo,
responderá por lesão corporal qualificada pelo resultado morte.

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LISTA DE QUESTÕES

1. (2018 – CESPE – Polícia Federal - Perito Criminal) No que se refere à medicina legal, julgue o item
que segue.
Em caso de lesão corporal dolosa não seguida de morte, a classificação jurídica da lesão em leve,
grave ou gravíssima não será de competência do perito médico-legista.

2. (2017 – FCC – POLITEC-AP - Perito Médico Legista) Durante tentativa de assalto na rua de sua
residência, P.H.Y., 21 anos, sofreu ferimento por faca de cozinha na região inframamária à direita.
Procurou por atendimento médico no mesmo dia da ocorrência, tendo sido submetida à
tomografia computadorizada de tórax e sutura da lesão, recebendo alta hospitalar após quatro
horas do atendimento inicial. Retornou ao trabalho após três dias. O Perito Médico Legista
realizou exame de lesão corporal após cinco dias dos fatos, tendo constatado ferida suturada de 3
cm em região inframamária à direita, sem outros comemorativos. Desse modo, o Perito Médico
Legista deve concluir que ocorreu lesão corporal

a) grave por perigo de vida.

b) gravíssima por ter ocorrido intenção de matar.

c) leve.

d) grave por incapacidade para ocupações habituais.

e) gravíssima por deformidade permanente.

3. (2019 – AOCP – PC ES – Médico Legista) De acordo com o art. n° 129 do Código Penal Brasileiro,
assinale a alternativa correta.

A) Perigo de vida não é considerado lesão corporal.

B) Aborto é lesão corporal de natureza grave.

C) Uma criança que sofreu lesão corporal que a incapacita para as ocupações habituais por 20 dias se
enquadra nesse art. 129 do CPB.
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D) Incapacidade permanente para o trabalho é lesão grave.

E) Considera-se lesão corporal seguida de morte quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo.

4. (2017 – POLITEC-AP – FCC – Médico Legista) De acordo com o artigo 129 do Código Penal
brasileiro, lesão corporal é a ofensa à integridade corporal ou a saúde de alguém. Ela pode ser
classificada em leve, grave ou gravíssima, a depender dos comemorativos. Analise as assertivas
abaixo.

I. Lesões corporais que causem incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias serão
consideradas graves.

II. Lesões corporais com perda ou inutilização de membro, sentido ou função serão consideradas graves.

III. Lesões corporais que causem extrema dor serão consideradas gravíssimas.

IV. Lesões corporais que causem qualquer alteração psíquica serão consideradas leves.

Está correto o que se afirma em

A) I, II, III e IV.

B) I, apenas.

C) IV, apenas.

D) III, apenas.

E) I e III, apenas.

5. (2018 – CESPE – PC-MA - Médico Legista) Em uma emboscada, Jonas foi esfaqueado e, em
consequência, sofreu um hemotórax do lado esquerdo. No hospital, ele foi tratado com colocação
de dreno e subsequente drenagem torácica do lado atingido, tendo de ficar internado por seis
dias, após os quais recebeu alta e um atestado com recomendação de licença médica por dez dias.
No entanto, Jonas ficou com sequelas, como perda parcial e temporária da função do pulmão
esquerdo e debilidade residual permanente da função respiratória devido a cicatriz pulmonar.

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Nessa situação hipotética, de acordo com o art. 129 do Código Penal, a lesão sofrida por Jonas é
caracterizada como

a) grave, pois houve perda parcial e temporária da função de um dos pulmões.

b) gravíssima, pois houve debilidade residual permanente da função respiratória devido à cicatriz pulmonar.

c) gravíssima, pois a emboscada qualifica a tentativa de homicídio.

d) leve, pois não o incapacitou por mais de trinta dias das ocupações habituais.

e) grave, pois a lesão do hemotórax esquerdo ofereceu perigo à vida da vítima.

6. (2018 - PC MA – CESPE – Médico Legista) Mário, ao envolver-se em uma briga, lesionou Júlio.
Nessa situação hipotética, Mário responderá por lesão corporal de natureza grave se tiver

A) causado a morte de Júlio em circunstâncias que evidenciem que Mário assumiu o risco de produzir o
resultado.

B) provocado a incapacitação de Júlio para ocupações habituais, como, por exemplo, o trabalho e o estudo,
por quinze dias.

C) provocado em Júlio debilidade permanente de função, como, por exemplo, a redução da capacidade
mastigatória pela perda dentária.

D) ofendido a integridade corporal de Júlio, causando-lhe diversas escoriações no corpo.

E) causado a morte de Júlio, ainda que em circunstâncias que evidenciem que Mário não queria matá-lo.

7. (2019 – AOCP – PCES – Médico Legista) Um indivíduo sofreu uma lesão e teve a capacidade de
movimentar a perna direita reduzida em 95%. De acordo com o art. n° 129 do Código Penal
Brasileiro, em qual classificação o caso se encaixa mais especificamente?

A) Debilidade permanente de membro, sentido ou função.

B) Deformidade permanente.

C) Perigo de vida.

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D) Lesão corporal grave.

E) Perda ou inutilização de membro, sentido ou função.

8. (2018 – FUMARC – PC MG – Delegado de Polícia) De acordo com o Artigo 129 do Código Penal
Brasileiro, trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima:

A) Aceleração de parto.

B) Debilidade permanente de membro, sentido ou função.

C) Deformidade permanente.

D) Perigo de vida.

9. (Delegado de Polícia – MA - FCC) Em face da Medicina Legal é correto afirmar que

A) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza gravíssima, a constatação pericial
de: Incapacidade permanente para o trabalho; Perda de membro, sentido ou função; Enfermidade incurável;
Deformidade permanente; Aborto.

B) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza grave, a constatação pericial de:
Incapacidade para o trabalho por mais de trinta dias; Perigo de Vida; Debilidade temporária de membro,
sentido ou função; Aceleração do Parto.

C) de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, as Lesões Corporais são classificadas, quanto aos seus
graus, em Levíssima, Leve, Grave, Gravíssima e Lesão Corporal Seguida de Morte.

D) o dano estético é classificado, de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, em leve, grave e
gravíssima.

E) o aborto pode ser enquadrado como lesão corporal de natureza grave ou como de natureza gravíssima, na
dependência de ter ou não havido concordância da vítima na sua perpetração.

10. (VUNESP – PC SP – Papiloscopista Policial) O crime de lesão corporal seguida de morte


caracteriza-se quando

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A) da ação culposa de lesão advém o resultado morte.

B) da conduta resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o
risco de produzi-lo.

C) a vítima ou seu precário estado de saúde contribuem para o resultado morte, que era desejado pelo agente.

D) o agente assumiu o risco de produzir o resultado mais grave, embora não o desejasse.

E) o agente, num primeiro momento, deseja lesionar, mas num segundo momento passa a agir para obter o
resultado morte.

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QUESTÕES COMENTADAS

1. (2018 – CESPE – Polícia Federal - Perito Criminal) No que se refere à medicina legal, julgue o item
que segue.
Em caso de lesão corporal dolosa não seguida de morte, a classificação jurídica da lesão em leve,
grave ou gravíssima não será de competência do perito médico-legista.

Comentários: A assertiva está CORRETA.

2. (2017 – FCC – POLITEC-AP - Perito Médico Legista) Durante tentativa de assalto na rua de sua
residência, P.H.Y., 21 anos, sofreu ferimento por faca de cozinha na região inframamária à direita.
Procurou por atendimento médico no mesmo dia da ocorrência, tendo sido submetida à
tomografia computadorizada de tórax e sutura da lesão, recebendo alta hospitalar após quatro
horas do atendimento inicial. Retornou ao trabalho após três dias. O Perito Médico Legista
realizou exame de lesão corporal após cinco dias dos fatos, tendo constatado ferida suturada de 3
cm em região inframamária à direita, sem outros comemorativos. Desse modo, o Perito Médico
Legista deve concluir que ocorreu lesão corporal

a) grave por perigo de vida.

b) gravíssima por ter ocorrido intenção de matar.

c) leve.

d) grave por incapacidade para ocupações habituais.

e) gravíssima por deformidade permanente.

Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. Perceba que houve o suturamento da lesão, em 5


dias, sem outros comemorativos.

3. (2019 – AOCP – PC ES – Médico Legista) De acordo com o art. n° 129 do Código Penal Brasileiro,
assinale a alternativa correta.
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A) Perigo de vida não é considerado lesão corporal.

B) Aborto é lesão corporal de natureza grave.

C) Uma criança que sofreu lesão corporal que a incapacita para as ocupações habituais por 20 dias se
enquadra nesse art. 129 do CPB.

D) Incapacidade permanente para o trabalho é lesão grave.

E) Considera-se lesão corporal seguida de morte quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo.

Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. por eliminação dá para chegar a resposta, mas já
adianto que o caput do art. 129 é lesão corporal leve. Se a incapacidade é inferior a 30 dias temos uma lesão
corporal leve.

4. (2017 – POLITEC-AP – FCC – Médico Legista) De acordo com o artigo 129 do Código Penal
brasileiro, lesão corporal é a ofensa à integridade corporal ou a saúde de alguém. Ela pode ser
classificada em leve, grave ou gravíssima, a depender dos comemorativos. Analise as assertivas
abaixo.

I. Lesões corporais que causem incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias serão
consideradas graves.

II. Lesões corporais com perda ou inutilização de membro, sentido ou função serão consideradas graves.

III. Lesões corporais que causem extrema dor serão consideradas gravíssimas.

IV. Lesões corporais que causem qualquer alteração psíquica serão consideradas leves.

Está correto o que se afirma em

A) I, II, III e IV.

B) I, apenas.

C) IV, apenas.

D) III, apenas.

E) I e III, apenas.
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Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. Será grave quando a lesão resultar em incapacidade
para as ocupações habitacionais por mais de 30 dias; perigo de vida; debilidade permanente de membro,
sentido ou função; e aceleração de parto.

5. (2018 – CESPE – PC-MA - Médico Legista) Em uma emboscada, Jonas foi esfaqueado e, em
consequência, sofreu um hemotórax do lado esquerdo. No hospital, ele foi tratado com colocação
de dreno e subsequente drenagem torácica do lado atingido, tendo de ficar internado por seis
dias, após os quais recebeu alta e um atestado com recomendação de licença médica por dez dias.
No entanto, Jonas ficou com sequelas, como perda parcial e temporária da função do pulmão
esquerdo e debilidade residual permanente da função respiratória devido a cicatriz pulmonar.
Nessa situação hipotética, de acordo com o art. 129 do Código Penal, a lesão sofrida por Jonas é
caracterizada como

a) grave, pois houve perda parcial e temporária da função de um dos pulmões.

b) gravíssima, pois houve debilidade residual permanente da função respiratória devido à cicatriz pulmonar.

c) gravíssima, pois a emboscada qualifica a tentativa de homicídio.

d) leve, pois não o incapacitou por mais de trinta dias das ocupações habituais.

e) grave, pois a lesão do hemotórax esquerdo ofereceu perigo à vida da vítima.

Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. O perigo de vida, trata-se da probabilidade concreta


e objetiva de êxito letal próximo. O perigo de vida é uma situação atual, ou surgida no curso de processo
patológico, consequente à ofensa, em que, pelo estado do ofendido, há o perigo de morte, se não for socorrido
adequadamente em tempo hábil.

6. (2018 - PC MA – CESPE – Médico Legista) Mário, ao envolver-se em uma briga, lesionou Júlio.
Nessa situação hipotética, Mário responderá por lesão corporal de natureza grave se tiver

A) causado a morte de Júlio em circunstâncias que evidenciem que Mário assumiu o risco de produzir o
resultado.

B) provocado a incapacitação de Júlio para ocupações habituais, como, por exemplo, o trabalho e o estudo,
por quinze dias.

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C) provocado em Júlio debilidade permanente de função, como, por exemplo, a redução da capacidade
mastigatória pela perda dentária.

D) ofendido a integridade corporal de Júlio, causando-lhe diversas escoriações no corpo.

E) causado a morte de Júlio, ainda que em circunstâncias que evidenciem que Mário não queria matá-lo.

Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. A função pode manifestar-se através de


movimentos, como a mastigação que é o caso da questão.

7. (2019 – AOCP – PCES – Médico Legista) Um indivíduo sofreu uma lesão e teve a capacidade de
movimentar a perna direita reduzida em 95%. De acordo com o art. n° 129 do Código Penal
Brasileiro, em qual classificação o caso se encaixa mais especificamente?

A) Debilidade permanente de membro, sentido ou função.

B) Deformidade permanente.

C) Perigo de vida.

D) Lesão corporal grave.

E) Perda ou inutilização de membro, sentido ou função.

Comentários: A alternativa E é o gabarito da questão. Trata-se de uma lesão corporal gravíssima.

8. (2018 – FUMARC – PC MG – Delegado de Polícia) De acordo com o Artigo 129 do Código Penal
Brasileiro, trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima:

A) Aceleração de parto.

B) Debilidade permanente de membro, sentido ou função.

C) Deformidade permanente.

D) Perigo de vida.

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Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. A doutrina menciona que qualificadora está ligada à
estética. Por isso, é posição majoritária a exigência de ser a lesão visível, causadora de constrangimento ou
vexame à vítima, e irreparável.

9. (Delegado de Polícia – MA - FCC) Em face da Medicina Legal é correto afirmar que

A) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza gravíssima, a constatação pericial
de: Incapacidade permanente para o trabalho; Perda de membro, sentido ou função; Enfermidade incurável;
Deformidade permanente; Aborto.

B) são elementos para se classificar uma lesão corporal como de natureza grave, a constatação pericial de:
Incapacidade para o trabalho por mais de trinta dias; Perigo de Vida; Debilidade temporária de membro,
sentido ou função; Aceleração do Parto.

C) de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, as Lesões Corporais são classificadas, quanto aos seus
graus, em Levíssima, Leve, Grave, Gravíssima e Lesão Corporal Seguida de Morte.

D) o dano estético é classificado, de acordo com a Doutrina Médico-Legal brasileira, em leve, grave e
gravíssima.

E) o aborto pode ser enquadrado como lesão corporal de natureza grave ou como de natureza gravíssima, na
dependência de ter ou não havido concordância da vítima na sua perpetração.

Comentários: A alternativa A é o gabarito da questão. Vejamos quando uma lesão corporal será
gravíssima:

" Art. 129 (...) § 2° Se resulta:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incurável;

III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos."

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10. (VUNESP – PC SP – Papiloscopista Policial) O crime de lesão corporal seguida de morte


caracteriza-se quando

A) da ação culposa de lesão advém o resultado morte.

B) da conduta resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o
risco de produzi-lo.

C) a vítima ou seu precário estado de saúde contribuem para o resultado morte, que era desejado pelo agente.

D) o agente assumiu o risco de produzir o resultado mais grave, embora não o desejasse.

E) o agente, num primeiro momento, deseja lesionar, mas num segundo momento passa a agir para obter o
resultado morte.

Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. Se da lesão corporal resultar morte e as


circunstâncias evidenciarem que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo, responderá
por lesão corporal qualificada pelo resultado morte.

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GABARITO

1. C 5. E 9. A
2. C 6. C 10. B
3. C 7. E
4. B 8. C

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