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Atualizado em 23/09/19
SUMÁRIO
Lesão corporal
§ 1º Se resulta:
II - perigo de vida;
IV - aceleração de parto:
§ 2° Se resulta:
II - enfermidade incurável;
V - aborto:
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu
o risco de produzi-lo:
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis:
§ 6° Se a lesão é culposa:
Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
Violência Doméstica
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no §
9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3.
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 2
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei
nº 13.142, de 2015)
Lesão corporal
Obs.:
Autolesão – Não configura o crime de lesão corporal, por conta do princípio da alteridade
(somente podem ser punidas criminalmente condutas que afetem terceiros). Vale ressalvar a possi-
bilidade de a autolesão estar relacionada a crime diverso, caso da automutilação intencional para
recebimento de indenização de prêmio de seguro, que configura o delito previsto no art. 171, § 2º, V, 3
do Código Penal.
Elemento subjetivo – Na hipótese prevista no caput do art. 129, é o dolo (direto ou eventual),
não se exigindo finalidade específica. O dolo de lesar a integridade física ou a saúde é denominado
animus laedendi ou vulnerandi.
Na tentativa de lesão corporal, o agente tem por finalidade de ofender a incolumidade física
ou a saúde da vítima, mas não atinge seu intento por circunstâncias alheias à sua vontade (ex.: tenta
desferir um soco contra a vítima, mas é contido por terceiro / lança ácido contra a vítima, mas ela
consegue se esquivar). Já na contravenção de vias de fato, o agente quer agredir a vítima, porém
sem lesioná-la (ex.: empurrão).
espaço o entendimento de que é viável a aplicação dessa excludente supralegal de ilicitude no con-
texto das lesões corporais. Existem inúmeras hipóteses em que se admite a disponibilidade sobre o
próprio corpo. Ex.: colocação de piercings, realização de tatuagens e lesões consentidas entre adultos
durante certas práticas sexuais. Naturalmente, há limites para o consentimento do ofendido. Se a situa-
ção extrapolar a razoabilidade, haverá crime (análise no caso concreto).
Corte de cabelo ou barba sem autorização – Há controvérsia sobre qual a infração penal
a ser reconhecida. As principais correntes são:
“HABEAS CORPUS. PENAL. LESÃO CORPORAL LEVE [ARTIGO 209, § 4º, DO CPM]. PRINCÍPIO
DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. 1. O princípio da insignificância é aplicável no âmbito da
Justiça Militar de forma criteriosa e casuística. Precedentes. 2.Lesão corporal leve, consistente em
único soco desferido pelo paciente contra outro militar, após injusta provocação deste. O direito penal
não há de estar voltado à punição de condutas que não provoquem lesão significativa a bens jurídi-
cos relevantes, prejuízos relevantes ao titular do bem tutelado ou, ainda, à integridade da ordem
social. Ordem deferida” (STF, HC 95445 / DF, Rel. Min. Eros Grau, 2ª T., j. 02/12/2008, v.u.).
PEQUENA VITIMA, CABE TRANCAR-SE A AÇÃO POR FALTA DE JUSTA CAUSA. PRECEDEN-
TES DO TRIBUNAL” (STJ, RHC 3557 / PE, Rel. Min. José Dantas, 5a T., j. 20/04/94).
Lesão leve e Lei 9.099/1995 – A lesão corporal leve é infração de menor potencial ofen-
sivo, compatível com o instituto da composição civil de danos (art. 72). O acordo homologado
judicialmente acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação (art. 74, parágrafo único,
da Lei 9.099/1995). Também são aplicáveis ao delito a transação penal (art. 76) e a suspensão
condicional do processo (art. 89), se presentes os requisitos legais. Ademais, o artigo 88 estabe-
lece que a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas é pública
condicionada à representação.
Substituição da pena 5
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis:
No crime de lesão leve, o juiz pode substituir a pena de detenção pela de multa em 2 casos:
lesões “privilegiadas” e recíprocas.
Lesões “privilegiadas”
(crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima)
(§ 5º, I c.c. o. § 4º)
Substituição da
pena de deten- Lesão leve ou
ção por multa
Direito Penal - Lesões corporais
Lesões recíprocas
(ex.: discussão entre vizinhos que desborda
para troca de agressões físicas, sendo os con-
tendores mutuamente agressor e agredido)
(§ 5º, II)
§ 1º Se resulta:
II - perigo de vida;
IV - aceleração de parto:
Comprovação – Para configuração desta hipótese, são exigidos dois exames periciais: um
exame inicial, feito após o crime para demonstrar a existência das lesões, e um exame complemen-
tar, realizado 30 dias após com o escopo de aferir a duração da incapacidade. Admite-se a realização
do segundo exame alguns dias após esse lapso, sendo o fundamental a possibilidade de o perito
constatar se a incapacidade perdurou mais de trinta dias. A falta de exame complementar poderá ser
suprida pela prova testemunhal (art. 168, § 1º e 2o, do CPP).
Direito Penal - Lesões corporais
II. Perigo de vida – Não importa se a lesão cessou com ou sem tratamento, nem quanto
tempo durou. A doutrina majoritária, com a qual concordamos, entende que essa é uma figura pre-
terdolosa, havendo dolo na conduta de lesionar e sobrevindo culposamente o resultado qualificador
(perigo de vida). Portanto, é inadmissível a tentativa. Se houver dolo quanto ao resultado (ex.: agente
quer ou assume o risco de tirar a vida da vítima), o crime passa a ser de homicídio. O perigo de vida
deve ser constatado por exame pericial.
Membro – O corpo humano pode ser dividido em cabeça, pescoço, tronco e membros (supe-
riores e inferiores). São membros superiores: ombros, braços, antebraços e mãos. São membros
inferiores: quadril, coxas, pernas e pés. Haverá debilidade, por exemplo, se houver redução de mo-
bilidade de um braço ou de uma perna. Os dedos integram as mãos e os pés, de modo que a perda 7
de um dedo implica debilidade do membro no qual está inserido.
Sentido – Sentidos são as capacidades sensoriais que possibilitam a interação com o mundo
exterior. São eles: tato, olfato, visão, audição e paladar.
“A deformidade permanente prevista no art. 129, § 2º, IV, do Código Penal é, segundo a doutrina,
aquela irreparável, indelével. Assim, a perda de dois dentes, muito embora possa reduzir a
capacidade funcional da mastigação, não enseja a deformidade permanente prevista no
referido tipo penal, mas sim, a debilidade permanente de membro, sentido ou função, prevista no
art. 129, § 1º, III, do Código Penal” (STJ, REsp 1620158 / RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 6a
T., j. 13/09/2016, v.u.).
Direito Penal - Lesões corporais
Órgãos duplos – A perda de um deles pode configurar a debilidade. A perda dos dois confi-
gura a lesão gravíssima (art. 129, § 2°, III) (claro, desde que não cause a morte da vítima, caso que
em que haverá lesão corporal seguida de morte ou homicídio, a depender do dolo do agente).
Caso atue o agente com dolo (direto ou eventual) no tocante à morte do feto, responderá pelo
crime de lesão corporal leve e tentativa de aborto.
E se a criança nascer com vida, mas falecer algum tempo depois, em razão da lesão
corporal?
Há 2 correntes: 8
- Configura lesão gravíssima qualificada pelo aborto (§ 2°, V) (Bitencourt, Hungria, entre
outros). É a corrente majoritária.
- Configura lesão grave qualificada pela aceleração de parto (§ 2°, IV) (Mirabete).
§ 2° Se resulta:
II - enfermidade incurável;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Há 2 correntes:
- A incapacidade tem de ser para o labor em geral, e não apenas para o trabalho próprio
e pessoal da vítima (majoritária).
- A incapacidade permanente diz respeito à atividade que a vítima exercia antes do crime.
II. Enfermidade incurável – É a moléstia que não pode ser curada pelos recursos da medi-
cina. Se a cura depender de tratamento médico arriscado ou extremamente penoso, ou ainda de
recursos alternativos ou experimentais (sem comprovação científica de eficiência), estará configu-
rada a qualificadora. Fora desses casos, sendo injustificada a recusa da vítima em buscar a cura, 9
não incide a presente figura. O resultado agravador pode decorrer de dolo ou culpa.
Por qual crime responde o agente que, deliberadamente, transmite o vírus da imuno-
deficiência humana (HIV) a outras pessoas?
Há basicamente 3 correntes:
- Homicídio (tentado ou consumado, conforme a vítima venha ou não a falecer). Essa cor-
rente vem perdendo força, porque hoje essa doença é considerada crônica, e não mais letal.
Há julgado do STF afastando o crime de tentativa de homicídio, embora sem indicar qual seria
o tipo penal aplicável:
- Perigo de contágio de moléstia grave (art. 131 – “Praticar, com o fim de transmitir a outrem
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio”)
- Lesão corporal gravíssima em razão de enfermidade incurável (art. 129, § 2°, V).
Julgando caso análogo, a 5ª Turma do STJ decidiu que a transmissão consciente da síndrome
da imunodeficiência adquirida (vírus HIV) caracteriza lesão corporal de natureza gravíssima, en-
quadrando-se a enfermidade perfeitamente no conceito de doença incurável, previsto no artigo 129,
§ 2º, II, do CP. O fato de a vítima ainda não ter manifestado sintomas não exclui o delito, pois é
notório que a doença requer constante tratamento com remédios específicos para aumentar a ex-
pectativa de vida, mas não para cura (HC 160.982/DF).
Nesse sentido:
“1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 98.712/RJ, Rel. Min. MARCO AURÉLIO (1.ª
Turma, DJe de 17/12/2010), firmou a compreensão de que a conduta de praticar ato sexual com a
finalidade de transmitir AIDS não configura crime doloso contra a vida. (...)
2. O ato de propagar síndrome da imunodeficiência adquirida não é tratado no Capítulo III, Título I, da 10
Parte Especial, do Código Penal (art. 130 e seguintes), onde não há menção a enfermidades sem cura.
Inclusive, nos debates havidos no julgamento do HC 98.712/RJ, o eminente Ministro RICARDO LE-
WANDOWSKI, ao excluir a possibilidade de a Suprema Corte, naquele caso, conferir ao delito a clas-
sificação de "Perigo de contágio de moléstia grave" (art. 131, do Código Penal), esclareceu que, "no
atual estágio da ciência, a enfermidade é incurável, quer dizer, ela não é só grave, nos termos do
art.131".
3. Na hipótese de transmissão dolosa de doença incurável, a conduta deverá será apenada com mais
rigor do que o ato de contaminar outra pessoa com moléstia grave, conforme previsão clara do art.
129, § 2.º inciso II, do Código Penal.
4. A alegação de que a Vítima não manifestou sintomas não serve para afastar a configuração do
delito previsto no art. 129, § 2, inciso II, do Código Penal. É de notória sabença que o contaminado
pelo vírus do HIV necessita de constante acompanhamento médico e de administração de remédios
específicos, o que aumenta as probabilidades de que a enfermidade permaneça assintomática. Po-
rém, o tratamento não enseja a cura da moléstia (STJ, HC 160982 / DF, Rel. Min. Laurita Vaz, 5ª T.,
j. 17/05/2012, v.u.)
A terceira corrente nos parece a melhor posição para concursos, mas ressaltamos que o tema
é controvertido.
Obs.: entende-se que não se configura o crime de perigo de contágio venéreo (art. 131 –
“Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia ve-
nérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado”) porque o HIV não é uma moléstia venérea,
transmitindo-se por outras vias, a exemplo da transfusão de sangue.
Direito Penal - Lesões corporais
III. Perda ou inutilização do membro, sentido ou função – Enquanto o § 1º, III, fala em
debilidade de membro, sentido ou função, ou seja, redução da funcionalidade, o presente dispositivo
compreende a completa eliminação da funcionalidade. São exemplos de perda ou inutilização: de
membro - a ablação de uma perna ou perda de mobilidade de uma mão; de sentido – cegueira ou
surdez total; de função – perda dos dentes, impedindo a função mastigatória; perda dos ovários,
ceifando a função reprodutora. O resultado agravador pode decorrer de dolo ou culpa.
Não, assim como não configura as intervenções médicas ou cirúrgicas em geral (com
finalidade curativa, reparadora etc.). Colacionamos diversos argumentos trazidos pela doutrina:
- Fato atípico, pois o médico não atua com dolo de lesionar, mas sem tratar o paciente;
- Conduta lícita, pois o médico atua amparado pela excludente de ilicitude do exercício regular
de direito (art. 23, III).
11
- Teoria da tipicidade conglobante (Zaffaroni) - Fato atípico, justamente porque o médico atua em
exercício regular de direito (art. 23, III) (lembrete: para a teoria da tipicidade conglobante, o exercício
regular de direito e o estrito cumprimento de dever legal excluem a tipicidade, não a ilicitude);
- Teoria da imputação objetiva - Fato atípico por ausência de nexo causal, já que o médico
não cria ou incrementa risco proibido ou não permitido;
Prevalece que a deformidade deve ser de monta suficiente para causar transtorno ou im-
pressão vexatória. Além disso, é majoritário o entendimento de que a deformidade precisa ser
visível (ex.: face, braços, pernas). Em sentido contrário, entendemos que basta se tratar de de-
formidade permanente, não se exigindo que seja visível ou vexatória (ex.: lesão na nádega)
(é também a posição de Nucci).
Direito Penal - Lesões corporais
Obs.: Vitriolagem é o ato de lançar ácido sulfúrico contra a vítima, com o objetivo de desfigurá-
la. Pode configurar o crime de lesão corporal gravíssima, pela deformidade permanente.
Se o agente atuar com dolo, direto ou eventual, também em relação ao aborto, responderá
pelos crimes de lesão corporal (sem a qualificadora) e aborto sem o consentimento da gestante em
concurso formal.
Aplica-se a hipótese mais gravosa para tipificar o crime (no exemplo, deve ser reconhecida
a lesão gravíssima), podendo o juiz utilizar as demais na primeira fase da dosimetria.
Quadro comparativo
Nota do autor: Sem olhar a matéria, você saberia dizer se a lesão corporal da qual resulta
perigo de vida é grave ou gravíssima? E a lesão da qual resulta aceleração de parto?
Não vamos perder questão fácil. Aliás, não vamos perder questão NENHUMA! Segue abaixo
um quadro comparativo que, como o todo o resto, deve ser sempre revisado.
Direito Penal - Lesões corporais
13
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu
o risco de produzi-lo:
Há lesão corporal seguida de morte, por exemplo, se o agente desfere um soco contra a
vítima (lesão dolosa), que se desequilibra e sofre um traumatismo craniano fatal em razão da queda
(morte culposa).
Direito Penal - Lesões corporais
Sendo vedada a responsabilidade objetiva, a figura apenas terá lugar se o resultado agrava-
dor decorrer de culpa do agente. Se o resultado agravador decorrer não de culpa, mas de caso
fortuito ou de alguma situação de imprevisibilidade, não incidirá a qualificadora.
Sendo crime preterdoloso, não se admite a tentativa. Ocorrendo a morte, responderá o agente
pelo crime do 129, § 3°; não ocorrendo, haverá o delito de lesão corporal (sem essa qualificadora).
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a
pena de um sexto a um terço.
São 3 as hipóteses: 14
- Motivo de relevante valor social
Vale lembrar que, sendo leve a lesão privilegiada, o juiz pode substituir a pena de deten-
ção por multa.
Violência Doméstica
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Há 2 correntes:
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no §
9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3.
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)
Nos termos do § 10, aumenta-se de 1/3 a pena da lesão grave (art. 129, § 1º), gravíssima
(§ 2º) ou seguida de morte (§ 3º), se praticada contra Cônjuge, Companheiro, Ascendente, Des-
cendente, Irmão ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente
das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade (§ 9º).
Note-se que a lesão leve praticada nas situações descritas no § 9º consubstancia uma qualifi-
cadora, ao passo que a lesão grave, gravíssima ou seguida de morte cometida nas mesmas hipóteses 16
dá ensejo a uma causa de aumento de pena (considerada na terceira fase da dosimetria).
Conforme § 11, nas hipóteses descritas no § 9º (lesão leve praticada contra ascendente,
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou,
ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade),
a pena é aumentada de 1/3 se o delito for praticado contra deficiente.
Esta causa de aumento aplica-se exclusivamente ao § 9º, que contempla a lesão leve. Não
incide, portanto, se a lesão grave, gravíssima ou seguida de morte.
Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
O § 7º prevê uma causa de aumento de pena, de 1/3, se ocorrer qualquer das hipóteses
dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código.
- Grupo de extermínio
Examinamos cada uma dessas hipóteses ao tratamos do crime de homicídio, sendo integral-
mente aplicáveis os comentários ali realizados.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da
função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei
nº 13.142, de 2015)
Obs1.: Enquanto no homicídio esta hipótese constitui uma qualificadora, na lesão corporal
é uma causa de aumento de pena.
17
Obs2.: A lei 13.142/2015 modificou a lei dos crimes hediondos. Todas as hipóteses de homi-
cídio qualificado são hediondas.
Também é crime hediondo a “lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, §
2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional
e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição” (art. 1º, I-A, da Lei 8.072/90).
§ 6° Se a lesão é culposa:
Na figura culposa, o tipo penal não faz distinção entre lesão leve, grave ou gravíssima, apli-
cando-se a mesma pena, qual seja, detenção, de dois meses a um ano.
Lesão culposa e Lei 9.099/1995 – A lesão culposa é infração de menor potencial ofen-
sivo. Anote-se que o artigo 88 da Lei 9.099 estabelece que a ação penal relativa aos crimes de
lesões corporais leves e lesões culposas é pública condicionada à representação.
Lesão corporal culposa e Código de Trânsito Brasileiro – Se a lesão corporal culposa for
praticada na condução de veículo automotor, não se aplica o Código Penal, mas sim o Código de
Trânsito Brasileiro (art. 303 da Lei 9.503/1997), lei especial que disciplinou tal hipótese. Quanto à
ação penal, confira-se o disposto no art. 291 do CTB:
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-
se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser
de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
§ 1º Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099,
de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver:
18
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilôme-
tros por hora)
§ 2º Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a inves-
tigação da infração penal.
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência;
Aumento de pena
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
O § 7º prevê uma causa de aumento de pena, de 1/3, se ocorrer qualquer das hipóteses
dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código.
Aumento de pena
Considerando a legislação e a decisão proferida pelo STF na ADI 4424 (na qual o Plenário
entendeu que, nos crimes de lesão corporal praticados contra a mulher no ambiente doméstico,
mesmo de caráter leve, o Ministério Público tem legitimidade para deflagrar ação penal contra o
Direito Penal - Lesões corporais
7.5. Confronto
Se não chega a ocorrer lesão corporal (ex.: puxão de cabelo, empurrão), pode haver a contravenção penal
de vias de fato (art. 21 do Decreto-lei 3.688/1941)(ver comentários acima).
Retirada de tecidos, órgão ou partes do corpo de pessoa viva – Configura o crime do art. 14, § 1º da
Lei 9.434/1997 (Lei de Transplantes): “Art. 14. Remover tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa ou
cadáver, em desacordo com as disposições desta Lei: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, de 100
a 360 dias-multa. § 1.º Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro
motivo torpe: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa, de 100 a 150 dias-multa. § 2.º Se o crime é
praticado em pessoa viva, e resulta para o ofendido: I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais
de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração
de parto: Pena - reclusão, de três a dez anos, e multa, de 100 a 200 dias-multa § 3.º Se o crime é praticado
em pessoa viva e resulta para o ofendido: I - Incapacidade para o trabalho; II - Enfermidade incurável; III -
Direito Penal - Lesões corporais
perda ou inutilização de membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclu-
são, de quatro a doze anos, e multa, de 150 a 300 dias-multa. § 4.º Se o crime é praticado em pessoa viva
e resulta morte: Pena - reclusão, de oito a vinte anos, e multa de 200 a 360 dias-multa”.
Realizar cirurgia de esterilização sexual sem os requisitos legais – A Lei 9.263/1996, que trata do pla-
nejamento familiar, regulamentou esse tipo de intervenção cirúrgica, estabelecendo os requisitos para sua
realização. Obedecidas as disposições legais, quem realiza o procedimento atua em exercício regular de
direito. Por outro lado, se a cirurgia de esterilização for feita sem os requisitos legais, não se aplica o art.
129 do Código Penal, mas sim o art. 15 da Lei 9.263/1996, que é um tipo penal específico.
Se o agente não atua com dolo de lesionar a incolumidade alheia (crime de dano), mas com dolo de expor
a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente (crime de perigo), responde pelo crime do art.
132 do CP.
8. QUADRO RESUMO
21
Substituição da pena
Leve (art. 129, caput)
de detenção por multa
(Menor potencial ofensivo) (§ 5º)
Ação condicionada à - Lesão “privilegiada”
representação Diminuição de
- Lesões recíprocas
pena
de 1/6 a 1/3
(§ 4°)
Grave (§ 1º)
Relevante
Incapacidade para as ocupações habituais, por mais
valor social
Lesão de 30 dias
Dolosa Relevante
corporal Perigo de vida
valor moral
Debilidade permanente de membro, sentido ou função
sob o domí-
Aceleração de parto nio de violenta
emoção, logo
Ação incondicionada
em seguida a
injusta provo-
cação da vítima
Gravíssima (§ 2º)
Incapacidade permanente para o trabalho
Enfermidade incurável
Direito Penal - Lesões corporais
Simples
§ 6º
(Menor potencial ofensivo)
Ação incondicionada se contra mulher
Ação condicionada à representação se contra homem
Perdão judicial
§ 8º
O juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências
da infração atingirem o próprio agente de forma tão
grave que a sanção penal se torne desnecessária
24
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