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Seguindo o estudo dos crimes em espécie, passemos a análise do crime de lesão corporal.

O Código Penal, após tratar dos crimes no Capítulo I - dos crimes contra a vida, destina o Capítulo II para os cri-
mes de lesão corporal. É importante ressaltar que não deve ser usado somente esse diploma, devendo o crime de
lesão corporal ser estudado em conjunto com as leis especiais.

A doutrina, como por exemplo, Guilherme Nucci, costuma dizer que para configuração do crime de lesão corporal
não basta somente a ofensa moral, sendo, portanto, também necessário, que exista algum dano ao corpo huma-
no.

Esquematizando:

Assim como no crime de homicídio, é importante primeiramente verificar o elemento subjetivo. A lesão corporal
culposa não se subdivide. Já a lesão corporal dolosa se classifica em outras modalidades (leve, grave, gravíssi-
ma, seguida de morte).

Sendo dolosa a lesão, há duas modalidades de lesão leve (a do caput e a do parágrafo 9º do artigo 129).

Esquematizando:

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Lesão Corporal no âmbito doméstico:

O parágrafo 9º do artigo 129 tipifica a lesão leve com violência doméstica. Vejamos o que dispõe:

Violência Doméstica

§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem con-
viva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hos-
pitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três)

Em conjunto com esse parágrafo analisemos o artigo 41 da Lei nº 11.340/2006:

Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena
prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995.

A Lei Maria da Penha tem como objetivo tornar mais gravosa a penalidade para aquele que agride uma mulher no
âmbito da violência doméstica. É importante frisar que após a entrada em vigor dessa lei houve alteração no pa-
rágrafo 9º do artigo 129 (como vimos acima).

Todavia, no mesmo sentido, ressalta-se que o disposto no parágrafo 9º não se restringe somente a condição de
sexo feminino, podendo ser aplicada em qualquer situação de lesão corporal praticada no âmbito doméstico, ain-
da que a vítima seja homem. Como exemplo, o pai que agride o filho.

Na hipótese de violência doméstica contra a mulher deverá incidir a Lei Maria da Penha, que prevê vários malefí-
cios para quem praticou tal conduta.

Havia questionamento quanto à constitucionalidade do artigo 41 da referida Lei. Mas o STF, no julgamento da
ADC 19 e da ADI 4424, considerou a constitucionalidade do artigo 41 da Lei Maria da Penha, entendendo-se que
não se aplica a Lei 9099/95 nas hipóteses de violência doméstica contra a mulher.

Sendo assim, não se aplica o artigo 88, que menciona a exigência de representação nos casos de lesão corporal
leve e culposa.

Desta forma, todo e qualquer crime de lesão corporal, ainda que leve, que envolva violência doméstica contra a
mulher, será de ação penal pública incondicionada.

Também não se aplica, em caso de violência doméstica contra a mulher, a suspensão condicional do processo,
pois o benefício encontra previsão também na Lei 9099/95.

De acordo com o artigo 5º da Lei 11.340/06, as formas de violência doméstica e familiar contra a mulher são:

- Física;
- Psicológica;
- Sexual;
- Patrimonial;
- Moral.

Já o artigo 5º da referida lei especifica quando a violência será considerada doméstica. Vejamos:

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omis-
são baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou pa-
trimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou
sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

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II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, indepen-
dentemente de coabitação.

Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.

Cabe destacar que o fato de não existir representação como condição da ação penal em caso de lesão corporal
com violência doméstica contra a mulher, não significa que em outros crimes isso aconteça também.

Como por exemplo, o crime de ameaça, cometido como violência psicológica doméstica contra mulher. Este crime
continuará sendo de ação penal pública condicionada à representação, pois neste caso, a exigência de represen-
tação encontra-se dentro do próprio Código Penal. Ou seja, o problema não está na figura da representação em
si, mas sim no fato de não podermos aplicar a lei 9099/95, onde consta a exigência de representação para o crime
de lesão corporal leve ou culposa.

Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal
injusto e grave:

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.

Ainda pensando no exemplo da ameaça que é de ação penal pública condicionada, o artigo 16 da Lei Maria da
Penha prevê a exigência de ser realizada audiência especial caso a vítima queira se retratar. O objetivo do legis-
lador, ao impor essa condição, é saber se a vítima está sendo coagida a tomar aquela decisão, seja para manter o
lar, seja por medo de maiores agressões.

Vejamos:

Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será ad-
mitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes
do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.

Desta forma: Caso a mulher seja vítima do crime de ameaça proferida pelo seu companheiro a ação penal conti-
nuará sendo condicionada à representação, tendo em vista que o artigo 147 do Código Penal traz essa previsão.
Caso a vítima tenha interesse em se retratar é preciso que haja uma audiência especial perante o juiz para que a
vítima renuncie o direito de representação.

Prosseguindo nos malefícios da Lei Maria da Penha, o artigo 17 veda a aplicação de algumas penas.

Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta
básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de
multa.

O legislador quis evitar que o agente cometa o crime de violência doméstica e que tenha como consequência o
simples pagamento de uma cesta básica, por exemplo.

Vejamos os enunciados que envolvem a Lei Maria da Penha:

 536 do STJ:

A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito
da Lei Maria da Penha.

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 542 do STJ:

A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública in-
condicionada.

 588 do STJ:

A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico
impossibilita a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

 589 do STJ:

É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âm-
bito das relações domésticas.

 600 do STJ

Para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei 11.340/2006, lei Maria da Penha,
não se exige a coabitação entre autor e vítima.

Outro ponto importante é quando a violência praticada contra a mulher tiver resultado grave ou gravíssimo.

Vejamos o parágrafo 10:

§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo,
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).

Prosseguindo nas demais modalidades de lesão corporal, há algumas formas de lesão qualificada. Ou seja, o tipo
traz uma nova escala penal. É o que ocorre nos parágrafos 1º, 2º e 3º por exemplo.

Cabe ressaltar que a lesão corporal prevista no parágrafo 3º é hipótese clássica de crime preterdoloso. Isso signi-
fica que há dolo apenas na lesão. No resultado morte há somente culpa do agente.

Vejamos as hipóteses de lesão corporal grave e gravíssima:

Lesão corporal de natureza grave

§ 1º Se resulta:

I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;


II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2° Se resulta:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;


II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

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No que tange aos incisos do parágrafo 1º e 2º, devemos considerar algumas informações importantes:

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Façamos a comparação dos parágrafos 1º e 2º:

Lesão Corporal Grave (parágrafo 1º) Lesão Corporal Gravíssima (parágrafo 2º)
I - Incapacidade para as ocupações habitu- I - Incapacidade permanente para o trabalho;
ais, por mais de trinta dias; Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Comentários: Ocupação habitual é tudo Comentários: De forma mais especifica impõe
aquilo que a pessoa faz no seu dia a dia. que a vítima fique incapacitada de forma
permanente para o trabalho.

Lesão Corporal Grave (parágrafo 1º) Lesão Corporal Gravíssima (parágrafo 2º)
II - perigo de vida; II - enfermidade incurável;
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Comentários: Perigo de vida consiste na Comentários:
probabilidade séria de causar perigo, de-
vendo ser atestado por perícia.
Rogério Sanches, por exemplo, entende ser
“aquele perigo presente, real e não somente
opinado, resultado de simples conjecturas”.
De acordo com exigência expressa da dou-
trina, o perigo de vida, apto a tornar a lesão
corporal grave, precisa ser atestado por
perícia.

Lesão Corporal Grave (parágrafo 1º) Lesão Corporal Gravíssima (parágrafo 2º)
III - debilidade permanente de membro, sen- III perda ou inutilização do membro, sentido
tido ou função; ou função;
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Comentários:
Membros são: Mãos, braços, antebraços,
pé, perna e coxa;
Funções são todas as do corpo humano:
respiratória, reprodutora etc.;
Sentidos são: Visão, olfato, tato, paladar e
audição.

Vamos exemplificar: Imagine que a vítima perca o pulmão. Essa lesão é considerada grave ou gravíssima?

Embora o caso concreto tenha narrado a perda de um pulmão, trata-se de uma das funções do corpo humano,
visto como lesão corporal grave, pois terá uma debilidade permanente da função respiratória.

Imaginemos que no momento da lesão corporal a vítima perca um dos olhos (e não a visão). Poderia até se pen-
sar na debilidade permanente de um dos sentidos (visão). Todavia, ao fazer a comparação dos parágrafos 1º e 2º
é possível verificar que embora a perda de um dos olhos possa causar a debilidade permanente do sentido visão
deve preponderar a existência de hipótese que caracteriza a lesão corporal como gravíssima. Considera-se uma
deformidade permanente, é algo esteticamente perceptível.

Desta forma, é sempre importante no caso concreto, averiguar a situação dentro da análise de todos os incisos de
ambos os parágrafos (1º. e 2º), pois caso a questão apresente situação que possa se adequar aos dois parágra-
fos, deve preponderar a existência de lesão corporal gravíssima.

Lesão Corporal Grave (parágrafo 1º) Lesão Corporal Gravíssima (parágrafo 2º)
IV - aceleração de parto: V - aborto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Comentários: Comentários:
Aceleração de parto significa dizer que a Quando houver a morte do feto. Esse aborto

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criança vai nascer antes da hora. é atribuído ao agente a título de culpa, pois
ele não pode ter a intenção de causar a morte
do feto. Caso seja identificada a intenção
responderá pelo crime de aborto.

Exemplificando: Imagine que após o término de seu relacionamento e por sua namorada estar grávida, começa a
chutar a vítima com a intenção da morte do feto. Neste caso, o agente quer aquele resultado, o que trará a res-
ponsabilização criminal pelo concurso de crimes de lesão corporal da gestante e aborto. Essa lesão corporal, no
entanto, não será a prevista no artigo 129, inciso V.

Se o agente agride uma mulher que ele não sabe que está gravida não será enquadrado em lesão corporal gra-
víssima, ou seja, o inciso V, visto que ele não tinha ciência daquela situação. Desta forma, para que se caracterize
o inciso V, o sujeito passivo precisa ser a gestante e o sujeito ativo saber da condição de gestante, mas ele não
quer o aborto, querendo somente agredir a vítima. Este aborto, como vimos, é provocado a titulo de culpa.

Em 07/07/2015 entrou em vigor a Lei 13.142, que incluiu novas qualificadoras no homicídio, alterou a lei de crimes
hediondos e também incluiu uma nova causa de aumento de pena na lesão corporal.

Vejamos o que dispõe:

§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decor-
rência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa con-
dição, a pena é aumentada de um a dois terços.

Observa-se que o disposto acima tem natureza de causa de aumento de pena.

Pontos importantes sobre lesão corporal:

A lesão corporal leve é de ação penal pública condicionada à representação, assim como a lesão corporal culpo-
sa. A Lei 9.099/95, no artigo 88, exige a representação como condição de procedibilidade para a ação penal de
natureza leve e culposa.

Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de representação a ação penal
relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas.

E nos casos de violência doméstica também funciona da mesma forma? O artigo 129, parágrafo 9º não altera a
regra. É preciso ter atenção, pois conforme já vimos, não significa dizer que será aplicada a Lei 9.099 em sua
íntegra. Isso porque a pena máxima do parágrafo 9º é de três anos. Não se trata de uma infração penal de menor
potencial ofensivo. No entanto, por ser lesão corporal de natureza leve, deve incidir o artigo 88 da Lei 9099/95. Via
de regra, o crime previsto no parágrafo 9º do artigo 129 é de ação penal pública condicionada à representação.

Atenção!!! Quando a lesão corporal doméstica for caracterizada contra a mulher, o cenário será outro. Isso quer
dizer que irá incidir a aplicação da Lei Maria da Penha.

O artigo 41 da Lei Maria da Penha veda a aplicação de lei 9.099/95. Por outro lado, vimos que é a Lei 9.099/95,
no artigo 88, que exige a representação para os crimes de lesão corporal leve e culposa. Então, embora a regra
seja que na lesão corporal leve e culposa, a representação funcione como condição de procedibilidade da ação
penal, essa regra não será aplicada quando a lesão corporal leve ou culposa ocorrer no âmbito doméstico contra
a mulher.

Desta forma, podemos afirmar que em qualquer hipótese de violência doméstica contra a mulher, que se caracte-
rize o crime de lesão corporal, independente de sua modalidade, a ação penal será sempre pública incondiciona-
da.

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Ação penal pública condicionada à repre- Ação Penal pública incondicionada
sentação
Via de regra, nas hipóteses de lesão corpo- Quando a violência for contra a mulher e em
ral leve ou culposa, inclusive nas hipóteses situação de violência doméstica, seja qual for
do artigo 129, parágrafo 9º. a modalidade de lesão corporal.

Dos Crimes contra a Honra:

Iniciando o estudo do capítulo V, do Título I, do Código Penal, serão analisados os crimes contra a honra, tipifica-
dos nos artigos 138, 139 e 140 do Código Penal, prevendo, respectivamente a calúnia, difamação e injúria.

Façamos o primeiro quadro comparativo:

A calúnia e a difamação possuem dois aspectos em comum:

Fato é acontecimento!

Logo, para haver calúnia e difamação, é essencial que o agente impute um acontecimento ao ofendido. Ou seja,
diga que ele fez algo. Lembrando ainda que esse acontecimento precisa ser algo determinado.

Exemplificando: Caio diz que Tício subtraiu o carro de Mévio, sabendo que isso não é verdade. Neste caso, há
calúnia, pois imputa-se um fato determinado.

E se Caio dissesse que Tício é um ladrão, um furtador? Neste caso, haveria injúria, pois atribuição de qualidades
negativas e xingamento jamais se caracteriza como imputação de fato.

A ofensa à honra objetiva significa que há possibilidade de alterar o juízo de valor que outra pessoa faça do ofen-
dido. Desta forma, nos crimes de calúnia e de difamação, a ofensa precisa chegar ao conhecimento de terceira
pessoa. Já na injúria, a ofensa é à honra subjetiva, sendo necessário que o próprio ofendido tome conhecimento
da ofensa para que haja consumação.

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Esquematizando os dispositivos:

1 – Crime de calúnia, pois houve imputação de fato e a ofensa foi praticada na presença de outras pessoas.
Caso a síndica fosse xingada não haveria calúnia, mas sim injúria, pois não haveria imputação de fato.
2 – Crime de difamação, pois trata-se de imputação de fato determinado e ofensivo à reputação. A difamação não
exige que o fato seja falso.
3 – Injúria, pois embora haja imputação de fato, a ofensa não se deu na presença de outra pessoa. Havia no local
apenas ofensor e ofendido.
4 – Crime de injúria com aumento de pena do artigo 141, II. Neste caso, há crime contra a honra porque a conduta
foi praticada através de um bilhete. Caso fosse na presença do funcionário público, o crime seria de desacato
(artigo 331 do CP).

Calúnia:

Tipificado no artigo 138 do Código Penal, o crime de calúnia é entendido como a imputação falsa de um fato defi-
nido como crime. O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa. Trata-se, portanto, de crime comum. Ainda nesse
dispositivo, é possível verificar no parágrafo 2º a possibilidade de crime praticado contra os mortos, que terá como
sujeito ativo tanto aquele que imputa o fato quanto aquele que propaga o dito.

A calúnia é o único crime contra a honra que pode ser cometido quando o agente imputa fato contra alguém que
já morreu.

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Vejamos:

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.


§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.

O crime de calúnia é doloso, pois há a vontade do agente em ofender a honra objetiva daquela vítima. A consu-
mação ocorre quando um terceiro toma conhecimento dos fatos imputados à vítima.

Exceção da Verdade:

Exceção da verdade dá-se quando o agente quer provar que tal imputação feita é verdade. A regra é pela admis-
são da exceção da verdade no crime de calúnia, existindo apenas três hipóteses de vedação.

§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:

I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

Em qualquer outra situação é possível que o agente consiga provar que o que ele falou é verdade. Neste caso, ele
não responderá por calúnia.

Difamação:

Encontra-se tipificada no artigo 139 do Código Penal e tem como conduta a imputação de qualquer fato ofensivo à
sua reputação e que não seja definido como crime. Poderá ser sujeito ativo qualquer pessoa. Trata-se também de
crime comum. Assim como no crime de calúnia, a conduta do agente é dolosa, tendo em vista que se tem a inten-
ção de desonrar a imagem daquela vítima. Quanto ao momento da consumação, ocorre quando um terceiro toma
conhecimento dos fatos imputados ao ofendido.

Na difamação somente se admite a exceção da verdade quando o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções.

Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Exceção da verdade

Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é rela-
tiva ao exercício de suas funções.

Injúria:

O crime de injúria encontra-se tipificado no artigo 140 do Código Penal e tem como conduta a ofensa à dignidade
ou decoro de alguém. Poderá ser sujeito ativo qualquer pessoa, sendo considerado crime comum a exemplo dos
demais. Ao contrário dos dois primeiros crimes estudados, a injúria tem o objetivo de ofensa à honra subjetiva do
agente. Desta forma, estará consumado quando a ofensa chega ao conhecimento do próprio ofendido.

A conduta será dolosa, podendo o dolo ser direto ou eventual. E, consuma-se quando a vítima toma conhecimento
das palavras negativas que foram ditas ao seu respeito.

Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:

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Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

É possível verificar que no parágrafo 1º haverá a possibilidade do perdão judicial, que é causa extintiva da punibi-
lidade. O crime continua existindo, todavia, o juiz deixará de aplicar a pena. Vejamos:

§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;


II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.

O parágrafo 2º aborda a previsão de injúria real, na qual se configura uma forma qualificada do crime de injúria.
Nessa modalidade, compreende-se dizer que o agente age com violência ou vias de fato ao ofender a dignidade
ou decoro da vítima.

§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se consi-
derem aviltantes:

Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.

Por fim, o parágrafo 3º trata da injúria preconceituosa, que não se confunde com o crime de preconceito disposto
na Lei nº 7.716/89.

A injúria preconceituosa é acompanhada de xingamentos, utilizando-se o agente de elementos referentes à raça,


cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou com deficiência.

§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
pessoa idosa ou portadora de deficiência:

Pena - reclusão de um a três anos e multa.

Façamos um quadro comparativo:

Crime de Injúria preconceituosa (parágrafo Crime de preconceito (Lei 7.716/89)


3º do artigo 140 do CP) Artigo 1º
A injúria preconceituosa é acompanhada de - Procedência nacional
xingamentos, utilizando-se o agente de ele- - cor
mentos referentes à raça, cor, etnia, religião, - Raça
origem ou a condição de pessoa idosa ou - Etnia
portadora de deficiência. - Religião
Conduta: impedir alguém de fazer alguma
coisa devido a sua cor, raça, religião. Ou ain-
da, incitar ou praticar preconceito.
Obs.: Crime inafiançável e imprescritível (arti-
go 5º, inciso XLII da CRFB).

Dentre as modalidades típicas previstas na Lei de Preconceito (Lei nº 7.716/89) o artigo 20 traz uma hipótese que
é bem diferente das demais. Veremos tal modalidade mais adiante.

Imagine que Joana entra na sua página social e posta uma declaração falando mal de uma determinada religião.
A conduta não é direcionada a uma determinada pessoa e sim ao grupo religioso como um todo. Nesse caso,
configura-se crime de preconceito, previsto no artigo 20 da lei.

Se Joana xingar determinada pessoa utilizando-se da religião dela, fazendo declarações maldosas à pessoa, em
virtude da religião que ela segue, configura-se o crime de injúria preconceituosa, prevista no 3º do artigo 140 do
CP.

É importante a leitura do artigo 20 da Lei de 7.716/89, vejamos:

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Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência naci-
onal.

Pena: reclusão de um a três anos e multa.

§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que
utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou
publicação de qualquer natureza:

Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.

§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda
antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:

I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;


II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas ou televisivas.
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer
meio;
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de computadores.

§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do
material apreendido.

O disposto no artigo 3º dessa lei traz a conduta de impedir acesso a alguns direitos, por motivos de preconceito.
Vejamos:

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta
ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou proce-
dência nacional, obstar a promoção funcional.

Atenção!!! Na hipótese de preconceito por orientação sexual não se enquadra na Lei de Preconceito (7.716/89),
nem no crime de injúria preconceituosa (parágrafo 3º do artigo 140) por ausência de previsão legal, não sendo
possível a analogia in malam partem.

A lei 7716/89 prevê ainda outras condutas típicas que se caracterizam por impedimento de acesso a direito, tais
como:

 Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial;


 Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado;
 Impedir o acesso ou recusar hospedagem;
 Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos
ao público;
 Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes soci-
ais abertos ao público;
 Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de massa-
gem ou estabelecimento com as mesmas finalidades;
 Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso
aos mesmos;
 Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou
qualquer outro meio de transporte concedido;
 Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas;
 Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social;

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Prevê ainda a Lei nº 7716/89 como efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor
público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a três meses. Tais
efeitos não são automáticos e devem ser motivados na sentença.

I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de condições com os demais


trabalhadores;
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional;
III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salá-
rio.

Tão importante quanto saber diferenciar o crime contra a honra do o crime de preconceito, é glorioso diferenciar o
crime de calúnia do crime de denunciação caluniosa, que é crime contra a Administração da Justiça. Vejamos o
artigo 339 do Código Penal:

Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação admi-
nistrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe
inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000)

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.


§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.

Em que pese o artigo 339 também trazer a expressão “imputando-lhe crime de que o sabe inocente” há uma dife-
rença na conduta, pois a sua particularidade é “Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judi-
cial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa”.

O verbo núcleo é dar causa, movimentando indevidamente a máquina administrativa. Como meio haverá a impu-
tação a alguém falsamente de fato definido como crime.

Imagine a seguinte situação: Joana não gosta do seu vizinho e sabendo que a esposa dele o abandonou, decide ir
à delegacia e contar falsamente que o seu vizinho cometeu o crime de homicídio contra a esposa. Quando a poli-
cia vai investigar, provavelmente não irá encontra-la, pois ela está em outra cidade. Nesse caso, o agente movi-
menta a máquina administrativa para investigar algo que não procede. O crime de calúnia, nesse caso, ficará ab-
sorvido pela denunciação caluniosa.

O parágrafo 2º aduz que quando for hipótese de imputação de contravenção penal a pena poderá ser diminuída
de metade. Ou seja: No crime de denunciação caluniosa, diferente do crime de calúnia, a imputação pode ser de
contravenção penal.

§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.

Além da tipificação da calúnia, da difamação e da injúria, o Código Penal prevê outras disposições importantes
quanto aos crimes contra a honra.

Ao analisarmos o artigo 141 do Código Penal verifica-se as causas de aumento de pena a serem considerada na
terceira fase da dosimetria da pena. Vejamos:

Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:

I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;


II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.

Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.

Já o artigo 142 traz situações na qual excluem o crime de injúria ou difamação:

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Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:

I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar
ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumpri-
mento de dever do ofício.

Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.

A retratação é considerada como causa extintiva da punibilidade (artigo 107 do CP). Isso quer dizer que o crime
existe, porém não será punido. O artigo 143 estabelece a possibilidade de retratação (desdizer o que foi dito ante-
riormente) nos crimes de calúnia ou difamação, não sendo cabível a retratação em caso de injúria.

Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de
pena.

Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios
de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a
ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015)

De acordo com a inclusão feita no parágrafo único a vítima pode exigir que a retratação seja feita pelo mesmo
canal em que foi proferida a calúnia ou difamação, como por exemplo, Facebook.

O artigo 144 prevê o pedido de explicação em juízo, para que o ofensor se expresse melhor quanto ao ocorrido e
que se possa verificar se houve ou não a ofensa.

Atenção à seguinte expressão: “Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, res-
ponde pela ofensa”. Quer se dizer que ele será responsabilizado pelo crime, porém não significa que será conde-
nado.

Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, res-
ponde pela ofensa.

O artigo 145 do Código Penal dispõe sobre a ação em penal nos crimes contra a honra. Em regra, os crimes con-
tra a honra são de ação penal privada. No entanto, excepciona-se a injúria real e os crimes contra a honra do Pre-
sidente da República e de Chefe de Governo. Neste último, a ação penal pública será pública condicionada à re-
quisição do Ministro da Justiça.

Quanto à injúria preconceituosa, a ação penal será publica condicionada à representação do ofendido.

Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do
art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.

Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141
deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do
§ 3o do art. 140 deste Código.

Hipótese bastante diferenciada ocorre em caso de crime contra a honra de funcionário público em razão de sua
função. Muito embora o artigo 145 preveja a hipótese como de ação penal pública condicionada à representação,
o enunciado 714 do STF permite a legitimidade concorrente. Vejamos:

É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação


do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas fun-
ções.

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Logo, passa a existir a possibilidade de que o funcionário público inicie ação penal privada ou de que ofereça re-
presentação, caso em que o Ministério Público deverá oferecer a denúncia.

Frisa-se que isso não se confunde o crime de desacato. O crime de desacato configura-se na presença do funcio-
nário público, conforme veremos mais adiante na análise dos crimes contra a Administração Pública. Observe o
quadro abaixo:

Crime de Desacato (artigo 331 do CP) Injúria contra o funcionário público em razão
de sua função (artigo 141, inciso II)
 Pode ser praticado por qualquer  Xingamento do funcionário público;
pessoa;  Pode ser por escrito
 É imprescindível que seja praticado
na presença do funcionário público;
 Consuma-se com humilhação, me-
nosprezo da função.
Ação penal pública incondicionada Condicionada à representação ou legitimida-
de concorrente – ação de iniciativa privada

Vejamos como é cobrado em prova:

01. (XVI EXAME OAB – SEGUNDA FASE – DIREITO PENAL – QUESTÃO) Em uma discussão de futebol, Ru-
bens e Enrico, em comunhão de ações e desígnios, chamaram Eduardo de “ladrão” e “estelionatário”, razão pela
qual Eduardo formulou uma queixa-crime em face de ambos. No curso da ação penal, porém, Rubens procurou
Eduardo para pedir desculpas pelos seus atos, razão pela qual Eduardo expressamente concedeu perdão do
ofendido em seu favor, sendo esse prontamente aceito e, consequentemente, extinta a punibilidade de Rubens.
Eduardo, contudo, se recusou a conceder o perdão para Enrico, pois disse que não era a primeira vez que o que-
relado tinha esse tipo de atitude.

Considerando apenas as informações narradas, responda aos itens a seguir.

A) Qual o crime praticado, em tese, por Rubens e Enrico?


B) Que argumento poderá ser formulado pelo advogado de Enrico para evitar sua punição?

Trecho do padrão de resposta:

A) O crime praticado por Rubens e Enrico foi o de injúria, na forma do Art. 140 do Código Penal. Apesar das ofen-
sas serem relacionadas à pessoa que pratica crimes, já que Eduardo foi chamado de “ladrão” e “estelionatário”,
não há que se falar em crime de calúnia.
A calúnia exige, para sua configuração, que seja atribuída ao ofendido a prática de determinado fato que configure
crime. No caso, porém, não foram atribuídos fatos, mas sim qualidades pejorativas. Em razão disso, o crime prati-
cado foi o de injúria.
B) O argumento a ser formulado pela defesa é o de que o perdão do ofendido oferecido a um dos querelados a
todos aproveita (Art. 51 do CPP), gerando a extinção da punibilidade dos coautores, caso seja aceito (Art. 107, V,
do CP). Ao conceder perdão para Rubens, necessariamente esse perdão deve ser estendido para Enrico, de mo-
do que, com sua aceitação, haverá extinção da sua punibilidade.

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