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UNIDADE 4

ODONTOLOGIA
LEGAL E DO
TRABALHO
LESÕES CORPORAIS E TRAUMATOLOGIA FORENSE
MARCAR COMO FEITO

AUTORA
Priscila Martins Duarte Amorim
UNIDADE 4
INTRODUÇÃO

Conforme estudamos anteriormente à odontologia legal tem uma abordagem


prevista sobre as agressões físicas que envolvem o complexo buco maxilo facial.
inclui também as lesões corporais, além do envolvimento apenas da cabeça e do
pescoço, incluindo portanto qualquer correlação com a odontologia forense. é
relevante ressaltar que conforme previsto na lei 5081/66 é atribuído ao cirurgião-
dentista a cabeça e pescoço, nos casos de necropsia. lesões específicas
encontradas fora da cabeça e pescoço também podem ser analisadas pelo
cirurgião-dentista, como as impressões das arcadas dentárias.

Lesões Corporais

O título um do código penal brasileiro trata sobre os crimes contra a pessoa,


sendo que seu primeiro capítulo trata dos crimes contra a vida (Art. 121 a 128). O
segundo capítulo é dedicado as lesões corporais sendo composto por apenas um
artigo, o 129, que trata sobre as diversas modalidades das lesões corporais. é
imprescindível que o perito esteja familiarizado destes artigos, para que em seu
laudo possa declarar qualquer elemento te em parte ou todo no conteúdo
previsto nestes dispositivos legais.

O artigo 129 do código penal traz o seguinte texto:


Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o
resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção
pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Aumento de pena
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos
§§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela
Lei nº 8.069, de 1990)
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-
se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
(Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº
11.340, de 2006
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as
indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído
pela Lei nº 10.886, de 2004)
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o
crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº
11.340, de 2006)

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§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela,
ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela
Lei nº 13.142, de 2015)
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo
feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº
14.188, de 2021)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021)

É importante a compreensão de que legislação estabelece níveis distintos e


graduais de gravidade para os crimes de lesões corporais. Entende-se pela
doutrina, que o texto previsto no caput do Art. 129 classifica a lesão corporal
como leve. Se a consequência da lesão corporal trouxer como resultado
quaisquer um dos 4 incisos previstos no § 1º do Art.129, a lesão corporal é
considerada grave. Já se a consequência tchau incidir em qualquer um dos 5
incisos do § 2º do Art.129, A lesão passa então a ser considerada gravíssima. O §
3º do Art.129 trata sobre o crime de lesão corporal seguida de morte.

Quando nos referimos às lesões corporais de natureza grave, em seu inciso I do §


1º do artigo 129, o texto trata da incapacidade para as ocupações habituais por
mais de 30 dias, porém é importante ressaltar as ocupações habituais nada tem a
ver com o retorno às atividades laborais e sim ao retorno às atividades do
indivíduo, independente deste ser um idoso ou um adulto em atividade laboral ou
uma criança. Para tanto, há a necessidade de um exame complementar no 31º
dia após a agressão para que haja o estabelecimento da correlação entre o fato e
o lapso temporal. É indispensável a atenção quanto ao prazo do lapso temporal
deste novo exame, já que uma avaliação tardia pode comprometer diretamente a
informação prestada à justiça.

O inciso II do § 1º do artigo 129 trata da lesão corporal correlacionada com o


perigo a vida, ou seja, se não houver a realização de nenhum procedimento
emergencial há uma possibilidade real de morte. Por isso é importante
determinar se uma lesão corporal tem a intenção de colocar a vida da vítima em
perigo. A lesão corporal grave quando leva perigo à vida da vítima pode ser
chamada de crime preterdoloso (crime este em que o agente quer causar a lesão
mas não que como resultado dela a morte).

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Se a intenção do agente desde o início do ato for causar perigo à vida o crime não
se enquadra como lesão corporal e sim, como tentativa de homicídio ou se a
vítima entrar em óbito como homicídio consumado. Para o melhor
esclarecimento a justiça, é vital o exame pericial dos prontuários de atendimento
emergencial estabelecendo assim, com em dados objetivos, a real possibilidade
de perigo de vida, facilitando a determinação do crime cometido.

A palavra debilidade está diretamente relacionada com fraqueza, devendo ser


perene (duradoura), sem a possibilidade de restituição, sendo irrelevante a
possibilidade de substituição com a finalidade de esconder ou mascarar o
resultado da lesão. Para tanto é importante definir membros como sendo partes
do corpo, sentido como sendo a percepção do corpo em relação ao mundo
(olfato, visão, audição, gustação e tato) e função possibilidade de desempenhar
atividades pelos órgãos do corpo.

Os danos ao sistema estomatognático são bem incluídos no inciso III do § 1º do


artigo 129. A lesão corporal que leva a perda de um dente gera debilidade de
membro, sentido ou função; já que a perda de um dente leva a perda da função
mastigatória. Apesar dos avanços tecnológicos da odontologia, uma reabilitação
protética, mesmo que com implantes osseointegrados, não pode se comparar ao
órgão original perdido (dente).

Traumatologia Forense

A Traumatologia Forense estuda os aspectos médico-jurídicos das lesões


causadas pelos agentes lesivos. Essas lesões podem ser causadas pelas diversas
energias (mecânica, física, físico-química, química. Bioquímica biodinâmica ou
mista.

Os termos mais comumente utilizados na traumatologia forense são energia,


ferida, lesão ou traumatismo, o meio ou o instrumento. O meio instrumento pode
ser referido nos laudos como um instrumento ou qualquer outro utensilio
utilizado para gerar um traumatismo ou obter um resultado. Portanto, no estudo
pericial é crucial determinar o momento no espaço e tempo em que o corpo
íntegro é transformado em ferimento por meio da ação de uma energia
vulnerante, devendo o perito portanto determinar a energia causadora da ferida.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

A relação entre o instrumento e o corpo determina a sendo esta ser classificada


como ativa passiva ou mista de acordo com o instrumento. Para ser considerada
ativa o instrumento está em movimento e o corpo em repouso, sendo o contrário
classificado como relação passiva onde o instrumento está em repouso e o corpo
em movimento. Por fim na relação mista. Tanto o instrumento quanto corpo e
estão em movimento. O instrumento e o corpo têm a capacidade de produzir
forças e dissipar as energias geradas, em especial nas relações mistas. As
principais consequências são a geração de traumatismo local ou distante, ou
ainda em ambos. A intensidade da força gerada determinará o tipo de lesão
encontrada na perícia. Podemos classificar como traumatismos mais brandos a
rubefação o edema, a equimose e o hematoma, que apesar de repercussões
internas, não apresentam rompimento da pele. A transição desta lesão para
lesões mais complexas é denominada por escoriação, lesão esta em que há o
rompimento ou “raladura” das camadas que compõem a epiderme. Este tipo de
ferida atinge o plano dérmico ou seja, desencadeia uma série de acontecimentos
durante a cicatrização com a finalidade reparar os tecidos perdidos. Ainda
podemos ter outros tipos de ações de maior magnitude atingindo assim
estruturas de suporte e comprometendo a movimentação do corpo como
entorses, luxações de articulações, fraturas e até mesmo o rompimento de
vísceras.

O traumatismo então pode ser classificado dependendo da forma com que o


instrumento é utilizado e o resultado obtido. Um traumatismo em ponto gera
uma lesão punctória ou puntiforme decorrente da ação de um instrumento
perfurante, estes instrumentos são pontiagudos, alongados e podem apresentar
formatos cônico ou cilíndricos. As lesões puntiformes podem conter ou não
sangue de acordo com a profundidade de penetração do instrumento. A união de
dois pontos produz uma linha reta que gera uma ferida classificada como incisa
decorrente da ação de um instrumento cortante. Os instrumentos capazes de
produzir uma ferida incisa são providos de gume, que através da pressão e
deslizamento afasta as fibras e os planos teciduais, produzindo uma solução de
continuidade. A lesão incisa é caracterizada pelos limites lineares e uniformes, em
que o comprimento costuma ser maior que a profundidade e a região onde há a
maior profundidade é no centro da lesão, sendo portanto mais rasa em suas
extremidades. Na extremidade onde se termina a ação cortante encontra-se a
presença de uma característica bastante peculiar chamada cauda de escoriação
(ver figura 1), isto ocorre pois no início do contato do gume com o tecido há uma
maior pressão do que é o final da produção da lesão.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Quando temos 2 ou mais feridas incisas coincidindo entre si é possível


determinar qual ocorreu o primeiro a partir da avaliação criteriosa da coaptação
das bordas. Quando tentamos coaptar as bordas da segunda ferida, a primeira
lesão ainda será mantida aberta. Decapitação pode ser definida como a solução
de continuidade nas faces anterior e posterior do pescoço, com o
aprofundamento e a secção dos planos profundos até a completa desarticulação
da cabeça. Um outro tipo de lesão bastante conhecida é o esquartejamento, esta
lesão tem como principal característica a divisão do corpo em postas, separando
então os pés e as mãos dificultando assim a identificação do indivíduo. Temos
ainda a lesão do tipo esgorjamento, esta lesão refere-se à exposição anterior e ou
anterolateral, por meio de instrumento cortante da garganta. Sua gravidade
depende diretamente da profundidade já que nessa região encontram-se veias e
artérias bastante calibrosas (carótida e jugular). Por último, mas não menos
importante, nas lesões de ação cortante ainda temos a degola, que pode ser
definida como traumatismo na região cervical posterior.

A união de 3 pontos não colineares define um plano, sendo a lesão decorrente


considerada contusa ou contundente. As lesões contundentes são normalmente
produzidas quando o instrumento faz tamanha força contra o corpo que gera o
rompimento dos capilares sanguíneos, vasos linfáticos, tecidos musculares e até
ósseos. Sua gravidade depende diretamente da força e da forma com que do
instrumento atinge o corpo. Principais lesões contundentes:

Rubefação - dilatação dos vasos sanguíneos periféricos na região a região


atingida pelo instrumento;

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

Edema traumático - anormal de líquidos no meio intersticial por ação de


instrumento. Nesta lesão há a preservação dos capilares sanguíneos
caracterizado por um aumento de volume local que ocorre de forma rápida;

Equimose - de sangue para os tecidos pelo rompimento dos capilares


sanguíneos. Normalmente são resultantes de ações contundentes de força maior
das que produzem rubefação e edema traumático. Sua coloração varia em torno
de 15 a 20 diasse alterando de acordo com o passar do tempo (Espectro
Equimótico de Legrand Du Saulle);

Hematoma - definido como sendo o derramamento sanguíneo de vasos de


maiores calibres o que impede a sua infiltração nos tecidos ficando contidos em
“cavidades”;

Escoriação – lesão contundente que rompe a penas a epiderme, preservando a


derme;

Ferida contusa – lesão que atinge a derme e o tecido subcutâneo adjacente de


características de bordas indefinidas e tortuosas, com extravasamento sanguíneo
e ângulos agudos;

Entorse - lesões em que há o dano as articulações e/ou estruturas de fixação do


músculo ao osso, sem o rompimento de ligamentos;

Luxação - lesões em que há o dano as articulações e/ou estruturas de fixação do


músculo ao osso com rompimento total ou parcial de ligamentos;

Rotura visceral – rompimento de vísceras;

Fratura – rompimentos ósseos;

Há ainda a possibilidade da combinação destas 3 ações lesivas, causadas por


energia de ordem mecânica sendo elas chamadas: perfurocortante,
perfurocontundente ou perfurocontusas. Para facilitar o entendimento observe a
figura abaixo:

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

O traumatismo então pode ser classificado dependendo da forma com que o


instrumento é utilizado. Nas lesões perfurocortante a característica é de uma
ferida linear, com a combinação das ações da pressão e corte, normalmente
apresentam bordas definidas lineares, de ângulo único em uma das extremidades
da lesão e o outro arredondado, no caso de instrumento com um único gume ou
2 ângulos no caso de instrumentos com 2 gumes. Quando se trata de ferida
produzida por um instrumento de gume único torna se possível, inferir a posição
do instrumento e supor sua direção. Diferente das lesões perfurocortantes as
feridas cortocontundentes ou cortocontusas apresentam limites indefinidos nas
bordas ou até mesmo bordas sinuosas indicando que houve o esmagamento do
tecido, definindo a contusão. O instrumento age por meio de gumes sem fio. E a
lesão é produzida pela ação do peso do instrumento ou da força de quem o
maneja. E por fim temos as lesões perfurocontundente, O instrumento que gera
este tipo de lesão normalmente tem ponta romba de amassa o tecido até o seu
rompimento e continuar seu trajeto nos planos sub adjacentes. Seu
representante mais clássico é o projétil de arma de fogo.

O projétil é um objeto que recebe força externa e é lançado em determinada


direção qualquer utensílio pode ser arremessado. A consequência depende do
peso da força que o impulsiona e do local de impacto. Um pequeno objeto,
porém dotado de grande energia quando lançado e atinge outrem em região
nobre pode ter êxito letal. O equipamento construído com essa finalidade cujo
objetivo é lançar o projétil é denominada arma de fogo.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

A denominação arma de fogo. Está diretamente relacionada a queima da pólvora


que explode e lança o projétil. Um projétil é construído para determinada arma
conforme sua compatibilidade de tamanho conceituando calibre. Dentre as armas
de fogo é relevante ressaltar as diferenças entre a parte interna do cano das
diversas armas de fogo. Este trajeto pode apresentar raias ou ser lisa. As raias são
sulcos helicoidais dispostos no eixo longitudinal e podem ser feitas tanto em
sentido horário quanto anti-horário sua função é imprimir um movimento de
rotação além de estabilizar diversas forças físicas presentes na natureza e fazer
com que o objeto alcance o seu alvo sem alteração da sua trajetória. Apesar de as
principais armas de fogo apresentarem seus canos raiados ainda encontramos no
mercado diversos dispositivos o cano liso sendo seu principal representante as
espingardas.

As armas de alma raiada ou estriada possibilita o exame dos projéteis


comparando os e determinando qual a arma o disparou. A balística forense é um
processo comparativo assim como a identificação humana. A passagem do
projétil pela alma do cano com raias imprime estrias e mesmo que um cano de
uma arma tenha sido feito pela mesma máquina, suas raias apresentam
características diferentes. Cada arma de alma estriada tem sua identidade. As
raias descrevem a nomenclatura sobre o calibre real e o nominal. O calibre real é
o diâmetro do cano sem as raias assim que as raias são moldadas na alma da
arma esse diâmetro é maior nessas moldagens medida que corresponde ao
tamanho do projétil sendo assim nomeado o calibre da arma. Portanto o calibre
real é menor que o calibre nominal. Isso faz com que o projétil seja forçado na
passagem deixando ranhuras em sua superfície o que permite o processo de
comparação e identificação forense.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

As armas de fogo antigas utilizavam os projetos de projéteis de formato esférico.


A evolução técnico científica os formatos dos projeteis foram sendo aprimorados,
atualmente apresentam-se em desenho ogival, semiogival, troncocônico ou com
ponta oca ou plana. Cada tipo tem uma finalidade. O projeto é o projétil é
instalado em uma estrutura que deve ser acionada causando a queima do
propelente. Entre aspas pólvora. E a respectiva expansão de gases fazendo com
que o projétil seja lançado na direção da abertura do cano. Tem-se assim o estojo
local onde é alojado o projétil abaixo deste o propelente e na base a espoleta que
explode quando é percutida iniciando o processo de queima do propelente.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

A queima do propelente promove uma grande pressão interna empurra o projétil


em uma única direção para a boca do cano do qual também sai uma chama
lançando gases e partículas. O propelente queimado é denominado pólvora
combusta. E aquele em processo de queima chama-se pólvora in combusta.
Todos os componentes que saem do cano da arma podem estar presentes ou
não na lesão dependendo da distância do disparo.

As lesões podem ser causadas também por outras energias conforme vimos
anteriormente. A principal energia de ordem física é a temperatura as lesões
decorrentes dessa energia podem ser causadas tanto pelo calor, quanto pelo frio
e até mesmo quanto pela oscilação da temperatura. As lesões resultantes da
ação do frio direto descrevem as geladuras que podem ser classificadas em
primeiro segundo terceiro e quarto graus. A ação inicial do frio direto fará com
que a pele e a região periférica diminuam metabolismo. As lesões apresentam
coloração avermelhada ou descorado da pele são as geladuras em primeiro grau.
A presença de bolhas indica lesões em segundo grau. As lesões que apresentam
escarificações e tecido necrótico são aquelas de terceiro grau e quando a
gangrena as de quarto grau. Podemos ainda ter ação do calor. No calor difuso
podemos ter a intermação que pode ser definida pelo excesso de calor artificial
em espaço fechado ou sem ventilação e podendo levar até a morte. No calor
direto, ocorre a queimadura processo em que um objeto em alta temperatura ou
quando o fogo atinge o corpo. Estas lesões também podem ser classificadas
como de primeiro, segundo, terceiro ou quarto graus. Nas queimaduras de
primeiro grau tem-se a ação do calor superficial em que a pele apresenta
coloração avermelhada alta sensibilidade ardência, porém sem solução de
continuidade. Nas lesões de segundo grau há a presença de bolhas. A lesão que
apresenta escaras, exposição da derme, porções necrosadas, coloração
acinzentada e plano subcutâneo atingido indica casos de queimaduras de
terceiro grau.

Podemos ainda ter lesões causadas pela pressão atmosférica os efeitos agudos
da hipóxia são sonolência lassidão fadiga mental e muscular. Cefaléia e náuseas
podem ser observadas assim como euforia. Essas características são mais
comuns em alturas acima de 3.600m onde a diminuição da pressão atmosférica
tem um impacto relevante no sistema respiratório. O aumento da pressão
também pode trazer danos, como muito observado em mergulhadores. O
momento da descompressão necessita ser observado pois seu desprezo pode
determinar o surgimento de bolhas na corrente sanguínea e consequente
embolia gasosa que pode levar a morte.

Os termos relacionados à ação da eletricidade não fulguração, fulminação,


eletroplessão e eletrocussão. Os 2 primeiros estão relacionados com a
eletricidade cósmica proveniente da natureza sendo a fulguração quando há a
sobrevida e a fulminação morte súbita.

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ODONTOLOGIA LEGAL E DO TRABALHO

A distinção entre fulguração e fulminação estão diretamente relacionados aos


efeitos lesivos da energia física. o termo fulminação é comumente empregado
para descrever um infarto Agudo do miocardio sem possibilidade de reversão que
leva ao óbito. portanto é permitido utilizar o termo fulmina são na ação da
eletricidade tanto natural quanto artificial. Já os dois últimos termos (eletrocussão
e eletro eletroplessão) são relacionados com a eletricidade artificial; quando o
termo eletrocussão, o mais utilizado devido à referência às condenações à morte
em cadeiras elétricas.

Outros tipos de energia também podem gerar lesões, como a radiação, que pode
apresentar queimaduras (radiodermites), tanto internas quanto externas, que
atingem os órgãos, o sistema linfático e principalmente o aparelho reprodutor.
luzes Song também são capazes de gerar danos ao organismo; o incômodo pode
vir desde um ruído externo até um prejuízo permanente à audição ou a visão,
dependendo da intensidade e do tempo de exposição.

Para concluir é fundamental conversarmos sobre as asfixias, elas podem ocorrer


tanto pelo baixo teor de oxigênio ou substituição do ar por líquido, sólido ou
outro gás, aquelas decorrentes da construção do pescoço e as produzidas pela
sufocação.

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DICA DO
PROFESSOR
É de extrema importância que o perito conheça todo e com quaisquer
circunstâncias previstas na lei capaz de influenciar o enquadramento da lesão
sofrida pela vítima. Seu laudo tem portanto, a finalidade de elucidar os
questionamentos que podem agravar ou não a pena do réu. Em diversas
situações só é possível identificar a gravidade da lesão com o passar do tempo,
como ocorre na lesão corporal grave por incapacidade das ocupações por mais
de 30 dias. Para facilitar o entendimento da classificação das lesões corporais
montei um quadro.

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Questão 1
ANO: 2013 BANCA: FUMARC ÓRGÃO: PC-MG PROVA: FUMARC - 2013 - PC-MG -
PERITO CRIMINAL

Usando como referência o espectro equimótico de Legrand du Saulle, uma


“equimose figurada” de tonalidade amarelada é compatível, em geral, com

a) doze dias de evolução após o trauma.


b) nove dias de evolução após o trauma.
c) seis dias de evolução após o trauma.
d) três dias de evolução após o trauma.

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Questão 2

Questão: 1341208 Ano: 2011 Banca: FGV (Fundação Getúlio Vargas) Orgão: PC-RJ
(Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro) Função: Perito Legista Materia:
Odontologia Nivel: Ensino Superior

Diversos gases, quando aspirados, podem levar à morte por meio de asfixia
gasosa. Assinale a alternativa que apresenta o gás associado com asfixia por
confinamento.

a) Gás metano
b) Gás cianídrico
c) Gás propano
d) Dióxido de carbono
e) Monóxido de carbono

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Questão 3

Ano: 2021 Banca: IDECAN Órgão: PEFOCE Prova: IDECAN - 2021 - PEFOCE -
Odontologia

Quanto aos documentos odontolegais, analise as afirmativas a seguir:


I. No atestado odontológico, o limite legal para o número de dias de repouso que
o profissional pode indicar a seu paciente é de 30 dias. II. O atestado
odontológico deverá conter sempre, entre outros, o nome e o endereço do
profissional, a finalidade do atestado, nome do paciente e o código CID-10
referente ao estado do paciente. III. No relatório de uma necropsia em que se
encontraram marcas de mordidas, é obrigatório juntar fotografias, esquemas ou
desenhos da lesão devidamente rubricados.
Assinale
Alternativas

a) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.


b) se nenhuma afirmativa estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
e) se somente a afirmativa II estiver correta.

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Questão 4

Ano: 2021 Banca: IDECAN Órgão: PEFOCE Prova: IDECAN - 2021 - PEFOCE -
Odontologia
O documento odontolegal que pode ser definido como “a resposta escrita a uma
consulta formulada com o intuito de esclarecer questões de interesse jurídico,
feita pela parte ou pelo advogado de uma das partes em processo judicial,
procurando interpretar e esclarecer dúvidas levantadas em relação a um relatório
odontoloegal” é chamado
Alternativas

a) laudo.
b) parecer.
c) consulta.
d) auto.
e) notificação.

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EXERCÍCIOS DE
FIXAÇÃO

Questão 4

Ano: 2021 Banca: IDECAN Órgão: PEFOCE Prova: IDECAN - 2021 - PEFOCE -
Odontologia

O documento odontolegal que pode ser definido como “a resposta escrita a uma
consulta formulada com o intuito de esclarecer questões de interesse jurídico,
feita pela parte ou pelo advogado de uma das partes em processo judicial,
procurando interpretar e esclarecer dúvidas levantadas em relação a um relatório
odontoloegal” é chamado
Alternativas

a) laudo.
b) parecer.
c) consulta.
d) auto.
e) notificação.

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ANOTAÇÕES

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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
VANRELL, J. P. Odontologia Legal e Antropologia Forense. 3ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2019.

DARUGE, E.; DARUGE Júnior, E.; FRANCESQUINI Júnior, L. Tratado de Odontologia Legal e
Deontologia. São Paulo: Santos, 2017.

SILVA, M.; Compêndio de Odontologia Legal. Rio de Janeiro. Editora Médica e Científica –
MESDI, 1997.

RODRIGUES, Sílvio. Direito civil. Parte geral. 22. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1991. p.
169.

http://www.planalto.gov.br

www.malthus.com.br

21
GABARITOS

1- Gabarito: A
2- Gabarito: D
3- Gabarito B
4- Gabarito: B
5- Se encontrar o erro da questão e discutir comigo no fórum ganha estrelinha....

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