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LESIONAMENTO

• Lesão corporal simples leve - art.129, caput: Ofender


a integridade corporal ou a saúde de outrem: pena -
detenção, de três meses a um ano. (tipo fundamental).

• O artigo não menciona quando a lesão corporal é leve.


Todavia o entendimento é feito por exclusão, ou seja, se
não for grave ou gravíssima é leve (caput). Lei
14.188/2021 aumentou a pena da lesão corporal
simples cometida contra a mulher por razões do sexo
feminino (reclusão de 1 a 4 anos).

• Objetividade jurídica (bem jurídico tutelado: é a


integridade/ incolumidade corporal ou a saúde da
pessoa agredida.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA/ BAGATELA

reconhece a atipicidade da conduta


quando a lesão for irrisória que não
justifique a persecução penal,
sobretudo com os custos a ela
inerentes. Por exemplo, alguém dá uma
alfinetada em alguém com perda de
poucas gotas de sangue (Victor Rios).
ELEMENTOS/ELEMENTARES
• A) objetivos: o núcleo é ofender, do latim
offendere, que significa lesar, ferir, atacar, agredir,
podendo ser perpetrado de forma comissiva ou
omissiva.
• Sujeitos: ativo: qualquer pessoa (crime
comum); passivo: qualquer pessoa, ou seja, ser
humano. Excluem se, portanto, pessoas jurídicas,
animais, cadáver. Com referência a este, o
enquadramento, dependendo do elemento
subjetivo do agente, poderá ser art. 211
(destruição) ou art.212 (vilipêndio) ou até mesmo
delito de dano (art.163), todos do CP.
ELEMENTOS OBJETIVOS : OBJETO MATERIAL
• É a pessoa lesionada. Há posicionamentos
antagônicos sobre a possibilidade do ser ainda em
formação (no útero) ter a proteção do art.129, CP,
conforme segue.

• Luiz Regis Prado: não. Afirma ser o “humano vivo”,


a partir do início do parto, até a sua morte.

• Capez (2020): sim. O elemento subjetivo do agente


é que direciona o seu comportamento apontando
para a infração penal por ele pretendida
ELEMENTOS OBJETIVOS : OBJETO MATERIAL
• A proteção mediante o art.129 do CP tem início
a partir do momento em que surge nova vida
carregada dentro do útero materno, o que ocorre
com a nidação (fixação do óvulo fecundado pelo
espermatozoide na parede do útero).

• Ney Moura Teles: quando a ofensa recair sobre


o ser humano em formação, sujeito passivo é a
coletividade, a sociedade, o Estado, o interesse
estatal na preservação da integridade corporal
ou da saúde do ser humano em formação.
MODUS OPERANDI ( FORMA LIVRE)
• dano anatômico, que rompa ou dilacere algum tecido
do corpo da vítima como escoriações; equimoses,
rompimento de vasos sanguíneos (capilares) no tecido
subcutâneo; cortes; fraturas; fissuras; hematomas,
luxações, rompimento de tendões ou ligamentos, as
queimaduras etc.
• Eritemas (vermelhidão à pele) como um beliscão ou
tapa pode caracterizar tentativa de lesão corporal ou
de vias de fato, art.21 da LCP - Lei Decreto-Lei
n.3.688/41.
• Dor, desacompanhada de alteração anatômica ou
ofensa à saúde não constitui lesão, porém pode
caracterizar vias de fato (art.21 da LCP, Lei Decreto-
Lei n.3.688/41).
CORTE DE CABELO/ BARBA NÃO AUTORIZADO
• Divergência doutrinária: fim de humilhar a vítima, configura
o delito de injúria real (art.140,§2º, CP);
• fora dessa hipótese: para alguns a conduta constitui crime
de lesão corporal e, para outros, contravenção de vias de
fato.
• ECA (Lei n.8.069/90, Art.232): raspa o cabelo de uma
criança ou adolescente que está sob sua guarda, autoridade,
vigilância, a fim de lhe causar vexame;
• Furto ou roubo: o cabelo não pode ser objeto material de
furto ou roubo. Ex.: alguém corta clandestinamente ou com
violência os longos do cabelo da vítima, com a intenção de
vendê-los para confecção de perucas ou apliques. O crime a
ser reconhecido é o de lesão corporal ou a contravenção
penal de vias de fato, prevista no art. 21 da LCP - Lei das
Contravenções Penais (Decreto-Lei n.3.688/41).
OFENSA À SAÚDE (VICTOR RIOS):
• a) perturbações fisiológicas: desajuste em algum
órgão ou sistema do corpo humano que afete o sistema
respiratório, ministração de alimento ou medicamento
na bebida da vítima que provoque diarreia, vômito ou
náuseas, ministração de diurético que faça urinar, uso
de aparelho de choque elétrico que provoque paralisa
muscular etc.
• b) perturbação mental: provocar convulsão, choque
nervoso, doenças mentais etc.
• Atenção: um só ato agressivo pode atingir a integridade
corporal e à saúde. Por exemplo, um chute no tórax que
fratura uma costela e, ao mesmo tempo, faz com que a
vítima tenha crises de vômito (crime único).
DELICTA FACTI PERMANENTIS: LESÃO

• Delitos de fato permanentes ou infrações penais


intranseuntes: infrações penais que
deixam vestígios no local.
• Exame pericial (direto ou indireto) documenta a
materialidade delitiva como no caso de lesões
corporais.
• Lei n.9.099/95, art.77, §1º: permite a juntada de
boletim médico ou documento equivalente e, após,
deverá ser acostado nos autos o laudo definitivo.
• Art.167, CPP: Não sendo possível o exame de corpo
de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
EXCLUDENTES DE ANTIJURIDICIDADE
• Cirurgia de emergência: mesmo que não
exista consentimento, o médico estará
acobertado pelo estado de necessidade de
terceiro (excludente de antijuridicidade).

• Lesões esportivas (boxe, artes marciais


etc.): se não houver excesso, haverá
exercício regular de direito, ou seja,
excludente de antijuridicidade.
AUTOLESÃO: DISPONIBILIDADE, OU NÃO?
• Autolesão: fato atípico. Todavia, a autolesão
para receber seguro, caracteriza o crime de
estelionato (art.171, §2º, V, CP). Já se for
autolesão para não prestar serviço militar
comete o crime do art. 184 Código Penal Militar.
• Bem indisponível: parte da doutrina e
jurisprudência entende que a integridade física
é bem indisponível, exceto nas situações
aceitas pela cultura e sociedade como para a
colocação de brincos/ piercings, tatuagem,
neste caso para pessoa seja capaz .
LESÃO/ELEMENTAR, OU NÃO?
• Em inúmeros crimes (CP+ Leis especiais) o emprego de
violência física é elementar do delito, constituindo meio
de execução da infração penal, p.ex.: roubo, extorsão,
estupro, tortura etc. Não havendo ressalva, dando
autonomia ao crime de lesões leves, a conclusão é de
que, por ser meio de execução, fica absorvido,
respondendo o agente só pelo crime-fim (Victor Rios).

• Todavia, existem vários crimes em que os textos legais


fazem ressalva à autonomia das lesões, respondendo o
agente por dois delitos. Ex.: injúria real, constrangimento
ilegal, dano qualificado, resistência, exercício arbitrário
das próprias razões, etc. (Victor Rios).
LESÃO E OUTRAS LEIS...
• Lei n.12.299/2010 – Estatuto do torcedor, art.41-B:
prevê que quem pratica violência, com ou sem lesão a
terceiros (atirar pedra em ônibus, explodir bombas,
derrubar alambrados, atirar garrafa ou pedra no campo,
fogos de artifício em outros torcedores, socos, chutes
etc.), durante evento esportivo ou nas imediações em
dia de jogo (raio de 5 km), ou em seu trajeto, será
punido com pena de reclusão de um a dois anos.
• Existindo lesões corporais em terceiros, poderá estas
absorver o delito previsto no Estatuto do Torcedor, ou o
crime mais grave subsistir.
• Lei n. 9.434/97, permite a doação de órgãos, desde
que seja de forma gratuita e feita por pessoa capaz.
ELEMENTO SUBJETIVO/CONSUMAÇÃO

• B) elemento subjetivo: dolo, todavia no Art.129,§6º a


lesão é culposa.

• Consumação: é crime material, logo se consuma com


a agressão e admite tentativa. Por exemplo, na
tentativa o agente quer lesionar, mas é impedido por
circunstâncias alheias a sua vontade. Se ficar evidente
que o agente não queria lesionar tão somente
empurrar, beliscar, dar um tapa, há a contravenção
penal de vias de fato. Entretanto, se quis empurrar e a
vítima ao cair fratura o braço, o agente estará incurso
no crime de lesão corporal culposa.
 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
• crime comum, material, de forma livre,
comissivo ou omissivo impuro (art.13§2º, CP),
instantâneo, de dano, tipo normal, unissubjetivo/
monossubjetivo, de concurso eventual,
plurissubsistente, de ação penal pública
incondicionada na lesão corporal, salvo se for
leve a lesão (caput) que é pública condicionada
(Lei n.9099/95) e não ter sido praticada
mediante violência contra mulher (STF- Ação
Direta de Inconstitucionalidade 4.424/DF e
Súmula 542 do STJ. É crime não transeunte
(deixa vestígios), se contrapõe ao crime
transeunte (não deixa vestígios).
•  
TIPOS DERIVADOS
• Formas qualificadas: art.129 §§1ª (lesão
grave), 2º ( lesão gravíssima), 3º (lesão corporal
seguida de morte) e 9ª (violência doméstica).

• Forma privilegiada: §4º.

• Culposa: §6º.

• Causas de aumento de pena: §§7º, 10, 11, 12


e 13.
LESÃO CORPORAL QUALIFICADA

Só admite o preterdolo (dolo na


conduta e culpa no resultado). Se o
ofensor considerou, por um
momento apenas, a possibilidade
de matar a vítima (dolo no
resultado), teremos configurado o
crime de homicídio tentado.
ART.129, §1º, CP (Pena/reclusão:1 a 5 anos)
• § 1º Se resulta:
• I - Incapacidade para as ocupações habituais, por
mais de trinta dias;
• Atividade (física ou mental) do dia a dia (andar, praticar
exercícios, estudar, trabalhar etc.) do ofendido, que
pode ser inclusive crianças, desempregados e
aposentados.
• “A vítima deve estar efetivamente incapacitada para que
se reconheça a lesão grave. Assim, se uma pessoa
pode realizar suas atividades normalmente, mas deixa
de fazê-lo, ficando dentro de casa por mera vergonha de
que as pessoas vejam suas lesões e comentem sobre o
assunto, o crime não pode ter tido como qualificado”
Victor Rios (2021) .
ART.129, §1º, CP (Pena/reclusão:1 a 5 anos)
• II - perigo de vida: há probabilidade concreta de perigo
real. Ou seja, um ferimento no pulmão geralmente e
perigoso. Todavia, pode, no caso concreto, a
constituição excepcional do ofendido, a natureza do
instrumento ou qualquer outra circunstância impedir que
se verifique esse risco (...).

• Trata de crime preterdoloso(dolo no antecedente e culpa


no consequente/resultado agravador). Assim, o perigo
de vida não foi querido pelo agente, somente previsível
que seu comportamento pudesse causa-lo (art.19, CP-
princípio da culpabilidade que afasta a responsabilidade
objetiva). Não cabe tentativa em crime preterintencional.

• Se o agente quis, o crime é de tentativa de homicídio.


ART.129, §1º, CP (Pena/reclusão:1 a 5 anos)
• III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;

• Debilidade: enfraquecimento ou redução da capacidade funcional.

• Membros (superiores/ braço antebraço e mão; inferiores/ coxa, perna e


pé): a perda de dedo caracteriza membro (Nucci). Sentido (visão, olfato,
audição, trato e paladar). A perda, por exemplo, de um olho caracteriza esta
qualificadora, pois há redução de sentido. Se tivesse ficado completamente
cega ou surda, o enquadramento seria para lesão corporal gravíssima (§2º
art.129, CP), se a vontade do agente era de lesionar.

• Função: agressão que atinge um dos órgãos (digestivo, respiratório,


circulatório, secretor, reprodutor, sensitivo e locomotor). Se for duplo (rins) ,
a perda de um viabiliza o enquadramento, como debilidade permanente de
função e não a sua perda. Luiz Regis Prado explica que “exige-se que a
debilidade seja permanente, o que não implica perpetuidade (...)". Pode ser
atribuída a título de dolo (direito/indireto/eventual) ou culposamente.
ART.129, §1º, CP (Pena/reclusão:1 a 5 anos)

• IV - aceleração de parto;

• Trata de crime preterdoloso/preterintencional


(dolo no antecedente e culpa no
consequente), pois se o agente tinha
conhecimento da gravidez e matou o feto há
dolo para o crime de aborto, consumado ou
tentado. 
ART.129, §2º, CP (Pena/reclusão: 2 a 8 anos)
• Se resulta:
• I - Incapacidade permanente para o trabalho;
• A doutrina discute se o vocábulo trabalho é empregado em
sentido restrito, isto é, como livre movimento ou emprego
do corpo para fim econômico ( Hungria).
• Um violinista que fique incapacitado para tocar, poderá
exercer outro trabalho, logo a qualificadora só cabe
quando a vítima ficar incapacitada para qualquer trabalho
(Damásio).
• Greco, corroborando Álvaro Mayrink, entende que cabe a
qualificadora, pois esta é a mens legis, contudo a
incapacidade deverá ser permanente, mas não perpétua.
• O resultado qualificado pode ser doloso ou culposo.
ART.129, §2º, CP (Pena/reclusão: 2 a 8 anos)

• II - enfermidade incurável;


• (...) é a doença cuja curabilidade não é conseguida no
estágio atual da Medicina como lepra, tuberculose, sífilis,
epilepsia aduz Cezar Roberto Bitencourt.
• HIV? Greco aduz que o agente aplica uma injeção contendo
sangue contaminado, deveria responder por homicídio
(consumado ou tentado) e não por esta qualificadora, pois
entende que ela é mais do que enfermidade incurável. Ela é
mortal. Os chamados coquetéis de medicamentos permitem
que o portador leve uma vida “quase normal”, todavia as
doenças oportunistas acabam levando a pessoa ao óbito.
• Registre-se que o resultado qualificado pode ser doloso ou
culposo.
ART.129, §2º, CP (Pena/reclusão: 2 a 8 anos)
• III - perda ou inutilização do membro,
sentido ou função;
• Mais do que o simples enfraquecimento, a
qualificadora exige a perda (destruição,
privação) ou inutilização (falta de utilidade,
ainda que presente) de um membro, sentido
(aniquilamento dos olhos) ou função (p.ex.:
ablação da bolsa escrotal, impedindo a
função reprodutora; impotência para o coito,
ainda que sem remoção do órgão sexual.
ART.129, §2º, CP (Pena/reclusão: 2 a 8 anos)
• IV - deformidade permanente;
• Deformar significa modificar esteticamente a
forma original. Deverá modificar de forma visível e
grave o corpo da vítima, mesmo que essa
visibilidade somente seja limitada a algumas
pessoas (GRECO), por exemplo, marido. Também
não se deve entender permanente como
perpetuidade, tão somente como deformidade
duradoura, podendo ser reversível com o recurso
de cirurgia plástica.
• Registre-se que o resultado qualificado pode ser
doloso ou culposo.
ART.129, §2º, CP (Pena/reclusão: 2 a 8 anos)

• V - aborto: preterdoloso/preterintencional/


resultado qualificador só é possível a título
de culpa. (Crime híbrido: dolo no
antecedente e crime no consequente).
• A intenção do agente é lesionar a pessoa,
cuja gravidez era conhecida do agente,
pois, caso contrário, o crime é de aborto
• Não cabe tentativa em crime preterdoloso
(doutrina).
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE
• Art.129 §3º: Se resultar morte e as
circunstâncias evidenciam que o agente
não quis, o resultado, nem assumiu o
risco de produzi-lo: pena - reclusão, de
quatro a doze anos.
• É qualificadora preterdolosa/
preterintencional, todavia a morte deve ter
sido previsível para o agente, pois, caso
contrário, não poderá ser responsabilizado
pela qualificadora.
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE
• Imagine a hipótese em que A se encontre com seu
desafeto B numa praia. Assim que o vê, agindo com
dolo de lesão, defere-lhe uma “rasteira”, fazendo com
que ele caia e bata com a cabeça na areia. Para
infelicidade da vítima, no local onde caiu, havia oculta
uma pedra, por debaixo da areia, uma pedra de grandes
proporções, sendo que a vítima nela bate a cabeça e
sofre traumatismo craniano, vindo a morrer (Greco).
• Era previsível a pedra ali? Não, o agente responderá
pelos atos anteriores (lesão leve, grave, gravíssima)/
causa superveniente (art13, §1º).
• E se a vítima, após ter recebido a rasteira em um
restaurante batesse com a cabeça no chão, e sofresse
traumatismo craniano, vindo a morrer. É previsível tal
situação? Sim, então responderá por este delito.
CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA

• ART.129§ 4º: se o agente comete o crime impelido por


motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
sexto a um terço.
• Este parágrafo menciona pode, todavia a
jurisprudência é pacífica no sentido de que é deve, ou
seja, direito subjetivo do réu, isto é, vinculado ao
motivo da prática do crime.
• Importa também observar que as causas previstas no
art.121§1º, CP, não se comunicam aos coautores ou
partícipes do crime, por força do artigo 30, tendo em
vista serem de natureza subjetiva.
CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA
• Motivo de relevante valor moral:
liga-se aos interesses individuais,
particulares do agente. Exemplo:
lesiona o estuprador da filha.
• Motivo de relevante valor social:
sentimento nobre, altruísta que
envolva a sociedade. A doutrina
aponta como exemplo: matar o
traidor da Pátria.
CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA

• lesionar sob o domínio de violenta emoção, logo em


seguida à injusta provocação da vítima, pode
caracterizar lesão privilegiada.
• Nélson Hungria ensina que emoção é “um estado de ânimo
ou de consciência caracterizado por uma viva excitação do
sentimento. É uma forte e transitória perturbação de
afetividade, a que estão ligadas certas variações somáticas
ou modificações particulares das funções, da vida orgânica
(pulsar precipite do coração, alterações térmicas, aumento
da irrigação cerebral, aceleração do ritmo respiratório,
alterações vasomotoras, intensa palidez ou rubor, tremores,
fenômenos musculares, alterações das secreções, suor,
lágrimas)”.
CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA
• Emoção e paixão: a emoção é abrupta (súbita)
imediata e logo desaparece. Já a paixão é lenta,
sedimentando aos poucos na mente da pessoa.
Não é necessário que a vítima tenha tido a
intenção específica de provocar, bastando que o
agente se sinta sob o domínio de violenta emoção.
• Diferença entre o privilégio da violenta emoção
com a atenuante genérica (art.65, III, “c”): no
privilégio, a lei exige que o sujeito esteja sob o
domínio de violenta emoção, enquanto na
atenuante, basta que o sujeito esteja sob a
influência da violenta emoção.
SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR MULTA

• ART129§ 5º O juiz, não sendo graves


as lesões, pode ainda substituir a
pena de detenção pela de multa.
• I - se ocorre qualquer das hipóteses
do §4º: relevante valor social ou
moral ou domínio de violenta
emoção, após injusta provocação da
vítima;
• II - se as lesões são recíprocas.
 
LESÃO CORPORAL– ART.129
• § 6º Se a lesão é culposa: pena -
detenção, de dois meses a um ano.

• Causa especial de aumento de pena


• § 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§
4º e 6º do art. 121 deste Código. Aplica-se
na terceira fase do critério trifásico (art.68,
CP).
PERDÃO JUDICIAL-ART.129
• § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
• Assim, na hipótese de lesão corporal culposa, o juiz poderá
conceder o perdão judicial, deixando de aplicar a pena, quando as
consequências do crime atingirem o próprio agente de forma tão
grave que a imposição da mesma se torne desnecessária.
• Entretanto, só na sentença é que poderá ser concedido.
• Concurso: tem caráter pessoal, logo não se estende a terceiro.
• Natureza jurídica do perdão judicial É uma faculdade do juiz e
não um dos direitos públicos subjetivos do réu. O juiz, portanto, tem
a discricionariedade de conceder ou não.
• Causa extintiva da punibilidade: art. 107, inc. IX, do CP.
• Natureza Jurídica da sentença: há duas posições: a)
condenatória: só se perdoa quem errou. O juiz condena o réu e
deixa de aplicar a pena. Observe-se que foi preciso criar um artigo
para afastar a reincidência (artigo 120); b) declaratória da extinção
da punibilidade; da sentença não surte nenhum efeito penal ou
extrapenal (Súmula n. 18 do STJ). É a posição majoritária. 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA – ART.129, CP

• § 9º Se a lesão for praticada contra


ascendente, descendente, irmão, cônjuge
ou companheiro, ou com quem conviva ou
tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-
se o agente das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade: ( Lei nº
11.340/ 2006).
• Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3
(três) anos ( Lei nº 11.340/2006).
CAUSAS ESPECIAIS DE AUMENTO DE PENA

• ART.129 § 10 - nos casos previstos nos §§


1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são
as indicadas no § 9º deste artigo, aumenta-se
a pena em 1/3 (Lei nº 10.886/ 2004).
 
• ART.129 § 11 - na hipótese do § 9º deste
artigo, a pena será aumentada de um terço
se o crime for cometido contra pessoa
portadora de deficiência (Lei nº 11.340/06).
CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA

• ART. 129 § 12. Se a lesão for praticada


contra autoridade ou agente descrito nos
artigos 142 e 144 da Constituição Federal,
integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no
exercício da função ou em decorrência dela,
ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição, a pena é aumentada
de um a dois terços. (Lei nº 13.142/2015).
CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA
• ART.129 § 13. Se a lesão for praticada contra a mulher,
por razões da condição do sexo feminino, nos termos do §
2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº
14.188/28-07-2021).Pena/reclusão, de 1 a 4 anos).
• Lei 11.340/2006, art.41: informa que aos crimes praticados
com violência doméstica e familiar contra a mulher,
independentemente da pena prevista, não se aplica
a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. O STJ entende
que, apesar do art.41 mencionar só crime, também não
cabe a lei 9099/95 nas contravenções penais praticadas
com violência doméstica e familiar contra a mulher.
• Súmula 536 STF: não se aplicam a suspensão condicional
do processo (SUSCON) e a transação penal aos delitos
sujeitos ao rito da “Maria da Penha”.
REFERÊNCIAS, ENTRE OUTRAS:
• BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal – parte
especial, São Paulo: Saraiva.
• CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte especial. 20ªed,
2020.
• GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, v.2. Rio de
Janeiro: Editora Impetus.
• JESUS, Damásio Evangelista de. Código Penal anotado. São Paulo:
Saraiva.
• NORONHA, Eduardo Magalhães. Direito Penal. São Paulo: Saraiva.
• PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro, Revista dos
Tribunais, 2000.
• NUCCI, Guilherme. Direito Penal: esquemas & sistemas. 7ºed. Rio
de Janeiro: Forense; Método, 2021.
• TELES Ney Moura. Direito Penal – parte especial. Atlas.

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