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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ – FEPI

Curso de Direito

DAS LESÕES CORPORAIS


Ismaura Cantos Carlos –019259

Itajubá
2023
DAS LESÕES CORPORAIS
Ismaura Cantos Carlos –019259

Trabalho apresentado à disciplina


Direito Penal, parte especial, do
Centro Universitário de Itajubá – FEPI
como requisito parcial para obtenção
de nota bimestral.
Prof. José Carvalho

Itajubá
2023
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................1
1 DESENSENVOLVIMENTO......................................................................................3
1.1 Contextualização e considerações propedêuticas................................................3
1.2 Conceitualização...................................................................................................3
2 SUJEITOS.............................................................................................................5
2.1 Sujeito Ativo e passivo..........................................................................................5
3 OBJETO METERIAL/ BEM JURÍDICO TUTELADO............................................6
4 DA PROVA PERICIAL..........................................................................................6
5 ANIMUS DA LESÃO CORPORAL........................................................................7
6 MODALIDADES DAS LESÕES CORPORAIS .....................................................7
7 DAS PENAS........................................................................................................14
7.1 Aumento e Diminuição e diminuição de pena.....................................................14
7.2 Perdão Judicial ...................................................................................................15
8 DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA.......................................................................16
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................16
REFERÊNCIAS.........................................................................................................18
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INTRODUÇÃO

Dentre os diversos tipos de criminalidade e tentados contra a vida existe o


crime de lesão corporal. Um dos propósitos desse sistema de normas disciplinares
estabelecido por lei é proteger uma série de bens jurídicos considerados importantes
para a vida social, como a vida, a saúde, a integridade física, o patrimônio etc.
Conforme o artigo 129 do Código Penal Brasileiro (parte especial) considera-
se como lesão corporal o ato atentado a ofender a integridade corporal ou a saúde de
outem: Com pena e detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Este presente trabalho tem por finalidade apresentar um aprofundamento do
conceito de lesão corporal a partir do artigo supracitado, compreender, discutir e
analisar as 6 (seis) modalidades diferentes que podem ocorrer nos casos de lesão
corporal. Procurou-se, assim, compreender o crime de lesão corporal, apontar os
seus sujeitos ativos e passivos, apontar os seus elementos objetivos e subjetivos,
bem como explicar as diversas modalidades de lesão corporal dolosa e culposa. Para
a elaboração teórica deste trabalho foram utilizados levantamento bibliográfico e
debate em grupo, utilizando como ferramentas livros, revistas, legislações e artigos
científicos disponíveis na rede de computadores.
Ver-se-á também uma nova modalidade que surgiu por intermédio da Lei nº
10.886, de 17 de junho de 2004, denominada violência doméstica.
Informativos sobre algo muito importante que é prova pericial para estabelecer
a natureza do dano da lesão corporal seja ela: leve, grave ou gravíssimo. As formas
qualificadas do crime de lesão corporal têm penas mínimas e máximas mais elevadas
quanto a forma simples.
São considerados crimes hediondos os danos corporais dolosos de natureza
gravíssima e os danos corporais que resultem em morte, se praticados contra
autoridades ou agentes descritos nos artigos 142 e 144 da CF.
Observaremos as diretrizes em que o art. 129 trabalha, ele tem o foco em
proteger o ser vivo incluindo feto, que é o estágio de desenvolvimento intrauterino que
tem início após nove semanas de vida embrionária, e casos em que não é de sua
jurisdição, como por exemplo cadáveres.
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1 DESENVOLVIMENTO

1.1 Contextualização e considerações propedêuticas

O Código Penal Imperial, influenciado pelo Código Francês de 1810, introduziu


em seu art. 201, punindo a ofensa à integridade corporal, atribuindo o crime a nomem
iuris "ferimentos e outras transgressões corporais". Em 1890, o Código da República
introduziu o termo "lesão corporal" (seção 103), punindo ofensas corporais com ou
sem derramamento de sangue (incluindo dor).

O atual código penal traz em seu art. 129, caput “violar a integridade corporal
ou a saúde de outrem:” e a punição do Estado será mais severa ou menos severa
conforme as consequências induzidas, ou seja, definido o tipo penal de lesões
corporais, usa-se o verbo ofender, procedente da palavra latina offendere, utilizada
no sentindo de prejudicar alguém, lesar, ferir, atacar etc.

1.2 Conceitualização

Conforme apontado por Hungria:

O crime de lesão corporal consiste em qualquer dano ocasionado por


alguém, sem animus necandi, integridade física ou a saúde de outrem. Não
se trata, como o nomen juris poderia sugerir prima facie, apenas do mal
infligido a inteireza anatômica da pessoa. Lesão corporal compreende toda
e qualquer ofensa ocasionada à normalidade funcional do corpo ou
organismo humano, seja do ponto de vista fisiológico ou psíquico. Mesmo a
desintegração da saúde mental é lesão corporal, pois a inteligência, a
vontade ou a memória dizem com a atividade funcional do cérebro, que é um
dos mais importantes órgãos do corpo. Não se concebe uma perturbação
mental sem um dano à saúde, e é inconcebível um dano à saúde sem um
mal corpóreo ou uma alteração do corpo. Quer como alteração a integridade
física, quer como perturbação do equilíbrio funcional do organismo (saúde),
a lesão corporal resulta sempre de uma violência exercida sobre a pessoa.
(HUNGRIA apud GRECO, 2010, p. 271).

Entende-se igualitariamente que o delito de lesão corporal não atenta somente


aquelas situações de ofensa a integridade corporal ou a saúde da vítima, mas
também agrava uma situação que já existia.
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Na lei penal é definido que a lesão corporal faz uma ofensa a integridade
corporal ou a saúde de outrem, mas quem seria especificamente esse outrem e como
poderíamos defini-lo?

O significado de outrem devemos entender, como consideração inicial, apenas


sendo uma pessoa viva. Portanto, não é possível pensar em lesões corporais em
pessoas jurídicas, animais ou mesmo objetos inanimados. Ou seja, outrem é um ser
vivo. Dessa forma, obviamente exclui-se as pessoas mortas. Porém, precisamos
esclarecer desde quando esse vivente já possui a proteção do art. 129. Será que um
feto, que é o estágio de desenvolvimento intrauterino que tem início após nove
semanas de vida embrionária, quando já se podem ser observados braços, pernas,
olhos, nariz e boca, e vai até o fim da gestação, será protegido pelo art. 129 do código
penal?
Existem diversas controvérsias doutrinárias sobre esse assunto.
A questão tem sido estudada pelo autor Luiz Regis Prado, que afirma que ele
é um ser humano vivo, desde o momento do nascimento até a sua morte,
descartando, ao que tudo indica, a possibilidade de o crime de lesão corporal ser
cometido, por exemplo, contra feto ainda em formação no ventre da mãe. (PRADO
apud GRECO, 2010).

Ney Moura Teles tem visão oposta, argumentando que: o ser em formação
possui uma integridade que sustenta a vida. Se esta é protegida, aquela também o é.
E assim deve ser porque importa, para a sociedade, a proteção dos seres humanos
em formação não somente contra ações que o destruam, mas também aquelas que
o lesionam em sua integridade corporal ou que danificam sua saúde.
Seria absurdo imaginar que o dano ao feto ou ao embrião, a amputação de um
de seus membros ou o dano à sua saúde, a qualquer de seus órgãos constituintes,
fosse um criminoso indiferente. Também é absurdo considerar o ser humano em
formação como mais uma parte do corpo da gestante e incriminar a conduta
simplesmente porque afetou também a gestante. Até porque é perfeitamente possível
que uma lesão afete apenas o feto deixando intacto o corpo ou a saúde da gestante.
(TELES apud GRECO, 2010).
Sabemos que esta última posição está correta. Por ser um fator subjetivo, os
agentes direcionam suas ações apontando atividades criminosas. Se o delito for
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intencional como dito pelo professor Ney Moura Teles e o ato atente contra a
integridade física ou a saúde do nascituro, ou por crime que cause lesão corporal,
basta provar que o feto ainda estava vivo no momento do ato, o que é um crime pré-
requisito para sua sobrevivência.
Sendo assim, o art. 129 do código penal trás proteção a partir do momento em
que surge uma nova vida carregada dentro do útero materno, o que ocorre com a
nidação que é o processo de implantação do óvulo fecundado no endométrio, tecido
que reveste a parte interna do útero. Esse processo pode causar um pequeno
sangramento, o corrimento marrom, que é um indicador de gravidez e possui
determinadas diferenças com a menstruação e o escape.

2 SUJEITOS

2.1 Sujeito Ativo e passivo

Não há especificações determinando o sujeito ativo para os crimes de lesões


corporais, razão pela qual qualquer pessoa pode gozar desse status, não se exigindo
nenhuma qualidade especial, ou seja, pode ser qualquer pessoa.
O caso do sujeito passivo é um dos casos em que o sujeito se confunde com
o objeto material. Em geral é qualquer pessoa, mas há três tipos de lesões corporais
onde o sujeito passivo será próprio (exigem condições especiais):
Artigo 129, §§ 1º, IV, 2º, V, e 9º, CP – aceleração de parto, aborto e violência
doméstica. CP Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: (…)
§ 1º Se resulta: (…)
IV – aceleração de parto (…)
§ 2° Se resulta: (…) V – aborto: (…)
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se
o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada
pela Lei nº 11.340, de 2006).
Em geral, pode-se dizer que o sujeito ativo de um crime é a pessoa física que
o comete, e o sujeito passivo é a vítima do crime. O crime de lesões corporais não é
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um crime próprio, diante disso ele pode ser cometido por qualquer pessoa e sua vítima
também pode ser qualquer pessoa.
A lei refere-se as lesões corporais ou danos à saúde de terceiros; portanto, o
sujeito passivo não pode ser ao mesmo tempo ativo. Consequentemente, a
automutilação não é punível. Salvo se o agente enganar intencionalmente para
receber seguro (art. 171, § 2º, V, CCP) ou impossibilitar a sonegação (art. 184 da
codificação Penal das Forças Armadas). Nesses casos, porém, não foi o contribuinte
quem se prejudicou.

3 OBJETO METERIAL/ BEM JURÍDICO TUTELADO

Os bens jurídicos tutelado pelo estado é aquele que segundo o art. 129 protege
a integridade física em sentido amplo → corporal + saúde (atinge também a
capacidade mental).
A pessoa ou coisa contra quem recai a conduta do agente é definida como objeto
material, mesmo que com vida intrauterina, ou seja, é um ser humano (pessoa com
vida).

4 DA PROVA PERICIAL

A constituição de um crime é a prova de que existe uma infração penal de


acordo com um conjunto de elementos físicos e materiais incluídos na definição
do crime. Ou seja, O crime é a infração com maior potencial ofensivo e é um tipo
de infração penal, que se refere a todos os atos que causem dano criminalmente
relevante a interesses legítimos protegidos pelo Estado, anteriormente
classificados como ilícitos e claramente identificados. tipo de crime secundário.
Alguns crimes deixam vestígios de conduta real, enquanto outros não (por
exemplo, ameaças feitas verbalmente).

E por se tratar de crime de lesão corporal, deve ser produzida prova pericial
para estabelecer a natureza do dano: leve, grave ou gravíssimo. Segundo o art. 168
do código de processo penal.
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A função do Estado enquanto órgão técnico e aspirante à adjudicação no


processo penal é fornecer dados informativos de natureza técnica e continuar a
investigar e redigir a componente penal.
Quando um perito profissional realiza um exame de saúde, as informações
pessoais do avaliador profissional, o objetivo da avaliação, as informações e a
conclusão obtidas da avaliação, e torna-se a relação causal entre o objetivo e a
conclusão extraída da revisão.
A falta de comprovação da materialidade da infração, quando indispensável o
exame do corpo de delito (direto ou indireto), leva à nulidade do processo ou, ainda,
à absolvição, em razão da presunção de inocência agora, se não houver provas
suficientes para condenar, a absolvição é um passo necessário nos termos do art.
386, VII, CPP.

5 ANIMUS DA LESÃO CORPORAL


O animus laedendi (intenção de lesionar) ou animus nocendi é o elemento
subjetivo se faz integrante do tipo legal do crime de lesão corporal. É a consciência
do fato de que sua conduta poderá produzir a lesão à integridade ou o dano à saúde
do outro ser humano, e a vontade livre de realizá-la com o fim de produzir esse
resultado. Sabe-se que o crime pode ser praticado mediante a 6 modalidades
diferentes, onde se trata especificamente o elemento subjetivo de cada uma delas.
Porém, a modalidade simples da figura típica, que prevê o delito de lesão
corporal de natureza leve, pode ser praticada somente a título de dolo, seja ele
quando o agente quis o resultado (direito), ou quando o agente não quis o resultado,
mas conheceu o risco (eventual).

6 MODALIDADES DAS LESÕES CORPORAIS

As formas qualificadas do crime de lesão têm as penas mínimas e máximas


maior que a forma simples.
A lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e a lesão corporal seguida de
morte, quando praticadas contra autoridades ou agentes descritos nos art. 142 e 144
da CF são considerados crimes hediondos.
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São formas qualificadas do crime de lesão corporal:


Lesões corporais de natureza grave.

I. Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias.

Que tipo de ocupação está abrangida pelo mencionado inciso? Ab initio, refere-
se sob a que o resultado que conduz à qualificação das lesões corporais pretendidas
inicialmente pelo agente, pode ter sido produzido a título de dolo, ou mesmo
culposamente. Ou seja, se o objetivo do agente era fazer com que a vítima ficasse
incapacitada de exercer suas ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias, ou se
esse resultado sucedeu culposamente, isso não influenciem na definição da
mencionada figura típica.
Álvaro Mayrink da Costa traz um pensamento que a lei brasileira fala sobre
ocupações consuetudinárias, o que significa que não se limita ao trabalho da vítima,
mas a toda atividade laboratorial, não é entendida apenas como uma atividade
lucrativa, pois o conceito é funcional e não econômico. Entende-se por atividade
corporal, física ou intelectual da qual podem ser responsáveis os idosos, bem como
as crianças ou jovens que não possam prosseguir a formação profissional. Além
disso, é preciso que essa atividade não seja juridicamente ilícita e possa ser
eticamente subestimada (uma prostituta que tenha o braço quebrado pode ser uma
pessoa sujeita a imposto do tipo de natureza agravada).
(COSTA apud GRECO, 2015).

Um exame de corpo de delito é necessário para configurar o qualificador.


Quando uma vítima passa por um exame pericial, os peritos devem concluir com um
determinado diagnóstico, não podendo, como discutimos em tópico à parte, fazer um
prognóstico prevendo o que acontecerá com a vítima no futuro. Assim, para que os
peritos confirmem que as lesões sofridas pela vítima não a impediram de exercer sua
ocupação habitual por período superior a 30 (trinta) dias, deverão então determinar
seu retorno para nova perícia após um período de 30 (trinta) dias, para que seja
realizado o chamado exame supletivo, sem o qual o qualificador acima não pode ser
aplicado ao crime de lesão corporal.
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Somente se o exame adicional não for possível este pode ser substituído por prova
testemunhal, embora o § 3º Artigo 168 da referida lei processual apenas diga que a
falta de pesquisa adicional pode ser complementada por prova testemunhal. Pela
gravidade da qualificação, se a vítima nas condições em que foi encontrada pudesse
ser submetida a exame complementar, não se justifica a sua substituição por prova
testemunhal.

II. Perigo a vida

Trata-se de um qualificador de caráter culposo, classificando-se a lesão corporal


como crime eminentemente sobrenatural da vida, ou seja, dolo quanto à prática de
lesão corporal e culpabilidade de resultado agravante.
Se, ao atacar a vítima, o agente agiu com dolo no sentido de colocar em risco
a sua vida, na verdade agiu com intenção de cometer homicídio, portanto, se a vítima
sobreviver, deverá responder por tentativa de homicídio, e não por lesão corporal.
qualificado como ameaça à vida.
Uma vez adotado o princípio da culpabilidade, que veda a chamada
responsabilidade penal objetiva, o agente só pode ser responsabilizado pela
qualificação de perigo de vida se fosse previsível que, embora não desejasse tal
resultado, sua conduta poderia causar isso, porque o art. 19 estabelece no texto: Só
é responsável pelo resultado o agente que, pelo menos culposamente, o causou, o
que torna a punição particularmente severa.

III. Debilidade permanente de membro, sentido ou função

É um enfraquecimento ou redução na capacidade de usar um membro, sentido


ou função que retém parte de sua funcionalidade, mas com fraqueza. Fraqueza, no
sentido do direito penal, significa enfraquecimento ou redução da capacidade
funcional.
De acordo com a definição de Hungria, uma função é o desempenho específico
realizado por qualquer corpo. As principais funções são em número de 7 (sete):
digestiva, respiratória, circulatória, secretora, reprodutiva, sensitiva e locomotora.
(HUNGRIA apud, GRECO 2010).
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Quando se requer uma debilidade permanente para fins de configuração da


qualificadora em estudo, não se deve entender a permanência como eterna, ou
melhor ainda, sem possibilidade de retorno à capacidade original. A melhor conclusão
do item questionado é aquela que entende permanência no sentido de duração,
mesmo que reversível após longo tempo.
Seguindo essas diretrizes o doutrinador Luiz Regis Prado entendemos que, a
debilidade deve ser permanente, o que não significa para sempre. A fraqueza
permanente é, portanto, uma redução a longo prazo da plena capacidade de um
membro, sentido ou função. (PRADO apud GRECO, 2015).
Assim, a redução contínua da capacidade funcional dos apêndices do corpo
humano, dividindo-se em superiores (braço, antebraço e mão) e inferiores (coxa,
perna e pé). Constitui qualificadora do crime de lesão corporal e caracteriza a
chamada lesão corporal grave.
Os seres humanos também têm cinco sentidos: visão, olfato, audição, tato e
paladar. Se houver uma debilidade em qualquer um deles como resultado das lesões
sofridas, a ofensa é qualificada. Assim, por exemplo, no caso de uma vítima que
perdeu um olho ou mesmo ficou surda de um ouvido após um ataque violento, o caso
é resolvido como uma debilidade, ou seja, uma redução, uma redução na capacidade
de ver ou ouvir. Se ela ficasse completamente cega ou surda, o caso não seria
considerado uma fraqueza, mas sim uma perda ou diminuição dos sentidos,
convertendo a lesão corporal de grave em gravíssima.

IV - Aceleração de parto

Consiste na antecipação do nascimento, na extração do feto com capacidade


de vida extrauterina, forçada antes do prazo normal. Qualificadora do crime de lesão
corporal.
Se o agente agiu no sentido de interromper a gravidez com a consequente
expulsão do feto, e sua intenção foi o aborto, e não a lesão corporal qualificada por
antecipação do parto. Se o feto sobreviver mesmo após a conduta do agente
causador com finalidade de interromper a gravidez com sua posterior expulsão, ele
deverá responder pela tentativa de aborto. Assim, a conduta do agente só pode ser
qualificada como lesão corporal por antecipação do trabalho de parto se sua intenção
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for apenas causar lesão a uma mulher sabidamente grávida e que, por sua condição
particular de gestante, ocasionou o nascimento prematuro do feto, antes da previsão
do nascimento.

Lesões corporais gravíssimas

A lesão corporal gravíssima acontece quando a outra pessoa perde a


capacidade para o trabalho. As agressões foram tão fortes que o outro ficou incapaz
de exercer seu trabalho de forma permanente e não só por 30 dias. Ela se configura
também quando ocorre alguma enfermidade incurável. Ou seja, enquanto a lesão que
acarretasse apenas a debilidade permanente do membro, sentido ou função
enquadrava-se no crime de lesão corporal grave, a lesão que cause a perda destes
sofre uma maior punição, portanto, enquadra-se como gravíssima.
A qualificação examinada diz respeito à perda ou incapacidade permanente
para o trabalho. Este resultado de qualificação pode ter sido criado intencionalmente
(dolo) ou culposamente. Tanto a intenção direta quanto a contingente é admitida; na
modalidade culposa, é necessário que o desfecho seja previsível para o agente.
Em afirmação do ilustre Hungria ao emprego habitual do ofendido, mas ao trabalho
em geral. O ofendido deve ser privado da possibilidade, física ou mental, para aplicar-
se em qualquer atividade lucrativa. A palavra trabalho é usada em um sentido
limitado, ou seja, como movimento livre ou uso do corpo para fim econômico.
(HUNGRIA apud, GRECO, 2015).
A incapacidade deve ser permanente, ou seja, durável, mas não
necessariamente para sempre. É possível que a vítima volte ao trabalho normalmente
após algum tempo após a lesão. Como já enfatizado, o que importa aqui é que essa
incapacidade é permanente, sem tempo de recuperação fixa.
Vesse-a também as enfermidades incuráveis. Quando falamos em
enfermidades incuráveis, estamos falando de doenças crônicas, caracterizadas pelo
adoecer em longo prazo, cujos portadores não se beneficiam de tratamento curativo.
Doenças que desafiam a Medicina e são consideradas incuráveis: esclerose
múltipla, esclerose lateral amiotrófica, psoríase, vitiligo, epilepsia, mal de Parkinson,
Alzheimer, alergias, bronquite asmática, Chron, endometriose, glaucoma, taquicardia,
insuficiência renal, esquizofrenia, anorexia, bipolaridade etc. Admite-se que a
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qualificação de doença incurável pode decorrer de conduta dolosa ou mesmo culposa


do agente.

Temos também Perda ou inutilização de membro, sentido ou função: Perda


ocorre quando a vítima deixa de ter o membro (amputação ou decepamento), o
sentido ou a função.
Comparada a uma lesão grave, que implica fraqueza, mais do que mera
debilitação, a qualificadora sob investigação exige a perda, ou seja, a ablação de
qualquer membro, superior ou inferior, ou mesmo sua destruição completa. Isso
significa que, mesmo que o membro exista, ele não tem capacidade física para ser
usado. Por exemplo, quando uma vítima sofre uma lesão em um braço fraco, débil,
mas ainda utilizável, embora não mais com sua força e capacidade anteriores, a
hipótese será considerada debilidade; inversamente, se as lesões sofridas pela vítima
fizerem com que seu braço, embora ainda fisicamente preso ao corpo, não possa
mais ser usado para qualquer movimento normal, isso será uma incapacitação.
Então, nesse sentido o raciocínio sobre a perda ou destruição de significado
ou função. Se, por exemplo, a vítima passar a ter problemas de audição devido a uma
lesão, o caso será tratado como perda de sentido. Ora, se ele ficar completamente
surdo com os ferimentos, o comportamento corresponderá ao qualificador constante
do inciso III § 2º. art. 129.
Porém observa-se que quando falamos sobre a deformidade permanente, ela
está relacionada a danos estéticos. Com base em posições doutrinarias, ver-se-á que
a lesão corporal pode ter relação com dano físico ou à saúde mental da vítima. Em
exemplo temos: um olho perfurado ou decepar a orelha são deformidades estético-
anatômicas permanentes (ainda que fosse possível correção por cirurgia plástica ou
o uso de prótese).
Falando em deformidade permanente, Noronha discorre: As opiniões sobre o
conceito dessa deformidade divergem: algumas exigem que o dano estético seja
grande e impressionem imediatamente o observador; outros se contentam com danos
mínimos; e outros se enquadram entre esses dois grupos; o dano à estética deve ser
em algum grau, perturbador, causando até mesmo constrangimento ao usuário e
repulsa ou desagrado a quem os vê, sem que seja necessário atingir os limites do
aterrorizante ou incapacitante. (NORONHA apud, GRECO, 2015).
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Para configurar o qualificador, é necessário que a deformação tenha algum


significado, ou seja, não se trate de um dano insignificante, quase desprezível, como
uma marca deixada no corpo da vítima, dando-lhe a aparência de um “esfolamento”.
a deformação de acordo com a justificativa acima deve modificar visivelmente e
seriamente o corpo da vítima, mesmo que essa visibilidade seja limitada a apenas
algumas pessoas.

Se alguém agride grávida, querendo apenas lesioná-la, mas, culposamente,


provoca-lhe um aborto responderá por crime de lesão corporal gravíssima (art. 129,
§ 2º V do CP). O aborto funciona como causa agravadora do delito de lesões
corporais.

Lesão corporal seguida de morte

A lesão corporal seguida de morte é também denominada pela doutrina como


homicídio preterdoloso. Isso porque o indivíduo tem o dolo de provocar lesões
corporais na vítima. Entretanto, acaba por matá-la culposamente, prevista no § 3 ° d
o art. 129 do Código Penal. A redação da lei penal é clara no sentido de que, para
responder pelo crime de lesão corporal dolosa, o agente não poderia ter desejado o
resultado, agido com dolo direto ou mesmo assumido o risco de produzi-lo, agir com
possível malícia.

Lesão corporal culposa

Lesão corporal culposa é a lesão que não foi praticada com a intenção do autor
de produzir tal efeito. No nosso cenário, é bastante comum em casos de acidente de
trânsito causados por imprudência, negligência ou imperícia de um dos condutores.

Violência Doméstica

Violência familiar/violência doméstica - ocorre em um domicílio ou unidade


doméstica e geralmente é perpetrada por um membro da família que mora com a
vítima. As agressões domésticas incluem: abuso físico, sexual e psicológico,
negligência e abandono.
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Na verdade, a violência doméstica, ou seja, a violência que ocorre


especificamente no lar, não é um produto da nossa sociedade moderna como sempre
foi. No entanto, em um passado não muito distante, para não proteger suas vítimas,
argumentamos que era uma questão familiar e que terceiros, fora do relacionamento,
"não precisam se envolver". Existe um provérbio popular que diz: "Na briga de marido
e mulher, ninguém mete a colher". Todos esses anos de inação do Estado fizeram
com que a violência doméstica aumentasse a cada dia. Assim, é muito comum a
violência de pais contra filhos, filhos contra pais, avós e principalmente maridos contra
suas esposas. Correspondentemente, os casos de agressão contra mulheres são
infinitamente maiores.
Hassemer e Mufíoz Conde, discorrendo sobre o tema, explicam: Entre os
grupos de vítimas mais representados nas atuais pesquisas de vitimização e objeto
de estudos e investigações especiais estão as mulheres, abusadas na família por seu
companheiro ou marido. Provavelmente nenhuma relação de convivência humana é
tão conflituosa e violenta quanto a família, e dentro dela, a conjugal ou a coabitação.
(HASSEMER e MUÑOZ apud GRECO, 2015).
Porém, se a mulher for vítima de violência doméstica ou familiar e atuar como
sujeito passivo do crime de lesão corporal, tal fato acarretará tratamento mais rigoroso
ao autor do crime, visto que o artigo 41 da Lei nº 11.340 de 7 de agosto de 2006
proíbe a aplicação da lei. 9.099/95. Recorde-se ainda que a hipótese de violência
doméstica prevista no § 9º do artigo 129 do Código Penal ainda configura lesão
corporal leve, ainda que qualificada. Segundo a posição majoritária da doutrina, seria
possível o uso de penas alternativas previstas no artigo 44 do Código Penal. No
entanto, se o sujeito passivo for mulher, tal indenização não poderá significar a
utilização de cesta básica ou outros benefícios pecuniários, nem o eventual
pagamento de multa nas condições preconizadas pelo artigo 17 da Lei nº 11.340, de
7 de agosto de 2006.

7 DAS PENAS

7.1 Aumento e Diminuição e diminuição de pena.


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Para entendermos sobre a Diminuição de pena a redação do § 4° do art. 129


diz que se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
A redação contida no parágrafo anterior é idêntica à redação utilizada para
efeito de redução da pena no caso do crime de homicídio, assim considerado
privilegiado, e, portanto, doutrinariamente, embora não concordemos com esta
noção, as lesões corporais são reconhecidas como privilegiadas.
O juiz pode substituir a pena privativa de liberdade por pena pecuniária quando
o agente comete crime motivado por relevante valor social ou moral ou sob o domínio
de violentas emoções logo após injusta provocação da vítima.
No caso de violência doméstica ou familiar contra a mulher, não será permitido
a substituição da pena privativa de liberdade por pena de multa, aplicada
isoladamente, em face da determinação expressa do art. 17 da Lei nº 1.340, de 7 de
agosto de 2006.
Quanto à majoração da pena, refira-se que se o dano for cometido contra
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro com quem viva ou tenha
vivido, ou ainda o dominante nas relações domésticas, coabitação ou hospitalidade,
teremos que verificar sua natureza para aplicar os §§ 9 e 10. Se as lesões forem
leves, desde que tenham sido cometidas nas pessoas acima mencionadas, ou nas
circunstâncias especificadas, § 9 do artigo 129 do Código Penal, que prevê outra
modalidade qualificada. Na hipótese de serem consideradas graves ou gravíssimas,
ou mesmo no caso de lesão corporal que resulte em morte, se praticadas nas
hipóteses do § 9 § 10º de acordo com o § 129 do Código Penal, o infrator deve
continuar sujeito à majoração de um terço prevista no § 10 do mesmo artigo.

7.2 Perdão Judicial

Antes de mais, importa sublinhar que a clemência judicial não é um regime


aplicável a qualquer crime, mas apenas a crimes predeterminados e previstos na
lei. Quanto à natureza jurídica da decisão de indulto, o Supremo Tribunal de Justiça
deixou claro na Súmula 18 que a sentença de indulto tem natureza declarativa de
extinção da pena, não deixando efeito de condenação.
16

Em outras palavras o perdão judicial é prerrogativa do juiz que mesmo


reconhecendo a prática do crime deixa de aplicar a pena, desde que, preenchidas as
circunstâncias da lei e quando as consequências do delito atinjam o agente, de tal
forma que o seu sofrimento por si só, já seja punição suficiente.

8 DA PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA

A pessoa com deficiência deve ser entendida a pessoa especificada no


Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que alterou a Lei nº 7.853, de 24 de
outubro de 1989. O Art. 3º do referido decreto considera deficiência como qualquer
perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou
anatômica que cause a incapacidade de realizar uma atividade dentro da norma
considerada normal para uma pessoa. Em outras palavras considera-se pessoa com
deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial.
O artigo 4.º do mesmo diploma legal considera pessoa com deficiência aquela
que se enquadre nas seguintes categorias: I - deficiência física; II - perda auditiva; III
- deficiência visual; e IV - deficiência mental. Como o § 11 do art. 129 do Código Penal
não fazia distinção, entendemos que se aplica a todas essas hipóteses de
incapacidade.

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, foram abordados a respeito do artigo 129 do Código Penal


Brasileiro: lesões corporais, o que inclui, entre outras coisas, suas definições,
classificações, exclusões.
Alguns doutrinadores foram usados para realizar este trabalho. Lesão corporal
é, portanto, qualquer dano causado à normalidade funcional do corpo humano.
O crime de lesão corporal é classificado doutrinariamente, resumidamente,
como crime de forma livre; crime material; danos criminais, crime multisubjetivo e
crime unisubjetivo.
De ainda de acordo com a tipologia legal, o crime de lesão corporal pode ser
assim caracterizado: lesão corporal leve, grave, gravíssima, seguida de morte,
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agravada em menor e idoso, privilegiada, doméstica e culposa. E mesmo em certos


momentos o crime de lesão corporal é cometido por meio de concurso, mas em outros
momentos é absolvido do crime final.
Em foco o crime de aceleração do parto é se suma importância para
conhecimento desse trabalho pois é algo que consiste na antecipação do nascimento,
na extração do feto com capacidade de vida extrauterina, forçada antes do prazo
normal, trazendo problemas seríssimos não só para a mãe quanto para o bebê.
Qualificadora do crime de lesão corporal.
Observa-se também a qualificação do crime de Violência Doméstica que é
aquele que ocorre dentro de uma família ou unidade familiar, geralmente por
membros da família que convivem com a vítima. A agressão doméstica inclui: abuso
físico, sexual e psicológico, negligência e abandono.
Outra possibilidade para a origem desse crime: lesão corporal na condução
de veículo automotor, que se enquadra na tipificação do art. 303 CTB.
Por fim, e muito bem observados é demostrado com exemplos que os juízes
podem alterar a pena de prisão para multa quando o agente comete o crime
motivado por valores sociais ou morais relevantes ou quando a vítima está sob o
domínio de emoções violentas logo após ter sido provocada indevidamente.
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REFERÊNCIAS

GRECO, Rogério. Código Penal: Comentado. 4. ed. Niterói, RJ: Editora


Impetrus, 2010.

GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Especial. 12. ed. Niterói, RJ:
Editora Impetrus, 2015. v. 11.

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