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Introdução

João Figueiredo foi um militar e político brasileiro que ficou conhecido como o
último presidente do Brasil do período da Ditadura Militar. Seu governo se estendeu
de 1979 e 1985, ficando marcado pelas medidas de abertura controlada promovida
pelos militares e pelo fortalecimento da oposição civil aos militares.
Assumiu a presidência como o sucessor de Geisel e na presidência demonstrou
ser uma figura autoritária, sendo conhecido por suas declarações mal-educadas. Seu
governo obteve péssimos resultados na área da economia e se encerrou como o
último governo militar após a derrota para Tancredo Neves na eleição de 1985.
João Batista de Oliveira Figueiredo nasceu no dia 15 de janeiro de 1918, sendo
originário da cidade do Rio de Janeiro. Era filho de um renomado militar brasileiro da
primeira metade do século XX, Euclides de Oliveira Figueiredo, um homem que havia
lutado contra os tenentistas, havia sido contrário à subida de Vargas ao poder, além
de ter participado da Revolução Constitucionalista de 1932.
Com a queda de Getúlio Vargas, Euclides também foi membro da União
Democrática Nacional, partido conservador. Por influência de seu pai, João
Figueiredo seguiu a carreira militar, assim como dois de seus irmãos. A mãe de João
Figueiredo se chamava Valentina Silva Oliveira Figueiredo, e do casamento dela com
Euclides nasceram seis filhos.
O envolvimento de Euclides com a revolta paulista forçou seu exílio entre 1932 e
1934. João Figueiredo fez a sua educação em colégios militares, primeiramente em
um colégio em Porto Alegre e depois em Realengo, no Rio de Janeiro. Durante o
Estado Novo, Figueiredo ingressou na Cavalaria do Exército.

Carreira militar de João Figueiredo

Ao ingressar na Cavalaria, Figueiredo conquistou diversas promoções de patente.


Ao final do Estado Novo, por exemplo, já possuía a patente de capitão. Além disso,
também atuou em várias instituições militares. A partir de 1945, Figueiredo ingressou
na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e tornou-se instrutor na Academia Militar
das Agulhas Negras
Figueiredo também ingressou na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército,
na Escola Superior de Guerra e no Conselho de Segurança Nacional, liderado por
Golbery do Couto e Silva, durante o governo de Jânio Quadros. Já no governo de
João Goulart, assumiu a função de instrutor da Escola de Comando e Estado-Maior
do Exército.
João Figueiredo teve grande atuação no golpe que derrubou o presidente João
Goulart em 1964. Com o início da Ditadura Militar, foi formado o Serviço Nacional de
Informações, o SNI, cujo objetivo era oferecer informações sobre grupos internos
encarados como inimigos pelos militares. O SNI foi o meio que os militares
encontraram de controlar e neutralizar seus opositores.
Em 1966, Figueiredo assumiu o comando da Força Pública de São Paulo, e no
governo de Médici assumiu o Gabinete Militar. Já no governo de Ernesto Geisel, João
Figueiredo esteve no comando do SNI e atuou diretamente no processo de abertura
promovido pelos militares a partir desse governo.
O intuito dos militares nesse processo não era de garantir o retorno da democracia
irrestrita no Brasil, mas sim de garantir a existência de governos civis, centralizadores
e autoritários que viessem a governar o país de acordo com os interesses dos
militares. A posição de Figueiredo à frente do SNI fez com que ele se tornasse favorito
de Geisel para a sucessão presidencial.

Governo João Figueiredo

O governo do general João Figueiredo na presidência da República foi o último do


regime militar. O general João Figueiredo deu continuidade ao projeto iniciado no
governo anterior de abertura do regime, como designado pelos militares de maneira
“lenta, gradual e segura”. Desse modo, em agosto de 1979, assinou a Lei de anistia
política que anulou as punições aos brasileiros feitas desde 1964. Com essa lei foram
revogadas as penalidades propostas nas legislações do regime militar como o exílio,
a suspensão de direitos políticos, as aposentadorias compulsórias, dentre outras
punições. As absolvições foram concedidas tanto aos militares que atuavam em favor
do regime, quanto aos militantes de esquerda que se opuseram ao regime. Dessa
forma, os crimes cometidos pelos agentes do regime também não poderiam ser
julgados
Além da Lei da Anistia, foi aprovada a Lei Orgânica dos Partidos que possibilitou a
criação de outros partidos e, consequentemente, a extinção do bipartidarismo e dos
partidos existentes durante o regime: Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e
Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Dentre alguns dos partidos criados nesse
período estiveram o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB), o Partido Democrático Trabalhista (PDT), o partido que agregava arenista –
Partido Democrático Social (PDS), e o Partido Movimento Democrático Brasileiro
(PMDB) – que reunia antigos emedebistas. E, durante novembro de 1979, foram
previstas eleições diretas para os governadores de Estados, e foi extinta a eleição
indireta para senadores. Somente no ano de 1982 foram realizadas as eleições
diretas para compor os quadros executivos dos Estados e da Câmara Federal, sendo
a oposição majoritariamente vitoriosa nesses pleitos.
Economicamente, o governo do general Figueiredo foi marcado por inflação e
estagnação econômica, evidenciando o colapso da política econômica do regime
militar. Isso se somou à crise internacional do petróleo de 1979; para contornar essa
crise a importação de petróleo foi reduzida e ampliaram-se as prospecções de busca
por esse insumo. A crise econômica persistiu, e a dívida externa chegou ao índice
alarmante de 61 bilhões de dólares. Em consequência da crise econômica ocorreram
as demissões em massa nas fábricas do ABC paulista, acarretando as greves de
diversas categorias, destacadamente dos metalúrgicos, entre os anos de 1978 e
1979. Os líderes sindicais que atuaram nessas greves foram indiciados pela Lei de
Segurança Nacional.
A abertura política não contentava todas as parcelas das forças armadas e da
extrema direita, e havia grupos que promoviam ataques terroristas para coibir a ação
de grupos de esquerda. Bancas de jornal que vendiam impressos de esquerda eram
atingidas por bombas lançadas por esses grupos. Em agosto de 1980, foram enviadas
cartas-bombas para o dirigente da Ordem dos Advogados do Brasil e para a Câmara
Municipal do Rio de Janeiro, causando mortes e mutilações de funcionários dessas
instituições. Dentre esses atentados o que mais se destacou foi o caso da explosão
de uma bomba dentro do carro de militares, no Rio de Janeiro, onde se realizava a
comemoração do dia do trabalhador, em 1981. Os militares foram inocentados, e o
governo do general Figueiredo foi atingido por uma crise por causa desse atentado.
O desgaste da ditadura militar levou à criação de uma frente da oposição ao regime
pela realização de eleições diretas, esse movimento ficou conhecido como “Diretas
Já”. Assim, uma Emenda constitucional acerca das eleições diretas foi elaborada pelo
deputado Dante de Oliveira, no entanto, não foi aprovada pelo Congresso. Em janeiro
de 1985, realizaram-se eleições indiretas para presidente da República, os candidatos
governistas Paulo Maluf e Flávio Marcílio foram derrotados pela oposição. Sucedeu
o governo do general Figueiredo, o civil José Sarney. Tancredo Neves que havia sido
eleito para o cargo de presidente da República não chegou a assumir o posto por não
ter sobrevivido a diversas cirurgias. Assim, o vice-presidente José Sarney tornou-se
presidente, e o regime militar foi encerrado.
Fim da Ditadura
Com a alta inflação e a paralisação da capacidade produtiva, os movimentos
sociais ganharam força. Entre as principais mobilizações esteve a greve de 41 dias
dos metalúrgicos da região do ABC (região metropolitana de São Paulo integrada
pelos municípios de Santo André, São Bernardo e São Caetano).
Os líderes do movimento foram presos, entre eles o sindicalista Luiz Inácio Lula da
Silva. Ainda em 1981, foi criada a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
A participação popular nas eleições para o Congresso e para os governos dos
Estados ocorreu em 1982 e, em 1984, ocorreu a campanha "Diretas Já", para escolha
do presidente da República. Apesar da intensa campanha realizada pela população
brasileira, a emenda não foi aprovada. Por isso, Tancredo Neves, chegou ao poder
por eleições indiretas ocorridas em 1985.
Por sua parte, o general João Baptista Figueiredo se recusou a participar da
sucessão e não entregou a faixa ao vice-presidente José Sarney (empossado devido
à doença de Tancredo Neves).

Frases

Prefiro cheiro de cavalo a cheiro de povo.


Quem for contra a abertura, eu prendo e arrebento.
Bom, o povo, o povão que poderá me escutar, será talvez os 70% de brasileiros que
estão apoiando o Tancredo. Então desejo que eles tenham razão, que o doutor
Tancredo consiga fazer um bom governo para eles. E que me esqueçam.
Conclusão
Figueiredo deixou Brasília ainda no dia 15. Passando a viver entre seu sítio em
Nogueira, distrito de Petrópolis (RJ), e a capital fluminense, afastou-se totalmente da
vida política e da imprensa até 1987, quando concedeu algumas entrevistas,
manifestando-se a respeito de alguns temas tratados na Assembleia Nacional
Constituinte, que iniciara seus trabalhos em fevereiro desse ano. Nas entrevistas,
condenou as modificações propostas em relação ao papel das forças armadas, não
permitindo sua intervenção em momentos de crise. Segundo Figueiredo, “se as forças
armadas tiverem que intervir, vão fazê-lo, porque não vai depender do que estiver
escrito na Constituição, vai depender do que estiver escrito no coração de cada
brasileiro”.
Em agosto de 1987 redigiu um texto “de alerta dirigido à nação, contra todas
as formas de radicalismo que ameaçavam a redação da nova Constituição”. No
panfleto, Figueiredo afirmava que no governo do presidente José Sarney “a
democracia estava sendo comprometida paulatina e sistematicamente em função de
motivações outras que não coincidem com os legítimos interesses nacionais”. Além
disso, existia o perigo dos “movimentos de contestação radical que, por defenderem
uma reforma agrária anárquica, poderiam levar o país a uma guerra civil”.
A partir de setembro começou a declarar, em entrevistas, que era necessária
a união dos partidos de centro visando à construção de uma candidatura à
presidência da República no pleito de novembro de 1989. Tendo como objetivo
principal barrar o crescimento das esquerdas, um grupo de amigos de Figueiredo
começou a organizar um movimento que viabilizasse sua possível candidatura
presidencial. Foram programadas viagens pelo país e o lançamento mensal de
manifestos à nação com análises sobre a conjuntura política. Em dezembro desfiliou-
se do PDS e, meses depois, foi convidado a ingressar no Partido Social Democrático
(PSD). Chegando a participar do programa nacional da agremiação em março de
1988, decidiu não se filiar. Declarando-se, ainda, desiludido com a política, acabaria
não se candidatando a qualquer cargo eletivo.
Em maio seguinte, o médico do Exército Amílcar Lobo, participante de sessões
de tortura durante o regime militar, declarou ao Jornal do Brasil que vira, em 1971,
Figueiredo — então chefe da Casa Militar do governo Médici — no Centro de
Informações do Exército (CIE) dando orientações sobre métodos de tortura a presos
políticos para o então chefe do CIE, coronel José Luís Coelho Neto. Figueiredo
declarou que “nunca se deve valorizar a infâmia pelo oferecimento de resposta” e
que, partindo de alguém que foi repudiado pelos próprios colegas de profissão, “minha
atitude só pode ser de indiferença e desprezo pelo caluniador”.
Em julho de 1988, Figueiredo sofreu mais uma acusação, dessa vez de uma
ex-funcionária do SNI, que entrou na Justiça com uma ação de investigação de
paternidade para efeito de pensão alimentícia de seu filho, fruto, segundo ela, de sua
relação com o ex-presidente. Figueiredo — que entrou com uma queixa-crime contra
a acusadora — negou a existência de qualquer relação amorosa e declarou que havia
interesses políticos por trás desse episódio.
Em entrevista ao jornal O Globo, em abril de 1991, Figueiredo reconheceu que
o atentado do Riocentro fora obra dos militares apontados no inquérito policial-militar
arquivado pelo STM e que não interveio no trabalho da Justiça em nome da
independência dos poderes, embora o resultado não tenha, segundo o ex-presidente,
“convencido ninguém porque não chegou a nada”. Numa entrevista posterior,
admitiria também “a possibilidade de ter havido abusos de grupos paralelos — fora
do controle do governo — e até mesmo torturas cometidas pelo pessoal de baixo, à
revelia dos comandantes”.
Integrando o Conselho Nacional de Mobilização (CMN) — entidade formada
por civis ligados à Escola Superior de Guerra, militares da reserva e da ativa,
dirigentes da Maçonaria, do Rotary e do Lions Club —, apoiou a aprovação, em 29
de setembro de 1992, pela Câmara, da abertura do processo de impeachment do
presidente Fernando Collor, acusado de crime de responsabilidade por ligações com
um esquema de corrupção liderado pelo ex-tesoureiro de sua campanha presidencial
Paulo César Farias. Afastado da presidência logo após a votação na Câmara, Collor
renunciou em 29 de dezembro de 1992, pouco antes da conclusão do processo pelo
Senado, sendo efetivado na presidência o vice Itamar Franco, que vinha exercendo
o cargo interinamente desde 2 de outubro.
Em abril de 1993 um grupo de amigos de Figueiredo começou a articular o
lançamento de sua candidatura presidencial no pleito de outubro do ano seguinte,
ideia que não foi aprovada pelo ex-presidente. Em maio de 1994 Figueiredo agrediu
dois jornalistas presentes num ato de apoio de taxistas à candidatura do general
Newton Cruz ao governo do estado do Rio de Janeiro. Reclamando da presença de
jornalistas e argumentando que não era obrigado a dar entrevistas ou justificar suas
atitudes, tentou arrancar o bloco de anotações de um repórter do jornal O Globo e
empurrou a câmera contra o rosto de uma fotógrafa.
Em novembro de 1995 internou-se numa clínica no Rio de Janeiro para operar
um aneurisma abdominal, mas problemas pós-operatórios complicaram o estado de
saúde do ex-presidente, que acabou permanecendo 21 dias na Unidade de Terapia
Intensiva, seis deles em estado de coma. Por não ter tido os olhos devidamente
protegidos durante a fase pós-operatória, sofreu ressecamento e ulceração das
córneas, tendo perda quase total da visão. Mesmo com a saúde debilitada, participou,
em setembro de 1996, de uma reunião no Clube Militar, na qual foi aprovado um
recurso que seria enviado ao presidente Fernando Henrique Cardoso e ao ministro
da Justiça, Nélson Jobim, contra a concessão de indenização às famílias dos
guerrilheiros Carlos Lamarca e Carlos Marighella.
A partir de 1997, com sérios problemas cardíacos e de coluna, passou a viver
isolado em seu apartamento em São Conrado, no Rio de Janeiro, evitando a imprensa
e até os amigos mais próximos. Sofrendo de fortes dores na coluna, em julho desse
ano submeteu-se a uma cirurgia com um médium que dizia incorporar o espírito do
médico alemão dr. Fritz. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 24/12/1999.
Referências Bibliográficas:
https://brasilescola.uol.com.br/historiab/joao-figueiredo.htm.
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/joao-figueiredo.htm
https://www.todamateria.com.br/joao-baptista-figueiredo/
https://www.infoescola.com/historia-do-brasil/governo-de-joao-figueiredo/

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