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Parte 3 – Em Odessa
(som de marcha militar ao fundo)
N: Os recrutas chegaram em Odessa, às 2 horas da madrugada, fazia muito
frio. O comboio chegou com 1h de atraso; receberam breve discurso de boas-
vindas e se dirigiam para os alojamentos. Iniciou-se, sem tardar, o primeiro dia
de correria ... aulas, palestras, refeições, ginástica. Ivan pensava, o mais
importante agora, enquanto se dirigia ao refeitório, é procurar um lugar para
orar. Ivan ouviu uma voz a falar: “Confessa-me diante dos homens e eu o
reconhecerei diante dos anjos de Deus.”
(Ivan chega atrasado na fileira para entrar em forma – colocar o hino da União
soviética ao fundo)
Sargento Strelkov: Explique a razão de seu atraso, camarada Soldado
Moiseyev.”
Ivan: Sinto muito Sargento. Estava orando.
(Strelkov fixou o olhar nele)
Sargento: Siga com o treinamento normal, quando terminar, apresente-se a
mim.
N: O Sargento pertencia a uma terceira geração de ateus. Seu avô fora um dos
primeiros bolchevistas; aspirante da marinha e tripulante do couraçado Aurora.
Seu pai fora oficial na grande guerra patriótica com filiação ao Partido
Comunista.
(Ivan se dirige à presença do sargento)
Sargento: Que negócio é este de oração, Moiseyev? Você estava brincando?
Ivan: Não Sargento.
Sargento: Isto não é permitido aqui Moiseyev. Orar. Religião. No Exército
Vermelho, não. Você terá que se modificar! Estou certo de que depois que
começar a apreciar a vida militar, compreenderá a insensatez de tais ideias!
Capitão Zalivako: Você não me parece o tipo de soldado que se atrasa. Que é
que o impede de chegar à hora junto com os seus colegas de pelotão?
Ivan: Estava orando Capitão.
N: O Sargento Strelkov o havia denunciado ao gabinete do Polit-ruk (gerencia o
trabalho político e educacional em subdivisões militares), pois todos soldados
ouviram as suas declarações religiosas. O próprio Lenine (líder da Revolução
Socialista) declarava que o objetivo supremo do Partido Comunista era libertar
as massas operárias da ideia de religião.
Capitão: A quem você ora?
Ivan: A Deus, capitão, o Criador do universo, que ama a todos os homens.
Capitão: Deu um suspiro ... A Deus? Já foi provado pela ciência que Deus não
existe!
Ivan: Isto é o que dizem os ateus, capitão!
Capitão: Você possui uma Bíblia?
Ivan: Não Senhor.
Capitão: A Bíblia é um livro indesejado na União Soviética; ela estimula a
passividade e a subserviência.
Ivan: Ela transforma a vida, Capitão!
Capitão: O Exército é que transforma vidas, Moiseyev!
(o capitão estava impaciente)
Ivan: Estou pronto para servir o Exército da melhor forma possível!
Capitão: Então significa que está disposto a abandonar suas ideias
subversivas a respeito de Deus e a dedicar-se com lealdade ao estado.
Irei acompanhá-lo pessoalmente em todas as atividades ...
Ivan: Tenho prazer em servir à causa do socialismo, mas sou cidadão do Reino
de Deus! É um reino no coração de cada pessoa, de perdão e amor!
Capitão: Já derrotamos outros reinos, Moiseyev. Você tem rejeitado as
orientações de seus superiores. Isto me preocupa!
Capitão: Já que gosta de orar de joelhos, irá lavar o salão de conferencias e
todos os seus corredores, de joelhos. Vai trabalhar a noite toda! Assim vai ter
tempo para decidir se quer mesmo seguir ideias antissoviéticas. Dispensado!
(Ivan faz continência ao capitão e retira-se)
N: A notícia de que havia um soldado crente se espalhou por toda a
companhia, assim como a punição. E o jovem Ivan parecia incrivelmente
disposto, cantando hinos enquanto trabalhava. O soldado que passavam por
ele, olhavam com espanto. Ele era um mistério!
Parte 4 – Em Kertch
N: Ivan estava curioso, olhando tudo, dentro da carroceria do transporte.
Kertch, é uma cidade portuária que penetra pelo Mar Negro, com inúmeros
atrativos. Fora fundada no séc. VI da era cristã, pelos grupos que a chamavam
Panticapaeum. Digna de ser notada era a colina mais elevada da cidade
Mirthadates, onde se encontraram as ruínas gregas de uma acrópole, um
parlamento grego. Foi no quartel de Kerth que as provações de Ivan
começaram a se intensificar. Várias vezes ele orava.
Ivan: “Senhor, concede que eu possa fazer tudo da melhor forma possível; dá
que seja um bom soldado para tua glória.”
N: Ivan tinha esperanças de que, com a sua saída de Odessa, os
interrogatórios cessassem, e ficou tão satisfeito de deixar o lugar, quanto
Zalivako de vê-lo ir-se. Contudo, este enviara um relatório completo para o
Polit-ruk de Kertch, informando da existência de um crente no Pelotão 61968T.
O sub-oficial, Capitão Yarmark, era jovem e impaciente. Estava ansioso para
lidar com sutuações difíceis para o ajudar a alcançar posições mais elevadas.
O caso de Moiseyev seria um “prato cheio”, entre aspas, para seus objetivos
serem perseguidos e alcançados.
Yamark: Já esteve doente, Moiseyev?
Ivan: Não, capitão; nem sei como é um hospital.
(Yamark cruza os braços sobre o peito)
Yamark: Bem, enquanto você não concordar em se submeter ás regras deste
quartel, em obedecer ás ordens, ser de fato um soviético por convicção, ficará
preso, sem direito à alimentação. Está dispensado!
(Cela: pequeno catre, coberta de cor cinza, 1 mesa, 3 cadeiras, 1 estante com
livretos de orientação militar, 1 torneira, 1 vaso sanitário, 1 janela grande com
barras de ferro, porta reforçada, muito frio)
N: Na cela, Ivan, pensou: Que bom poder dormir e depois acordar para oração.
O tempo que passaria em jejum, era deliberação do Senhor e não de Yamark.
Sentiu Gratidão.
Ivan foi acordado por um oficial que o convocou para uma reunião. Foi levado à
sala de interrogatório; olhou para um relógio de parede, era 2:15 da manhã.
Havia um grupo de oficiais fumando e bebendo chá quente. Vários deles lhe
atiravam acusações.
Esta prova durou 5 dias ...
Yamark: E então Moiseyev, mudou de ideia?
Ivan: Numa noite dessas eu estava orando, Capitão; estava com muito frio e
sono, pois já tinha sido acordado 2 vezes para interrogatório; fiquei acordado
orando pela minha família, amigos e em seu favor, Capitão Yamark. “Há um
verso bíblico que diz: Invoca-me no dia da angústia, eu te livrarei e tu me
glorificarás”. É por causa do auxílio divino que não estou com fome e nem
doente.
N: A mente do Capitão Yamark fervilhava de ódio! Com fria solenidade, Yamark
deixou o quarto e deu ordens para tirá-lo da prisão. Durante uma longa corrida
matinal de 15 Km, antes do desjejum, já exausto e com sede, Ivan escutou um
dos recrutas.
Recruta (Sergei): Ele vive! Ele vive!
N: Assim conheceu Sergei, com uma tradicional saudação de Páscoa. Grande
alegria inundou o coração de Ivan! O lugar escolhido para se encontrarem foi
em uma das garagens de veículos do exército. Ter um irmão em Cristo foi um
conforto para ele. Porém, não demorou muito, e foi notificado para comparecer
perante o Major Alexander Petrovich Gidenko do Polit-ruk.
Ao caminhar pelo quartel, rumo ao encontro com o major, orava ao Senhor.
Uma estranha alegria e paz inundava seu ser! Então ouviu uma voz a chamar:
Anjo: Ivan! Ivan! Não tema! Eu vou com você!
N: Ivan sentiu temor e alegria diante do anjo! Ele brilhava mais que o dia e o
aquecia! Com a coragem renovada, continuou a caminhar...finalmente chegou
ao gabinete do Major Gidenko e bateu à porta. O major o recebe e sorri,
pensando que seria mais fácil do que imaginava.
Gidenko: Sente-se filho (estendendo a mão para uma cadeira) Está bem
distante da sua terra não é rapaz?! Ao completar um ano de serviço, você terá
uma folga.
Ivan: Sim, senhor major!
Gidenko: Você tem saudades da sua família? Escreve cartas?
Ivan: Escrevia cartas todos os dias, mas não tenho tido tempo, devido aos
muitos interrogatórios da Polit-ruk.
Gidenko: Nesses muitos interrogatórios ainda não aprendeu a dar a resposta
certa?
Ivan: Existe uma grande diferença entre a resposta certa e a verdade. Deus
não permite que eu dê a resposta “certa”.
Gidenko: Você discorda dos ensinos gloriosos do Exército Vermelho? Não
aceita os princípios do ateísmo científico?
Ivan: Não posso aceitar o que sei não ser verdade. Conheço a Deus e ele está
comigo. Antes mesmo de chegar até aqui, enviou o seu anjo para me encorajar
e confortar.
(Gidenko, furioso, se levante da cadeira e fala)
Gidenko: Moiseyev, já encontramos outros como você. Sinto muito que
proceda de forma incorreta; isto vai lhe trazer muitos aborrecimentos. A partir
de hoje, após o toque de silêncio, você ficará de pé na rua, todas as noites, até
se desculpar e reconhecer as tolices que anda espalhando no quartel sobre
Deus. Está dispensado!
(Ivan levanta-se e anda calmamente em direção à porta)
Gidenko: Camarada soldado, você deverá usar farda de verão. Pode ir!
(Ivan sai cabisbaixo)
N: O frio esperado para aquele inverno seria rigoroso, esperava-se
temperaturas de 25 graus abaixo de zero. Ivan sobreviveria?
Os recrutas souberam do novo castigo dado a Ivan e o encheram de perguntas
e conselhos.
Um dos recrutas: Por que você não guarda a sua fé só para você e não fica
calado?
Ivan: Eu creio que deus deseja que os homens saibam que ele existe e que os
ama, que veio à Terra na pessoa de Jesus Cristo; morreu pelos pecados dos
homens que desejam o seu perdão; morreu por mim e por você!
N: Uns riram, outros debocharam das palavras de Ivan, até ocorrer o toque de
silêncio no quartel.
(soa o toque de silêncio)
O primeiro contato de Ivan com o frio da neve foi como um tapa no rosto, as
suas orelhas ardiam e os olhos lacrimejavam. Teria tempo de sobra para orar,
pensou. Mas o pânico de uma morte lenta por congelamento o
atacava...começou a cantar um hino; lembrava-se da bela visão do anjo e suas
palavras; sentiu o mesmo calor de antes o aquecer e retomou a oração.
Às 3 horas da madrugada, ouviu uma voz...
Oficial: Está bem Moiseyev, pode entrar agora! Que tipo de gente é você que
não é afetado pelo frio intenso?
Ivan: Ah, camarada oficial, sou uma pessoa comum, mas orei a Deus e Ele me
aqueceu.
Oficial: Fale-me mais sobre seu Deus...
N: O Major Gidenko estava grandemente perturbado. O relatório que deveria
enviar ao Coronel Malsin acerca de Ivan Moiseyev era um desafio à razão.
As camas militares tinham uma largura de apenas 50cm e eram duras como
tábuas. Mesmo assim, Ivan estava grato a Deus por se deitar em uma, pela
primeira vez; logo se cobriu todo e dormiu sono profundo.
Anjo (fundo musical instrumental e calmo): Levante-se Ivan!
(Ivan levantou-se imediatamente, conhecia aquela voz e fixou o olhar no anjo,
maravilhado)
N: O anjo e Ivan começaram a elevar-se. O teto e o telhado do dormitório se
abriam e eles voaram, atravessando o tempo e o espaço, em direção a outro
mundo. Viu planetas maravilhosos, cores vibrantes, o apóstolo João, próximo
deles: Davi, Moisés e Daniel. O anjo lhe falou novamente.
Anjo: Viajamos bastante, você deve estar cansado, venha sentar-se. Ainda há
muito trabalho para você realizar na terra. Vamos é hora de voltar!
N: No instante que Ivan tocou o assoalho do alojamento, 3 coisas
aconteceram: a corneta soou, o anjo desapareceu, as luzes do dormitório
foram acesas. Foi então que escutou o riso do colega da Moldávia, Grigorii
Fedorovich Chernych.
Grigorii: Ivan, a onde você foi nesta madrugada?
Ivan: Está querendo dizer que não me viu dormindo?
Outro recruta: Você se deitou, dormiu, mas não por muito tempo; às 3horas da
madrugada a sua cama estava vazia.
N: Ivan ficou muito confuso, pensou: Então não foi um sonho?
Ivan: Vamos perguntar ao oficial de plantão se alguém saiu deste dormitório de
madrugada.
Oficial: É lógico que ninguém saiu desse dormitório, vão andando; querem me
complicar?
(saíram todos calados)
N: Os recrutas, não satisfeitos, insistiram em saber a onde Ivan tinha ido.
Então, ele passou a narrar toda a viagem com o anjo; e sua fama corria pelo
quartel...
-Como era possível alguém ficar 5 dias sem se alimentar e não ficar doente?
-Como um homem poderia ficar exposto a um frio intenso com roupas de verão
e não congelar?
-Se a história da viagem com o anjo fosse fantasiosa, onde ele estaria àquela
hora da madrugada?
Grigorii e os outros não conseguiam compreender...como suportar tantos
interrogatórios e punições, além do programa rigoroso de treinamento militar.
Chegou à conclusão de que os batistas eram simplórios e fanáticos; não se
pode com o Exército Vermelho!
Em Kertch...
(Sala do Coronel Malsin: Malsin atirou o livro de relatório sobre a mesa; ficou
furioso com as notícias da cura de Moiseyev recebidas por telefone)
N: O Coronel Malsin estava esperançoso de que Moiseyev ficasse inválido
para o serviço militar, voltar para a casa e não causar mais problemas para o
quartel.
Médico: Coronel, pela primeira vez estou vendo que Deus existe. Ele curou
Moiseyev!
N: A Polit-ruk estaria à espera de Moiseyev quando chegasse. Parte da viagem
de volta Ivan passou louvando e orando.
O comissário Dolotov enviara uma ordem direta do seu centro de operações na
Criméia; “Moiseyev tem que ser subjugado”. O rapaz já fazia parte do serviço
militar há praticamente um ano e ainda continuava cristão.
Outros erros, e o coronel Malsin e Gidenko estariam acabados.
Mal Ivan desfez as malas e já passou por vários interrogatórios; ameaçado,
interpelado era convocado no meio da noite, durante refeições. A KGB (polícia
secreta da União soviética) estava realizando um inquérito a seu respeito. E
entrou a primaveira de 1972; Ivan derramava o seu coração incessantemente a
Deus.
Ivan: Jesus não sei quanto tempo ainda vou suportar.
N: Então ouviu uma voz a dizer: “Isto é para o conforto de sua alma; amanhã
você não será interrogado. Em breve sairá daqui!” Ivan pela manhã pegou o
furgão, estava satisfeito de estar na estrada novamente. De repente, ouviu a
voz: “Diminua a marcha.” Ivan não deu a devida importância; pacotes de pães
começaram a cair do caminhão; conferiram e a carga estava devidamente
trancada; como poderiam ter caído do furgão!? Pensaram. Pararam o veículo e
foram recolher os pacotes de pão empoeirados na estrada, sem ainda
entenderem aquela situação.
Ivan (disse ao colega no furgão): Deus está tentando nos deter na estrada.
Mas qual seria o motivo?!
O colega: Já ouviu falar dessas fábulas da Bíblia? Então, Deus quer puni-lo,
pois teremos que recolher todo o carregamento de pães da estrada. Vários
camaradas saíram do ateísmo por causa das suas histórias fabulosas, e, estão
sob suspeita.
N: Seguiram viagem; logo a frente foram tomados de louvor e gratidão. Um
ônibus I Karus com turistas com destino ao Mar Negro, que passara por eles,
estava caído numa vala à beira da estrada todo retorcido; os corpos dos
passageiros foram arremessados por todas as direções; haviam, também
outros carros envolvidos nesse terrível acidente.
O colega (espantado): Se não tivéssemos nos atrasado por causa dos pães,
estaríamos envolvidos nesse acidente. Poderíamos estar mortos agora. Deus
salvou a sua vida camarada Ivan!
Ivan (com voz trêmula): Deus salvou as nossas vidas! Ele ama a mim e a você
também!
(saem de cena)
N: Outro relatório acerca de Moiseyev estava diante do Coronel Malsin...o
relato da história milagrosa dos pães pela estrada e de como Deus os haviam
salvado daquele triste acidente. O que ele deveria fazer? Pensou. Malsin tocou
a sineta da mesa; veio um soldado.
Malsin: Traga-me Ivan Moiseyev!
Soldado: Sinto muito coronel! Moiseyev partiu ontem para a Moldávia de
licença; já completou um ano de serviço prestado ao Exército Vermelho.
Retornará em 2 semanas.
Malsin: Com os diabos! (falou com muita raiva) Moiseyev não deveria ter tido
licença como os outros; deveriam ter me consultado antes. Saia daqui!
Malsin: Você vai gostar do vou lhe dizer; estou muito satisfeito com o caso de
Moiseyev agora.
Galina: Não quero saber deste processo, nem de Moiseyev. Já te falei, várias
vezes, não quero conversar sobre ele.
Galina: Não quero saber! (disse alterando o tom da voz, com raiva nos olhos;
quebrou a xícara ao jogar sobre o aparador – som de vidro quebrando- fez o
mesmo com o pires com mais força, ao jogar sobre o chão)
(Malsin teve um acesso de fúria e lhe deu uma bofetada – som de um tapa; ela
cai de encontro à parede)
Parte 9 – No tribunal
N: De acordo com o artigo 142, ele era acusado de violar as leis soviéticas, por
ser membro de uma igreja batista clandestina na Moldávia. Pelo artigo 190,
parágrafo primeiro, do Código Penal, era acusado ainda de distribuir literatura
difamante contra o Estado Soviético. Adicionava-se a isto uma carta que ele
escrevera aos pais afirmando estar sofrendo por Cristo; fora as reuniões em
secreto no quartel.
Ivan (com voz rouca e cansada): Declaro que sou inocente do que me acusam
e rogo para ser ouvido pelo tribunal.
(Dolotov fez um brusco aceno com a cabeça para o guarda; Malsin estava
irritado e com dor no estômago)
N: Ivan foi levado à cela de segurança máxima da prisão. Lá era úmido, não
tinha cama e não recebia o pão. Mas, alguma coisa lhe dizia que a batalha
maior não seria essa prisão. Ouviu uma voz diante angústia: “Jesus Cristo vai
partir para a peleja. Tenha bom ânimo; estou com você. Eu venci o mundo.” O
seu coração, novamente, se aqueceu e adorou!
Ivan suportou toda aquela agonia por 10 dias, no fim dos quais orava em
delírio, pedindo a morte e a libertação que o Senhor lhe prometera.
N: Malsin ficou fora de si; não era da sua intenção deixar Moiseyev regressar
ao quartel enquanto não renunciasse às suas crenças. Então deu sequência ao
seu plano meticuloso. No meio da noite, o encarregado do interrogatório pôs o
pé de Ivan dentro de um aparelho congelador; outro teria congelado
rapidamente. Mas, Moiseyev sentia só um pouco de dor e prosseguia em
oração silenciosa. Malsin bebia bebida alcoólica, buscando seu efeito máximo;
nada mais importava…
aquele seria o último dia. A ação seria levada ao ponto máximo, até que ele
cedesse. Por alguma razão, nunca ocorrera a Malsin que Moiseyev poderia
preferir a morte. Sem acreditar no que seus olhos viam, contemplava o corpo
imóvel de Moiseyev no chão. Agora, teria que dar explicações sobre a morte do
rapaz (suava frio), fazer relatório e notificar os pais.
(Malsin, ainda suando frio, enxuga o rosto com um lenço, senta-se e coloca a
cabeça entre as mãos)
N: Joanna recebeu o triste telegrama; parecia ter sido atingida por uma bala de
canhão. Mandou que chamassem seu esposo, Vasilliy e os filhos. Foram para
Kertch, em viagem de trem, ela, seu esposo e o filho mais velho. Preferia que
Semyon não os acompanhasse, pensou: “Ele realmente acreditava na história
de afogamento?” Chegaram ao seu destino, quartel de Kertch.
(todos choram)
N: Saíram, todos em fila, para o cemitério; cantavam hinos! Textos bíblicos
haviam sido impressos em russo e no dialeto moldávio.
“Vi debaixo do altar as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da
Palavra de Deus.”
N: Seu filho Volodia ia a frente de todos, carregando ao peito uma foto do Ivan
(imprimir a foto que está no livro). Chegaram no cemitério, a cova fora aberta
próxima de um pequeno aglomerado de árvores; todos se protegiam do sol à
sombra delas. O pastor Chelorskii abriu a Bíblia e pregou novamente. Como
hino final, cantaram “Ao Lar Eterno”.
O Coronel Malsin foi desligado de seu posto; ficou obcecado pela ideia de que
o Deus de Ivan o estava punindo.
FIM