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Do ponto de vista que aqui nos interessa, os governos militares podem ser
divididos em três fases. A primeira vai de 1964 a 1968 e corresponde ao governo do
general Castelo Branco e primeiro ano do governo do general Costa e Silva.
Mesmo este modesto papel tinha seus riscos: deputados e senadores que
injetavam um pouco mais de contundência em suas críticas quase sempre perdiam o
mandato.
Crescimento Econômico
A complexidade do período militar não para por aí. (...) O ano de 1963 foi o
ponto mais baixo, com aumento do Produto Interno Bruto de apenas 1,5%. Em termos
per capita, era decréscimo. Após o golpe, a taxa de crescimento manteve-se baixa até
1967. (...) Foi a época em que se falou no “milagre” econômico brasileiro. A partir de
1977, o crescimento começou a cair, chegando ao ponto mais baixo em 1983, com -
3,2%, subindo depois para 5% em 1984, último ano completo de governo militar.
Essa população passou de 22,7 milhões em 1960 para 42,3 milhões em 1980,
quase o dobro. (...) Enquanto o número de homens aumentou em 67%, o de mulheres
cresce 184%.
A iniciativa do governo
A oposição teve acesso à televisão e pode falar com alguma liberdade. (...) O
governo foi amplamente derrotado nas eleições para o Senado. Havia 22 cadeiras em
disputa, das quais a oposição, isto é, o MDB, ganhou 16. (...) Com isso o governo
perdeu a maioria de dois terços, necessária para aprovar emendas constitucionais.
Assustado com a derrota e sob pressão dos militares radicais, Geisel deu um
passo atrás. (...) Como não podia mais contar com a maioria parlamentar necessária,
suspendeu o Congresso por 15 dias e decretou as mudanças salvadoras.
Daí em diante, ele foi um dos pilares do processo de abertura, até eleger um de
seus membros, Tancredo Neves, primeiro presidente civil depois de 1960.
Ausentes até 1963, eles não tiveram seu crescimento interrompido durante os
governos militares. (...) Mas continuaram a crescer, transformados em órgãos
assistencialistas. (...) Como sindicatos assistencialistas, não se podia esperar grande
mobilização política de sua parte. (...) Em 1979 houve greves entre os cortadores de
cana de Pernambuco, e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
(Contag) colocou-se à mesma altura das outras confederações nas negociações
nacionais para a formação de uma central sindical, embora sem o poder de fogo de
suas congêneres.
Esse jornal, um dos mais sólidos e tradicionais do país, foi dos que mais
resistiram à censura. (...) A ABI ajudou a reconstruir a democracia.
Ao final de cada comício, era cantado pela multidão num espetáculo que a
poucos deixava de impressionar e comover.
Ainda do lado positivo, a queda dos governos militares teve muito mais
participação popular do que a queda do Estado Novo, quando o povo estava, de fato,
ao lado de Vargas.
A ampliação dos mercados de consumo e de emprego e o grande crescimento
das cidades durante o período militar criaram condições para a ampla mobilização e
organização social que aconteceram após 1974.
Pior ainda: eram submetidos a torturas sistemáticas por métodos bárbaros que
não raro levavam à morte da vítima. A liberdade de pensamento era cerceada pela
censura prévia à mídia e às manifestações artísticas, e, nas universidades, pela
aposentadoria e cassação de professores e pela proibição de atividades políticas
estudantis.