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Traumatismo crânio

encefálico
Fta. Erica Martinez
TCE

• O Trauma Cranioencefálico (TCE) está entre os principais


tipos de trauma mais comuns nos serviços de emergência em
todo o mundo.

• É definida como sendo uma Lesão craniana traumática de


natureza não degenerativa, infecciosa ou congênita, causada
por uma força física externa.

• As vítimas do Trauma Cranioencefálico comumente


apresentam lesões neurológicas que resultam em invalidez,
impossibilitando o retorno dos pacientes as atividades laborais
e sociais.
TCE

• No Mundo – corresponde a 10 milhões/ano internações

• Considerada a 3ª maior causa de morte

• Homens > Mulheres (2:1), mortalidade 3 a 4x maior no


sexo masculino.

• Crianças (3 a 14 anos)
• Jovens (15 a 24 anos)
• Idosos (65 a 75 anos)
Causas:

• Acidente trânsito
• Quedas
• Agressões
• Esportes

• 50% relacionados a transportes


• 50% por quedas, violência urbana, acidentes
domésticos, lesões por esporte, lazer e nascimento.
Anatomia Cranioencefálica
Couro cabeludo

• Lacerações no couro
cabeludo podem gerar
repercussões hemodinâmicas
importantes no paciente.

• Devido a extensa
vascularização, traumas
nessa região podem levar a
uma perda sanguínea
significativa, suficiente para
provocar um choque
hemorrágico.
Anatomia Cranioencefálica
Crânio

• Corresponde a
estrutura óssea de
proteção do cérebro.

• Por ser uma estrutura


rígida, não expansível,
qualquer alteração no
volume intracraniano
pode levar a graves
repercussões.
Anatomia Cranioencefálica
Meninges

Correspondem a proteção membranosa do


cérebro e são representadas por três camadas:

• Dura-máter:
• Aracnoide,
• Pia-máter.

A dura-máter é uma camada resistente e está


aderida a superfície interna do crânio

Entre a dura-máter e o crânio há o espaço


epidural, por onde passam as artérias
meníngeas. Traumas nesses vasos podem levar
a formação de grandes hematomas epidurais.
Anatomia Cranioencefálica
Meninges
• Abaixo da dura-máter, encontra-se a aracnóide.

• Como essas duas membranas não são aderidas, há um


espaço potencial entre elas, chamado de espaço
subdural.

• Lesões nas veias pontes pode levar a formação de um


hematoma subdural.
Anatomia Cranioencefálica
• Meninges

• A terceira meninge corresponde a pia-máter, que está


firmemente aderida a superfície cerebral.

• Entre a aracnóide e a pia-máter, há o espaço


subaracnóideo, preenchido pelo líquido
cefalorraquidiano (LCR).

• As hemorragias que ocorrem dentro desse espaço são


chamadas de hemorragias subaracnóideas, e costumam
ocorrer nos casos de contusão cerebral ou grandes
traumas vasculares na base do encéfalo.
Anatomia Cranioencefálica
Encéfalo

• Corresponde a uma porção


do sistema nervoso central
(SNC), sendo formado
pelo:

• Cérebro,
• Cerebelo
• Tronco cerebral
(mesencéfalo, bulbo e
ponte).
Anatomia Cranioencefálica
Sistema Ventricular

• Corresponde a um sistema
de espaços e aquedutos,
localizado no encéfalo e
preenchido por LCR, que é
constantemente renovado.

• A presença de sangue
nesse líquido prejudica a
sua absorção, podendo
resultar em um aumento da
pressão intracraniana.
Anatomia Cranioencefálica
Compartimentos intracranianos

• A cavidade craniana é dividida


pela tenda do cerebelo em um
compartimento supratentorial e
um compartimento
infratentorial.

• Nessa tenda há uma incisura,


que é por onde, habitualmente,
ocorre a herniação do úncus
(região medial do lobo
temporal), nos casos de
aumento da pressão
intracraniana.
Classificação dos traumas

Aberto: Solução de continuidade presente entre o foco


lesionado e o meio externo.

Fechado: Não tem solução de continuidade.

 Por impacto pode haver distorções ou fraturas com


lacerações do tecido cerebral.
 Por aceleração e desaceleração podem ocorrer
deformações do encéfalo que levam a lesões
Mecanismos de lesão
Impacto direto (automobilístico)
• Por golpe ou contra golpe

Ferimento por objeto penetrante (arma branca, pedra,


etc.)
• Penetração em alta e baixa velocidade

Força de aceleração, desaceleração e rotação brusca no


crânio (causada por compressão tissular, tensão, rasgo e
atrito)

lesão mais indireta


Tipos de lesão

• Primária (ocorre no momento do impacto) :

• Fratura do crânio

• Lesão de couro cabeludo

• Contusões de substância branca e cinzenta


Fratura de crânio
Lesõ es de couro cabeludo
Fisiopatologia do TCE
Lesão cerebral primária: Corresponde as lesões que ocorrem no
momento do trauma.

Essas lesões são decorrentes da transferência de uma energia


externa para a região intracraniana e podem estar relacionadas a
diversos mecanismos, incluindo:

• Impacto direto;
• Aceleração ou desaceleração rápida;
• Ferimentos penetrantes;
• Ondas de explosão.

Como resultado, o paciente pode apresentar contusões focais


diversas, hematomas ou lesões axonais difusa.
Contusões focais
• As contusões focais são as
lesões mais comumente
encontradas em pacientes com
TCE (30% dos casos).

• Os locais de ocorrência mais


comuns são os lobos temporal e
frontal (lesões de golpe-
contragolpe)

• Essas lesões podem evoluir, em


curto período de tempo (horas
ou dias), para um hematoma
intraparenquimatoso,

• Efeito de massa Hérniação por


compressão do tronco cerebral.
Hemorragia craniana
• Hemorragia Meningea

• Hematoma Epidural
• Hematoma subdural
• Hemorragia aracnóidea

• Hemorragias Cerebrais

• Hematomas Intracerebrais
Hematomas: Subdural Epidural Intracerebral
Hematoma Epidural
• Coleção de sangue entra a
dura e o crânio

• Lesão de uma artéria dural,


artéria meníngea media

• Geralmente o tecido cerebral


não é lesado

• Evolução é rapidamente fatal

• Associada a fraturas lineares


temporais
• Sinais e sintomas:

• Perda de consciência
seguido de um período
de lucidez
• Perda progressiva da
consciência
• Hemiparesia e Anisocoria

• Se não tratado rapidamente


pode evoluir para uma
lesão secundaria devido
aumento da PIC
Hematoma Subdural
• Localizado no espaço subdural, (30%
dos pacientes com TCE e ocorre
geralmente devido a traumas nas
veias pontes do córtex cerebral).

• Geralmente estão associados a


lesões parenquimatosas
concomitantes, sendo, portanto,
lesões mais graves.
• Prognóstico melhora com
intervenção cirúrgica precoce.

• Sintomas em horas ou dias: cefaléia,


irritabilidade, vômitos, alteração do
nível de consciência, assimetria de
pupilas e alterações sensitivas.
• Pacientes idosos com
atrofia cerebral

• Pode ocorrer com


pequenos traumas.

• Pode piorar 2 a 4
semanas depois do
trauma devido
expansão do
hematoma
Hemorragia Subaracnóidea
(HSA)
• Sangramento que ocorre no
espaço subaracnóideo, entre a
pia-máter e aracnoide.

• A hemorragia subaracnoide
manifesta-se como uma cefaleia
súbita e intensa, geralmente
descrita como "a pior dor de
cabeça da vida", com náuseas,
vômitos e fotofobia.

• O exame físico pode ser normal


ou pode revelar alteração do nível
de consciência, meningismo,
hemorragias intraoculares ou
achados focais.
Lesão Axonal Difusa
• Também chamada de lesão
por cisalhamento, costuma
ocorrer após impactos de alta
velocidade ou em
mecanismos de
desaceleração, e
corresponde a múltiplas
hemorragias pontilhadas
localizadas nos hemisférios
cerebrais, principalmente nos
limites entre a substância
cinzenta e branca.

• Essas lesões costumam


apresentar um prognóstico
bastante reservado.
Lesão secundária
• Lesão secundaria : reações orgânicas que se
desenvolvem a partir do impacto inicial.

• Edema cerebral
• Hematomas intracranianos
• Isquemia
• Hipóxia
Edema cerebral
• É o acúmulo excessivo de
líquido (edema) nos espaços
intracelular e/ou extracelular
do cérebro.

• Isso geralmente causa


comprometimento da função
nervosa, aumento da pressão
dentro do crânio e pode levar à
compressão direta do tecido
cerebral e dos vasos
sanguíneos.

• Na imagem nota-se uma


redução da visualização dos
sulcos cerebrais
Hematomas Intracerebrais
• Hemorragias
intraparenquimatosas que
pode ocorrer em qualquer
localização.

• Déficit neurológico
depende da área afetada
e do tamanho da
hemorragia.

• As hemorragias
intraventricular e cerebelar
estão associadas a alta
taxa de mortalidade.
Isquemia cerebral
• É quando existe diminuição ou ausência de fluxo
sanguíneo para o cérebro, o que pode resultar em
sequelas graves e até morte, caso não seja identificada
e tratada logo que surgem os primeiros sintomas.

• Existem 2 tipos principais de isquemia cerebral:

1.Isquemia focal: o coágulo obstrui um vaso cerebral e


impede ou diminui a passagem de sangue para uma
região do cérebro;
2.Isquemia global: existe comprometimento de toda a
irrigação de sangue para o cérebro, o que pode levar a
danos cerebrais permanentes.
Hipóxia cerebral
• É a insuficiência no fornecimento de oxigênio para o cérebro.
Quando prolongada, pode produzir a morte
dos neurônios cerebrais, conduzindo à lesão cerebral hipóxica.

• A hipóxia cerebral pode ocorrer em duas situações distintas:

1. Se o fluxo sanguíneo permanece normal: afogamento,


engasgamento, sufocamento ou com parada cardíaca
. Lesão cerebral é outra causa também possível
de hipóxia cerebral.

2. Se o fluxo sanguíneo for bloqueado por algum motivo:


isquema cerebral ou encefalopatia hipóxico-isquêmica (
acidente vascular cerebral, uma parada cardíaca ou
batimentos cardíacos irregulares podem impedir que o oxigênio e
os nutrientes sejam transportados até o cérebro.)
Ferimento por arma de fogo
• Mistura de todos os
tipo de lesão, fratura,
hemorragia,
hematomas.
Radiologia no TCE
• A TC é a melhor escolha para imagem inicial, pois
detecta hematomas, contusões, fraturas cranianas
(cortes finos são obtidos para revelar clinicamente
fraturas cranianas basilares suspeitas, as quais, do
contrário, não poderiam ser visíveis) e, algumas vezes,
lesão axonal difusa.

• A TC pode mostrar:

• Contusões e sangramento agudo aparecem opacos


(densos) em comparação com o tecido cerebral.
Radiologia no TCE
• Hematomas epidurais arteriais classicamente
aparecem como opacidades em formato lenticular
acima do tecido cerebral, frequentemente no
território da artéria meníngea média.
Radiologia no TCE

•Hematomas epidurais arteriais


Radiologia no TCE

•Hematomas epidurais arteriais


Radiologia no TCE

• Hematomas subdurais classicamente aparecem


como opacidades em formato de lua crescente que se
sobrepõem ao tecido cerebral.
• Hematomas subdurais
• Hematomas subdurais
Radiologia no TCE
 Hematoma subdural crônico

hipodenso comparado ao tecido cerebral.

 Hematoma subdural subagudo

Pode ter radiopacidade similar à do tecido cerebral


(isodenso).
• Hematoma subdural crônico
• Hematoma subdural subagudo
• Hematoma subdural crônico com ressangramento
• Hemorragia subaracnoide: presença de sangue no espaço
subaracnoide, observado presença de sangue em toda região
que deveria conter liquor.
Hemorragia subaracnoide
Sinais de efeito de massa incluem:

• Apagamento dos sulcos,


• Compressão do ventrículo e cisterna,
• Desvio da linha média.

 Ausência desses achados não exclui pressão intracraniana


aumentada e efeito de massa pode estar presente com
pressão intracraniana normal.

 Um desvio de > 5 mm da linha média é, geralmente,


considerado uma indicação para abordagem cirúrgica do
hematoma.
Sinais de efeito de massa
Hematoma epidural
https://www.youtube.com/watch?v=mmaa3ROKy84

Hematoma subdural
https://www.youtube.com/watch?v=NAV3wDlvyVs

Sangramentos cranianos
https://www.youtube.com/watch?v=m2i6dUQwP_4

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