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Traumatismo

crânioencefálico
Profª Jaqueline Rodrigues
Conceito

• Qualquer agressão que acarrete


lesão anatômica ou
comprometimento funcional do
couro cabeludo, crânio, meninges
ou encéfalo.
Epidemiologia
• Lesões traumáticas são a principal causa de morte de pessoas
entre 5 e 44 anos no mundo, e correspondem a 10% do total de
mortes. Devido à faixa etária acometida, os danos
socioeconômicos para a sociedade são enormes.

• Nos Estados Unidos estima-se que anualmente ocorra 1,7


milhão de casos de TCE, dos quais 52 mil resultarão em
mortes, 275 mil em hospitalizações e 1.365.000 receberão
atendimento hospitalar de urgência e emergência, com posterior
liberação (FAUL et al., 2010).

• É responsável por 75% a 97% das mortes por trauma em


crianças (CARLI; ORLIAGUET, 2004). Calcula-se em 6,2
milhões de europeus com pelo menos uma sequela de TCE
(TRUELLE et al., 2010).
Etiologia
• As causas de TCE estão relacionadas dentro do grupo de patologias
ocorridas por causas externas (MASCARENHAS et al., 2010), sendo as
principais:

• – 50%: acidentes automobilísticos. Neste grupo, a principal faixa etária é de


adolescentes e adultos jovens. Dos 15 aos 24 anos, os acidentes de trânsito são
responsáveis por mais mortes que todas as outras causas juntas.

• – 30%: quedas. Neste grupo há um grande número de idosos. Entretanto, no


Brasil são muito frequentes as quedas de lajes, que são ignoradas pelas
estatísticas internacionais.

• – 20%: causas “violentas”: ferimentos por projétil de arma de fogo e armas


brancas.
Classificação

Trauma fechado (contuso) Trauma penetrante


Fisiopatologia
• Resultado de conjunto de eventos dinâmicos

• Lesão primária
• Ocorrem segundo a biomecânica que
determina o trauma

• Lesão secundária
• Ocorre segundo as alterações estruturais
encefálicas decorrentes da lesão primária bem
como de alterações sistêmicas decorrentes do
traumatismo
• https://www.youtube.com/watch?v=lCOhN9g-3o0
Lesão primária
• Decorrente da ação de força agressora
• Ex: fraturas; lesão axonal difusa;contusões e laceração da substancia
branca

• Tipos:
• De impacto
• Uma certa quantidade de energia é aplicada sobre uma área
relativamente pequena
• Depende do local e da intensidade do impacto
• Inerciais
• Ocorre devido a uma mudança abrupta de movimento (aceleração e
desaceleração)
Lesão primária
• Fraturas
• Consiste na interrupção anatômica, a qualquer nível, do
envoltório ósseo encefálico como resultado de uma agressão
mecânica
TC crânio – Fratura temporal à direita
Lesão primária
• Contusões e lacerações da substancia cinzenta
• Lesões corticais que atingem as cristas das circunvoluções
cerebrais podendo atingir toda uma circunvolução

• Achado específicos:
• Hemorragia e necrose do tecido

TC crânio – Contusão frontal esquerda


mostrando edema cerebral
Lesão primária
• Contusões e lacerações da substancia cinzenta
• Mecanismos de lesão:
• Aceleração e desaceleração (base do crânio)
• Compressão direta (fratura com abaulamento do crânio)
• Lesão por contragolpe (pólo oposta ao impacto)
Contusões e lacerações da substância cinzenta

Contusão por mecanismo de aceleração Lesão por impacto direto


- desaceleração
Lesão por contragolpe

Contusões e lacerações da substância cinzenta


Lesão primária
• Lesão Axonal Difusa
• Ocorre quando uma força de impacto com um
componente de aceleração rotatória atinge os
feixes de fibras perpendiculares, causando
cisalhamento
Lesão secundária
• Classificação
• Intracraniano
• Hematomas
• Infecção
• Elevação da PIC

• Extracraniano
• Lesões torácicas
• Hipóxia
• Hipotensão
Lesão secundária
• Hematoma

• Mecanismos:
• Laceração de vaso meníngeo
• Sangramento diplóico
Lesão
secundária
• Hematoma Extradural
• Quadro clinico:
• Intervalo lúcido
• Sinais progressivos
de localização
• Sinais progressivos
de hipertensão
intracraniana

• Tratamento cirúrgico
Lesão secundária
•Hematoma subdural

• Quadro clínico:
• Sonolência progressiva até a perda total
da consciência,
• Perda da sensibilidade ou da força e o
aparecimento de movimentos anormais,
incluindo convulsões.
• Lesão leve, os sintomas podem
manifestar- se gradualmente.
Lesão
secundária
•Hematoma Intraparenquimatoso
• Acúmulo de sangue dentro do
parênquima cerebral e limitada
nitidamente pelos tecidos que o
rodeiam
• Mecanismos:
• Primários
• Resultante direta do agente
traumático
• Secundários
• Amolecimento e ruptura
posterior dos vasos
Lesão secundária
• Hipertensão intracraniana (HIC)

• Causas
• Edema encefálico
• Aumento do volume sanguíneo

• A PIC tem uma variação fisiológica de
5 a 15 mmHg e reflete a:
• Relação entre o conteúdo da caixa
craniana (cérebro, líquido
cefalorraquidiano e sangue) e o
volume do crânio. (Doutrina de
Monroe-Kellie).
• Considera-se HIC valores > 20
mmHg

• A alteração do volume de um desse


conteúdos pode causar HIC
Risco HIC - TCE
Lesão
secundária a
HIC

HIC – herniações centrais


Lesão
secundária
• Tumefação cerebral e
edema cerebral
• Edema
• Resultado de multiplos
mecanismos que atuam
sobre os capilares,
produzindo lesões
estruturais e/ou
distúrbios metabólicos
Exame do paciente com TCE

• Anamnese
• Atendimento inicial observando as condições hemodinâmicas do
paciente
• Inspeção e palpação do crânio e coluna vertebral
• Ferimentos abertos devem ser tocados
• Avaliar sangramentos (pp. nasal e otológicos)
• Avaliação do nível de consciência
Condutas
“Olho de guaxinim” Sinal de Battle: fratura da
fossa posterior

O Sinal do Guaxinim ou bléfaro-


hematoma consiste em equimose periorbital
bilateral. É um forte indicativo de lesão de
base de crânio, e surge algumas horas após
o trauma e indica trauma direto.
Escala de coma de Glasgow:
Escala de Glasgow
• Avaliação segundo a
gravidade
• Leve: entre 13 e 15
• Moderado: entre 9 e 12
• Grave: abaixo de 9

• Trato rubro-espinhal

Controla a motricidade dos


músculos distais dos
membros e favorece a
resposta flexora.
Esse trato inicia-se no
núcleo rubro e cruza a
linha média, passando pelo
tronco encefálico e
juntando-se
ao trato córtico-
espinhal lateral no funículo
lateral da medula.
Coma X
TCE
• Mecanismos de evolução

• Coma primário ou
imediato ao trauma

• Coma secundário que


aparece após um
intervalo de tempo em
que o paciente esteve
lúcido
Avaliação Pupilas

• https://www.youtube.com/watch?v=eW-JMkpH2uk
Reavaliar
sempre
• Nível de consciência e
pupilas
• Motricidade
• Sensibilidade
• Pares cranianos
• Reavaliações freqüentes
(detecção de deterioração do
estado neurológico)
MONITORIZAÇ
ÃO
• Imagem radiológica
• TC e RM do crânio
• Eletroencefalograma
(EEG)
• Monitorizarão da PIC
• Doppler transcraniano
Monitorização da PIC
Processo reabilitação

1 - Fase Pré-trauma

2 - Fase aguda – Resgate; (CTI/UTI); diagnóstico;


triagem e tratamento

3 - Fase intensiva: do CTI/UTI até a alta hospitalar


(diagnóstico/tratamento);

4 - Fase de recuperação: educação e treinamento (avaliação de


habilidades e alterações, programa de reabilitação);

5 – Fase ambulatorial – estabelecimento de uma nova vida


Tratamento do paciente co TCE
• Abordagem do paciente
• 1º - atendimento correto no local do acidente, remoção adequada ao centro hospitalar
• 2º - Atendimento inicial na Sala de Emergência, com a finalidade básica de reanimação e
estabilização da função ventilatória e hemodinâmica
• 3º - Tratamento clinico e /ou cirúrgico
Reabilitação

• Abordagem biopsicossocial e funcionalidade

• Interdisciplinaridade

• Participação da Família (Capacitação do cuidador)

• Avaliação e elaboração de um programa de reabilitação

• Contextualização do programa de reabilitação

• Intervenção centrada na pessoa

• Integração na comunidade e qualidade de vida


Problemas associados

• Lesão dos nervos cranianos


• Espasticidade
• Epilepsia
• Ossificação heterotópica
• Diabetes insípido
• Disturbios do Humor, do sono e psicoses
Síndrome pós concussão
Perda da consciência de curta
duração que acontecer após
traumatismo craniano
Tratamento fisioterapêutico

• Fase hospitalar
• Objetivos:
• Melhorar e ou manter a função respiratória
• Evitar os efeitos deletério do repouso prolongado

• “CUIDADOS COM CONDUTAS QUE AUMENTEM A PRESSÃO


INTRACRANIANA”
Tratamento fisioterapêutico

• Identificação do problema
• Sistema circulatório

• Sistema musculo-esquelético

• Sistema respiratório

• Sistema tegumentar

• Sistema nervoso
Prognóstico
Tratamento fisioterapêutico
• Diretrizes para estabelecimento de metas
• Objetivo geral fazer com que o paciente retorne o mais rápida e
completamente possível para o curso normal de sua
funcionalidade.

• Requer que se alcance o Maximo de capacidade funcional e que o


paciente a lidar com suas incapacidades residuais.
Tratamento fisioterapêutico
• Traçando metas!!!!!!!!!!
• Metas a curto prazo
• Orientação da família
• Prevenção de privação de déficits sensoriais
• Normalização do tono postural
• Melhora das habilidade cognitivas, memória e comunicação
• Prevenção ou redução de contraturas
• Aumento da flexibilidade e da ADM
• Melhora nas AVD’s
• Retreinamento do intestino e bexiga
• Cuidados com a pele
• Aumento da expansão torácica

• Metas a médio e longo prazo


• Ficha de Avaliação
Disfunções

• Trace:
1. Objetivo para cada disfunção
2. Conduta para cada objetivo
Livro sugerido da biblioteca virtual
Bibliografia

• Knobel E., Condutas no paciente grave, ed. Manole


• STOKES, Neurologia para Fisioterapeutas, Ed Premier, 2003.

• Nitrini, Ricard; Bacheschi Luiz A.. A Neurologia que todo médico


deve saber: 2. ed. Atheneu

• Umphred, Darcy Ann. Fisioterapia Neurológica. 2. ed. São Paulo:


Manole,

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