Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. CONCEITO
O traumatismo crânio-encefálico (TCE) é definido como qualquer lesão intracraniana causada por força externa
como um golpe no segmento cefálico.
O TCE constitui frequente causa de invalidez e morte em crianças e jovens de até 45 anos. As suas principais
causas são, em ordem de frequência: acidentes de trânsito, quedas, agressões e fatalidades esportivas.
Aproximadamente 70% dos casos são considerados leves, 15% moderados e 15% graves. Há predomínio no
sexo masculino, sendo a proporção homem:mulher de 2:1.
2. OBJETIVO
O TCE, devido sua alta incidência, é uma importante entidade para conhecimento de todo médico
generalista, portanto o presente protocolo tem por objetivo:
Otimizar a indicação de TC nos pacientes com TCE, evitando exposição desnecessária à radiação;
3. AGENTE
4. QUANDO
5. CONDIÇÕES NECESSÁRIAS
As condições, para atendimento, incluem equipe treinada no atendimento inicial do politraumatizado, equipe
de neurocirurgia e hospital com suporte físico, que forneça condições adequadas para propedêutica e terapêutica.
6. DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO
6.1 O atendimento inicial do TCE grave deve focar na prevenção de lesão cerebral secundária. Tal medida
é realizada através do ABCDE, guiado pelo manual Advanced Trauma Life Support (ATLS), promovendo
oxigenação adequada e manutenção de pressão arterial suficiente para garantir a perfusão cerebral. Após a
POP Nº: Página 2 de 7
Elaborado em: 15/01/2015
Setor: Neurocirurgia Revisão nº: 01
Última Revisão: 17/09/2018
Título: TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE)
Próxima Revisão: 17/09/2020
aplicação do ABCDE é crucial que se identifiquem lesões de massa que necessitem de intervenção cirúrgica. Isto é
conseguido de maneira imediata com a tomografia computadorizada do crânio.
6.2 DIAGNÓSTICO - obtido pela história clínica e exame físico, em que deve-se avaliar e registrar:
Mecanismo do trauma: Atropelamento, queda, acidente automobilístico, objeto lançado contra a cabeça e
outros mecanismos
Amnésia: duração
Abaulamento de fontanela
Sinais de fratura de base de crânio (hematoma de mastóide ou sinal de Battle, hematomas periorbitário
ou sinal de guaxinim, hemotímpano, perda de líquor, otorreia, rinorreia)
O TCE pode ser classificado de acordo com sua gravidade, conforme a escala de coma de Glasgow:
Fraturas de crânio: calota (linear, afundamento, exposta, fechada), base (com ou sem fístula
liquórica, com ou sem paralisia do VII nervo)
História: idade, sexo, mecanismo, hora de ocorrência, perda de consciência, amnésia, cefaleia (leve,
moderada, grave).
Pacientes vítimas de TCE leve são aqueles admitidos com ECG 13, 14 ou 15. Tais pacientes podem ser
estratificados de acordo com risco de apresentarem lesões intracranianas e intervenções neurológicas
mesmo sendo classificados como TCE leve. Sendo assim, são elegíveis para realizarem tomografia de
crânio.
Indicações de tomografia de crânio: ECG < 15, suspeita clínica de fratura, sinais de fratura de base de crânio
(guaxinim, battle, otorréia, rinorréia), vômitos (mais de dois episódios), idade superior a 65 anos, amnésia
maior que 30 minutos, mecanismos importantes com alta energia cinética como atropelamento, morte no
local, ejeção e queda > 1 metro, distúrbio de coagulação e indícios de intoxicação exógena.
Alta hospitalar: o paciente que não tem indicação de tomografia, ou manteve Glasgow 15 com tomografia
normal, não requer permanência intra-hospitalar e pode receber alta hospitalar conforme orientações para
observação domiciliar conforme “protocolo de instruções”, exceto aqueles com impossibilidade de supervisão
domiciliar adequada.
O paciente deverá ser internado e mantido em unidade de terapia intensiva ou semelhante com avaliação
neurológica a cada 2 horas nas primeiras 24 horas.
Alta hospitalar: Se não houver piora clínica em 24 horas, em caso de tomografia normal, com retorno
ambulatorial agendado e orientações conforme “protocolo de instruções”.
Solicitar tomografia de crânio após estabilidade hemodinâmica e avaliação neurocirúrgica com urgência.
Indicações de monitorização da pressão intracraniana em lesões não cirúrgicas: Glasgow < 8 com tomografia
alterada, Glasgow < 8 com tomografia normal e dois dos seguintes critérios: idade > 40 anos, pressão arterial
sistólica < 90 mmHg ou postura patológica.
Medidas gerais: manter sedação, cabeceira elevada 30°, normotermia, normoglicemia, saturação de oxigênio
> 94%, pressão de perfusão cerebral > 70 mmHg, pressão arterial média > 80 mmHg, fenitoína (100 mg IV
8/8h), controle eletrolítico.
Evitar ou tratar causas de lesão neurológica secundária: hipóxia, hipotensão, hipocapnia, hipercapnia,
hipoglicemia, hiperglicemia, hipomagnesemia, febre, anemia, convulsões.
Objetivo: Manter pressão de perfusão cerebral (PPC) >70 mmHg e pressão intracraniana (PIC) < 20 mmHg,
sendo fundamental pressão arterial média (PAM) > 80 mmHg. Se necessário usar vasopressor.
Se PIC > 20 mmHg por mais de 10 minutos, proceder a drenagem ventricular (se possível). Tomografia de
crânio deverá ser repetida se a última realizada há mais de 12 horas.
Se lesão não cirúrgica ou tomografia há menos de 12 horas, proceder cateterização de bulbo jugular.
Se saturação de oxigênio do bulbo jugular (SjO2) < 55%: Manitol 0,5-1 g/kg (assegurar volemia e osmolaridade
sérica <320 mOsm/L).
Se SjO2 > 75% - caracterizar hiperemia cerebral e avaliar hiperventilação (PaCO2: 30-35).
Se 10 minutos após drenagem ventricular PIC > 20 mmHg, administrar manitol 20% 0,5-1 g/kg (cuidado com
hipotensão – assegurar volemia).
Se após manitol, PIC > 20 mmHg proceder hiperventilação permissiva aguda (PaCO 2: 30-35 mmHg).
Se permanência de PIC > 20mmHg após 12 minutos: coma barbitúrico com tiopental (ataque: 3-10 mg/kg por
10 minutos, manutenção 1-2 mg/kg/h), salina hipertônica NaCl 3% 1mg/k/h (manter sódio < 160), hipotermia
moderada (34°), craniectomia descompressiva.
Podem estar associados com SjO2 baixo (corrigir e tratar): anemia (manter Ht próximo de 30%), hipoxemia e
hipotermia.
Anexo 1.
Data: ________________________
Não encontramos evidências que indicam que o seu trauma crânio-encefálico foi grave. Entretanto, novos sintomas e
complicações inesperadas podem desenvolver-se horas ou mesmo dias após o trauma. As primeiras 24 horas são as
mais cruciais e você deve permanecer junto com acompanhante confiável, pelo menos durante esse período.
o Repouso: procure descansar e evite atividades prolongadas especialmente nas primeiras 24 horas. Você
pode dormir à noite, mas é recomendável que alguém verifique se está bem a cada 3 – 4 horas.
o Você pode comer e beber normalmente se desejar. Entretanto você NÃO deve beber álcool por pelo menos 5
dias após o trauma.
o Medicamentos para dor: você pode e deve tratar a dor com remédios prescritos ou recomendados pelo
médico. Não use medicamentos que contenham ácido acetil-salicílico sem orientação médica.
o Não faça uso de qualquer substância que possa alterar o nível de consciência ou induzir sonolência por 3
dias, sem orientação médica.
o Dirigir: não é recomendável nas primeiras 24 horas e até que esteja sem sintomas.
o Atividades esportivas: é recomendável que mantenha-se afastado de práticas esportivas, por período, as
vezes, maior do que 48h, a depender do tipo de atividade e sua situação clínica.
Se qualquer um dos seguintes sinais se desenvolver, entre em contato com seu médico ou retorne ao hospital.
1. Sonolência ou dificuldade crescente de acordar o doente (acorde o doente a cada 2 horas durante o sono.)
2. Náusea ou vômito
3. Convulsões ou espasmos
POP Nº: Página 6 de 7
Elaborado em: 15/01/2015
Setor: Neurocirurgia Revisão nº: 01
Última Revisão: 17/09/2018
Título: TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE)
Próxima Revisão: 17/09/2020
8. Uma pupila (parte preta dos olhos) maior que a outra, movimentos estranhos nos olhos, visão dupla ou outros
distúrbios visuais.
Se houver inchaço no local do trauma, aplique bolsa de gelo, tendo certeza de que exista um pano ou uma toalha
limpa entre a bolsa de gelo e a pele. Se o inchaço aumentar muito, apesar da bolsa de gelo, entre em contato com
seu médico ou retorne ao hospital.
8. HISTÓRICO DA REVISÃO
9. REFERÊNCIAS
Mark S. Greenberg, Manual de Neurocirurgia, pgs 824 – 833; 856 – 858, 8° edição, 2018.
Suporte avançado de vida para médicos (ATLS), pgs 131 – 149, 8° edição, 2011.