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1 Médico emergencista, biomédico, professor de pós-graduação em Address for correspondence Daniel Damiani, MD, Rua Bela Cintra,
neurociências da Universidade Anhembi Morumbi, pós-graduação 2.117, ap. 9, São Paulo, SP, Brazil CEP: 01415-000
em urgências e emergências do Hospital Israelita Albert Einstein (e-mail: dani.neurocirurgia@gmail.com).
(HIAE), São Paulo, SP, Brazil
bradicardia em cerca de 12 a 35% dos casos. A prevalência de maioria das vísceras, incluindo coração e musculatura lisa
lesões acima de T6 que podem apresentar disautonomia vascular (►Fig. 1).
varia entre 48 e 90% dos casos, sendo a trombose venosa O conceito de lesão em duas etapas foi descrito por volta
profunda e o tromboembolismo pulmonar complicações de 1900 por Allen. Uma primeira lesão ocorre imediatamente
potencialmente fatais, em especial, nos primeiros 7 a 10 após o trauma, seguida por lesões secundárias, desencadea-
dias após o trauma.1,2,9–11 das pela lesão mecânica primária, resultando em danos
microvasculares, edema, desmielinização, isquemia, excito-
Neuroanatomia e Fisiopatologia toxicidade, alterações eletrolíticas, produção de radicais
Diversas regiões supratentoriais, tais como o córtex da livres, inflamação e apoptose tardia. A região imediatamente
ínsula, córtex medial pré-frontal, hipotálamo, e núcleos ao redor do local lesado é considerada penumbra isquêmica,
do tronco encefálico, são responsáveis pelas funções auto- com possível restauração funcional (►Fig. 2).11 Kaptanoglu
nômicas. Didaticamente representadas pelo sistema ner- et al. observaram que a melatonina, o propofol, eritropoetina
voso autônomo simpático e parassimpático, estas fibras e tiopental podem impedir a peroxidação lipídica logo após a
controlam os sinais vitais, adequando-os conforme a de- lesão em modelos experimentais. Os opioides são potencial-
manda ambiental. As fibras parassimpáticas chegam até o mente letais às células lesionadas, causando bloqueio da
colo transverso através do nervo vago, inervando coração, microcirculação e dificultando a restauração funcional por
brônquios, trato digestório e glândulas por fibras pré-gan- atuarem como neurotransmissores em receptores kappa. Em
glionares longas e pós-ganglionares curtas. Não há fibras diversos modelos, incluindo estudos de fase I em humanos, o
parassimpáticas direcionadas aos vasos sanguíneos perifé- uso de naloxona (antagonista opioide) melhora a recupera-
ricos. Já o sistema nervoso autônomo simpático parte com ção funcional medular.12–14 Após o trauma raquimedular,
fibras curtas pré-ganglionares até uma cadeia de gânglios além dos déficits sensoriais e motores observados, as disau-
paravertebrais que desce paralelamente à medula espinal tonomias são típicas do choque neurogênico. A perda do
torácica e lombar (T1-L2), emitindo fibras longas pós-gan- controle autonômico simpático sobre o parassimpático é
glionares. Estas fibras, por sua vez, inervam a grande responsável pela grande maioria dos sintomas que
Fig. 1 Segmentos medulares separados didaticamente em cervicais (C1-C8), torácicos (T1-T12), lombares (L1-L5) e sacrais (S1-S2), e seus
territórios de inervação sensitiva e motora. É muito importante na avaliação neurológica inicial delimitar o nível sensitivo e motor da lesão,
testando seus respectivos territórios. A figura também mostra a classificação atualmente utilizada pela ASIA para determinar a intensidade,
gravidade e prognóstico da lesão neurológica. O nível sensitivo é determinado pelo tato protopático e dor observados no segmento mais caudal,
presente bilateralmente, em ambos os hemicorpos. O nível motor é determinado pelos miótomos testados: utiliza-se a classificação do Medical
Research Council Scale for Muscle Strengh para graduar a força presente: músculos com força grau III, IV ou V são considerados normais.
Abreviações: ASIA, escala da American Spinal Injury Association; CP, cadeia de gânglios paravertebrais; RBC þ, presença do reflexo
bulbocavernoso.
Fig. 2 Fisiopatologia da lesão raquimedular. No momento da lesão há morte celular caracterizando a lesão primária. Imediatamente após a
lesão primária, o processo inflamatório inicia lesões secundárias (zona de penumbra) reversíveis com liberação de citocinas, aumento da
permeabilidade capilar, edema, trombose e ativação de micróglia e de neutrófilos. Na presença do choque neurogênico, há hipotensão,
bradicardia e poiquilotermia devido a disautonomia simpática originada pelo trauma. A hipoperfusão microvascular acentuada pela hipotensão
sistólica inicia uma cascata de respostas ao metabolismo anaeróbico tissular: acidose metabólica, formação de lactato, neoglicogênese,
disfunção mitocondrial com liberação de citocromo C, ativação de caspases (indução à apoptose) e despolarização celular anômala com influxo
de cálcio, ativação de canais NMDA e morte celular por excitotoxicidade. O resultado dessas mortes celulares é observado pela degeneração
walleriana com perda funcional. Adaptado de Yilmaz, Kaptanoglu. World J Orthop 2015;6(1):42–55.11
determinam o choque neurogênico. O descontrole cardio- Após 3 a 4 minutos, o parassimpático predomina, com
vascular e respiratório é o mais temido. Parâmetros como vasodilatação cutânea, venodilatação, redução do retorno
pressão arterial sistêmica, frequência cardíaca, secreção de venoso, hipotensão arterial sistêmica, bradicardia com bra-
glândulas, controle térmico, broncodilatação e resistência diarritmias e bloqueios nodais atrioventriculares devido à
vascular periférica ficam alterados. Durante o choque neu- perda do tônus simpático e ausência de estímulo inotrópico.
rogênico, há um predomínio do sistema parassimpático O paciente ainda apresenta hipotermia. O choque neurogê-
sobre o simpático, podendo levar o paciente à morte.1,15 nico portanto, é causado por desconexão entre os centros
A hipotensão arterial bem como a hipotensão ortostática supraespinais simpáticos e seus órgãos-alvo (lesão medular
melhoram em torno de alguns dias ou semanas, graças aos alta), cursando com hipotensão arterial sistêmica, bradicar-
mecanismos compensatórios que incluem: atividade da mus- dia e vasodilatação periférica. A denominação choque me-
culatura esquelética, espasticidade, aumento do tônus muscu- dular refere-se ao evento transitório que se segue após o
lar, ressurgimento dos reflexos simpáticos medulares trauma, com suspensão dos reflexos medulares abaixo do
(reajustando os níveis de catecolaminas) e readaptação do nível da lesão. O choque medular foi descrito pela primeira
sistema renina-angiotensina-aldosterona.1 vez por Whytt, em 1750, sendo introduzido à literatura por
Hall, em 1841. O choque medular é caracterizado por déficit
Choque Medular versus Choque Neurogênico sensorial, paralisia flácida, ausência dos reflexos medulares
Durante a fase aguda que se segue ao trauma raquimedular, e alterações da termorregulação abaixo do nível da lesão. Se a
ocorre uma estimulação maciça simpática, mediada por lesão medular for topograficamente elevada (cervical e/ou
receptores alfa-adrenérgicos. Agudamente, ocorre aumento torácica), pode cursar com comprometimento respiratório,
da pressão arterial sistêmica, bradicardia ou taquiarritmia tetraplegia, anestesia e choque neurogênico com síndrome
reflexa. Essa resposta aguda simpática ocorre devido à de Horner ipsilateral associada. Nas lesões torácicas mais
liberação de noradrenalina e adrenalina da camada medular baixas, comumente, não haverá comprometimento respira-
da glândula suprarrenal, em resposta ao trauma como tam- tório e/ou sinais de choque neurogênico. O choque medular
bém à desconexão dos neurônios supraespinais simpáticos. pode durar dias ou semanas, com média de 4 a 12 semanas
para sua resolução. Clinicamente verificamos o retorno das também apresentem choque hemorrágico e/ou hipovolêmico
funções medulares com o reaparecimento do reflexo bulbo- concomitantes, vítimas de politraumas.17 Na prática clínica,
cavernoso, como também dos reflexos osteotendinosos pro- no entanto, é fundamental a tomografia computadorizada
fundos; alguns autores consideram que o retorno do controle para seu diagnóstico. Segundo os dados publicados no Trauma
vesical voluntário marca o fim da fase de choque medular.1 Audit and Research Network Database, o choque neurogênico
Ditunno descreve o choque medular em quatro fases: (1) correlaciona-se às lesões cervicais em 19,3% dos casos, às
arreflexia ou hiporreflexia, as primeiras 24 horas; (2) retorno lesões da medula torácica em 7% e lombares em 3%.10,17
de alguns reflexos, 1 a 3 dias; (3) hiperreflexia reflexa
precoce, 4 dias a 1 mês; (4) espasticidade, 1 a 12 meses Controle Pressórico e Síndrome da Secreção Inapropriada
(►Fig. 3).16 de Hormônio Antidiurético (SSIADH)
A monitoração intensiva dos sinais vitais é necessária para
Apresentação Clínica manutenção da pressão arterial média em torno de 80 a
Lesões que envolvam somente os três primeiros segmentos 90 mm Hg, seja com expansão volêmica, seja com drogas
cervicais medulares necessitam de suporte ventilatório ime- vasoativas. Após estabilização cirúrgica da fratura, os pa-
diato por perda do drive supraespinal excitatório, interrom- cientes devem ser submetidos a elevações graduais do de-
pendo a função dos neurônios motores do nervo frênico. Nas cúbito: preconiza-se uma elevação de 10 graus ao dia com
lesões abaixo de C3, os pacientes apresentam sintomas de monitoração constante dos parâmetros hemodinâmicos.
comprometimento do sistema nervoso autônomo, incluindo Quando o paciente tolerar uma elevação de 40 graus de
a possibilidade de parada cardiorrespiratória alguns minutos decúbito, a cadeira de rodas passa a ser uma opção para
após a lesão. locomoção. Algumas vezes, há persistência da hipotensão
Na sala de emergência, o paciente apresenta classicamente: ortostática, sendo necessária a administração de fludrocor-
paralisia flácida, bradicardia e hipotensão arterial sistólica tisona ou agonistas alfa-adrenérgicos; a utilização de eritro-
(PAS < 90 mm Hg) em posição ortostática. A incapacidade de poetina e desmopressina (dDAVP) são tratamentos
esvaziamento vesical também é uma característica clínica adjuvantes neste contexto.1 O volume urinário fica reduzido
importante. Nesse momento, o emergencista deve estar nos primeiros dias após a lesão, muito provavelmente devido
atento para a possibilidade de choque neurogênico já que, à SSIADH. Após o terceiro dia, há uma diurese muito au-
comumente, esses sintomas são verificados em pacientes que mentada, podendo alcançar 5 a 6 litros por dia,
Fig. 3 O choque neurogênico é resultado, na grande maioria das vezes, da lesão medular alta (acima de T6) que cursa com choque medular:
plegia ou paresia, hiperextensibilidade e hipo ou arreflexia osteotendinosa profunda e cutânea superficial abaixo da lesão. Também há relatos de
traumas à medula espinal lombar.
Tabela 1 Novos parâmetros propostos por Mutschler et al (2014) para avaliação da necessidade de reposição de
hemoconcentrados em salas de emergência onde estão pacientes politraumatizados com grave lesão neurológica associada
Nos pacientes que apresentam sinais de insuficiência pacientes que apresentam contraindicações absolutas ao uso
cardíaca associada ao choque, alguns agentes inotrópicos de anticoagulantes, deve-se considerar a utilização de filtros
são boas opções para serem associadas às drogas de primeira de veia cava.1
escolha. A dobutamina é um potente agonista β-adrenérgico
com menor interferência na frequência cardíaca quando Prioridades do Paciente em Choque e Objetivos
comparada ao isoproterenol (β-agonista puro). A dose habi- Terapêuticos
tual de dobutamina é de 1 a 20 mcg/kg/min, aumentando Didaticamente, em essência, há quatro fases no tratamento do
assim a perfusão capilar independentemente de seus efeitos paciente em choque: (1) fase de salvamento: o objetivo é
sistêmicos.32 regularizar a pressão arterial do paciente em valores mínimos
A classe de drogas que agem como sensibilizadores de necessários para garantir a perfusão tecidual adequada asso-
cálcio, como o Levosimendan, atua primariamente na facili- ciada à regularização da função miocárdica para essa perfusão
tação da ligação da troponina C por disponibilizar maior mínima; a monitoração é mínima, restringindo-se muitas
quantidade de cálcio para os miócitos. No entanto, essas vezes a cateteres centrais venosos e/ou arteriais; as medidas
drogas atuam também na musculatura lisa vascular como para garantir uma boa ventilação, restauração volêmica, intro-
vasodilatadoras, pela abertura dos canais de potássio ATPase dução de drogas vasoativas e bons procedimentos cirúrgicos
sensíveis, limitando sua utilização nos estados de choque.5 de emergência são fundamentais para garantir a sobrevivên-
A bradiarritmia persistente, encontrada no choque neuro- cia; (2) fase de adequação: medidas otimizadas para a
gênico grave, pode ser revertida com administração de dopa- adequada oxigenação tecidual; controle dos processos infla-
mina em bomba de infusão contínua (droga de primeira linha), matórios, disfunções mitocondriais e da ativação das caspa-
seguida por outras opções, tais como: atropina e marca-passo ses; as medidas de saturação venosa de oxigênio (SvO2) e
transcutâneo, sendo estes últimos apenas indicados na ausência lactatemia auxiliam nas condutas; (3) fase de estabilização:
de resposta à dopamina. Os marca-passos transvenosos ficam preocupação com a disfunção de múltiplos órgãos após a
reservados às bradiarritmias persistentes a longo prazo. Alguns estabilização hemodinâmica; (4) fase de desmame: melhora
estudos consideram o uso de aminofilina ou qualquer outra clínica geral do paciente, com a possiblidade de desmame
metilxantina como boas alternativas à bradicardia episódica.1 gradual e progressivo da VPM, sedação e das drogas
O edema pulmonar neurocardiogênico possui duas formas vasoativas.5,26,36
de apresentação: (1) precoce, desencadeada poucos minutos
até horas após o trauma; (2) tardia, apresenta-se 12 a 24 horas Intervenção Neurocirúrgica
após o trauma. Em ambas, o paciente torna-se subitamente Furlan et al. realizaram uma revisão sistemática com 22
dispneico, taquipneico e hipoxêmico em poucos minutos, com estudos clínicos, avaliando a segurança, o benefício, a viabi-
escarro róseo e espumoso associado a estertores crepitantes. lidade e a eficácia da intervenção neurocirúrgica precoce em
O paciente pode tornar-se febril, taquicárdico e hipertenso traumatizados medulares para estabilizar e alinhar suas co-
com leucocitose. Exame de raios X de tórax evidencia infi- lunas vertebrais por meio de descompressão medular. Alguns
ltrados opacos bilateralmente consistentes com SARA (sín- estudos mostraram não haver diferença entre a cirurgia
drome da angústia respiratória aguda). O quadro resolve-se precoce (até 72 horas após o trauma) e a tardia (após
espontaneamente em 24 a 48 horas, desde que a PIC seja estabilização clínica). No entanto, outras séries mostraram-
controlada. Na sala de emergência, é fundamental a diferen- se a favor da intervenção precoce, com menor tempo neces-
ciação entre edema pulmonar cardiogênico e não-cardiogê- sário para a recuperação das funções medulares bem como
nico: os edemas não-cardiogênicos beneficiam-se de para a permanência hospitalar. Cengiz et al observaram, em
interferências farmacológicas no sistema nervoso autônomo um estudo randomizado controlado, que a cirurgia precoce
simpático (por exemplo, bloqueadores alfa-adrenérgicos tais melhora significativamente o escore da ASIA no pós-opera-
como clorpromazina e fentolamina), recomendando-se, nes- tório precoce e tardio ao reduzir os insultos secundários
ses casos, a dosagem de catecolaminas séricas.19–21 A entu- causados pela lesão. Os pacientes submetidos à intervenção
bação orotraqueal protetora inclui a utilização de volume precoce apresentavam melhora dos escores da ASIA em 83,3%
corrente entre 6 e 8 mL/kg com PEEP > 3 cmH2O, e a dos casos, enquanto os submetidos à intervenção tardia,
extubação precoce deve ser feita assim que a escala de 26,6%. Para os pacientes que apresentam piora neurológica
coma de Glasgow for maior que 10.19,20,33–35 evidente, a descompressão neurocirúrgica imediata está
Profilaxia à trombose venosa profunda bem como ao indicada.11,37,38
tromboembolismo pulmonar são obrigatórias já no manejo
clínico inicial do paciente. As estratégias não farmacológicas Perspectivas Terapêuticas
incluem a mobilização periódica do paciente no leito, utili- À medida que o conhecimento dos mecanismos fisiopatoló-
zação de meias compressivas pneumáticas e fisiotarapia gicos do traumatismo raquimedular, incluindo o choque
intensiva. As terapias farmacológicas incluem a utilização neurogênico e o choque medular, aumenta, novas estratégias
de anticoagulantes orais ou parenterais. A utilização de terapêuticas são propostas com o intuito de otimizar a
heparina de baixo peso molecular mostra-se superior recuperação medular. As evidências clínicas e experimentais
quando comparada à heparina não fracionada, e com menor demonstram que o mecanismo de recuperação medular
risco de sangramentos. Assim que possível, a terapia anti- passa pela neuroplasticidade, com o brotamento dendrítico
coagulante parenteral deve ser substituída pela oral. Nos e axonal. Os estímulos físico e elétrico sabidamente
aumentam a produção de BDNF (Brain-Derived Neurotrophic básicas no exame primário que não devem ser negligencia-
Factor) e do AMPc (3′-5′-cyclic adenosine monophosphate), e das: estabilização da coluna cervical é o primeiro passo, de
atuam diretamente no estímulo à neuroplasticidade do maneira geral, em todos os pacientes politraumatizados.
sistema nervoso central e periférico. Atualmente se especula Uma vez feita a reposição volêmica adequada, a manutenção
que os proteoglicanos de condroitinossulfato (PCS), consti- da hipotensão arterial com bradicardia e perfusão periférica
tuintes principais da matriz extracelular do sistema nervoso, adequada, com lesão craniana e/ou medular, devem apontar
exerceriam um papel fundamental no processo de regene- para a possível presença do choque neurogênico. A presença
ração medular. Essas matrizes de PCS atuariam como morta- de lesões neurológicas continua sendo contraindicação ab-
lhas para o crescimento neuronal, sendo inibidoras da soluta à hipotensão permissiva, devendo sua PAS
restauração funcional medular. Nesse contexto, Bradbury ser 120 mm Hg. O manejo do choque neurogênico possui
et al. sintetizaram uma enzima bacteriana denominada algumas particularidades que devem ser consideradas: re-
condroitinase ABC (chABC) e as administraram por via versão das arritmias cardíacas (dopamina, atropina e marca-
intratecal, observando que as vias corticoespinais não mais passo transcutâneo) podendo levar à morte súbita; manejo
apresentavam retrações após as lesões e, ainda, facilitavam o das vias aéreas (VPM protetora) evitando a descarga vaso-
brotamento com formações de redes colaterais na região da vagal e uso de paralisantes neuromusculares; controle hidro-
lesão. No entanto, como efeito colateral, observaram que eletrolítico e infeccioso intensivo; uso de opiáceos restrito à
havia formação de redes neuronais CGRP (Calcium Gated menor dose possível devido a sua interferência na recupe-
Related Peptide) dependentes, relacionadas a hiperalgesia e ração medular; uso precoce de drogas vasoativas evitando a
alodinia. Outra linha experimental leva em conta que blo- precipitação do edema pulmonar neurogênico; profilaxia a
queadores da glicoproteína nogo-A facilitariam o brota- úlceras de pressão e trombose venosa profunda; proteção
mento bem como as reconexões neuronais após a lesão. gástrica; proteção à zona de penumbra isquêmica perilesi-
Anticorpos monoclonais anti-nogo-A ou IN-1 são promisso- onal; e avaliação da indicação de descompressão neuroci-
res. Por fim, as neurotrofinas aumentam a capacidade de rúrgica. São estas particularidades que definem o
neuroplasticidade no local da lesão e, ainda, possuem a prognóstico do paciente.
facilidade de serem administradas através de um adenovírus
que, por transporte retrógrado, atinge o local da lesão com o
mínimo de trauma. As neurotrofinas em estudo incluem:
NT3, NGF, BDNF e Peg-BDNF.39,40 Referências
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