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Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo

cranioencefálico

O sistema nervoso é responsável por receber, interpretar e enviar estímulos e


respostas relacionadas a todas as necessidades fisiológicas humanas,
porém anomalias nesse sistema podem causar mau funcionamento neurológico e
comprometimento de funções locais e/ou sistêmicas.

Eventos como aneurisma cerebral, traumatismo craniencefálico e traumas podem


causar sequelas recuperáveis, ou não, além de comprometerem a fisiologia normal
do organismo.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você poderá identificar e definir os aspectos e as


características do aneurisma, do traumatismo craniencefálico e do trauma
raquimedular, além de relacionar os prováveis comprometimentos que esses
eventos podem trazer ao corpo humano.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes


aprendizados:

 Definir os aspectos etiológicos do aneurisma e suas principais implicações


clínicas.

 Identificar as principais características clínicas do traumatismo


craniencefálico e do trauma raquimedular.

 Explicar os prováveis comprometimentos anatomofuncionais por aneurisma,


traumatismo craniencefálico e trauma raquimedular.

DESAFIO
Define-se por trauma raquimedular (TRM) toda agressão causada à medula espinal
que cause prejuízos neurológicos, gerando transtornos da função motora, sensitiva
e autônoma. Pessoas do sexo masculino com idade entre 15 e 40 anos são as que
mais sofrem esse tipo de trauma. Acidentes de trânsito, quedas de alturas,
acidentes de mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo (FAF) são as
principais causas do TRM.
Diante das informações acima: 

a) Defina os aspectos etiológicos do trauma raquimedular.

b) Identifique os principais sinais e sintomas do trauma raquimedular.

c) Cite e explique os possíveis comprometimentos anatomofuncionais causados


pelo trauma raquimedular.

PADRÃO DE RESPOSTA ESPERADO


a) Dentre as causas ou etiologias de trauma raquimedular, destacam-se, em maior
frequência, os acidentes automobilísticos e motociclísticos, os ferimentos por
projétil de arma de fogo, a lesão por objeto perfurante, acidentes por mergulho em
água rasa e as quedas.

b) Lesões na medula espinal podem resultar nos seguintes sinais e


sintomas: perda dos movimentos; perda ou alteração da sensibilidade ao calor,
frio, dor ou toque; espasmos musculares e reflexos exagerados; alterações na
função sexual, na sensibilidade sexual ou na fertilidade; dor ou sensação de
picadas; dificuldade para respirar ou eliminar secreções dos pulmões; perda do
controle da bexiga ou do intestino.

c) Choque medular: o choque medular é definido como um estado de completa


arreflexia da medula espinal, que ocorre após traumatismo grave na medula.
Durante o choque medular, que pode ocorrer imediatamente após o traumatismo
da medula espinal, mesmo que a lesão medular não seja completa e permanente, o
paciente apresenta ausência total da sensibilidade, dos movimentos e do reflexo
bulbocavernoso, que está presente em condições normais. O retorno do reflexo
bulbocavernoso indica o término do choque medular, permitindo, então, a
determinação da lesão neurológica causada pelo trauma.

Choque neurogênico: os pacientes com lesão medular podem apresentar, também,


queda da pressão arterial, acompanhada de bradicardia, que caracteriza o
denominado choque neurogênico. Nesses pacientes, a lesão das vias eferentes do
sistema nervoso simpático medular e consequente vasodilatação dos vasos
viscerais e das extremidades, associadas à perda do tônus simpático cardíaco,
não permitem que o paciente consiga elevar a frequência cardíaca. Essa situação
deve ser reconhecida e diferenciada do choque hipovolêmico, no qual a pressão
arterial está diminuída e acompanhada de taquicardia.

Trombose venosa profunda: vasodilatação e acúmulo de sangue perifericamente


aumentam o risco de trombose venosa profunda, especialmente nas extremidades
inferiores. Até 80% ou mais de pacientes com lesões completas têm risco de
desenvolver TVP, apresentando uma incidência global de 13,6% entre os pacientes
internados durante a fase aguda. A incidência de TVP é maior 7-10 dias após a
lesão. É uma complicação comum em pessoas com trauma raquimedular
decorrente da imobilidade. A profilaxia é feita mediante terapia com
anticoagulantes, uso de meias elásticas, execução de exercícios fisioterápicos que
promovam amplitude de movimentos. O tratamento envolve o posicionamento
adequado no leito, com ligeira elevação e movimentação passiva.

Disreflexia autonômica: disreflexia autonômica é vista, particularmente, em


doentes com lesões da medula cervical, acima do fluxo simpático, mas pode
também ocorrer em pacientes com lesões torácicas altas, acima de T6. É
comumente associada à bexiga ou a problemas intestinais, particularmente
hiperdistensão. A disreflexia autonômica é uma alteração vasomotora, também
conhecida como crise autonômica hipertensiva, decorrente de uma liberação do
sistema nervoso autônomo, que é desencadeada por um estímulo nociceptivo.
Geralmente, ocorre nas lesões acima de T5, mais precisamente nas lesões
cervicais. 

Bexiga neurogênica: depois de uma lesão grave da medula espinal, a bexiga é


inicialmente contraída, e pacientes não tratados irão desenvolver retenção aguda.
Diferentes padrões miccionais patológicos muitas vezes persistem na fase
crônica, dependendo do nível de lesão neurológica e do grau de recuperação
funcional. Os problemas incluem: incontinência, infecções, urolitíase e danos
renais secundários. Os mais importantes fatores de risco para desenvolvimento de
lesão renal são a falta de coordenação entre os músculos da parede da bexiga.

Intestino neurogênico: a lesão medular provoca mudanças no funcionamento do


corpo e uma delas, de difícil abordagem para muitos de nós, é a função intestinal.
Antes de uma lesão medular, as pessoas não precisam planejar ou pensar sobre
os movimentos intestinais (evacuação). Após uma lesão medular, os movimentos
intestinais requerem maior tempo, atenção e planejamento. Em geral, pessoas
com lesão medular não conseguem sentir quando as fezes estão para serem
eliminadas, e então é necessário auxiliá-las nesse processo. Após uma lesão
medular, o sistema nervoso não consegue mais controlar a função intestinal da
mesma maneira como fazia antes.

Úlceras por pressão: a idade avançada, a debilitação, o contato prolongado com


umidade proveniente da perspiração da urina, das fezes, o atrito e as forças de
cisalhamento, a diminuição da perfusão tissular são fatores contribuintes para o
aparecimento de úlcera de pressão, assim como os equipamentos como aparelho
gessado, tração, contenção. Tipo do leito, colchão, travesseiro e cadeira também
propiciam a formação de úlceras de pressão.

Pneumonias: pneumonia continua a ser uma importante causa de morte em


tetraplegia. Os pacientes com tetraplegia ou paraplegia alta estão em risco
aumentado de infecção devido à paresia do diafragma e/ou músculos intercostais,
o que prejudica a capacidade de eliminar secreções. Traqueostomia ou intubação
endotraqueal aumenta ainda mais o risco de infecção. O risco de pneumonia por
aspiração é grande, especialmente na fase aguda, com diminuição do nível de
consciência, gastroparesia e íleo paralítico.

Alterações psicológicas: na fase aguda da lesão da medula espinal, o indivíduo


pode experimentar uma gama de emoções, tais como desespero, dormência,
medo, esperança e raiva. Essa turbulência emocional é muitas vezes caótica e
desorganizada. Pode ser ainda mais complicada pelo período obrigatório de
repouso durante o qual um estado de sensorial privação segue. A súbita
incapacidade de continuar dessa forma e da necessidade para levar uma vida mais
ordenada pode significar um longo período de tempo de ajustamento. A falha em
reconhecer que esse processo pode continuar por até dois ou três anos pode
prejudicar o processo de reabilitação do paciente. A detecção desses problemas e
a prestação de terapia psicológica irão permitir que um indivíduo supere essas
complicações.

INFOGRÁFICO

O  aneurisma cerebral, o traumatismo craniencefálico e o trauma raquimedular são


situações que comprometem o correto funcionamento do sistema
nervoso, causando danos variáveis, temporários, sequelas permanentes e até
mesmo a morte.

Confira neste Infográfico as principais características de cada um deles.


CONTEÚDO DO LIVRO
Contusão é o resultado de um trauma caracterizado por edema geralmente
associado a uma hemorragia subpial, localizada, principalmente, nas áreas que
fazem contato com a superfície óssea craniana. Os danos
neurológicos decorrentes das contusões dependem da área atingida e da
gravidade do trauma, podendo causar efeitos mais graves em decorrência de
edema cerebral ou da ocorrência de hemorragias. As contusões são mais graves
se estiverem associadas a fraturas cranianas e podem agravar a lesão secundária
no tecido adjacente por libertação de neurotransmissores e alterações
bioquímicas locais.

No capítulo, Sistema nervoso: comprometimento por aneurisma, traumatismo


cranioencefálico e trauma traquimedular, da obra Anatomia aplicada
à  enfermagem, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, no qual você vai
aprender sobre danos ao sistema nervoso central e periférico.

DICA DO PROFESSOR
O trauma raquimedular pode ter como principal consequência a paralisia dos
membros dependendo da localização em que ocorreu a lesão na medula espinal e
da extensão do dano causado à medula. A paralisia pode ser uma paraplegia ou
uma tetraplegia.
NA PRÁTICA
A embolização endovascular é um procedimento realizado nos casos de
aneurisma intracraniano. Esse procedimento diminui a circulação de sangue e a
pressão dentro do aneurisma, através da inserção de fios neurocirúrgicos de
platina no espaço do aneurisma, até que seja determinado que o fluxo de sangue
não está mais adentrando no aneurisma. 

Confira agora Na Prática um caso clínico de embolização de aneurisma cerebral .

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SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as
sugestões do professor:

Diagnósticos de enfermagem e proposta de intervenções ao paciente com


aneurisma cerebral
Leia o artigo científico onde o objetivo foi identificar os diagnósticos de
enfermagem e relacionar as intervenções de enfermagem a partir dos diagnósticos
encontrados em pacientes com aneurisma cerebral internados na Clínica de
Neurocirurgia do Hospital de Base - HBDF.

Leia aqui
Traumatismo cranioencefálico (aula completa) - TCE #1
Assista neste vídeo sobre traumatismo cranioencefálico: definições, etiologia,
estágios da lesão, mecanismos de lesão, fisiopatologia, quadro clínico e
classificação.

Assista aqui
Diretrizes de atenção à pessoa com lesão medular
Conheça as diretrizes de atenção à pessoa com lesão medular, segundo o
Ministério da Saúde. O objetivo desta diretriz é oferecer orientações às equipes
multiprofissionais para o cuidado à saúde da pessoa com lesão medular nos
diferentes pontos de atenção da rede de cuidados à pessoa com deficiência.

Leia aqui

Exercícios

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