Você está na página 1de 21

A NEUROCIÊNCIA E AS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Estudar o sistema nervoso, o seu funcionamento e a regulação dos seus órgãos –


em especial o cérebro – é considerado um dos maiores desafios para a
humanidade desde a Antiguidade. O ramo da ciência responsável por conduzir
essas investigações e interessado nessa área é a neurociência. Apesar de o uso
desse termo ser recente, os estudos do cérebro humano são muito antigos, e seus
primeiros registros podem ser observados desde a Grécia Antiga. Os primeiros
trabalhos foram conduzidos por filósofos da Grécia, que desenvolveram teorias
sobre o cérebro por meio de observações simples. Posteriormente, os romanos
iniciaram seus estudos dissecando animais. No século XVIII, por influência pelo
Iluminismo, surgiram os estudos mais aprofundados do sistema nervoso. Diversos
outros importantes estudiosos, como Charles Darwin, também contribuíram com
seus conhecimentos para a neurociência, porém, foi com o advento do raio X e da
tomografia computadorizada que as pesquisas do cérebro humano foram
otimizadas. Isso propiciou, então, o surgimento formal da neurociência.

As tecnologias atuais permitiram avanços consideráveis da neurociência, a qual


pôde expandir seus campos de pesquisa para outras áreas. A educação, por
exemplo, é uma das áreas de foco das investigações da neurociência. O
conhecimento atual da neurociência é tão próspero que já é possível estabelecer
onde e quando ocorrem no cérebro os processos cognitivos específicos, ou seja,
aqueles relacionados à aprendizagem.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará as principais funções e aplicações


da neurociência no campo da educação de pessoas com altas
habilidades/superdotação. Além disso, você aprenderá conceitos básicos da
neurociência, que são de suma importância para entender o funcionamento do
sistema nervoso e dos processos cognitivos de alunos com altas habilidades.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes


aprendizados:

 Identificar a relação entre neurociência e altas habilidades/superdotação.

 Reconhecer na neurociência as características das altas


habilidades/superdotação.

 Descrever a relação entre neurociência e educação e as propostas de ensino


de alunos com altas habilidades/ superdotação.
DESAFIO

Os estudantes com altas habilidades/superdotação necessitam de atendimentos


educacionais especializados, visto que eles também podem enfrentar obstáculos
nos estudos e precisam de adaptação no currículo e de estratégias pedagógicas
diferenciadas. Entretanto, antes da etapa do planejamento, vem a fase do
diagnóstico.

Imagine que você é um profissional da neurociência e que irá atender um


adolescente de 15 anos. Nesse atendimento, você deverá aplicar uma série de
testes para avaliar suas características neurocognitivas.

Cite exemplos de testes que poderiam ser feitos e quais funções


neuropsicológicas/neurocognitivas desse adolescente poderiam ser avaliadas
e/ou exploradas.

Os instrumentos utilizados na avaliação neuropsicológica são as entrevistas,


observações e os testes psicológicos, que auxiliam no diagnóstico clínico, no
conhecimento acerca do perfil cognitivo do paciente assim como na estimativa da
evolução, prognóstico, delineamento de programas de reabilitação cognitiva e o
acompanhamento do tratamento farmacológico e psicossocial..

Exames
 Avaliação Neuropsicológica.
 Polissonografia Domiciliar.
 Polissonografia.
 EEG com Mapeamento Cerebral.
 EEG no Leito.
 Testes Otoneurológicos.
Padrão de resposta esperado
Após realizar anamnese detalhada e entrevistas, primeiramente, com a família e
depois com o adolescente, além de observações feitas na clínica e na escola, o
próximo passo seria a aplicação de testes variados, conforme a queixa e as
especificidades apresentadas pelo adolescente. Uma sugestão seria realizar os
testes na forma de baterias neuropsicológicas (consideradas, por muitos,
indispensáveis para a obtenção de dados e a interpretação dos resultados
obtidos).
A partir desses testes, você, o profissional responsável, poderia avaliar as
seguintes funções neuropsicológicas:

Linguagem: ter noções do desempenho do adolescente em atividades que exigem


consciência fonológica, escrita das palavras, distinção de fonemas, leitura e
reconhecimento de palavras e fonemas, etc.

Memória: ter noções do desempenho do adolescente em atividades que exigem


memorização e repetição de informação ou em atividades que exigem a
manipulação on-line de informações, a manipulação de símbolos com resolução
de raciocínio matemático, bem como avaliar a resistência a distratores (memória
de curto prazo) ou até mesmo a resistência ao longo do tempo (memória de longo
prazo).

Percepção: atividades que exigem manipulação mental para completar figuras,


tarefas de busca e percepção visual, entre outras.

Características da personalidade: ter noções para as características relacionadas


ao humor do adolescente (por exemplo, presença de humor ansioso, insegurança,
carência afetiva e repressão de afetos, presença de conflitos), etc.

INFOGRÁFICO

Um dos mais importantes aspectos da neurociência do processo de ensino e


aprendizagem é, sem dúvida alguma, a memória. A memória é, em seu significado
mais completo, o resultado do conjunto de eventos que envolvem a aquisição, a
formação, a conservação e a evocação de informações. Um aspecto importante e
que deve ser ressaltado é que a memória pode diferir consideravelmente de
acordo com a intensidade desses eventos.
No Infográfico, veja as classificações neurocientíficas da memória.
CONTEÚDO DO LIVRO

A aquisição de uma gama de informações e o acesso a elas constituem algo


imprescindível no mundo globalizado no qual vivemos. Assim, estar conectado às
pesquisas e às tendências atuais nas mais variadas áreas de trabalho em todo o
mundo e que estão acontecendo a todo instante permite não só a manutenção do
esforço produzido até então como também a adequação ao universo, que está em
constante modificação.

A tecnologia atual nos permite estudar diversas áreas que até então não eram
palpáveis. O cérebro humano, apesar de ser objeto de discussão desde a época de
Hipócrates (há 2.300 anos), agora pode ser estudado em mínimos detalhes, e isso
é permitido pelas neurociências.

No capítulo A neurociência e as altas habilidades/superdotação, da obra Ensino da


pessoa com altas habilidades/superdotação, serão introduzidos os conceitos
básicos sobre o funcionamento do cérebro de indivíduos com altas
habilidades/superdotação, bem como as áreas de pesquisa da neurociência e suas
aplicações no ensino de jovens com altas habilidades.

DICA DO PROFESSOR
As neurociências representam o esforço conjunto de diversas disciplinas em
compreender os processos mentais, seus circuitos neurais subjacentes, seus
substratos biomoleculares e genéticos e a interação destes com fatores
ambientais e culturais. Assim, a neurociência vem sendo uma grande aliada da
educação de alunos com altas habilidades/superdotação.

Na Dica do Professor, saiba mais sobre os principais componentes do sistema


nervoso e o funcionamento das suas mais diversas estruturas e, em especial, do
cérebro. Conheça também um pouco mais os avanços científicos realizados no
campo da neurociência das altas habilidades.
NA PRÁTICA
As neurociências, ou “simplesmente” as ciências do cérebro, que avançam
vertiginosamente, podem contribuir muito para a renovação teórica na formação
docente, adicionando informações científicas essenciais para a melhor
compreensão da aprendizagem como fenômeno complexo. A neurociência
apresenta uma perspectiva que reflete uma visão contemporânea, que pode,
inclusive, ser considerada um foco atual de atenção da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). As informações obtidas pelos
estudos da neurociência permitem nos apropriarmos do aprendizado acerca do
cérebro e do seu funcionamento. Suas informações podem, então, maximizar as
potencialidades de nossos alunos e promover o seu pleno envolvimento com a
escola.
Neste Na Prática, conheça um estudo de caso de um professor que buscou na
neurociência o auxílio de que necessitava para o atendimento especializado de seu
aluno com altas habilidades/superdotação.
SAIBA +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as


sugestões do professor:

Neurociências e aprendizagem: como o cérebro aprende


Neste vídeo, você poderá assistir a uma discussão estendida do processo
neurológico de aprendizagem.

Assista aqui
Alunos dotados e talentosos: atividade neural e o papel do professor
Neste manuscrito, você poderá entender um pouco mais sobre a importância da
estimulação ambiental e do professor no processo de desenvolvimento cognitivo
de alunos com altas habilidades.

Leia aqui

Convergência entre as altas habilidades e a neurociência cognitiva


Neste artigo, você encontrará, entre muitas discussões, uma lista com uma série
de estudos realizados na neurociência cognitiva ao longo dos anos.

Leia aqui

Exercícios

Você também pode gostar