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NEUROCIÊNCIAS

E EDUCAÇÃO
Profª Drª Bruna Velasques
ME CONTE SOBRE
UM ESTUDO QUE
VOCÊ CONHECE
QUE LIGUE
NEUROCIÊNCIAS E
EDUCAÇÃO.
Da ciência de base para a sala de aula

Conhecimento básico sobre a neurobiologia da leitura inspirou um grupo de pesquisadores israelenses a


desenvolver um instrumento chamado Programa de Aceleração de Leitura

Projetado para acelerar a leitura lenta de crianças com dislexia, ajudando-os no acompanhamento de
crianças típicas.

Os indivíduos olhavam para uma tela de computador onde uma frase era projetada. Durante a leitura da
frase, as letras foram sendo apagadas, primeiro bem devagar, depois gradualmente mais rápido, a fim de
forçar o leitor a focar e aumentar a atenção. Quando a frase desaparecia, um teste de compreensão de
múltipla escolha era aplicado para ter certeza de que a leitura era seguida de uma compreensão
adequada.
O experimento consistiu
em treinar os participantes
para realizarem a leitura
progressivamente acelerada
de sentenças como em A,
mantendo a compreensão.

B mostra os resultados
para disléxicos e indivíduos
típicos. Observe que,
enquanto os disléxicos
melhoraram (menos tempo
para ler após o
treinamento), os indivíduos
típicos também
melhoraram.

Imagem retirada do Artigo do Robeto Lent – Diagrama baseado no quadrante de Strokes que descreve diferentes alternativas para a pesquisa
(http://ibelearning.wpengine.com/articles/neuroscience-for-education-start-of-a-new-era/?fbclid=IwAR2qkQZSKPJKMIN7-
IN09AFfYxS2Gdri1JzoaWQ2XAZr27Er2pgoQsToiss)
Treinamento durante 24 dias

Resultado: diminuição do tempo de leitura e


compreensão plena

Uso de EEG e ressonância magnética funcional para


registra mudanças na rede de leitura

O desempenho das crianças com dislexia se igualou


aos leitores típicos após o treinamento

Aumento da atividade nas regiões de atenção do


córtex pré-frontal, mais do que no córtex temporal
inferior relacionado diretamente aos processos de
leitura.
❖ Intervenções educacionais baseadas em evidências têm menor risco de fracasso, o que
otimizaria recursos e economizaria tempo.

❖ Existem duas maneiras pelas quais as evidências científicas podem ser coletadas: 1)
Pesquisa reativa (avaliação) - realizando avaliações periódicas para avaliar a
intervenção. Nesse caso, embora a avaliação possa ser cientificamente rigorosa, as
intervenções iniciais não o são, necessariamente. Embora de grande importância, ele
fornece resultados analíticos somente depois que as intervenções estão próximas do fim.
Se eles não tiveram sucesso, o tempo gasto deve ser considerado perdido; 2) Pesquisa
Proativa - as intervenções são baseadas em evidências científicas desde o início. O risco,
então, é menor. Exemplo do Programa de Aceleração de Leitura.

❖ A inserção de propostas de base científica nas políticas educacionais, portanto, é a única


forma de fazer frente ao ritmo acelerado de mudança dos perfis de trabalho, da inovação
tecnológica, dos padrões de comunicação entre as pessoas e da organização social e
econômica das sociedades.
DIFERENTES
TIPOS DE
EVIDÊNCIAS EM
EDUCAÇÃO
O QUE SIGNIFICA
“BASEADO EM
EVIDÊNCIAS” NA
ABORDAGEM PARA
EDUCAÇÃO?
Variedade de evidências empíricas de como nós aprendemos

Quantitativo Qualitativo
Pesquisa descritiva e prescritiva
Manipulação experimental (estudo controlado randomizado): determina se algo está produzindo
alteração no aprendizado

Voluntários são designados para os grupos de forma


aleatória

Um dos grupos receberá uma intervenção/manipulação


e um outro grupo será controle

A aprendizagem precisa ser medida nos grupos Estudo experimental x Estudo correlacional

Generalização/reprodutibilidade
Cérebro (encéfalo) x Mente x Comportamento

Psicologia Cognitiva Neurociência Cognitiva


Foca na explicação relacionada à Preocupada em saber o que
mente/cognição. acontece no cérebro
Está preocupada com processos Pontuar como esses processos
teóricos de codificação, acontecem em termos de
recuperação atividade do cérebro
M O D E L O D O L A B O R AT Ó R I O
PARA A SAL A DE AUL A
Pesquisa Básica
Amostra de
No laboratório, com tarefas simples e sem preocupação com aplicação (ex. conveniência
lista de palavras, silabas sem sentido, paradigma oddball)

Pesquisa Aplicada
Amostra de
No laboratório, com tarefas mais complexas e relacionadas à vida prática conveniência
(ex. leitura de vídeo, decisão do dia a dia, paradigma de pânico)

Sala de Aula Aplicada


Na sala de aula, com material relevante (ex. professores mudando sua População de
instrução) interesse
A INTUIÇÃO É
INIMIGA DO
ENSINO E
APRENDIZAGEM?
EXPERTISE VERSUS INTUIÇÃO
1. Nossa própria intuição de como aprendemos e como devemos
ensinar nem sempre é correta e capaz de generalização
2. Nossa intuição pode nos levar a escolher estratégias de
ensino/aprendizagem equivocadas
3. Uma vez que se escolhe uma estratégia, tendemos a procurar
evidências em favor da nossa estratégia
4. Muitos estudantes tendem a ler suas anotações e textos
repetidamente como uma estratégia de aprendizagem porque
eles se sentem bem. Quanto mais lemos, mais fluentes ficamos
em ler. No entanto, fluência em leitura não tem relação com
melhora da retenção da informação
5. Quando os alunos praticam recuperação de informação, eles
predizem um pior desempenho pois a tarefa é mais difícil
6. Pessoas olham mais para evidências confirmatórias do que
contraditórias quando examinam suas crenças
7. O problema com intuição errônea e vieses é que eles são
difíceis de corrigir
8. A ciência reconhece/identifica o viés humano e constantemente
tenta combate-lo
EQUÍVOCOS SOBRE
APRENDIZAGEM
Como eles aparecem e o que podemos fazer
Uma vez que a mensagem é passada através de cada canal (ex. pesquisador para jornalista), a ciência por trás do
fato é perdida e a conclusão é distorcida.

O que se inicia como simplificação ou supergeneralização pode ser tornar um slogan errôneo - um neuromito
Rank Neuromito
1 Pessoas aprendem melhor quando recebem informação no seu estilo preferido de aprendizagem 93%
(ex. auditivo, visual, cinestésico)
2 Ambientes ricos em estímulo melhora a aprendizagem de crianças pré-escolares 89%
3 Sessões curtas de exercícios de coordenação podem melhorar a integração dos hemisférios 76%

4 Exercícios voltados para a coordenação de habilidades percepto-motoraspode melhorar as 74%


habilidades de alfabetização
5 Diferenças na dominância hemisférica pode explicar diferenças individuais entre os aprendizes 74%

6 Existem evidências de que suplemento de ácido graxo (ômega-3 e ômega-6) tem efeito positivo no 61%
desempenho acadêmico
7 Processos cerebrais emocionais interrompem os processos cerebrais envolvidos com o raciocínio 60%

8 Nós usamos apenas 10% do cérebro 49%


9 A memória é armazenada no cérebro como em um computador: cada memória está em uma parte 48%
do cérebro
10 Crianças tem menos atenção depois de consumir bebidas açucaradas ou biscoitos 47%
A crença na estimulação descreve a ideia
que crianças, principalmente pré-escolares,
devem ser expostas a diversos tipos de
informação para ver e explorar, muitas vezes
levando a sala de aula “visualmente
barulhento”.

Esta premissa teve início em estudos com


ratos (década de 1960) em ambientes
enriquecidos e com privação de estimulação
Não existe evidência sólida, de estudos controlados, que
sugerem que ensinar na modalidade preferida da pessoa (ex.
auditiva) irá ajudar na aprendizagem. Apesar disso, muitas
pessoas abraçaram a ideia que estilo de aprendizagem é
importante e significativo.

Mas de onde apareceu esse neuromito?

Parece que surgiu do óbvio: indivíduos tem preferência sobre


a forma de estudar.

O exagero acontece quando há uma supergeneralização e


quando as pessoas assumem que essas preferências
maximizam o aprendizado
26/03/2021
NEUROCIÊNCIA
S E EDUCAÇÃO:
UM DIÁLOGO
POSSÍVEL?
A neurociência tem o potencial
de se comunicar com a
educação?
O nosso conhecimento sobre a
estrutura e função cerebral
pode ser usado para melhorar a
educação?
Compreensão da Derrotou a ideia prevalente
estrutura atômica de geração espontânea da vida
e criou uma técnica de
esterilização de líquidos
(pasteurização).

Classificação das Lâmpada elétrica


espécies incandescente

Imagem retirada do Artigo do Robeto Lent – Diagrama baseado no quadrante de Strokes que descreve diferentes alternativas para a pesquisa
(http://ibelearning.wpengine.com/articles/neuroscience-for-education-start-of-a-new-era/?fbclid=IwAR2qkQZSKPJKMIN7-
IN09AFfYxS2Gdri1JzoaWQ2XAZr27Er2pgoQsToiss)
Qual o nível de análise?

Comportamento e Cognição

Sistemas e Circuitos

Sinapses e Neurônios

Genes e Moléculas
“Neuroscience has discovered a great deal
about neurons and synapse, but not nearly
enough to guide educational practice.
Currently, the span between brain and
learning cannot support much of a load”

“Educational applications of
brain science may come eventually, but as of
now neuroscience has little to offer teachers
in terms of informing classroom practice”

Bruer, 1997
Memória

Aprendizagem
Aprendizagem Educação
Seu conceito se sobrepõe fortemente ao É uma forma socialmente estruturada de
de memória, embora ambos devam ser aprender e de aprender a aprender; é
diferenciados, considerando a memória recíproco e envolve pelo menos duas partes,
como o fenômeno global e o como momentos de interação e troca.
aprendizado como o estágio de aquisição. Ambos devem estabelecer contato mental,
A aprendizagem é uma interação. Isso é utilizando alguma forma de comunicação
particularmente importante para o ser (verbal, escrita ou outra), bem como contato
humano, uma vez que vivemos em sensorial (visual, auditivo, tátil) e
sociedade, o que significa um conjunto comportamentos motores sincronizados,
de interações complexas e frequentes para se comunicarem adequadamente.
entre os sujeitos.
Educação guiada pelas
neurociências
(década de 1990)

Período Crítico Ambiente Enriquecido


▪ Temporalidade ▪ Esforço
▪ Sinaptogênse no início da vida ▪ Poda sináptica na adolescência x ambiente
(0-10 anos): sugeria que existia enriquecido modera a poda sináptica
uma janela temporal a qual os ▪ Educadores deveriam aumentar a
alunos deveriam ser expostos a informação sensorial no ambiente de
aprendizagem
experiências específicas
▪ Limitação: qualquer ambiente novo pode
▪ Limitação: não existem ser considerado um ambiente enriquecido.
evidências de períodos críticos Essa noção não oferece nada de concreto
associados aos sistemas aos educadores, a não ser o fato de que
cognitivos e comportamentais não se deve privar os estudantes de novas
– importantes no sucesso experiências
educacional
Breuer, 1997
Como os conceitos nucleares das neurociências se comunicam com o ensino e a aprendizagem?
Conceitos nucleares Implicações gerais no ensino e aprendizagem
1. O cérebro é o órgão mais complexo do corpo humano Complexidade = variedade de comportamento
2. A comunicação entre neurônios usa sinal elétrico e A plasticidade sináptica proporciona base celular para
químico aprendizagem e memória*** Fortalecimento ou
enfraquecimento na comunicação entre neurônios
3. A fundação do sistema nervoso são circuitos Variações individuais no nível sináptico contribuem para a
geneticamente determinados individualidade
4. A experiência de vida altera o sistema nervoso Atividade nova e regular, como exercício, aprendizagem,
estresse, interação social e uso de Drogas, afetam a força
sináptica.
5. A inteligência surge à medida que o cérebro planeja, Praticar a criatividade ou pensamento dedutivo facilita o uso
raciocina e resolve problemas futuro de estratégias.
6. O cérebro possibilita a comunicação de um Comunicação efetiva promove a troca de informação e
conhecimento através da linguagem criatividade, aumentando essas habilidades através da
ativação das redes neurais adequadas.
7. O cérebro humano nos dota de uma curiosidade natural O SN busca dar sentido a toda informação sensorial que
para entender como o mundo funciona chega, reconhecendo conlfito, criando predição e
expectative para guiar uma ação/comportamento.
8. Descobertas fundamentais promovem uma vida saudável A aplicação do conhecimento adquirido através da pesquisa
e tratamento de doenças irá empoderar os estudantes em buscar um estilo de vida
mais saudável e escolhas sociais que visem prevenir doenças.

Traduzido e Adaptado de Dubinsk, Roehring and Varma (2015)


Existem pelo menos 4 diferentes pontes a serem construídas entre
neurociências e educação:

Prescritiva

Neurociências
Funcional Conceitual
e Educação

Diagnóstico
Permite ampliar as explicações e interpretações do porquê certas práticas
podem funcionar. No entanto, esse tipo de translação é silenciosa sobre
quais práticas podem ou não estar vinculadas. Embora a neuroplasticidade
possa explicar alguns eventos, essa interpretação não impacta no conteúdo,
Conceitual: entender TDAHou conceber o processo
+ medicamento
forma aliviareducacional
ou=eficiência
os de
sintomas eatravés de o desempenho
melhorar
uma atividade.
teorias geradas no nível neurofisiológico.
educacional. Ex.:noplasticidade-Hebbiana
A mudança nível neural interfere no desempenho. A
medicação limita aspectos da rede atencional, tornando-a mais receptiva
para o aprendizado – mas não gera a aprendizagem por si só.
Funcional: alterações na forma e/ou função cerebral restringiriam
Embora
ou ampliariam o número ou esse
tipo tipo de translação
de prática possa inspirar
educacional novas ideias para
relevante
que um educador intervenções
ou aprendiz em aprendizagem,
tenha é silencioso
sucesso. Ex.: o que essas intervenções
metilfenidato
implicam e como devem ser realizada. Se existe uma dificuldade de
aprendizagem em matemática (educação), por exemplo, o conhecimento
Diagnóstica: descrever
sobrecomo um aluno
os padrões está aprendendo
de ativação (ou
neural (neurofisiológica) podem ser
falhando em aprender) com base em padrõesutilizados.
cerebrais funcionais
individuais.

Prescritiva: especificar práticas a serem usadas no nível educacional com


base em evidências neurofisiológicas. Instruir um educador e aprendiz em
“o que fazer” e “como fazer”
Neurociências
❖ Neurociência básica: entender a conectividade cerebral e a
dinâmica de sua interação funcional com o meio ambiente;
mecanismos de desenvolvimento e plasticidade do cérebro
❖ Psicologia cognitiva e social: como as pessoas pensam e
como se relacionam com o ambiente familiar, a escola e a
sociedade em geral
❖ Biologia do desenvolvimento: entender a lógica da formação
do embrião, o desenvolvimento infantil e seus distúrbios,
bem como sua determinação genética e ambiental.
❖ Ciência da computação e a tecnologia da informação

Educação
Neuroplasticidade e
Sala de Aula: o que
sabemos sobre essa
relação?
Neuroplasticidade é a capacidade do sistema
nervoso realizar mudanças adaptativas
permanentes ou temporárias relacionadas à
estrutura ou função. Pode representar
mudanças morfológicas em áreas específicas,
alterações em redes neurais, incluindo
mudança na conectividade neural, bem como
a geração de novos neurônios (neurogênese)
e alterações neuroquímicas.
(Fuchs e Flugge, 2014)

Essas mudanças acontecem em função da


influência do ambiente.

Ambiente externo: natureza, sociedade, outros


seres humanos

Ambiente interno: atividade do próprio cérebro


A PLASTICIDADE
NEURAL OU
NEUROPLASTICIDADE É
A CAPACIDADE DE
ORGANIZAÇÃO DO
SISTEMA NERVOSO
FRENTE AO
APRENDIZADO, A LESÃO
OU HABITUAÇÃO.
Considera-se pares, grupos ou
mesmo populações de seres
humanos em um tipo de organização
social estruturada

Interação entre cérebros/pessoas


(professor-aluno)
Redes neurais ativas e interativas que
conectam diferentes áreas
Inclui os longos tratos de fibras dentro da
substância branca do cérebro
Cadeias de neurônios
interconectados em proximidade

Entre neurônios e glias

Dentro dos neurônios e


células gliais
Habituação

Neuroplasticidade

Recuperação Memória e
de Lesão Aprendizagem
Ambiente

LImitadores

Indivíduo Tarefa/Estímulo
Sempre que interagimos com o ambiente, algum traço dessa interação permanece
armazenado no cérebro, mesmo que por um breve período de tempo. A natureza
da interação e seu impacto irão determinar seu significado.

O significado regulará a duração da manutenção do traço dentro do cérebro e seu


eventual uso. A palavra ‘‘ aprendizagem ’’, portanto, envolve um sujeito com seu
cérebro capturando informações do ambiente, mantendo-as por algum tempo e,
eventualmente, usando-as para orientar o comportamento subsequente.
“A educação é uma forma de
aprendizagem socialmente estruturada.
Envolve os cérebros de diferentes atores -
alunos, professores, familiares e outros -
em interação permanente.”

(Tovar-Moll et al., 2017)


A influência social stá entre um dos mais poderosos
fatores que induz mudanças estruturais e funcionais no
cérebro.

1 2 3 4

Os circuitos envolvidos no Intervenções destinadas a promover Há um crescente corpo de evidências Exercício físico moderado, terapia
comportamento social e emocional o comportamento pró-social e o que sugere que diferentes tipos de cognitiva e intervenções derivadas de
estão entre aqueles que sofrem mais bem-estar podem induzir mudanças intervenções induzem alterações antigas práticas contemplativas
influência e que são moldados pela relacionadas à plasticidade no relacionadas à plasticidade cerebral e
experiência; e desempenham um cérebro. apoiam os resultados
papel fundamental no controle das comportamentais.
diferenças entre os indivíduos em
suas vulnerabilidades ou resiliência a
adversidades futuras.
❖ A dependência da experiência parece
influenciar características particulares da
função cognitiva (período sensível +
interação social)

❖ A privação social de orfanato para crianças


abandonadas em Bucareste produziu
profundas comprometimento cognitivo

❖ A extensão de tais períodos sensíveis no


comportamento social e emocional ainda
não é conhecida. No entanto, existem
algumas dicas: por exemplo, há evidências
recentes em modelos animais (roedores) de
que os circuitos da amígdala são mantidos
em um estado imaturo na cria diante da
presença da mãe, podendo ser estimulado a
amadurecer ao administrar corticosterona –
permitindo a aprendizagem do medo
A P E SQUISA E M H U MANOS
T E M SE F OCADO N O S E FEITOS
D E E V ENTOS E STRESSANTES,
TA IS C O MO MA U S T RATOS E
E X POSIÇÃO A O E ST RESSE N O
I N ÍCIO D A V I DA .
A medida neuromorfológica mais
investigada é a regressão do
comprimento e formato apical dos
dendritos de neurônios piramidais
do hipocampo.

O hipocampo faz parte do sistema


límbico HPA (hipotálamo-pituitária-
adrenal) e regula a resposta ao
estresse.

A retração dendrítica reduz a


superfície dos neurônios o que
diminui o número de sinapses.
Além disso, os neurônios no córtex
pré-frontal medial retraem seus
dendritos em resposta ao estresse.
Crianças abusadas tinham menor
Volume do córtex orbitofrontal (COF) e quanto
menor o volume de COF no grupo que sofreu
abuso, mais grave é o estresse social, conforme
relatado por crianças e pais em um entrevista.

Essas descobertas são consistentes com a ideia de


que o estresse no início da vida induz a mudanças
estruturais no cérebro em desenvolvimento. As duas
descobertas estruturais mais proeminentes da
literatura humana sugerem que o volume da amígdala
é aumentado enquanto setores do córtex pré-frontal
DIMINUEM.
Imagem da maturação cerebral entre as
idades de 5 e 20 anos.

Os resultados mostram que o córtex pré


frontal, o centro cerebral das “ordens
superiores” não alcança o desenvolvimento
completo até início da vida adulta.

As áreas responsáveis pelas funções básicas se


desenvolvem precocemente, áreas de funções
mais elaboradas maturam depois.

A área prefrontal responsável pelo


raciocínio mais elaborado e pelas
funções executivas se desenvolve por
último na seqüência de maturação
normal do cérebro.
Privação, abusos físicos e
emocionais ou
experiências ruins
durante a infância,
enquanto os neurônios
estão formando suas
sinapses, podem se
associar potencialmente
a sinaptogênese
inadequada e incorreta,
ocasionando arborização
dendrítica insuficiente
A inervação prossegue sem problema e o Direcionamento incorreto
cérebro é corretamente “ligado por Os neurônios errados podem ser ligados
circuitos” aos lugares errados e deixar o cérebro
com circuitos incorretos
❖ Interações educacionais: são um tipo de
interação social, pela qual alguém exerce
algumas ações planejadas para motivar, facilitar
ou provocar o aprendizado de outra pessoa.

PLASTICIDADE ❖ Modelos unidirecionais (clássicos e


ultrapassados) x Modelos bidirecionais
TRANSPESSOAL: A (exploram uma interação recíproca entre os
dois lados)

BASE BIOLÓGICA
DA EDUCAÇÃO
❖ Se considerarmos essas interações como
produtos de uma conversa entre cérebros,
torna-se de grande interesse científico saber
como esse fenômeno ocorre

❖ Plasticidade transpessoal: a maneira como


um cérebro é capaz de mudar outro cérebro
por interação funcional à distância.
Como as propriedades do estímulo, as diferenças individuais e os fatores ambientais
(contexto) sustentam as diferenças e similaridades da atividade neural entre pessoas?

Exploramos a hipótese de que atividade neural sincronizada em um grupo de alunos prevê (e


possivelmente sustenta) o envolvimento em sala de aula e social dinâmica. Quando os alunos
se sentem conectados ou envolvidos com o material ou um com o outro, seus cérebros estão
de fato "em sincronia" de forma quantificável?
EEG foi registrado em 12
indivíduos durante atividades
normais de aula - 11
encontros.

A sincronia cérebro-a-cérebro
de grupos prevê o
engajamento em sala de aula

A sincronia cérebro-a-cérebro
de grupos prevê a dinâmica
social da sala de aula
A sincronia cérebro-cérebro é puramente
impulsionada por estímulos, por conta dos seus
atributos (ex. estilo de ensino), e quanto as
diferenças individuais contribuem para a sincronia?

Os resultados demonstram que os fatores individuais (foco


e traços de personalidade) contribuem para a sincronia
acima e além da natureza do próprio estímulo.

Sincronia Cérebro-Cérebro e Dinâmica Social da


Sala de Aula

Os resultados sugerem que a comunicação cérebro-a-


cérebro é conduzida por uma combinação do estilo de
ensino e diferenças individuais (foco do aluno, preferências
de estilo de ensino, simpatia do professor e personalidade
traços).

A interação face a face antes da aula aumentou a sincronia


cérebro a cérebro durante a aula, mas também serviu
como um ‘‘ ativador’’ para o relacionamento interpessoal
A sincronia está correlacionada com a proximidade
durante a aula, em especial naqueles pares que tiveram
contato visual antes da aula - o contato visual
estabelece um contexto para atenção conjunta.

Atenção conjunta (intencionalidade compartilhada):


estrutura para a cognição social em uma variedade de
contextos psicossociais, incluindo o desenvolvimento.

As propriedades do estímulo (estilo de ensino),


diferenças individuais (foco, envolvimento e traços de
personalidade) e a dinâmica social (proximidade social
e interação social) medeiam a atenção no nível neural.

Os resultados sugerem que a sincronia aumenta à


medida que a atenção compartilhada modula o
funcionamento pela sintonia das oscilações neurais.
Indivíduos menos envolvidos com o estímulo
apresentam menores níveis de sincronia com o resto
do grupo, e as pessoas que interagiram cara a cara
mostram aumento do envolvimento um com o outro.
A sincronia cérebro-cérebro entre os alunos previa de forma consistente o
envolvimento da classe e a dinâmica social. Essas descobertas sugerem que a
sincronia cérebro a cérebro é um marcador sensível que pode prever
interações dinâmicas em sala de aula, e essa relação pode ser impulsionada
pela atenção compartilhada dentro do grupo.
A abordagem descrita fornece um caminho promissor para investigar a
neurociência das interações de grupo sob circunstâncias naturais.
Muito obrigada!

Contatos:
Instagram @brunavelasques
bruna@neurocienciasaplicadas.com.br

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