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[ Neurociências e Educação ]

O processo de aprendizado
exige bastante do nosso
cérebro. Seja uma língua
estrangeira, princípios de
Economia ou mesmo técnicas
de jardinagem, engrenagens
complexas do sistema
nervoso são acionadas para
armazenar aquilo que é
importante. Mas como
assuntos tão complexos
podem estar relacionados?
Neste volume da Série
Neurociências, vamos
aprender um pouco sobre
como a mente humana
funciona quando estimulada
a aprender algo novo.

©Todos os direitos reservados Jailson Pinheiro


[ Neurociências e Educação ]

Você alguma vez já pensou em como aprendemos aquilo


que aprendemos? Não me refiro apenas aos conteúdos
que são compartilhados na escola ou na faculdade, mas
também ao aprendizado daquilo que está ao nosso redor.
O que significa a luz vermelha acesa no semáforo, como
uma panela quente pode queimar a mão ou mesmo
porque é preciso cuidado ao tocar uma rosa e sentir o seu
perfume são alguns exemplos.

Já aprendemos que a
inteligência neuroemocional
nos ajuda a viver em sociedade
a partir da apreensão de
informações que podem
nortear a experiência sensível
diária1. Isso quer dizer que o
cérebro armazena aquilo que é
importante no nosso dia a dia e
que cria padrões chamados de
programas emocionais2 para
facilitar a ação dos seres
humanos quando diante de
estímulos semelhantes.

1 PINHEIRO, Jailson. O que é inteligência neuromocional?

Série Neurociências V. II. Disponível em:


<jailsonpinheiro.com.br>
2 PINHEIRO, Jailson. O que são emoções? Série

Neurociências V. I. Disponível em:


<jailsonpinheiro.com.br>.

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[ Neurociências e Educação ]

O aprendizado não cessa


e nos acompanha desde
a nossa fecundação até
a nossa morte.3
Sendo assim, nada mais adequado do
que escalonar esse processo de
acordo com cada uma das fases da
vida. Afinal, “há horas e idades em
que o cérebro pode aprender e
outras em que não pode, pois não
amadureceu o suficiente. É uma
questão de ensinar para cada um o
que corresponde com a sua idade e
com o seu conhecimento prévio”.4

3 Há, entretanto, condições adversas que podem comprometer em maior ou


menor profundidade o funcionamento do cérebro humano, os exemplos são
muitos e vão dos quadros de amnésia moderados pontuais às doenças
degenerativas progressivas como o Alzheimer.
4 IZQUIERDO, Ivan. Memória. 3ª ed. Porto Alegre - RS: Artmed, 2018, p. 7.

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Pensar a educação em fases nos ajuda a


maximizar o processo de aprendizado
contínuo. No seio da interação social,
como ensina Lev Vygotsky (1896-1934),
o desenvolvimento cognitivo se dá na
interação com outros indivíduos e com
o meio, o que tende a favorecer novos
conhecimentos e experiências. Assim,
aprender é uma experiência social em
que independência e colaboração
devem ser sempre estimulados.

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Isso quer dizer que lançados à nossa


própria sorte poderemos aprender
indiscriminadamente? Bem, não é tão
simples assim. Estudos recentes
demonstram que o desenvolvimento
cognitivo dos indivíduos se conecta com
a experiência com o meio em que vivem.
Em outras palavras, o aprendizado
resulta diretamente da nossa
experiência com o mundo, dentro e fora
das salas de aula da vida.5

Nessa direção, o neurobiólogo Humberto


Maturana ensina que a aquisição de um
novo conhecimento ocorre quando,
durante o ciclo de vida, a nossa conduta
varia de maneira equivalente à variação
do ambiente em um curso aleatório, seja
ela pela adequação ao meio a partir de
uma experiência prévia ou pela aquisição
de uma habilidade como resultado da
prática.6

5
ROTTA, Newra Tellechea; FILHO, César Augusto Bridi. BRIDI, Fabiane
Romano de Souza (orgs.). Neurologia e aprendizagem: abordagem
multidisciplinar. Porto Alegre - RS: Artmed, 2016, p. 19.
6 MATURANA, Humberto. Reflexões: aprendizagem ou deriva ontogênica.

Universidade do Chile, Santiago - Chile. 1982, p. 1.

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Vimos em Hipnoterapia: o que é e como funciona?7 como a


memória se estabelece no cérebro. Por meio de um longo e
complexo sistema de estímulos e respostas, informações
vão sendo convertidas até que se possa acioná-las quando
necessário. Em outras palavras, “para que se forme o
registro ou traço permanente, é necessário um trabalho
adicional [...] de repetição, elaboração e consolidação”.8

Isso significa que, dependendo de sua relevância, uma


informação que se diferencie das demais – seja por ser
curiosa, improvável, transformadora etc. –, é codificada a
partir da ativação dos neurônios, o que pode levar a
alterações estruturais dos circuitos nervosos próprios ao seu
registro em nossa mente.9 Pois, conforme explica Izquierdo:

[...] memória significa aquisição, formação, conservação


e evocação de informações. A aquisição é também
chamada de aprendizado ou aprendizagem: só se
“grava” aquilo que foi aprendido. A evocação é
também chamada de recordação, lembrança,
recuperação. Só lembramos aquilo que gravamos,
aquilo que foi aprendido.10

7 PINHEIRO, Jailson. Hipnoterapia: o que é e como funciona? Série Neurociências V. III.

Disponível em: <jailsonpinheiro.com.br>.


8 COSENZA, Ramon Moreira; GUERRA, Leonor Bezerra. Neurociência e educação:

como o cérebro aprende. Porto Alegre - RS: Artmed, 2011, p. 62.


9 MLODINOW, Leonard. Elástico: Como o pensamento flexível pode mudar nossas vidas. Ed. 2018. Zahar.

10 IZQUIERDO, Ivan. Memória. 3ª ed. Porto Alegre - RS: Artmed, 2018, p. 7.

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Um exemplo que pode nos ajudar a entender


isso é quando uma ou um professor nos diz “isso
vai cair na prova”. Quanto mais intenso, mais esse
tipo de provocação chama atenção e pode ativar
o sistema de engrenagens que favorece o
aprendizado.11 Fora do ambiente escolar, outro
exemplo é quando um médico pede para não
misturar determinados alimentos e/ou bebidas
para evitar prejuízos à nossa saúde.

KANDEL, Eric R. Princípios de Neurociências. Trad. Rejane


11

Rubino. São Paulo - SP: Companhia das Letras, 2009, p. 74.

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E quem define a relevância daquilo que


deve ser aprendido? Bem, uma série de
variáveis deve ser considerada para
responder essa pergunta.

No âmbito da educação formal, comitês


pedagógicos, comissões especiais docentes
formadas para fins específicos em cada área
do conhecimento, equipes multidisciplinares
e ainda pesquisadoras e pesquisadores
atentos às demandas do mundo são apenas
alguns dos que nos ajudam nessa
importante tarefa.

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[ Neurociências e Educação ]

Do ponto de vista neurobiológico, o que determina a


relevância de uma informação para que seja consolidada
no sistema nervoso é o impacto que a primeira provoca no
segundo: quanto maior, maior o número de estruturas
cerebrais ativadas e envolvidas nesse processo. Assim, o
sistema compreende que aquela informação merece
atenção, pois despertou o interesse e, certamente,
estabeleceu conexão com o seu senso de utilidade.

Isso posto, é possível entender o porquê aprendemos


melhor e mais rápido quando uma informação faz sentido
para nós. Quanto mais um conteúdo se afasta da noção de
realidade dos sujeitos, mais desafiador será impactá-lo e,
assim, despertar sua atenção e interesse em aprender. Isso
caracteriza um grande desafio às e aos educadores, bem
como uma oportunidade formidável para transformar o
que se ensina em algo útil a quem aprende.

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[ Neurociências e Educação ]

Já na sua vida, você pode e deve atuar como


agente de aprendizado, seja (re)definindo em
que área atuar, optando pelo desenvolvimento
de uma habilidade diferente das que você já
possui ou criando para si alicerces que
sustentem (novos) planos de vida. Lembre-se
de que “a aprendizagem pode ser vista como um
conjunto de comportamentos que viabilizam os
processos neurobiológicos e neuropsicológicos
da memória”.12

Assim, ser capaz de buscar na memória um


conhecimento que lhe permita alçar voos mais
altos é atuar em prol de emancipação a partir da
reinvenção de si. Para isso, invista o seu melhor,
dedique-se, acredite, ouse... o resultado vem. Isso
porque, conforme a intensidade com que
vivemos cada experiência ou o empenho
aplicado em determinadas tarefas, as
informações tendem a permanecer mais na
nossa memória.13

12
LENT, Roberto Cem bilhões de neurônios? Conceitos fundamentais de
Neurociência – 2ª ed. Rio de Janeiro - RJ: Atheneu, 2010, p. 786.
13
KANDEL, Eric R. Princípios de Neurociências. Trad. Rejane Rubino. São
Paulo - SP: Companhia das Letras, 2009, p. 74.

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O tipo e a qualidade dos estímulos recebidos pelo sistema nervoso


são fundamentais para seu desenvolvimento. Por isso, família, escola
e todas as esferas em que se trabalha o desenvolvimento humano
precisam operar em sintonia para oferecer às e aos aprendizes –
crianças, jovens, adultos ou idosos – os impulsos adequados à
promoção das estimulações corretas para o melhor desenvolvimento
sensorial, cognitivo e motor do indivíduo.

Lembre-se de que nós, seres humanos, possuímos um sistema


nervoso informacional. Por isso, considerar a natureza dos ambientes
nos quais nos inserimos é basilar para apropriada apreensão das
informações do meio. Isso significa que tanto os espaços em que nos
encontramos quanto os estímulos recebidos atuam como
propulsores para a criação de redes neurais propícias ao aprendizado.

Em outras palavras, não basta o


contato com a chamada educação
formal, é preciso buscar o
conhecimento presente nos
passeios no campo; nas idas à
praia, ao cinema, ao teatro,
aos estádios, piscinas e
quadras; nas aulas de dança
improvisadas ao som das
nossas músicas preferidas;
nos nossos livros, filmes e
séries favoritos; nos abraços
apertados compartilhados com
quem amamos e muito mais.

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Obrigado por ler este texto.
Quero aproveitar para convidar você a conhecer as
minhas formações presenciais e on-line, em especial a
Imersão em Neuroeducação, em que as formas como
as neurociências podem contribuir para o
desenvolvimento humano são abordadas. Se você
atua na Educação como docente, técnico ou apoio
pedagógico nas redes públicas e/ou privada; se faz do
processo ensino-aprendizagem o fio condutor de suas
ações, seja gerindo, coordenando, analisando,
secretariando, instruindo e/ou formando pessoas nos
âmbito municipal, estadual ou federal, essa é a sua
chance de voar mais alto. Criada a partir da criteriosa
revisão de literatura, de estudos de caso e da minha
experiência como docente dentro e fora do Brasil, essa
imersão prioriza vivências, exposições e abordagens
estratégicas específicas que podem e vão maximizar a
sua atuação profissional a partir da compreensão do
funcionamento do sistema nervoso e das estruturas
cerebrais envolvidas na complexidade dos processos
de aquisição de conhecimentos e do desenvolvimento
humano. Não perca esta oportunidade de elevar o
impacto da sua atuação no mundo, entre em contato
comigo hoje mesmo pelas mídias sociais. Prepare-se
para expandir seus horizontes.

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Para começar a mudar
hoje mesmo, não se
esqueça de responder:

Um fraterno abraço,
Jailson Pinheiro.
FICHA TÉCNICA

Texto: @jailsonpinheiro
Revisão técnica e gramatical: @diogoazoubel
Projeto visual e diagramação: #bethmaciel @fontecriativa
Imagens divulgação: Freepik e Elements Envato
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