A presença dos danos clínicos dependerá do nível e grau da lesão, que podem ser
classificadas como completas e não-completas. Nas lesões completas existe perda
sensitiva e paralisia motora total abaixo do nível da lesão devido à interrupção completa dos
tratos nervosos. Já uma lesão incompleta permanece preservados grupos musculares e
áreas sensitivas que não foram afetados.
4) Síndrome medular transversa: lesão acima do cone medular com perda motora (paralisia
espástica) e sensitiva completa (anestesia superficial e profunda);
5) Síndrome do cone medular: lesão da medula sacral e das raízes lombares com perda
motora (paralisia flácida) e sensitiva dos dermátomos lombossacros correspondentes;
6) Síndrome da cauda equina: lesão de raízes lombossacras abaixo do cone medular com
perda motora (paralisia flácida) e sensitiva correspondentes às raízes lesionadas.
A Lesão medular pode ter causas de origens traumáticas ou não traumáticas. As causas
mais frequentes das lesões traumáticas estão relacionadas com acidentes automobilísticos,
ferimentos por armas de fogo, mergulho em águas rasas, acidentes esportivos, quedas,
atos de violência, entre outras. As lesões não traumáticas podem estar relacionadas a
tumores, infecções, alterações vasculares, malformações e processos degenerativos ou
compressivos.
Se a medula espinhal for lesionada, os nervos que se encontram no local da lesão ou por
baixo da mesma sofrem uma disfunção, causando perda de controle muscular e perda de
sensação. As crianças podem sofrer lesões da medula espinhal em que os nervos sofrem
de disfunção apenas temporária e brevemente. Estas podem sofrer dores semelhantes a
dores causadas por relâmpagos que descem aos braços e às pernas.
EX: A medula espinhal for lesionada na região do pescoço, a pessoa pode perder os
movimentos e a sensação em ambos os braços e pernas, ao passo que uma lesão mais
para baixo na coluna pode resultar em disfunção somente das pernas. Uma pessoa pode
perder o controle da capacidade de urinar ou defecar, além de perder a função sexual,
independentemente da localização da lesão na medula espinhal.
Quando ocorre dano nos nervos, a perda de controle muscular ou de sensação pode ser
temporária ou permanente, parcial ou total, dependendo da gravidade da lesão. Uma lesão
que provoque secção da medula ou destrua as suas vias nervosas origina uma paralisia
permanente, mas um traumatismo contundente que provoque uma concussão da medula
pode causar uma fraqueza temporária que pode durar dias, semanas ou meses. Por vezes,
o inchaço origina sintomas que sugerem uma lesão mais grave do que realmente é, mas os
sintomas geralmente melhoram à medida que o inchaço desaparece.
A instalação da Lesão medular pode originar o quadro clínico denominado choque medular;
ou progressiva, essas alterações surgem gradualmente. No choque medular identifica-se
paralisia flácida e anestesia abaixo do nível da lesão, além de alterações esfincterianas,
sexuais e na termorregulação. Se a lesão comprometer segmentos cervicais ou torácicos
altos, também podem ocorrer problemas respiratórios. O prognóstico funcional será
determinado após a fase aguda e incluirá as determinações do nível e grau da lesão e a
avaliação dos comprometimentos das funções motora e sensitiva.
O número de casos de lesão medular tem aumentado consideravelmente nos últimos anos,
a população mais atingida é de jovens do sexo masculino. Estudos americanos apontam
para a incidência de 12 mil novos casos de lesão medular a cada ano, sendo que 60%
deles ocorrem em pessoas com idade entre 16 e 30 anos. Apesar da falta de precisão
numérica dos casos anuais no Brasil, estudos apontam para um aumento de ocorrências
em centros urbanos, e segue as características dos estudos americanos: população jovem,
entre 18 e 40 anos, prioritariamente do sexo masculino e em decorrência de causas
traumáticas.
A Lesão Medular pode resultar em perda parcial ou total das funções motoras e sensitiva,
comprometendo os sistemas urinário, intestinal, respiratório, circulatório, sexual e
reprodutivo. Esse comprometimento ocorre em consequência da morte dos neurônios da
medula e da quebra de comunicação entre os axônios que se originam no cérebro e suas
conexões, que compromete a locomoção, ocasionando repouso prolongado, entre outras
complicações.
Uma pessoa que possa ter uma lesão da medula espinhal não deve ser movida, exceto pela
equipe de emergência. Os objetivos iniciais são se certificar de que a pessoa consegue
respirar e prevenir danos posteriores. Desse modo, a equipe de emergência deve ter o
máximo cuidado para manter o pescoço imóvel ao deslocar uma pessoa que apresente uma
possível lesão da medula espinhal. A pessoa costuma ser imobilizada com cintos sobre
uma maca plana, usando pequenas almofadas para impedir qualquer movimento. Pode ser
utilizado um colar rígido para impedir o movimento do pescoço. Quando existe um dano
grave da coluna, as vértebras poderão não ficar em seu lugar ou poderão estar partidas,
tornando a coluna instável. Assim, até um ligeiro movimento da pessoa lesionada pode
fazer com que a coluna se desloque, exercendo pressão sobre a medula espinhal. A
pressão exercida sobre a medula espinhal aumenta o risco de paralisia permanente.
É necessário realizar uma cirurgia para remover sangue e fragmentos ósseos se estes se
acumularam e estão exercendo pressão na medula espinhal. Se a coluna estiver instável, a
pessoa é imobilizada até que o osso e os outros tecidos consigam se recuperar. Por vezes,
um cirurgião recorre à implantação de peças metálicas para estabilizar a coluna, de modo a
que não se possa mover e causar lesões adicionais. Se uma lesão causar apenas perda
parcial da função, a realização de uma cirurgia brevemente após a lesão pode permitir que
a pessoa recupere mais funções e possa voltar a se mover mais cedo.