Você está na página 1de 7

Trauma Radicular

 O que é?
O trauma raquimedular pode ser entendida como uma agressão à medula espinhal que
pode causar danos neurológicos no indivíduo como alteração das funções motoras
sensitivas e autônomas.

 Incidência

Lesões tem ocorrido com maior frequência nos indivíduos de sexo masculino, na sua
maioria, entre as suas idades produtivas que vai de 18 a 35 anos de idade. Porém
também podemos destacar em uma proporção de 4:1 na faixa etária de 15 a 40 anos.

Um dos motivos que podemos destacar para tal lesão são os acidentes automobilísticos,
queda de altura, acidentes ao mergulhar em águas rasas e ferimentos por armas de fogo.

No Brasil, há um número de cinco a seis mil novos casos de lesão medular a cada ano. A
população mais afetada encontra-se na faixa etária dos 30 anos, sendo que 80% dos
indivíduos são do sexo masculino, segundo à Associação de Assistência à Criança
Deficiente (AACD) em 2004.
 Tipos de lesões e suas complicações:
Lesão Primaria: lesão inicial ao tecido neural no momento do trauma;
Lesão Secundaria: A resposta neuro imunológica pode inibir a recuperação, e piorar
ainda mais o dano neural. Diversas intervenções medicamentosas visam diminuir o
efeito da lesão secundária.

-Sem dano estrutural ao tecido medular


Podem causar déficit neurológico transitório, e a recuperação pode levar de minutos a
dias. Essas paresias transitórias incluem vários graus de distúrbios motores, desde
diminuição de força até plegia completa, podendo acometer dois ou quatro membros; os
distúrbios sensitivos também variam, de disestesia até anestesia. A duração dos
sintomas é curta, geralmente 10 a 15 minutos, mas sintomas residuais podem persistir
por 36 a 48 horas. A permanência estendida provavelmente não será considerada como
transitória.

- Com dano estrutural ao tecido medular

O indivíduo pode apresentar sequelas neurológicas definitivas, que são consideradas


completas quando há ausência total de tônus muscular e sensibilidade abaixo do nível
da lesão; ou incompletas quando alguma força ou sensibilidade ainda está preservada,
mesmo que diminuída.
Assim, os riscos para o paciente ter algum tipo de complicação, ocorre quando há
acometimento da parte neurológica, ou seja, raízes nervosas, nervos periféricos e
medula. Diante disto, é imprescindível a avaliação para o tratamento mais adequado ao
paciente e assim podemos utilizar a classificar a lesão se é completa ou incompleta se
baseando em uma escala chamada de Avaliação da ASIA (ASIA- American Spine Injury
Association) que foi desenvolvida pela Associação Americana do Trauma Raquimedular
desenvolveu, em 1992 e possui grande aceitação até hoje para avaliação e classificação
neurológica do TRM. Tal classificação pode ser em 5 níveis como observadas na tabela
a seguir:
Além da importância de saber qual o grau de comprometimento neurológico este
paciente pode ter, é importante saber quais as complicações o mesmo pode sofrer por
conta desta lesão. Diante disto, durante os meses de fevereiro até novembro de 2012, foi
realizado uma pesquisa de dados secundários obtidos no banco de dados do prontuário
eletrônico (TRACK CARE) no Hospital de Base do Distrito Federal, para se estudar
quais possíveis doenças os pacientes poderiam desenvolver após o TRM. Ao final da
pesquisa, que foi realizada com 36 pacientes foi constatado que dentre as complicações
apresentadas a incidência de bexiga neurogênica foi tida como a principal complicação
nos pacientes vítimas de TRM (86%), seguida de úlcera por pressão (38%), infecção
urinária (19%), intestino neurogênico e pneumonia (15%). Importante frisar que 42% da
amostra não apresentaram qualquer tipo de complicação que pudesse ser evidenciada
pela análise do prontuário. Tais dados podem ser visto abaixo:

Diante de todas estas, podemos destacar principalmente as complicações sobre a bexiga


neurogênica onde, se não tratados pode começar a desenvolver uma retenção de líquida
aguda por conta da lesão grave da medula espinhal; temos também a pneumonia, onde
pode causar a morte em tetraplégicos, uma vez que estes pacientes possuem um risco
aumentado diante de infecções devido a paresia do diafragma e/ou músculos
intercostais, o que prejudica a capacidade de eliminar secreções. E por fim, temos as
alterações psicológicas onde, nas fases agudas da lesão, o paciente pode experimentar
diversas emoções como desespero, raiva, medo, se tornando assim uma caótica
turbulência emocional. Podendo vir a ser mais acentuada quando o indivíduo é obrigado
a fazer repouso, passando assim por um estado sensorial de privação.
 Pontos mais críticos onde as lesões podem ocorrer
A gravidade das lesões medulares e os sintomas associados dependem da localização
exata da lesão na medula espinhal. Algumas áreas são consideradas mais críticas do que
outras devido às funções vitais que controlam. Os piores pontos para uma lesão medular
incluem:
1. Lesões na Região Cervical Superior (C1-C4): - Lesões nesta área podem resultar em
tetraplegia, afetando os movimentos dos braços, tronco, pernas e, frequentemente, a
função respiratória. Pacientes com lesões cervicais superiores podem requerer
ventilação assistida.
2. Lesões na Região Cervical Baixa (C5-C8): - Lesões aqui podem resultar em
tetraplegia, mas com potencial para alguma função residual nos membros superiores. Os
movimentos podem ser limitados e a força muscular pode ser comprometida.
3. Lesões na Região Torácica (T1-T12): - Lesões nesta área podem afetar o tronco e a
parte superior do abdômen. Geralmente, os movimentos dos membros superiores são
menos afetados, mas a função abdominal pode ser comprometida, o que pode afetar a
capacidade de respiração profunda.
Portanto, a localização da lesão é um fator crucial na determinação da extensão dos
déficits causados por uma lesão medular. É importante lembrar que cada caso é único e
a resposta à lesão pode variar de pessoa para pessoa, mesmo com lesões na mesma área.
 Tratamento para as lesões
1. Lesões Cervicais Superiores (C1-C4):
- Ventilação Assistida: Pacientes com lesões nessa região podem necessitar de suporte
respiratório.
- Reabilitação Intensiva: Fisioterapia e terapia ocupacional para fortalecer músculos
residuais e melhorar a independência.
2. Lesões Cervicais Baixas (C5-C8):
- Reabilitação Funcional: Fisioterapia e terapia ocupacional para melhorar a função dos
membros superiores e tronco.
- Tecnologias Assistivas: Uso de dispositivos e tecnologias adaptativas para auxiliar na
independência.
3. Lesões Torácicas (T1-T12):
- Reabilitação Global: Fisioterapia, terapia ocupacional e reabilitação pulmonar para
melhorar a função tronco e membros superiores.
- Treinamento em Atividades da Vida Diária (AVD): Foco em habilidades essenciais
para a vida diária.
O tratamento ideal deve ser individualizado e adaptado às necessidades e circunstâncias
específicas de cada paciente. Além disso, avanços na pesquisa e na tecnologia médica
continuam a influenciar o campo da reabilitação para lesões medulares, proporcionando
novas opções e abordagens de tratamento. É crucial que os pacientes busquem
orientação de uma equipe de profissionais de saúde especializados em lesões medulares
para obter o melhor cuidado possível.
 Danos não traumáticos a medula
1. Doenças Médicas e Condições Neurológicas:
- Este grupo inclui uma variedade de condições médicas que podem levar a danos na
medula espinhal. Algumas das principais causas incluem:
- Tumores na Coluna Vertebral: Tumores benignos ou malignos na coluna vertebral
podem comprimir ou invadir a medula espinhal, causando danos.
- Infecções: Infecções como meningite ou abscessos na medula espinhal podem levar a
danos nos tecidos neurais.
2. Complicações Cirúrgicas:
- Algumas intervenções cirúrgicas que envolvem a coluna vertebral podem, em casos
raros, resultar em danos à medula espinhal. Isso pode ocorrer devido a erros cirúrgicos,
hemorragias ou compressão inadvertida durante o procedimento.
3. Acidentes Isquêmicos Vasculares (AVCs) na Medula Espinhal:
- Assim como um AVC cerebral afeta o cérebro, um AVC na medula espinhal ocorre
quando há uma interrupção no fornecimento de sangue para a medula, levando a danos
nos tecidos.
4. Outras Causas Não Traumáticas:
- Este grupo engloba uma variedade de situações menos comuns, como:
- Malformações Congênitas: Anomalias no desenvolvimento da medula espinhal desde
o nascimento, como espinha bífida.
- Doenças Autoimunes: Algumas condições autoimunes podem afetar diretamente a
medula espinhal.
 Diagnóstico
O diagnóstico do TRM é realizado por meio do exame clínico, associado aos exames de
imagem. A radiografia e a tomografia computadorizada avaliam as estruturas ósseas da
coluna, já ressonância magnética é capaz de mostrar lesões ao tecido neural medular e
estruturas ligamentares.
 Prevenção
A prevenção de acidentes automobilísticos, uso de equipamentos de segurança, ações a
favor do desarmamento e sinalização de locais para evitar mergulho em água rasa; são
medidas eficazes de prevenção do TRM.

 O que fazer em caso de trauma raquimedular?


Pacientes que estão sob suspeita de qualquer tipo de lesão na coluna são imobilizados
com colar cervical e colocados em uma prancha rígida. Esta imobilização se utiliza do
termo “restrição de movimento da coluna vertebral” (RMC).
 O Papel do Professor de Educação Física na Reabilitação de TRM

1. Avaliação Funcional e Plano de Treino Personalizado


Professores de educação física podem realizar avaliações funcionais para entender as
capacidades e limitações dos pacientes com TRM. Baseando-se em princípios de
exercícios adaptados, eles podem criar planos de treino personalizados para melhorar a
força, flexibilidade e mobilidade.

2. Terapia por Meio do Exercício


Exercícios terapêuticos supervisionados podem ajudar na recuperação, melhorando a
coordenação e fortalecendo os músculos ao redor da área afetada. Serão referenciadas
pesquisas brasileiras que mostram os benefícios dos programas de exercícios adaptados
em pacientes com TRM.

3. Inclusão em Atividades Físicas e Esportivas


Professores de educação física podem criar ambientes inclusivos em aulas de esportes e
atividades físicas, promovendo a participação ativa de indivíduos com TRM. Serão
citados exemplos de programas brasileiros que incentivam a inclusão esportiva.

 Esporte e lazer como tratamento


O esporte e o lazer começam a fazer parte do tratamento médico por serem
fundamentais no processo de enfrentamento da “desvantagem” pelos deficientes físicos.
O esporte tem um papel fundamental na reabilitação: complementa e amplia as
alternativas; estimula e desenvolve os aspectos físicos, psicológicos e sociais e favorece
a independência.
São objetivos do esporte para paraplégicos e tetraplégicos: promover a educação para a
saúde, educar o indivíduo para a vida em sociedade e para o tempo livre, oferecer
vivências de êxito, aumentar a tolerância à frustração, promover o contato social, tornar
os indivíduos mais independentes, melhorar a auto-imagem e a auto-estima, desenvolver
o potencial residual, melhorar a condição orgânica e funcional e aprimorar as qualidades
físicas (resistência, força e velocidade).
Os benefícios relatados na literatura sobre o treinamento de atletas com LM são:
melhora do consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo), ganho de capacidade
aeróbica, redução do risco de doenças cardiovasculares e de infecções respiratórias,
diminuição na incidência de complicações médicas (infecções urinárias, escaras e
infecções renais), redução de hospitalizações, aumento da expectativa de vida, aumento
nos níveis de integração comunitária, auxílio no enfrentamento da deficiência,
favorecimento da independência, melhora da auto-imagem, auto-estima e satisfação
com a vida e diminuição na probabilidade de distúrbios psicológicos.
 Conclusão

Concluindo, o trauma radicular, ou lesão medular, é uma condição grave que afeta as
funções neurológicas, sendo mais comum em homens jovens devido a acidentes
diversos. As lesões podem variar em gravidade, causando complicações como bexiga
neurogênica e pneumonia. A localização da lesão determina a gravidade dos sintomas. O
tratamento é personalizado e inclui terapias e tecnologias assistivas. Além das causas
traumáticas, outras condições médicas podem afetar a medula espinhal. A prevenção é
crucial, tomando medidas de segurança. Professores de Educação Física desempenham
um papel importante na reabilitação e inclusão de pacientes com TRM, melhorando sua
qualidade de vida e reintegração social.

 Referências

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/ccs/
principais_complicacoes_traumatismo_raquimedular.pdf

https://www.einstein.br/doencas-sintomas/trauma-raquimedular-trm

https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0032037

https://www.h9j.com.br/pt/sobre-nos/blog/trauma-raquimedular

https://drricardoteixeira.com.br/trauma-raquimedular/

https://www.efdeportes.com/efd143/o-esporte-adaptado-em-cadeira-de-rodas.htm

Você também pode gostar