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INTRODUÇÃO

Definição: Trauma raquimedular é definido como qualquer lesão que envolva


a coluna vertebral, podendo acarretar ou não em danos neurológicos.
Compreende as lesões da coluna vertebral nas porções: ósseas,
ligamentares, discais, vasculares, radiculares ou medulares. Sua causa ocorre
principalmente através de acidentes automobilísticos e quedas.
INTRODUÇÃO

EPIDEMIOLOGIA:

A incidência anual mundial de trauma raquimedular é da ordem de 15 a 40 casos por milhão


de habitante.

O coeficiente de incidência da lesão medular traumática no Brasil ainda é desconhecido,


portanto, não existem dados precisos acerca da sua incidência e prevalência, uma vez que
esta condição não é sujeita à notificação.

No Brasil a incidência de TRM é de 40 casos novos/ano/milhão de habitantes, ou seja, cerca


de 6 a 8 mil casos novos por ano.

Estima-se que ocorram a cada ano no país, mais de 10 mil novos casos de lesão medular,
sendo o trauma a causa predominante.
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO:

Acomete em sua maioria o sexo masculino (∼ 80%).

Faixa etária prevalência de 21 – 30 anos (raro em menores de 4 anos).

INTRODUÇÃO Estado civil → união estável seguido por solteiros.

Nível de escolaridade → fundamental incompleto.

Causas mais frequentes → em primeiro acidentes automobilísticos, seguido


por quedas, esportes radicais e violência

A lesão associada mais frequente é o Traumatismo Cranioencefálico

A região mais acometida é a cervical


INTRODUÇÃO
• Epidemiologia das lesões relativas à topografia do Trauma
Raquimedular:
▪ Cervical 60%
▪ Torácico 8%
▪ Toracoabdominal 20%
▪ Lombar 10%
▪ Sacral 2%
INTRODUÇÃO
❑ LESÕES NEUROLÓGICAS:
▪ Acometem aproximadamente 15% das vítimas de traumatismo
raquimedular
▪ Incidem de 40 a 60% quando o traumatismo ocorre em região
cervical
❑Mecanismos básicos das lesões:
▪ Compressão Mecânica
▪ Lesão Vascular
▪ Lesões por arma branca ou de fogo ou projétil
ATENDIMENTO AO PACIENTE

• IMOBILIZAÇÃO: ATLS – PRÉ-


HOSPITALAR
• Colar cervical
• Prancha rígida
• Suporte Lateral
• Posição neutra
EXAME FÍSICO NEURLÓGICO
❑ Déficit sensitivo e/ou motor:
▪ Avaliar a presença de paresia, parestesia, plegia, formigamento,
dormência, perda de sensibilidade nos quatro membros;
▪ Pedir para vítima verbalizar se sente tocar os seus quatro membros (função
tátil), se sente formigamento, se sente dormência, perda de força ou
perda do movimento em algum dos quatro membros;
▪ Pedir a vítima que: flexione o cotovelo de forma ativa e contra resistência
(função motora de C6 e C7), estenda o cotovelo de forma ativa (C7),
apertar as mãos do examinador (C7 e C8);
▪ Abduzir os dedos contra resistência (C8 e T1);
▪ Flexione o dorso (L5) e a planta dos pés (S1 e S2).
❑ Dor: Presença de dor referida ou a palpação de linha média da coluna
vertebral; dor a movimentação do pescoço em rotação ou flexão,
observar sempre a expressão facial.
❑ Deformidade: Presença de deformidade em algum ponto da coluna.
❑ Distração: Lesão e/ou dano que possa produzir dor suficiente causando
distração da vítima/ confusão na avaliação para uma lesão de coluna
vertebral.
❑ Toque retal: avaliar ausência de reflexo bulbocarvernoso
CRITÉRIOS DE IMOBILIZAÇÃO
▪ Dor ou rigidez
▪ Presença de déficit focal e/ou neurológico
▪ Alteração do nível de consciência
▪ Uso de drogas ou intoxicação
❑Em que momento devo pensar em retirar o colar cervical?
▪ Após anamnese completa da coluna vertebral evidenciando ausência de
dor em qualquer ponto da mesma ou déficits
▪ Exame neurológico normal (ECG =15)
▪ Movimentação cervical plena
▪ Se o paciente apresentar dor cervical, porém possui exames complementares
como RAIO-X estático e dinâmico normais, bem como TC de coluna cervical
sem alterações.
SISTEMAS DE AVALIAÇÕES
❑ASIA: o trauma medular é classificado segundo a padronização
internacional determinada pela “American Spinal Injury Association” –
ASIA (disponível em https://asia-spinalinjury.org/).
▪ Avalia o nível neurológico da lesão na medula
▪ Caracteriza o Sistema Sensitivo, Motor e se a lesão foi completa ou
incompleta
▪ Traça um diagnóstico/prognóstico – fisioterapêutico e funcional
❑Outros Sistemas de Avaliações: Índice motor de neurotrauma de
Lucas e Ducker; Escala Sunnybrook; Escala de Botsford; Escala de
Yale; Escala de NASCIS; IMSOP
ESCALA DE AVALIAÇÃO ASIA/FRANKEL (GRAVIDADE DAS LESÕES MEDULARES)

SISTEMAS DE
AVALIAÇÕES
ESCALA ASIA

Fonte:http://sotstenio.blogspot.com.br/2010_11_01_archive.html
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA
▪ Diagnóstico
▪ Localização
▪ Extensão
▪ Aspectos Morfológicos
❑ Qual sequência de exames complementares devo seguir em casos de
TRM?
▪ RAIO-X SIMPLES: Frente + Perfil + Transoral
▪ A realização das radiografias nos planos AP, perfil e transoral para a observação do processo
odontoide permite o diagnóstico de 84% das fraturas da coluna cervical.
▪ TOMOGRAFICA COMPUTADORIZADA DA COLUNA CERVICAL
▪ RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DA COLUNA CERVICAL
AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA
❑ Papel da Tomografia Computadorizada no paciente com TRM:
▪ Tem grande vantagem pelo exame poder ser realizado com o aparato de
imobilização cervical e sistemas de suporte de vida.
▪ Também é indicado nos pacientes politraumatizados graves que necessitam
rápida avaliação por imagem.

❑ Indicação correta para Ressonância Magnética:


▪ paciente com déficit neurológico, sem alteração no raio-x ou TC e que não
necessita de suporte de vida.
ANATOMIA
TRAUMA RAQUIMEDULAR
❑CHOQUE MEDULAR:
▪ Caracterizado por déficit sensorial, paralisia flácida, ausência de reflexos
medulares e alterações da termorregulação abaixo do nível da lesão.
Refere-se ao evento transitório que se segue após o trauma.

❑CHOQUE NEUROGÊNICO:
▪ É causado pela desconexão entre os centros supraespinais simpáticos e
seus órgãos-alvo (lesão medular alta), cursando com hipotensão arterial
sistêmica, bradicardia e vasodilatação periférica.
TRAUMA RAQUIMEDULAR
❑ SÍNDROME CENTROMEDULAR:
É uma lesão que ocorre quase exclusivamente na região cervical, com preservação
da sensibilidade sacra e maior debilidade dos membros superiores que nos membros
inferiores.

❑ SÍNDROME MEDULAR ANTERIOR:


É uma lesão que produz perda da função motora e da sensibilidade a dor e a
temperatura, preservando a propriocepção.
TRAUMA
RAQUIMEDULAR

❑ SÍNDROME DE BROWN-
SÈQUARD:
É uma lesão que produz
maior perda motora e
proprioceptiva ipsilateral e
perda da sensibilidade
contralateral da dor e da
temperatura.
TRATAMENTO
❑Administração de corticoide no paciente vítima de TRM:
▪ NÃO REALIZAR! face a ausência de benefício de melhora significativa da
função motora e sensibilidade, além de não impactar na mortalidade.
❑Monitorização:
▪ Ventilação adequada
▪ Hemodinamicamente estável
INDICAÇÕES CIRÚRGICAS
▪ São baseadas na presença de instabilidade do segmento vertebral e de
lesão neurológica.
❑Indicações Absolutas:

▪ A presença de paralisia após intervalo de quadro neurológico normal e a


presença de paralisia rápida e progressiva ou de paralisia incompleta que
evolui para paralisia completa têm sido consideradas indicações absolutas
e urgentes de tratamento cirúrgico
CONSIDERAÇÕES FINAIS

• Diante de todo exposto, podemos considerar que o Trauma Raquimedular


trata-se de uma patologia de alto impacto socioeconômico no nosso país,
sendo que o custo para a sociedade por paciente permanece alto.
BIBLIOGRAFIA
• 1. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS (BRASIL). MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diretrizes de Atenção
MINISTÉRIO DA SAÚDE Brasília – DF 2013. 2013. DIRETRIZES DE ATENÇÃO Á PESSOA COM LESÃO DULAR, BRASÍLIA -DF, ano 2013, v. ÚNICO, n. 1, p. 1-70, 1 jan.
2013. Disponível em: chrome-
extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_atencao_pessoa_lesao_medular.pdf. Acesso em: 27 abr.
2023.
• 2. MORAIS, Dionei Freitas Morais; SPOTTI, Antonio Ronaldo; COHEN, Moysés Isaac; MUSSI, Sara Eleodoro; NETO, João Simão de Melo; TOGNOLA, Waldir Antônio.
Perfil epidemiológico de pacientes com traumatismo raquimedular atendidos em hospital terciário: Perfil epidemiológico de pacientes com traumatismo
raquimedular atendidos em hospital terciário. Perfil epidemiológico de pacientes com traumatismo raquimedular atendidos em hospital terciário, SÃO JOSÉ DO
RIO PRETO, ano 2013, v. ÚNICO, n. 1, 24 jul. 2013. SOCIEDADE BRASILEIRA DE COLUNA, p. 1-4. DOI
https://www.scielo.br/j/coluna/a/xNtZB5fsGSG7dpDQYgwrYFK/#. Disponível em: https://www.scielo.br. Acesso em: 27 abr. 2023.
• 3. ASIA: ASIA SPINAL INJURY. In: ASIA SPINAL INJURY: ASIA. INTERNET, 27 abr. 2023. Disponível em: https://asia-spinalinjury.org/about/history/. Acesso em: 27 abr.
2023.
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