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Lesão Medular

Medula Espinhal

• Raízes nervosas de cada segmento inervam regiões específicas do


corpo
• Segmento Cervical (C1 a C8): Cervical e MsSs.
• Segmento Torácico (T1 a T12): Tórax e abdomen.
• Segmento Lombar (L1 a L5): MsIs (anterior).
• Segmento Sacral (S1 a S5): MsIs (posterior), genital,
bexiga e intestino.
Medula Espinhal
• Constituída por células nervosas (neurônios) e por fibras
nervosas (axônios)  Vias espinhais
Medula Espinhal
No que consiste a afecção neurológica
denominada Lesão medular?
Lesão Medular
• É uma afecção neurológica que acomete a medula espinhal e
pode levar a alterações sensitivas, motoras, autônomas (vesical,
urinário e reprodutor) e psicoafetivas.
Lesão Medular
Incidência
No Brasil
• Cerca de 6 a 8 mil casos novos por ano;
• 80% das vítimas são homens;
• 60% se encontram entre os 10 e 30 anos de idade.
• Estima-se que ocorram a cada ano no país, mais de 10 mil
novos casos de lesão medular, sendo o trauma a causa
predominante.
Como podemos classificar a lesão medular do
paciente de acordo com a etiologia?
Etiologia
• Lesões Traumáticas (TRM) – 86%

• Ferimento por arma de fogo (45%)


• Acidente de Trânsito (33%)
• Quedas (10%)
• Mergulho (7%)

(AACD)
Luxação

Fratura
Compressão
Etiologia
• Lesões Não-Traumáticas – 14%

• Tumores (30%)
• Infecciosas (17%)

(AACD)
Tumores
Infecções
Lesão Medular
Classificação quanto a Fisiopatologia:

• LESÃO PRIMÁRIA: ocorre no momento do trauma de forma aguda.


Acontece por diferentes mecanismos de lesão.

• LESÃO SECUNDÁRIA: ocorre em horas a dias que se seguem à lesão.


Representado por uma cascata de eventos para a lesão tecidual.
• Alterações vasculares –isquemia.
• Alterações inflamatórias
• Disfunção celular
Classificação da Lesão Medular

1. Nível neurológico da lesão

2. Grau de lesão

3. Mecanismo de lesão
1. Nível neurológico da lesão
Acima de T1: TETRA MsSs, tronco e MsIs

Abaixo de T1: PARA MsIs e tronco

A ASIA recomenda que nos casos de


lesão medular SEMPRE se classifique
como tetraplegia ou paraplegia. Assim,
usa-se escala de Frankel para
diferenciação dos casos.
1. Nível neurológico da lesão

O nível exato de tetra ou paraplegia é determinado pelo


segmento mais caudal da medula espinhal com funções
motoras e sensitivas normais em ambos os lados do corpo

Avaliação de miótomos e dermátomos

Determina-se pelos dermátomos com sensibilidade dolorosa (ponta de alfinete) e tátil leve (algodão) preservadas
1. Nível neurológico da lesão
2. Grau da lesão

Subclassificação: incompleta B, C ou D  Escala de Frankel/ASIA


No que consiste a escala ASIA?
ESCALA DE CLASSIFICAÇÃO
NEUROLÓGICA DA LESÃO MEDULAR (ASIA)
Escala de Classificação Neurológica da Lesão Medular (ASIA)

• Determina Nível neurológico:


• SENSITIVO;
• MOTOR.

• Determina Grau da lesão:


• COMPLETA: ausência da função motora e sensitiva a partir do segmento lesado.
• INCOMPLETA: alguma função sensitiva e/ou motora abaixo do nível neurológico.

• Determina Zona de preservação parcial (ZPP):


• Refere-se aos dermátomos e miótomos localizados abaixo do nível neurológico que
se mantêm parcialmente inervados.
Classificação da Lesão Medular
A = Lesão Completa
• Não existe função motora e sensitiva nos segmentos medulares abaixo da
lesão, incluindo os segmentos sacrais;
B = Lesão Incompleta
• Sensibilidade (total ou parcialmente) preservada com extensão através dos
segmentos sacrais S4-S5, sem função motora abaixo do nível neurológico;
C = Lesão Incompleta
• Função motora preservada abaixo do nível da lesão com a maior parte dos
músculos-chave abaixo do nível neurológico apresentando um grau de força
muscular menor que 3;
D = Lesão Incompleta
• Função motora preservada abaixo do nível da lesão com a maior parte dos
músculos-chave abaixo do nível neurológico apresentando um grau de força
muscular maior ou igual a 3
E = Função motora e sensitiva normal

ASIA – Classificação do grau de lesão – Classificação de Frankel


ASIA – Classificação do grau de lesão –
Classificação de Frankel
RAIZ MUSCULO-CHAVE
C5 Flexores de cotovelo
C6 Extensores de punho
C7 Extensor de cotovelo

• Avaliação de C8 Flexão falanges distais


T1 Abdutor 5º dedo
miótomos L2 Flexores de quadril
L3 Extensores de joelho
L4 Dorsiflexores de tornozelo
L5 Extensor longo do hálux
S1 Flexores plantares de tornozelo

Nível Motor
• Escala de Graduação de Força Muscular
O = Ausência de contração muscular

1= Contração muscular palpável ou visível

2= Movimentação ativa em toda ADM sem gravidade

3= Movimentação ativa em toda ADM contra a gravidade

4= Movimentação ativa em toda ADM contra resistência moderada

5= Movimentação ativa em toda ADM contra grande resistência

NT= Músculo não testável

Determinação do Nível Motor


• Avaliação de
dermátomos

Nível
Sensitivo
0 = Ausência de sensibilidade

1= Sensibilidade alterada (hipo ou hiperestesia)

2= Sensibilidade normal

NT= Não testável

Determinação do Nível Sensitivo


• Flexão
• Compressão
• Hiperextensão
• Flexão – rotação
• Atrito
• Tração

3. Classificação do mecanismo de lesão


Alterações Funcionais
• Fase Aguda: ± 3 semanas
• CHOQUE MEDULAR - dura 24 hs
• Paralisia flácida/ hipotonia;
• Anestesia abaixo da lesão;
• Abolição de reflexos vesical, intestinal e sexual

• É impossível durante este período predizer se a lesão é completa ou incompleta

A volta dos reflexos (testados o bulbo cavernoso e cutâneo anal)  marca o fim do choque medular 
repetir o exame neurológico
Alterações Funcionais
Alterações Funcionais
• Fase Crônica:

# Retorno reflexos medulares


(exceto lesões de cone medular e cauda equina);
persiste flacidez devido a interrupção dos arco reflexos medulares

# Hipertonia

# Hiperreflexia

# Automatismos Medulares
Alterações Funcionais
• C1 a C3

• Comprometimento respiratório
Nervo Frênico  Músculo Diafragma

• Dependentes de respiração assistida

• Tetraplegia ou Tetraparesia
Alterações Funcionais

• C4

• Comprometimento respiratório leve

• Podem se manter livres dos respiradores

• Controle de botões eletrônicos, cadeiras de rodas com o auxílio de


adaptações como capacetes ou ponteiras orais.
Alterações Funcionais

• C5
• Preservação do deltóide e bíceps braquial

• Independência: alimentação, higiene alimentar, escrita manual com


auxílio de tecnologia assistiva.

• Controle de cadeiras de rodas motorizada

• Ortostatismo: prancha ortostática ou Stand in Table


Alterações Funcionais
• C5
Alterações Funcionais
• C6

• Preservação do braquiorradial e extensor radial do carpo (possuem preensão


palmar em pinça);
• Independência: alimentação, higiene básica, ajudam no vestuário de tronco
superior.
• Controle de cadeiras de rodas com pinos em planos.
• Ortostatismo: Stand in Table
• Podem dirigir carro adaptado
Alterações Funcionais
• C6
Alterações Funcionais
C7

• Extensão ativa de cotovelo

• Ganho funcional nas transferências e AVDs com adaptações

• Controle de cadeiras de rodas com pinos em planos e aclives suaves

• Ortostatismo: Stand in Table


Alterações Funcionais
• C7
Alterações Funcionais
C8

• Nível mais baixo de tetraplegia

• Deficiência nos intrínsecos da mão

• Pode ser totalmente independente

• Ortostatismo: Stand in Table


Alterações Funcionais

• T1 a T12

• Preservação total dos MsSs;


• Permite total independência nas AVDs;

• Ortostatismo:
• Stand in Table (níveis mais altos);
• Órteses + andadores ou muletas canadenses (níveis mais baixos)
Alterações Funcionais
• T1 a T12
Alterações Funcionais
• Níveis Lombares e Sacrais

• L1 e L2
• Marcha com órteses longas

• > L3 e Sacral
• Marcha mais funcional (órteses curtas)

Quanto mais baixo o nível, menor a necessidade de órtese e maior a chance da marcha ser
comunitária  depende também da preservação da sensibilidade superficial e profunda.
As úlceras de pressão seriam complicações comuns
em pacientes com lesão medular? Quais alterações
mais podem ocorrer?
Alterações
Musculoesqueléticas
• Deformidades
Alterações Musculoesqueléticas

• Ossificação Heterotópica
Alterações Musculoesqueléticas

• Osteoporose
Alterações Musculoesqueléticas
• Fraqueza Muscular
Outras Alterações
• Dor neuropática;
• Vasculares (TVP, hipotensão postural, Disreflexia Autonômica);
• Respiratórias;
• Úlceras de Pressão;
• Função sexual;
• Vesicais (bexiga neurogênica);
• Intestinais (intestino neurogênico);
• Espasticidade/automatismos.
Estudo de caso
 VAD, sexo masculino, 63 anos, agricultor, relata que em novembro de 2006 sofreu
rauma medular após acidente com veículo automotivo rural (trator). Após o acidente,
permaneceu sob o veículo por 4 horas antes de ser assistido pelo SAMU. Manteve-se
sempre consciente, apesar do intenso quadro álgico na região abdominal direita com
irradiação para o membro inferior direito.
 Ao exame radiográfico foi constatada fratura em explosão do corpo vertebral de L2,
com repropulsão da parede posterior do arco vertebral e deslocamento de fragmentos
ósseos em direção ao canal medular. Foi também observada fratura dos processos
transversos à direita (L1, L2, L3) e epondilólise ístmica de L5, com deslocamento
(grau I) em relação a S1, além de fraturas oblíquas na região do tórax, também foram
constatadas.
 A TC indicou a presença de material hiperdenso nas proximidades do músculo
íliopsoas esquerdo e adjacências, sugerindo área isquêmica tecidual devido ao
deslocamento anterior dos grandes vasos na presença de hematoma.
Estudo de caso
 O tempo total de hospitalização foi de 29 dias devido às sucessivas
intercorrências no quadro respiratório.
 Em função do tempo prolongado de internação o paciente evoluiu com
úlcera de pressão lombo-sacral (grau III).
 Quanto aos procedimentos cirúrgicos a equipe médica adotou o método de
artrodese lombar para promover a descompressão vertebral da região
acometida.
 Na primeira avaliação fisioterapeutica o paciente foi classificado como ASIA
C.
Intervenção fisioterapêutica neurofuncional
Utilizar o potencial plástico
demonstrado através da escala
ASIA na zona de preservação
parcial de cada paciente

OTIMIZAR FUNÇÃO

PROMOVER SUA INDEPENDÊNCIA


Intervenção fisioterapêutica neurofuncional
• Modulação tônus muscular;
• Fortalecimento muscular acima do nível da lesão;
• Manter/melhorar amplitudes articulares;
• Manter/melhorar equilíbrio (estatico/ortostase) e controle postural;
• Prevenir encurtamentos e deformidades;
• Prevenir demais complicações...

Fisioterapia presente desde a fase aguda da lesão!


“Nossa maior fraqueza está em desistir.
O caminho mais certo de vencer é tentar
mais uma vez.”

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