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Capítulo 5 - Ombro  Juntamente com a acromioclavicular,

permite que o úmero se mova na cavidade


(Magee) glenoide, por meio de uma abdução
completa de 180o.
O examinador deve estar apto para incluir o  Art sinovial em forma de sela com 3 graus
exame de rastreamento da coluna cervical em de liberdade.
qualquer avaliação do ombro, para descartar a  É a art que une o esqueleto axial ao
presença de sintomas referidos. apendicular.
 A estabilidade dessa art depende dos
Anatomia Aplicada ligamentos
Articulação glenoumeral: Articulação escapulotorácica:
 Articulação sinovial multiaxial do tipo  Embora não seja de fato uma articulação, é
“bola e soquete”, que depende essencial a sua avaliação, visto que uma
principalmente dos mm e ligamentos, em escápula estável capacita o restante do
vez dos ossos, para seu suporte, ombro a funcionar de forma correta.
estabilidade e integridade.  A escápula estende-se do processo
 O lábio – anel de fibrocartilagem- circula e espinhoso T2 a T7/T9 dependendo do seu
aprofunda a cavidade glenoide em cerca de tamanho.
50%.  Visto que a escápula é uma base estável
 Essa art possui 3 eixos e 3 garus de para os mm do manguito rotador, os mm
liberdade que controlam os seus movimentos devem
 Posição de congruência máx -> abdução ser fortes e equilibrados, uma vez que a
completa e RE articulação direciona as forças
 Manguito rotador controla os movimentos provenientes do tronco e dos MMII para os
osteocinemático e artrocinemático da MMSS.
cabeça umeral na glenoide e, com o
bíceps, deprime a cabeça umeral durante Anamnese
os movimentos de elevação.
1. Qual a idade do paciente? (tabela 5.2)
 O lig umerotransverso forma um teto sobre
2. O paciente mantém o MS em posição de
o sulco bicipital, para manter o tendão da
proteção ou hesita em movê-lo? (figura
cabeça longa do bíceps no interior do
5.6)
sulco.
3. No caso de uma lesão, como ela ocorreu?
Articulação acromioclavicular: 4. Existe algum movimento ou posição que
provoca dor ou sintomas no paciente?
 Articulação sinovial plana que aumenta a (tabela 5.3)
ADM do úmero na glenoide.
 Possui 3 graus de liberdade.
 A estabilidade dessa art depende dos
ligamentos. Os lig acromioclaviculares
circundam a ast e, em geral, são os
primeiros a serem lesionados quando a art
é submetida a um estresse. O lig
coracoclavicular é o principal suporte da
articulação acromioclavicular. Ele possui
duas porções: conoide e trapezoide.
Quando ocorre uma deformidade em
degrau, significa que esse ligamento sofreu
laceração.
Articulação esternoclavicular:
8. O que o paciente é incapaz de realizar
funcionalmente? Ele é capaz de falar ou
deglutir? Ele apresenta rouquidão?
9. Por quanto tempo o problema tem
incomodado o paciente?
10. Existe alguma indicação de espasmo
muscular, deformidade, equimose, atrofia,
parestesia ou hipoestesia?
11. O paciente queixa-se de sensação de
fraqueza e peso no membro após uma
atividade? O membro cansa facilmente?
Esses achados podem indicar
envolvimento vascular. Existe algum
sintoma venoso, como edema e
endurecimento, que pode estender-se ao
longo do membro até os dedos? Existe
algum sintoma arterial, como membro
superior frio ou pálido? Essas queixas
podem ser consequência da pressão sobre
uma artéria e/ou veia.
12. Existe alguma indicação de lesão nervosa?
O examinador deve avaliar os nervos e os
Pct sustenta MS na posição de repouso mm por eles inervados para determinar
5. Qual a magnitude e o comportamento da uma possível lesão nervosa. Histórico de
dor do pct? fraqueza, hipoestesia ou parestesia pode
 Síndrome do desfiladeiro torácico ou indicar lesão nervosa
neuropatia aguda do plexo braquial -> dor 13. Qual o ombro dominante? Geralmente o
profunda e incômoda, semelhante à dor de ombro dominante é mais baixo, a
dente, localizada no pescoço, ombro ou em musculatura é maior e a ADM é menor.
ambos.
Observação
 Distensões musculares do manguito -> dor
forte, semelhante à dor de dente, que piora O paciente deve estar adequadamente despido
à noite para que o examinador possa observar os
 Tendinite calcificada -> dor em queimação contornos ósseos e de tecidos moles de ambos os
 Entorse da primeira ou segunda costela -> ombros e determinar se eles são normais e
simula impacto agudo ou lesão do simétricos. Ao observar o ombro, o examinador
manguito rotador. inspeciona a cabeça, a coluna cervical, o tórax (em
6. Existe alguma atividade que desencadeia especial a face posterior) e todo o membro
ou aumenta a dor? O ato de arremessar ou superior. Por exemplo, a mão pode apresentar
alcançar objetos altera a dor? Em caso algumas alterações vasomotoras decorrentes de
afirmativo, quais posições causam dor ou problemas no ombro, como pele brilhante, queda
desconforto? (Essas questões podem de cabelo, edema e atrofia muscular. É importante
indicar quais estruturas estão lesionadas). observar o paciente enquanto ele remove
7. Alguma posição alivia a dor? A elevação
As roupas da parte superior do corpo e,
do membro superior acima da cabeça pode
posteriormente, quando ele volta a vesti-las. Por
aliviar os sintomas em pacientes com dor
exemplo, ele remove a roupa do membro superior
proveniente de uma raiz nervosa. Em um
acometido por último ou a veste primeiro? Isso
paciente com instabilidade ou condições
indica que o paciente está limitando o movimento
inflamatórias, a elevação do MS, em geral,
do membro superior o máximo possível, o que
exacerba os problemas do ombro.
aponta uma provável patologia. As ações do
paciente fornecem indicações sobre a restrição quando o paciente protege muito o ombro, o
funcional, a dor ou a fraqueza do MS. ombro lesionado, dominante ou não, pode parecer
mais alto que o ombro normal. O examinador
Vista anterior
deve observar se o paciente consegue assumir a
Ao observar a parte anterior do paciente, o posição funcional normal do ombro, que consiste
examinador deve primeiramente assegurar-se de no plano escapular, em uma abdução de 60°, com
que a cabeça e o pescoço encontram-se na linha o membro superior em posição neutra, isto é, sem
média do corpo, observando a sua relação com os qualquer grau de rotação.
ombros.
Vista posterior
Ao observar o ombro, o examinador deve
O examinador pode observar, novamente, os
investigar a possibilidade da presença de uma
contornos ósseos e de tecidos moles e o
deformidade em degrau. Essa deformidade pode
alinhamento corporal. Por exemplo, a atrofia da
ser causada por uma luxação acromioclavicular,
parte superior do trapézio pode indicar paralisia de
com a extremidade distal da clavícula posicionada
nervo acessório, enquanto a atrofia do
acima do processo acrômio. Ao ser observada em
supraespinal ou do infraespinal pode indicar
repouso, essa deformidade indica que tanto o
paralisia de nervo supraespinal. As espinhas das
ligamento acromioclavicular quanto o
escápulas, que começam medialmente no nível da
coracoclavicular foram lacerados. A deformidade
terceira vértebra torácica (T3), devem estar no
pode ser acentuada ao solicitar ao paciente a
mesmo ângulo. A escápula deve se estender do
realização de adução horizontal do membro
processo espinhoso da vértebra torácica T2 ou T3
superior ou rotação medial do ombro, levando a
até o processo espinhoso de T7 ou T9.
mão até as costas, o mais alto possível.
Ocasionalmente, o edema pode ser evidente na https://www.youtube.com/watch?
parte anterior da articulação acromioclavicular. v=EYh4UgSrCRk
Isso é denominado sinal de Fountain e indica que
O alamento dinâmico pode ser causado por uma
a degeneração promoveu a comunicação entre a
lesão do nervo torácico longo, afetando o músculo
articulação acromioclavicular e a bolsa
serrátil anterior; paralisia do trapézio (nervo
subacromial edemaciada subjacente. Se uma
acessório); fraqueza do romboide; instabilidade
deformidade em sulco aparecer ao aplicar uma
multidirecional; ação voluntária; ou ombro
tração ao membro superior, ela pode ser causada
doloroso com consequente imobilização da
por instabilidade multidirecional ou perda do
articulação glenoumeral, a qual, por sua vez,
controle muscular decorrente de uma lesão
acarreta um ritmo escapuloumeral inverso. Essa
nervosa ou AVC, acarretando subluxação inferior
imobilização da art glenoumeral leva à inversão
da articulação glenoumeral. Essa deformidade é
da origem-inserção dos mm do manguito rotador,
lateral ao acrômio, não devendo ser confundida
de modo que, em vez de moverem o úmero, como
com uma deformidade em degrau. Esse sinal é
fazem normalmente, eles atuam de modo inverso,
também denominado sinal do sulco, em
movendo a escápula. Comumente, no caso de uma
decorrência do surgimento de um sulco ou
patologia, os mm que controlam a escápula ficam
incisura sob o processo acrômio.
fracos e não conseguem neutralizar essa ação, o
Na maioria dos indivíduos, o lado dominante é que resulta em protração da escápula e alamento
mais baixo que o lado não dominante. Essa dinâmico. As duas outras causas comuns de
diferença pode ser causada pelo maior uso do lado alamento dinâmico – paralisia do nervo torácico
dominante, o que acarreta distensão de longo e paralisia do nervo acessório – causam um
ligamentos, cápsulas articulares e músculos, posicionamento diferente da escápula e diferentes
permitindo que o membro superior “caia” padrões de alamento.
levemente. Os tenistas e outros atletas que
O alamento estático é, em geral, causado por uma
alongam os membros superiores em um
deformidade estrutural da escápula, da clavícula,
movimento de alcance apresentam diferenças
da coluna vertebral ou das costelas.
ainda maiores, com uma hipertrofia muscular
macroscópica no lado dominante. Entretanto,
A deformidade de Sprengel, que consiste em uma subacromial, depósitos de cálcio ou peritendinite
escápula alta congênita ou não descendente, é a ou tendinose dos mm do manguito rotador. A dor
deformidade congênita mais comum do complexo é o resultado do pinçamento de estruturas
do ombro. Nessa deformidade, os mm escapulares inflamadas ou sensíveis sob o processo acrômio e
se encontram mal desenvolvidos ou são o ligamento coracoacromial. Inicialmente, as
substituídos por uma faixa fibrosa. Ela pode ser estruturas não são pinçadas sob o processo
uni ou bilateral; a amplitude da abdução do ombro acrômio, de modo que o paciente é capaz de
diminui, embora a incapacidade funcional possa abduzir o MS em 45 a 60° com pouca dificuldade.
ser discreta. Em geral, a escápula é menor que o Quando o paciente abduz mais o MS (60 a 120°),
normal e encontra-se rodada medialmente. as estruturas (p. ex., bolsa subacromial e inserções
tendíneas do manguito rotador, em especial do
Exame músculo supraespinal) são pinçadas; em geral, o
paciente torna-se incapaz de abduzir totalmente o
A instabilidade escapular pode ser evidente na
membro, em razão da dor. No entanto, se a
CCF, quando o MS se encontra fixado e os mm do
abdução completa for possível, a dor diminui após
manguito rotador atuam em ordem inversa
aproximadamente 120°, visto que os tecidos moles
(inversão da origem-inserção; p. ex., a inserção
pinçados passaram sob o processo acrômio e não
dos mm no úmero torna-se a parte estável, uma
são mais pinçados. Com frequência, a dor é maior
vez que o MS está fixado, enquanto a escápula
na subida (contra a força da gravidade), em
torna-se a parte móvel e apresenta maior
comparação à descida, e maior na abdução ativa
probabilidade de se mover). Ela também pode ser
do que na abdução passiva. Quando o movimento
evidente na CCA, em especial durante
é muito doloroso, o paciente comumente eleva o
movimentos de alta velocidade, quando a escápula
MS, utilizando um movimento de flexão anterior,
necessita ser estabilizada (p. ex., ao rebater uma
ou “encolhe” o ombro, utilizando a parte superior
bola) ou quando os mm escapulares devem atuar
do trapézio e o elevador da escápula, na tentativa
de modo excêntrico para diminuir ou interromper
de reduzir a dor. Em alguns casos, a dor pode ser
um movimento (i. e., eles são incapazes de fazê-lo
reduzida pela retração da escápula, de modo a
em decorrência da fraqueza). Na CCA, a escápula
aumentar um pouco mais o tamanho do espaço
atua como a “base” ou origem dos mm, enquanto
coracoacromial. Um segundo arco doloroso do
a inserção no úmero é mais móvel. O
ombro pode ser observado durante o mesmo
conhecimento do equilíbrio muscular e das forças
movimento de abdução. O arco doloroso ocorre
musculares acopladas é fundamental para o
próximo ao final da abdução, nos últimos 10 a 20°
estabelecimento do diagnóstico. Por exemplo, os
de elevação, e é causado por uma patologia da
MMII, a pelve e o tronco atuam como geradores
articulação acromioclavicular ou por um teste de
de força, enquanto o ombro atua como um funil e
impacto positivo. No caso de uma lesão da
regulador de força com o braço, atuando como um
articulação acromioclavicular, a dor, em geral,
sistema que libera força. Essas cadeias cinéticas e
localiza-se na articulação. Na síndrome do
a interação intricada e complexa de seus
impacto, a dor, com frequência, ocorre na região
componentes exercem efeitos diferentes sobre o
anterior do ombro.
ombro. As ações de comer, alcançar objetos e
vestir-se são consideradas atividades de CCA,
enquanto as ações de andar com muletas e
levantar-se de uma cadeira são consideradas
movimentos de CCF. E, por fim, como em
qualquer avaliação, o examinador deve comparar
um lado do corpo com o outro.
Movimentos Ativos
Quando o paciente eleva a extremidade superior
pela abdução do ombro, o examinador deve
observar se há um arco dolo-roso presente. Um
arco doloroso pode ser causado por uma bursite
Em geral, a rotação lateral ativa é de 80 a 90°, mas
pode ser maior em alguns atletas, como ginastas e
arremessadores de beisebol. Deve-se ter cautela ao
aplicar uma hiperpressão nesse movimento, visto
que pode levar a luxação anterior da art
glenoumeral, em especial em indivíduos com
problemas de luxação recorrente. Quando a RL da
art glenoumeral é limitada, o paciente compensa
retraindo a escápula.
A RM ativa é, normalmente, de 60 a 100°. Em
geral, ela é avaliada ao medir-se a altura do
polegar (em extensão) no movimento de “pedir
carona”, alcançando as costas do paciente. O teste
para rotação realizado em uma posição com o
ombro em abdução de 90°, quando o paciente
consegue atingir essa posição, fornece uma
indicação mais clara da RM e RL da art
glenoumeral. A rotação é medida quando a
escápula inicia seu movimento. Se a RM for
testada em abdução de 90° e houver crepitação na
rotação, será um indicativo de abrasão das
margens do tendão lacerado contra o arco
O ritmo escapuloumeral inverso significa que a coracoacromial denominado “sinal de abrasão”.
escápula se move mais que o úmero. Isso é Normalmente, a extensão ativa é de 50 a 60°. O
observado em condições como o ombro exa-minador deve assegurar-se de que o
congelado. O paciente parece “elevar” todo o movimento ocorra no ombro e não na coluna
complexo do ombro em vez de produzir um vertebral. A fraqueza da extensão completa indica
movimento de abdução coordenado e suave. fraqueza da parte posterior do deltoide em um
A elevação ativa (170 a 180°) pelo plano da membro superior e, em alguns casos, é
escápula (30 a 45° de flexão anterior), denominada sinal da cauda de andorinha, uma vez
denominada escapulação, é a posição mais natural que ambos os membros superiores não se
e funcional de elevação. A elevação nessa posição estendem da mesma maneira, em decorrência de
é, em alguns casos, denominada elevação neutra. uma lesão do músculo em si ou do nervo axilar.
O ângulo exato é determinado pelo contorno da O paciente deve realizar dois movimentos
parede torácica sobre a qual a escápula repousa. distintos da escápula: retração e protração. O ciclo
Com frequência, o movimento de elevação é de protração/ retração pode causar um estalido
menos doloroso nessa posição, em comparação à próximo ao ângulo inferior ou do canto
elevação pela abdução, em que a articulação supramedial, que, em alguns casos, é denominado
glenoumeral encontra-se em extensão ou em escápula com estalos, causado pelo atrito da
elevação na flexão anterior. O movimento no escápula sobre as costelas subjacentes.
plano da escápula impõe um menor estresse sobre
a cápsula e a musculatura circunjacente, sendo a Ao observar os movimentos, o examinador pode
posição em que a maior parte das atividades solicitar ao paciente que os execute em
cotidianas é comumente realizada. O teste da força combinação, sobretudo se a anamnese indicar que
nesse plano também fornece valores mais os movimentos combinados são incômodos. Por
elevados. Pacientes com fraqueza escolhem exemplo, o teste de coçar de Apley combina a RM
espontaneamente esse plano ao elevarem o com a adução, e a RL com a abdução. Esse
membro superior. método pode diminuir o tempo necessário para a
realização da avaliação. Além disso, ao solicitar
ao paciente a realização de movimentos
combinados, o examinador pode ter uma ideia da tendão do bíceps seja utilizado como um abdutor
sua capacidade funcional. Por exemplo, a abdução do ombro, em um movimento “trapaceado”.
combinada com a flexão e a RL ou a adução
combinada com a extensão e a RM são necessárias
para as ações de pentear o cabelo, fechar um zíper
nas costas ou tirar uma carteira do bolso de trás.
Entretanto, o examinador deve observar com
cuidado os movimentos que são restritos e quais
não são, uma vez que diversos movimentos são
realizados ao mesmo tempo. Com frequência, o
ombro dominante apresenta uma maior restrição
que o ombro não dominante, mesmo em
indivíduos normais.
O examinador deve ter em mente que movimentos
do ombro incluem movimentos da escápula, da Movimentos passivos
clavícula e da articulação glenoumeral, sendo que
muitos problemas observados da articulação São realizados após os movimentos ativos para
glenoumeral são, na realidade, problemas de testar o end feel.
controle da musculatura escapular, que podem
secundariamente levar a problemas da articulação
glenoumeral, sobretudo em indivíduos com menos
de 40 anos de idade. Se, na anamnese, o paciente
se queixar que os movimentos do ombro são
dolorosos, em certas posturas, ou que movimentos
sustentados ou repetitivos aumentam os sintomas,
o examinador deve solicitar ao paciente que
mantenha o membro superior em uma posição (l0
a 60 segundos) ou que realize os movimentos de
forma repetitiva (10 a 20 repetições). Idealmente,
esses movimentos repetidos devem ser realizados
na velocidade e com a carga que o paciente estava
utilizando ao sentir os sintomas. Por essa razão, o O end feel de um encurtamento capsular é
jogador de voleibol deve realizar o movimento de diferente do end feel da distensão tissular de um
bloqueio, no qual ele salta para golpear uma bola encurtamento muscular. O encurtamento capsular
imaginária. possui uma sensação elástica mais dura e, em
Deve-se lembrar que o tendão do bíceps não se geral, ocorre precocemente na ADM. Quando
move no sulco bicipital durante o movimento; ao houver insegurança em relação ao end feel, o
contrário, o úmero move-se sobre o tendão fixado. examinador pode solicitar que o paciente contraia
Da adução até a elevação completa da abdução, os mm que atuam na direção oposta 10 a 20% da
um determinado ponto no sulco move-se ao longo CVM e relaxe em seguida. O examinador deve em
do tendão por, pelo menos, 4 cm. Se o examinador seguida tentar mover ainda mais o membro em sua
desejar manter a excursão do sulco bicipital ao amplitude. Se a amplitude aumentar, o problema é
longo do tendão do bíceps a um mínimo, o muscular e não capsular. A contração capsular
membro superior deve ser elevado com o úmero deve apresentar uma boa correlação com a
em RM; a elevação do MS com o úmero em RL diminuição da rotação medial, desde que não seja
provoca a excursão máxima do sulco bicipital ao permitida a movimentação da escápula para
longo do tendão do bíceps. Essa posição de RL é, compensar.
em alguns casos, utilizada por pacientes que Deve-se atribuir uma atenção particular à rotação
apresentam patologias do deltoide ou do passiva medial e lateral quando o examinador
supraespinal, uma vez que a RL permite que o suspeitar de um problema na cápsula da
articulação glenoumeral. Um movimento
escapular excessivo pode compensar uma
articulação glenoumeral rígida. A bursite
subcoracoide pode limitar a rotação lateral
completa, enquanto a bursite subacromial pode
limitar a abdução completa em decorrência da
compressão ou do pinçamento dessas estruturas.
O examinador deve realizar uma elevação passiva
pela abdução, com a clavícula e escápula fixadas,
de modo a determinar a magnitude da abdução
apenas da art glenoumeral. Em geral, esse Avaliação Funcional
movimento deve atingir 120o.
A avaliação funcional pode ser baseada em
A rotação do úmero na posição do quadrante atividades da vida diária, laborativas ou
demonstra o “paradoxo do pivô” de Codman. O recreacionais, uma vez que são as que mais
trajeto traçado pelo úmero durante o teste de interessam ao paciente ou pode ser baseada em
quadrante, em que ele se move para a frente na escalas de pontuação, que derivam de medidas
abdução aproximada de 120°, é consequência da clínicas e funcionais.
rotação inconsciente da articulação glenoumeral.
Portanto, o objetivo do teste de quadrante é
demonstrar a ocorrência ou não da rotação
automática ou subconsciente durante o
movimento.
Obs: quadrante de circundação é a amplitude em
que o úmero deve rotacionar para permitir o
moimento completo e indolor.
O padrão capsular do ombro é a rotação lateral
com a maior restrição, seguida pela abdução e a
rotação medial. Cada um desses movimentos
normalmente possui um end feel de distensão
tissular. Outros movimentos podem ser limitados,
mas não na mesma ordem e com tanta restrição.
Os padrões capsulares iniciais podem apresentar
apenas limitações da rotação lateral ou,
possivelmente, da rotação lateral e da abdução. A
observação de limitação, mas não na ordem
descrita, indica um padrão não capsular.
Movimentos isométricos resistidos
Durante os movimentos ativos, o examinador deve
observar quais movimentos causam desconforto
ou dor, de modo a correlacionar essas informações
com as obtidas em relação aos movimentos
isométricos resistidos. Ao observar atentamente os
movimentos que causam dor durante o teste
isométrico, o examinador deve ser capaz de
determinar qual(is) músculo(s) apresenta(m)
anormalidades.
 Instabilidade e impacto de pseudofrouxidão
 A dor na região anterior do ombro é,
geralmente, observada em jovens por
problemas de desequilíbrio muscular e
padrões anormais de movimento da
glenoumeral e da escapulotorácica
Testes Especiais (impacto secundário -> costuma ser
observado com instabilidade de escápula
ou de glenoumeral).
 Em pacientes mais velos (mais de 40
anos), o impacto mecânico ocorre por
alterações degenerativas do manguito, do
acrômio e do processo coracoide (impacto
primário).
 Instabilidade e frouxidão são
acometimentos diferentes. A instabilidade
torna o paciente incapaz de controlar ou
estabilizar uma art durante um movimento
ou em uma posição estática, seja em
decorrência da lesão dos estabilizadores
estáticos (como observado na luxação
anterior com laceração da cápsula e do
lábio, também denominada instabilidade
macroscópica ou anatômica), da fraqueza
dos músculos que controlam a articulação
ou do desequilíbrio das forças acopladas
(também denominada instabilidade
translacional).
 Impacto interno: é observado na parte
posterior, sobretudo em atletas que
executam movimentos com os MMSS
acima do nível da cabeça. Ele envolve o
contato do manguito rotador (em principal
o supraespinal e o infraespinal) com o
lábio glenoide posterossuperior, quando o
MS é abduzido a 90° e posicionado em RL
completa.
 Pseudofrouxidão: abrange a
artrocinemática gleunoumeral alterada, em
decorrência da presença de uma lesão
SLAP, cápsula posteroinferior rígida e,
com frequência, discinesia escapular.
 Ao realizar os testes de instabilidade, o
examinador deve tentar duplicar os
sintomas do paciente e detectar
movimentos anormais. Por essa razão, uma
resposta do tipo: “É isso que eu sinto no
ombro quando ele me incomoda”, é muito
mais significativa que o grau de frouxidão
ou de translação observados.
 Testes para a instabilidade anterior de ombro
 Teste de carga e desvio: destina-se ao
diagnóstico de instabilidade não traumática
da articulação glenoumeral.

 Teste de apreensão para luxação anterior


de ombro: destina-se aos problemas de
instabilidade traumática que causam
instabilidade macroscópica ou anatômica
do ombro.
 Alguns autores recomendaram a aplicação
de uma força leve direcionada para a frente
sobre a parte posterior da cabeça do  Clavícula
úmero, na posição de teste, para observar  Articulação esternoclavicular
se ocorre aumento de apreensão ou dor. O  Articulação acromioclavicular
paciente também pode relatar que a  Processo coracoide
sensação desencadeada à que ele sentiu ao  Esterno
sofrer luxação do ombro.  Costelas e cartilagens costais
 Em seguida, quando o examinador aplica  Úmero e mm do manguito rotador
uma força de translação posterior sobre a  Axila
cabeça do úmero ou sobre o membro  Estruturas posteriores:
superior (teste de relocação), em geral, a  Espinha da escápula
apreensão do paciente desaparece, a dor  Escápula
diminui e é possível uma maior rotação  Processos espinhosos das colunas cervical
lateral antes que a apreensão ou a dor inferior e torácica
retornem.
Diagnóstico por Imagem
 Quando os sintomas do paciente diminuem
ou são eliminados durante o teste de  Radiografia simples
relocação, o diagnóstico é de instabilidade,  Incidência anteroposterior e/ou oblíqua
subluxação, luxação ou impacto 1. Deve-se examinar a relação entre o úmero
glenoumeral. Se a apreensão predominar e a cavidade glenoide. Luxações
durante o teste de apreensão e desaparecer posteriores podem ser identificadas pelo
durante o teste de relocação, o diagnóstico sinal da “cavidade glenoidal vazia”. Em
é de instabilidade, subluxação ou luxação geral, a radiografia revela sobreposição de
glenoumeral. Se a dor predominar durante sombras do úmero e da glenoide. Em uma
o teste de apreensão e desaparecer durante luxação post, a sombra diminui ou
o teste de relocação, o diagnóstico é de desaparece
instabilidade anterior ou pseudofrouxidão 2. As relações entre a clavícula e o processo
da articulação glenoumeral ou acrômio e entre o úmero e a glenoide
escapulotorácica, com impacto secundário também devem ser observadas.
ou uma lesão SLAP posterior. 3. O examinador deve verificar se a placa
 Se, durante o teste de relocação epifisária da cabeça do úmero está presente
posteriormente, a dor posterior e, em caso afirmativo, se ela é normal.
diminuir, o teste é considerado positivo 4. O examinador deve observar a presença de
para o impacto interno posterior. calcificações em tendões, em especial no
músculo supraespinal ou infraespinal, ou
Demais testes se encontram nas páginas 280 a
fraturas.
327.
5. O examinador deve observar a
Movimentos de Jogo Articular configuração da superfície inferior do
acrômio e a presença de qualquer esporão
subacromial. As possíveis configurações
são: tipo I (achatado [17%]), tipo II (curvo
[43%]) e tipo III (em gancho [39%]). O
acrômio em gancho não é observado em
indivíduos jovens; acredita-se que faça
parte de um processo degenerativo.
6. Uma incidência, com rotação medial do
úmero pode revelar um defeito na face
lateral da cabeça do úmero, em
decorrência de luxações recorrentes. Esse
defeito é deno-minado lesão de Hill-Sachs
Palpação e pode ser classificado como
 Estruturas anteriores: comprometido ou não comprometido.
Comprometido representa a área da lesão sobre o topo da cabeça. A radiografia é
que articula com a glenoide, quando o centralizada no processo coracoide. Essa
membro superior está em abdução e incidência é utilizada para a avaliação de
rotação lateral. uma lesão de Hill-Sachs ou uma lesão de
7. O examinador deve observar o intervalo Bankart.
acromioumeral (espaço entre o acrômio e o  Incidência de West Point: O paciente
úmero) e verificar se é nor-mal. O posiciona-se em DV. Essa incidência
intervalo normal é de 7 a 14 mm. Se essa fornece uma boa imagem da glenoide,
distância for menor, pode ser uma delineando fraturas dessa estrutura.
indicação de lacerações do manguito  Incidência do arco: é utilizada para a
rotador. Do mesmo modo, quando o determinação da largura e da altura do arco
membro superior é rotacionado subacromial. Ela auxilia o examinador na
internamente e a incidência revela uma determinação do tipo de arco acromial.
distância coracoumeral inferior a 11 mm, é
indicação de síndrome do impacto e
patologia do manguito rotador.
8. Uma incidência anteroposterior sob
estresse pode ser utilizada para abrir a
articulação acromioclavicular lesionada,
permitindo a verificação da ocorrência de
uma entorse de terceiro grau ou uma
frouxidão inferior na articulação
glenoumeral. Em cada mão do paciente,
são colocados pesos de 9 kg, de modo a
tracionar os MMSS. Se houver uma
entorse acromioclavicular de terceiro grau,
a distância coracoclavicular aumentará e
uma deformidade em degrau será evidente.
 Incidência lateral axilar: revela a relação
entre a cabeça do úmero e a glenoide. Ela é
utilizada para o diagnóstico de luxações
anterior e posterior da articulação
glenoumeral e para a verificação da
presença de fraturas por avulsão da
glenoide ou de uma lesão de Hill-Sachs.
Entretanto, ela exige que o paciente
abduza o membro superior de 70 a 90°. É a
melhor incidência para a avaliação da
articulação acromioclavicular. Além disso,
o examinador deve observar as relações
entre a cavidade glenoide, o úmero, a
escápula e a clavícula e quaisquer
calcificações nos músculos subescapular,
infraespinal ou redondo menor.
 Incidência lateral transescapular (em Y):
revela a posição do úmero, em relação à
glenoide, e os processos acrômio e
coracoide. Trata-se da verdadeira
incidência lateral da escápula. O paciente
posiciona-se em decúbito dorsal, com o
membro flexionado anteriormente e a mão

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