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Onde está a lesão? Têm localização única ou múltipla? Ou seja, há uma lesão que justifique
todas as manifestações clínicas ou precisa de mais de uma lesão para explicar os sinais e
sintomas? A lesão é confinada ao sistema nervoso ou é parte de uma doença sistêmica? Esse
questionamento é importante porque doenças autoimunes podem ter comprometimento
neurológico. Por fim, qual parte do sistema nervoso está sendo afetada?
Antes do exame, observa-se como o paciente chega ao consultório e como caminha para a maca
(velocidade, simetria, coordenação, equilíbrio, marcha). Durante a anamnese, observa-se
comportamento, como a pessoa se veste, as respostas que ela dá e a linguagem.
Roteiro do exame: Estática, marcha, força, tônus, reflexos, sensibilidade, coordenação e nervos
cranianos, preferencialmente nessa ordem. Pra lembrar, as iniciais da frase: “Eulália Maria Foi
Toda Contente Reencontrar Seu Namorado". Porém, lembrar que coordenação nunca pode ser
feita antes de sensibilidade.
Testar quando aparece como queixa ou observação na anamnese. Observar como o paciente
fala, se ele está sendo lógico, coerente, pertinente e sensível ao problema. Observar também
aparência geral, comportamento, atitude, fala e expressão facial. Para queixa cognitiva, fazer o
miniexame do estado mental (MEEM ou minimental, disponível no google).
Considerar demência apenas quando há comprometimento funcional na vida cotidiana, não
apenas problemas de memória. Exemplo de comprometimento funcional: se perder no caminho
de casa, esquecer como contar o dinheiro, etc. O esquecimento isolado é normal da velhice, o
comprometimento funcional não.
Teste de Romberg: Paciente fica com os pés escostados e com braços cruzados no ombro, 20 a
30s com os olhos abertos, depois 20 a 30s com os olhos fechados. Para aumentar a sensibilidade
do teste, pode-se pedir para o paciente ficar com os pés em tandem, apoiado nos calcanhares,
na ponta dos pés ou em um pé só. O teste é positivo quando o paciente abre os olhos na fase
dos olhos fechados, afasta os braços, dá passada lateral ou oscila de modo a cair. Se o paciente
cai sempre para o mesmo lado, com um período de latência (demora), indica lesão do aparelho
vestibular, no lado que ele cai. Exemplo: se cai sempre para a direita, lesão do aparelho
vestibular do lado direito. Se o paciente cai sem latência, ou seja, imediatamente após fechar os
olhos, sugere alteração da propriocepção. E se ele apresenta dificuldades em se manter
equilibrado desde o início, e a dificuldade não piora ao fechar os olhos, sugere lesão cerebelar.
Pedir para o paciente andar. Observar ida, virada, volta e movimento dos braços.
Ceifante ou hemiplégica: Paciente tem hipertonia de um lado e não consegue dobrar o joelho
do membro acometido, então ele arrasta a perna em meia lua para a frente, em movimento de
ceifa. O braço acometido fica dobrado a frente do peito. Geralmente é sequela de AVC.
Biparética, bipiramidal ou marcha em tesoura: Paciente tem hipertonia dos dois lados e faz o
movimento de ceifa dos dois lados. Os dois braços ficam dobrados. É frequente nas formas
espásticas de paralisia cerebral.
Parkinsoniana: Paciente tem marcha de pequenos passos, andando devagar, arrastando os pés
e sem alternância de braços e pernas, os braços ficam parados. Paciente também não consegue
dar a volta normalmente, ele faz uma curva em pequenos passos, ao invés de fazer a rotação do
quadril e virar de uma vez só. Tudo isso acompanha os tremores e a postura do esquiador.
Talonante ou tabética: Paciente tem perda da propriocepção, não sabe onde estão seus pés,
então anda batendo os pés para identificar que já chegaram ao chão. A principal causa de
marcha tabética é a neurossífilis, em que ocorre lesão do cordão posterior da medula (tabes
dorsalis). Uma outra causa é a deficiência de B12.
Miopática ou marcha de Trendelemburg: Paciente tem fraqueza na musculatura pélvica, então
quando tira o pé do chão, o quadril cai para dentro. Pode parecer que o paciente está rebolando.
A marcha anserina é quando tem essa fraqueza dos dois lados.
Atáxica, ebriosa ou cerebelar: Por uma lesão no cerebelo, o paciente perde a coordenação da
marcha, não consegue manter linha reta e fica instável, como um bêbado.
Escarvante: Por uma lesão no nervo periférico, o paciente não consegue elevar a ponta do pé,
então ele tem que elevar muito o joelho para não arrastar o pé no chão. A perna levanta e o pé
fica caído.
Coreica ou coreiforme: Paciente anda com os braços e pernas mexendo como um polvo, por
causa dos movimentos involuntários da coreia.
Vestibular: Paciente desvia a marcha sempre para o mesmo lado.
➢ Teste de Babinski-Weil: Pede-se para o paciente andar para frente e voltar para trás de
costas, sem se virar, de olhos fechados. O paciente vai pra frente em linha reta e volta
tendendo para um lado, formando uma estrela.
➢ Teste de Fukuda: O paciente marcha, elevando os joelhos aproximadamente 45° sem
deslocar-se, executando 60 passos (um por segundo) com os braços estendidos e os
olhos fechados. São considerados resultados patológicos se houver deslocamento
lateral maior do que 1m e/ou rotação superior a 30°.
➢ Segmento crural:
✓ Coxa: flexão, extensão, abdução e adução.
✓ Perna: flexão e extensão.
✓ Pé: flexão e extensão.
✓ Hálux: flexão e extensão.
➢ Escala de força:
➢ Manobras deficitárias:
✓ Mingazzini para MMSS: Flexão dos ombros com as mãos pronadas e olhos
fechados por 20 a 30s. O braço ou a mão irá cair se o paciente tiver fraqueza
proximal ou distal, respectivamente.
✓ Reimiste: Paciente em decúbito dorsal, com cotovelos apoiados da maca,
antebraços fletidos e olhos fechados. Pode haver decaimento do antebraço ou
da mão.
✓ Mingazzini para MMII: Paciente em decúbito dorsal, flexão das coxas e dos
joelhos.
✓ Barré: Paciente em decúbito ventral e flexão dos joelhos.
➢ Déficit motor sutil:
✓ Sinal de Barré ou da pronação: Semelhante à manobra de Mingazzini, porém
com as mãos supinadas. Observa-se se haverá desvio pronador em uma das
mãos.
✓ Sinal do rolamento do antebraço
✓ Sinal do toque rápido dos dedos
✓ Sinal do quinto dedo
✓ Sinal do rolamento do quinto dedo
➢ Inspeção: Observar a posição dos membros, pois pode haver flexão nas hemiplegias, e
o contato da musculatura com a maca (músculos hipotônicos ficam achatados ou
“esparramados” sobre a maca).
➢ Palpação: Palpar a musculatura para classificá-las em hipotônicas (flácidas demais),
normais ou hipertônicas.
➢ Mobilização passiva: Fazer flexão passiva do antebraço e flexão passiva da coxa e da
perna. Nos pacientes hipotônicos, é possível encostar o punho no ombro e o calcanhar
na nádega. Também observa-se se há resistência ao movimento (hipertonia) ou
passividade demais (hipotonia).
➢ Manobras:
✓ Teste da queda da cabeça: Com paciente deitado, elevar a cabeça e deixar cair
para observar se cai rápido demais (hipotonia) ou se fica parada/cai devagar
(hipertonia).
✓ Teste da queda do braço: Com paciente deitado, elevar o braço e deixar cair.
Mesma interpretação da queda da cabeça.
✓ Movimento pendular das pernas: Com paciente sentado num lugar elevado, de
modo que as pernas fiquem soltas, não toquem o chão. Empurrar a perna e ver
o quanto a perna balança. Paciente com hipertonia pode balançar a perna por
mais tempo e com maior amplitude do movimento.
✓ Teste de sacudir os ombros: Mesma lógica do movimento pendular das pernas.
➢ Distúrbios do tônus:
✓ Hipotonia: As principais causas de hipotonia são lesões do 2º neurônio motor
(ou NM inferior) e síndromes cerebelares.
✓ Hipertonia: Pode ser elástica (espasticidade) ou plástica (rigidez). A hipertonia
tipo espasticidade é causada por síndrome do 1º neurônio motor (ou NM
superior). A hipertonia tipo rigidez é causada por lesão extrapiramidal.
Tônus flexor e extensor diferem: predomina Aumento do tônus flexor e extensor são
aumento do tônus flexor. semelhantes.
✓ Paratonia:
• Inibitória: Resistência passiva às tentativas de movimentação dos
membros pelo examinador. O examinador movimenta os membros do
paciente e, quando solta, o membro fica parado, ou seja, o membro não
estava totalmente relaxado. (https://www.youtube.com/watch?v=Z-
NjgIPbuEU)
• Facilitatória: Facilitação ativa às tentativas de movimentação dos
membros pelo examinador. O examinador movimenta os membros do
paciente e, quando solta, ele continua movimentando sozinho por um
tempo. (https://www.youtube.com/watch?v=8DkEvHimB14)
✓ Miotonia: atraso no relaxamento (ou contração prolongada) dos músculos
esqueléticos, após contração voluntária ou estimulação elétrica.
Abordagem à fraqueza:
Tendinosos profundos: Golpeia-se o tendão, gerando uma resposta de extensão. São reflexos
monossinápticos. Os tendões avaliados são bicipital, tricipital, estilorradial, mediano, patelar e
aquileu. Com o exame dos reflexos, pode-se avaliar a origem da fraqueza.
➢ Clono: Série de contrações rítmicas em resposta a uma distensão passiva súbita. Está
associado a reflexos hiperativos (https://www.youtube.com/watch?v=4SrhgjGIZ30).
➢ Métodos para distrair o paciente, de modo a relaxar a musculatura e obter melhor
resposta dos reflexos: Conversar sobre assunto que diga respeito ao paciente, solicitá-
lo a realizar um cálculo mental, manobra de Jendrassik (apenas para MMII), prender a
respiração rapidamente, tossir, pressionar a coxa para baixo (apenas para MMSS).
Cutâneos superficiais: Faz-se um estímulo leve na pele, gerando uma resposta local. São reflexos
polissinápticos, ou seja, têm resposta mais lenta. São esgotáveis, ou seja, ocorrem nos primeiros
estímulos, e depois de alguns estímulos, param de ocorrer. Os reflexos cutâneos superficiais
podem estar presentes ou não, e sua presença ou ausência não significa que é patológico. O
mais importante é a simetria. É a assimetria que determina se os reflexos são patológicos. Os
reflexos cutâneos superficiais estão abolidos em lesão piramidal (1º neurônio motor). Deve-se
examinar os relexos cutâneos superficiais quando há hiperreflexia. Na hiperreflexia fisiológica,
os reflexos cutâneos estão normais. Já na hiperreflexia patológica, eles estão abolidos. Os
reflexos avaliados são palmar, interescapular, abdominal superior e inferior, cremastérico,
glúteo, bulbocavernoso, anal e plantar. Os principais reflexos são o abdominal superior e
inferior, cremastérico e plantar.
➢ Abdominais: Toque da parte lateral do abdome até a cicatriz umbilical. A resposta é uma
contração dos músculos abdominais, que determina deslocamento do umbigo para o
lado estimulado. Uma pequena parcela da população pode não ter reflexos abdominais.
➢ Cremastérico: Toque na superfície superior interna da coxa. A resposta é elevação do
testículo ipsilateral.
➢ Plantar: Estímulo na face lateral plantar do pé, do calcâneo até o 2º metatarso. A
resposta normal é a flexão dos dedos. A abolição do reflexo plantar é normal se for
simétrica.
8. Sinal de Babinski
9. Sucedâneos de Babinski
Modalidades sensoriais: A sensibilidade tem um componente subjetivo, que é o que o paciente
relata na anamnese (dor, parestesia, etc) e um componente objetivo, que é medido pelo
estímulo do examinador. A sensibilidade objetiva é dividida em especial e geral. A especial
consiste nos sentidos de olfação, visão, gustação e audição, e será avaliada no exame de nervos
cranianos. A geral pode ser superficial, que consiste em tátil, térmica e dolorosa, ou profunda,
que consiste em vibratória, barestática (pressão), cinético-postural (propriocepção) e dolorosa.
A sensibilidade vibratória e a propriocepção ascendem pelos fascículos grácil e cuneiforme
ipsilaterais e cruzam para o lado contralateral no mesencéfalo. Já as sensibilidades tátil, dolorosa
e térmica ascendem pelo trato espinotalâmico lateral contralateral. (Essas informações são
importantes para entender Síndrome de Brown-Séquard).
Sensibilidade térmica: É avaliada com tubos de água quente e fria (40-45° e 5-15°). Fazer os
estímulos em sequência e perguntar ao paciente se o primeiro era o frio ou o quente.
Sensibilidade vibratória: É avaliada com diapasão nas proeminências ósseas das articulações
metatarso e metacarpofalangeanas, maléolos, patelas, espinhas ilíacas e outras. O paciente
deve diferenciar a vibração do contato do diapasão com a pele. Está diminuída na neuropatia
periférica e na lesão medular. É importante também saber por quanto tempo o paciente sente
a vibração. No maléolo, a vibração é sentida por 11s. Na eminência ulnar, por 15s. O tempo da
sensação diminui 2s a cada década a partir dos 40 anos.
Distúrbios da sensibilidade:
Testes: Fazer de olhos abertos e fechados. Lesão sensitiva (propriocepção) piora muito ao fechar
os olhos, lesão cerebelar não piora.
Distúrbios da coordenação:
Disartria: Pode haver o prolongamento das sílabas; fala escandida, que é um intervalo de tempo
alargado entre as sílabas; e palavra explosiva, que é o aumento do volume de uma sílaba da
palavra.
Hipotonia: Evidenciada pelo fenômeno de rebote, quando você exerce uma contra resistência
e, quando solta, o paciente não consegue manter o membro no lugar.
(https://www.youtube.com/watch?v=nEH6ROgeulE)
Síndromes cerebelares:
N. Óptico (II): É o único nervo visível (pela fundoscopia). É avaliado em 3 etapas: medida da
acuidade visual, avaliação dos campos visuais e avaliação do fundo de olho (fundoscopia).
➢ Acuidade visual: Pede-se para o examinador identificar números que o examinador faz
com os dedos. Para avaliar com mais precisão, também há o gráfico de Snellen, colocado
a 6m de distância e o cartão para perto de Rosenbaum. Em ambos, pede-se para o
paciente ler as letras até onde conseguir. Na enfermaria, geralmente fazemos só a
contagem dos dedos mesmo.
✓ Grau crescente de comprometimento da acuidade visual: Consegue ler até a
linha 20/20 do gráfico e do cartão → Consegue identificar a contagem dos dedos
→ Consegue perceber apenas a movimentação da mão → Consegue apenas
perceber a luz → Não consegue perceber a luz.
✓ Distúrbios da acuidade visual:
• Ambliopia: Redução da acuidade visual.
• Amaurose: Abolição da visão.
➢ Campimetria: Tanto o examinador quanto o paciente tapam um dos olhos com a mão e
olham fixamente um para o olho do outro. O examinador faz a avaliação dos 4 campos
visuais (nasal superior e inferior e temporal superior e inferior) afastando um dedo na
linha média entre os dois, para comparar o campo visual do paciente com o seu próprio.
Nervos motores oculares: São o oculomotor (III), troclear (IV) e abducente (VI). O oculomotor é
responsável pelos músculos elevador da pálpebra, reto medial, superior e inferior, e oblíquo
superior. Também é responsável pela pupila e pelo corpo ciliar. O troclear é responsável pelo
músculo oblíquo superior e o abducente é responsável pelo músculo reto lateral.
➢ Diplopia:
✓ Monocular: Depende apenas de um olho para acontecer. Se tapar um olho, a
visão continua dupla. A causa é oftalmológica.
✓ Binocular: Depende dos dois olhos para acontecer. Se tapar um olho, a visão
dupla desaparece. Pode ocorrer por acometimento de nervos cranianos,
doença muscular, trauma e lesões supranucleares.
10. Diplopia
N. Trigêmeo (V): É composto pelos ramos oftálmico, maxilar e mandibular. A maior função dele
é sensitiva. A única função motora é nos músculos da mastigação. As queixas mais comuns de
dor são neuralgia do trigêmeo e herpes zoster dos ramos do trigêmeo.
N. Facial (VII): É responsável pela inervação dos músculos da mímica, glândulas lacrimais,
submandibulares e sublinguais, e sensibilidade gustatória dos 2/3 anteriores da língua. Fazer
inspeção em repouso, observando assimetrias. Pedir para o paciente imitar suas expressões
faciais: sorrir mostrando os dentes, erguer as sobrancelhas, fazer bico, franzir o cenho, fechar
os olhos com força. Também pedir para o paciente inflar as bochechas de ar e depois fazer uma
leve pressão nas bochechas com as mãos, se ele tiver paralisia facial, o ar irá sair pelo lado da
boca paralisado.
➢ Paralisia facial central x periférica: Os quadrantes superiores do rosto têm inervação
tanto ipsilateral como contralateral. Já os quadrantes inferiores têm inervação
contralateral apenas. Quando a lesão é central, ou seja, no córtex ou no caminho entre
o córtex e o núcleo do nervo facial, na ponte, a inervação contralateral é prejudicada,
porém, o quadrante superior também é inervado pelo neurônio ipsilateral, por isso não
paralisa, apenas o quadrante inferior irá ficar paralisado. Quando a lesão é periférica,
ou seja, no nervo facial, todos os neurônios que inervam o lado da lesão estão
prejudicados, então tanto o quadrante inferior como o superior, ipsilaterais à lesão,
ficarão paralisados.
➢ Na paralisia facial periférica, ocorre lagoftalmo, que é quando a pálpebra superior não
consegue fechar completamente, ficando uma fenda de olho à mostra.
➢ O termo desvio da comissura labial é frequentemente usado de forma errada, pois é
descrito como alteração no lado paralisado, quando na verdade, o desvio da comissura
ocorre no lado saudável.
N. Vestibulococlear (VIII): Possui um ramo vestibular e um ramo coclear. Testa-se o nervo para
verificar a acuidade auditiva.
➢ Teste da voz sussurrada: Testar um ouvido por vez, pedindo para o paciente ocluir um
ouvido com o tragus, fazendo movimentos circulares para bloquear o som. Se posicionar
60cm atrás ou de 15 a 60cm ao lado do paciente e sussurrar trios de palavras ou
números para o paciente repetir.
➢ Teste de esfregar os dedos: Esfregar os dedos próximo ao ouvido do paciente.
➢ Testes com diapasão:
✓ Teste de Weber: Coloca-se o diapasão no topo da cabeça e pergunta-se em qual
ouvido o paciente ouve o som mais alto. Se for surdez de condução, a pessoa
vai ouvir mais alto no ouvido surdo, porque o som vai ser conduzido só pelos
ossos, sem interferência de sons externos e o som do diapasão ficará mais claro.
No ouvido saudável, o som vai ser conduzido pelos ossos e pelo ar, mas o
paciente também irá ouvir os sons do ambiente, o que atrapalhará a distinguir
o som do diapasão com clareza. Se for surdez neurossensorial, o paciente irá
ouvir apenas no ouvido saudável, pois a cóclea do ouvido surdo não será capaz
de processar nem o som ósseo nem o som aéreo.
✓ Teste de Rinne: Coloca-se o diapasão no processo mastoide e pede-se para o
paciente avisar quando parar de ouvir. Assim que ele avisar, aproximar o
diapasão do ouvido e perguntar se ele volta a ouvir o som. Contar quanto tempo
depois ele para de ouvir novamente. O normal é a transmissão aérea (quando
aproxima do ouvido) durar o dobro do tempo da transmissão óssea (quando
posicionado no processo mastoide). Na surdez de condução, a transmissão
óssea irá durar mais do que a aérea. O paciente inclusive pode não voltar a ouvir
quando o diapasão é aproximado do ouvido. Já na surdez neurossensorial,
haverá diminuição tanto da transmissão aérea quanto da óssea.
11. Rinne
12. Weber
Surdez de condução: Ocorre por obstrução do canal auditivo externo por
cerume, corpo estranho, água ou sangue; perfuração da membrana timpânica;
doenças do ouvido médio; e doenças da nasofaringe com obstrução das trompas
de Eustáquio.
Surdez neurossensorial: Ocorre por doenças da cóclea (trauma acústico,
doença de Menière, infecções, condições congênitas e presbiacusia) ou doenças
do nervo ou núcleos cocleares (tumores, trauma, infecções, toxinas ou drogas,
presbiacusia e lesões nucleares).
Nervos Glossofaríngeo (IX) e Vago (X): São testados juntos. São responsáveis pela motricidade
do palato mole, úvula e músculos da deglutição. Pede-se para paciente abrir a boca e falar AAH.
Se um nervo estiver paralisado, o palato contralateral irá se elevar, desviando a úvula pro lado
contrário à lesão, e o palato ipsilateral irá permanecer abaixado. Tocar a faringe posterior com
um cotonete e o paciente deve sentir o toque dos dois lados. Tocar a porção posterior da língua
e observar se há reflexo de vômito. Se os nervos estiverem lesados, paciente pode apresentar
dificuldade para tossir, engolir (disfagia) e rouquidão (disfonia).
N. Acessório (XI): Responsável pela inervação do ECOM e trapézios. Examina-se a elevação dos
ombros contra resistência para testar a força dos trapézios e examina-se rotação da cabeça
contra resistência para testar a força do ECOM. Lembrar que na paresia do ECOM de um lado,
há dificuldade de virar a cabeça para o lado oposto.
N. Hipoglosso (XII): Responsável pela inervação dos músculos da língua. Observa-se a língua do
paciente em repouso dentro da boca, à procura de fasciculações ou outras alterações. Depois,
pede-se para o paciente por a língua para fora e mexer de um lado para o outro. Observar
atrofias e desvios. Quando há lesão do nervo, a língua desvia para o lado da lesão quando está
protraída e para o lado contralateral à lesão quando está dentro da boca. Também pedir para o
paciente empurrar a língua contra a bochecha e colocar a mão para sentir a força da língua.