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NEUROLÓGICO
• Uma anamnese e um exame neurológico meticulosos têm como meta a localização acurada da
disfunção neurológica e a elaboração do diagnóstico diferencial.
• Roteiro – inspeção, equilíbrio estático, marcha, tônus, coordenação, reflexos, sensibilidade e
exame dos nervos cranianos.
• Não existe uma ordem para o roteiro acima.
• Abordagem sistemática – 1° exame do estado mental e dos nervos cranianos, 2° exame do corpo
(exame motor + reflexos tendinosos profundos) e 3° exame da marcha.
3 perguntas devem ser respondidas através do exame neurológico:
• Geralmente a primeira parte do exame físico, deve-se avaliar a atitude, as fácies, a pele e o
trofismo do paciente.
Atitude – posição que o paciente fica quando está em pé e como ele chega no consultório.
• Parkinson – fácies com fisionomia fixa (sempre com o mesmo semblante), também tem pregas na
testa, sobrancelhas erguidas, face de susto e ao mesmo tempo um olhar caído (cara de sono).
• Miastênica – olhos mais abertos durante a manhã e a medida que o dia vai passando o olho vai
caindo. A forma de testar essa doença é pedir para o paciente fazer o mesmo movimento
repetidamente (depois de um tempo ele vai cansar e parar de mover).
• Down – rosto bem redondo e a boca entreaberta (dificuldade para fechar a boca).
• Acromegalia – protusão do mento do queixo, mão muito grande.
• Em máscara – possível hipotireoidismo.
Pele – alterações, como no herpes zoster.
Trofismo – grau da musculatura, avaliando seu comprometimento.
• Quando falamos de equilíbrio estático, o paciente deve estar parado. Ou seja, devemos avaliar se
o paciente senta sem apoio, se ele consegue ficar de pé sem apoio, se ele consegue ficar de pé
com os olhos abertos ou fechados.
• Vale lembrar que o equilíbrio estático é mantido pelo cerebelo, funículo posterior, sistema vestibular
e pela visão. Um comprometimento em algum desses componentes gera uma perca no equilíbrio
estático do paciente.
• Distúrbios labirínticos (comprometimento do sistema vestibular) – o paciente fecha os olhos e caí
após um pequeno tempo de latência, sempre caindo para o mesmo lado, ou seja, para o lado
comprometido.
• Ataxia sensitiva – o paciente não consegue ficar em pé quando fecha os olhos (sinal de Romberg).
• Ataxia cerebelar – paciente aumenta a base de sustentação para ficar em pé, o paciente não
consegue fechar os olhos e aproximar os pés.
• Pesquisa do sinal de Romberg – pede para o paciente ficar em posição similar ao de sentido militar
(em pé com os braços ao lado do corpo), juntar os pés e fechar os olhos. Ao fazer isso, o paciente
cai imediatamente, o lado da queda pode variar.
• Sinal de Romberg é patognomônico de comprometimento no funículo posterior, ou seja, uma ataxia
sensitiva.
• Causas da ataxia sensitiva – deficiência de vitamina B12, sífilis terciária e degeneração combinada
subaguda.
Avaliação da marcha:
• Avaliar se o paciente anda em linha reta, como é a sua base de sustentação, se ele anda na ponta
dos pés, se arrasta os pés, se tem dificuldade para retirar as pontas dos pés do chão e como o
calcanhar toca no chão.
Normal ou atípico – ritmo regular, com passadas homogêneas. Membros superiores participam da marcha
por meio do balançar alternado e oposto aos pés.
Escarvante – paciente não faz dorsiflexão do pé, caracterizado por arrastar ou tropeçar sobre a ponta do
pé. Paciente com o pé caído – presente na neuropatia do nervo fibular, Radiculopatia de L5.
Atáxica sensitiva/talonante – paciente bate com força o calcanhar no chão (talus). Ocorre devido ao
comprometimento do funículo posterior, ou seja, paciente tem comprometimento na propriocepção. As
possíveis causas são, tabes dorsalis, deficiência de vitamina B12 (principalmente em pacientes
alcóolatras).
Atáxica motora – dificuldade de coordenação, marcha ebriosa (como um bêbado), ocorre em doenças
cerebelares.
Hemiplégica/ceifante – paciente com síndrome piramidal, resulta da paresia do membro afetado. Causado
por sequelas de AVC e esclerose múltipla.
Apraxia da marcha – paciente fica em pé, mas perde a habilidade de caminhar. A causa é demência em
quadro grave.
Parkinsoniana – flexão do tronco, com passos curtos e sem balançar os braços, presença de festinação
(patinada), viram em blocos.
Exame do tônus:
• Encontrada na síndrome parkinsoniana, o membro mantém sua posição natural, mas ao ser
mobilizado sofre resistência cada vez mais intensa até ceder.
Hipertonia elástica –
• Exame das funções cerebelares e suas vias, deve-se avaliar a harmonia dos movimentos.
• Primeiro se avalia com os olhos abertos e depois com os olhos fechados.
• Com os olhos fechados também se avalia a propriocepção (sensibilidade profunda).
• Deve-se sempre comparar a simetria, olhar os dois lados do corpo.
• O objetivo é a avaliar a topografia da lesão, ou seja, o local em que está a lesão.
Teste de coordenação dos membros superiores:
Manobra dedo-nariz-dedo –
• Paciente coloca o dedo no seu nariz e depois no dedo do examinador, com os olhos abertos.
• Dedo-nariz – paciente com os olhos abertos e posteriormente fechado, coloca o dedo no nariz e
depois estica os braços para o lado.
Teste das marionetes:
• Com o paciente sentado, solicita-se que ele coloque suas mãos espalmadas sobre as coxas e
então que realize, de cada lado independente, e com aumento gradual da velocidade, movimentos
alternados de pronação e supinação (bata com a mão aberta na perna, com a palma e com o
dorso, repetidas vezes).
• Normal – eudiadococinesia ou eumetria.
• Anormal –
• Disdiadococinesia – incapacidade de realizar movimentos alternados de promoção e supinação.
• Dismetria – paciente erra o alvo.
• Paciente em decúbito dorsal, deve-se solicitar que ele encoste o calcanhar direito sobre o joelho
esquerdo (ou ao contrário) e, em sequência deslizar o calcanhar sobre a crista da tíbia.
• Realizar em 2 etapas – com os olhos abertos e com os olhos fechados, assim se consegue
determinar se o paciente tem ataxia cerebelar ou sensitiva.
• Na ataxia sensitiva, ao fechar os olhos, ocorre aumento dos erros.
• Avalia-se colocando o dedo, dedão ou os dois dedos sobre o tendão do bíceps do paciente.
• Após colocar o dedo no tendão, bate com o martelo sobre o dedo do examinador.
• Bate com o martelo diretamente sobre o tendão do tríceps, o paciente tem que estar em repouso,
ou seja, sem estar com a musculatura contraída.
• Espera-se uma extensão do antebraço.
• Deve-se feito uma dorsiflexão passiva, batendo com o martelo sobre o tendão diretamente.
• Contrações rítmicas e rápidas, em resposta a distorção forçada e mantida dos músculos quando
existe hiperreflexia profunda.
• O examinador flexiona ligeiramente o joelho do paciente e dorsiflexiona abruptamente o tornozelo.
• Quando positivo, uma forte rigidez denteada aparece, ou seja, o paciente fica batendo o pé,
representa síndromes piramidais.
Cutâneo plantar:
Hoffman:
• Também indica lesões piramidais, pega a falange distal do terceiro dedo da mão e faz um peteleco.
• Sinal de Hoffman – está presente se uma pancada leve na unha do 3°dedo excita uma flexão
involuntária da falange distal dos dedos médio e anelar.
Patologias:
• Esclerose lateral amiotrófica – pode causar aumento dos reflexos, com presença dos reflexos
patológicos.
• Polineuropatia (comprometimento dos nervos periféricos) – reflexo fisiológico abolido e sem reflexo
patológico.
Avaliação dos nervos cranianos:
Nervo olfatório (1° NC):
• Rotineiramente não pesquisado, deve-se solicitar que o paciente cheire o conteúdo de alguns
frascos, com os olhos fechados e tampando uma das narinas.
• Anosmia – perda do olfato (rinite, RCE, sífilis, tumores).
• Parosmia – perversão do olfato, distorção dos cheiros, mudança na percepção normal dos odores.
• Crise uncinada – crise epiléptica que inicia no uncus do hipocampo.
Nervo óptico (2° NC):
• Sempre comparar o labo bom com o lado afetado, começando pelo lado bom.
• A orelha é sensibilizada por C2.
• Avaliação da sensibilidade – tátil, térmica, dolorosa e vibratória.
• Sempre colocar o tipo de sensibilidade que você está avaliando, o ramo e o lado.
• Se o paciente alegar alguma alteração (como parestesia), começar o exame pelo outro lado.
• Fazer o paciente graduar a alteração de 0-10.
• Parte motora – realiza a contração do masseter (avalia pedindo para o paciente serrar os dentes).
• Apresenta inervação hemisférica bilateral, um lado pode estar afetado e o outro não.
• Avaliar os músculos da mastigação – palpar o masseter, abrir e fechar a boca e serrar os dentes.
• OBS – a mandíbula é inervada pelos ramos de C2 e C3.
• Lesões supranucleares (como na esclerose lateral amiotrófica) cursam com um reflexo mandibular
exagerado.
• Lesões em neurônio motor inferior (NMI) podem causar atrofia e fasciculações (como se o músculo
ficasse pulando) e reflexo mandibular diminuído.
• Fraqueza unilateral do trigêmeo causa desvio maxilar para o lado fraco, mediante abertura da
boca.
Exame dos reflexos do 5° NC:
• Dor do tipo queimação em trajetos de lesões cutâneas, importante saber diferenciar da neuralgia
trigeminal.
• Lesões em nervos periféricos e não central.
• Desvia para o lado da lesão, devido a fraqueza no músculo pterigoide.
Neuralgia do trigêmeo –
• Avaliação do ramo coclear – pedir para o paciente fechar os olhos e, comparar se consegue ouvir
da mesma forma dos dois lados (com diapasão ou esfregando os dedos). Pode ser feito à beira do
leito.
• Ramo coclear – exame de acuidade auditiva, não é feito com muita frequência, pela existência da
audiometria (mais sensível e específica).
Hipoacusia e acusia –
Prova de Weber:
• O diapasão é colocado no centro da testa e pergunta-se ao paciente se ele escuta o som por toda
a cabeça – em ambos os ouvidos ou se predomina em um dos lados.
• Surdez neurossensorial – o som será ouvido pelo lado normal.
• Surdez de condução – o som será conduzido para o lado afetado.
Avaliação do ramo vestibular:
• O exame neurológico é comparativo, compara-se a força de grupos musculares e/ou músculos com
seus equivalentes.
• Utiliza-se a graduação da força muscular.
Termos importantes:
• Lesão dos núcleos motores do corno anterior da medula ou dos núcleos dos nervos cranianos.
• Exame principal – neuropatias.
• Sintomas – arreflexia, paralisia flácida, paresia, atrofia/hipotonia, fasciculações e hipotonia.
OBS- a esclerose lateral amiotrófica (ELA) pode apresentar sintomas tanto de SNMS quanto SNMI.