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SEMIOLOGIA DA MARCHA E COORDENAÇÃO - Teste da passada de Fukuda à Ao marcar passos (50 passos)

em um ponto com os olhos fechados e braços estendidos, o


SEMIOLOGIA DA MARCHA paciente tende a girar para o lado acometido.
A marcha humana é um evento complexo proporcionado Teste positivo: quando o paciente gira mais que 45 graus,
pela integração do cérebro e músculos, que são modulados além de adiantar-se por mais de 1 metro.
por centros geradores de padrões (cerebelo e núcleos da
base), determinando um ciclo de marcha que envolve os Marcha Talonante
eventos transcorridos entre o momento que o calcanhar - Déficit proprioceptivo, determinando perda da consciência
toca o solo e o momento em que o mesmo calcanhar toca o posicional dos membros, deixando o paciente totalmente
solo novamente. Ao caminhar, ao menos um dos pés está em dependente do sistema visual para coordenação e marcha à
contato com chão o tempo todo e há dois períodos de duplo Doenças que afetam as fibras grossas
apoio dos membros. Quando não há mais um momento em - Base alargada, com piora acentuada no escuro ou com os
que ambos os pés estão em contato com o solo, caminhar olhos fechados. Os passos são altos, com arremesso do pé
torna-se correr. para diante, que bate com força no solo.

Exame da Marcha Marcha Anserina ou Miopática


Primeira impressão que o médico tem do paciente à - Oscilação exagerada do quadril, base ampla e rotação
Diagnóstico de diversas moléstias neurológicas acentuada da pelve.
Circunstâncias normais, os maléolos mediais passam a Hiperlordose por fraqueza dos flexores do quadril e ombros
menos de 5 cm um do outro, e uma das primeiras posteriorizados - marcha da gestante.
modificações para aumentar a estabilidade é afastá-los
Caminhada tranquila e de modo mais natural: avaliar a - Sinal de Trendelenburg: fraqueza importante dos
simetria das passadas, velocidade, agilidade, balanço, abdutores do quadril, como o glúteo médio, ocorre queda
movimento dos braços e viradas anormal da pelve do lado do membro em oscilação.
Caminhada mais rápida, na ponta dos pés, com os Dificuldade de subir escadas e, quando conseguem, apoiam-
calcanhares e com um pé na frente do outro se em demasia no corrimão
Durante o ciclo da marcha, a parte anterior do pé de cada
lado deve sair do chão aproximadamente com o mesmo grau Marcha Helicópode
de inclinação. - Postura de Wernicke-Mann com flexão e pronação do
Balanço excessivo do quadril pode corresponder à fraqueza membro superior e extensão e inversão do membro inferior.
proximal dos membros inferiores verificada nas miopatias, - Ao caminhar, o indivíduo arrasta a parte anterior e lateral
por exemplo. do pé descrevendo um arco no solo (helicópode), e o calçado
Redução do comprimento dos passos pode ser um indício de fica gasto nesta região.
doença bifrontal ou parkinsonismo, que pode cursar com Casos de hemiparesia por lesões do primeiro neurônio
diminuição do balanço dos membros superiores. motor – AVE

Tipos de Marchas
Existem vários tipos de marchas patológicas

Marcha Ebriosa (Atáxica Cerebelar)


- Disfunção dos centros cerebelares responsáveis pela
coordenação dos movimentos, com passadas erráticas,
instáveis, com comprimentos variáveis, base ampla, um
caminhar cambaleante, oscilando para qualquer um dos
lados, para frente ou para trás.
- A base está alargada (separada mais que 5 cm), e os braços
se distanciam do corpo a fim de melhorar o equilíbrio. Marcha em Tesoura (Paraparética)
- Presente tanto com os olhos abertos, quanto com os olhos - Paraparesia espástica adquirida ou genética, síndrome de
fechados, (piora ligeira ao fechar os olhos). Little
- Espasticidade importante dos adutores das coxas,
Marcha Vestibular provocando adução exagerada dos membros inferiores, de
- Marcha em estrela (prova de Babinski-Weil) ou desvio em modo que os joelhos podem-se cruzar a cada passo
compasso. - O paciente caminha arrastando os pés no solo, com base
- Ao solicitar que o paciente, de olhos fechados, ande 5 estreita e passos curtos (como se tivessem grudados no
passos para frente e 5 passos para trás, verifica-se desvio chão).
ipsilateral à lesão ao caminhar para frente, e contralateral ao - Pode apresentar inversão exagerada dos pés e
caminhar para trás, “desenhando” uma estrela no solo. encurtamento do tendão aquileu à pés equinos com marcha
- Ao tentar realizar um círculo caminhando em torno de uma na ponta dos pés, principalmente crianças (marcha
cadeira, ora no sentido horário, ora no anti-horário, o digitigrada).
paciente tenderá a cair em direção à cadeira, se ela estiver
do lado da lesão ou descrever uma espiral, afastando-se da
mesma, se a lesão for do lado oposto (sinal do compasso).
Marcha escarvante - Nas distonias, pode-se verificar torcicolo, inversão de pé ou
- Fraqueza dos dorsiflexores do pé e dos artelhos à pé caído, apenas extensão do hálux, a depender da severidade dos
proporcionado geralmente por radiculopatia L5 ou lesão do sintomas.
nervo fibular profundo.
- Ao caminhar, os pacientes levantam acentuadamente a Marcha Cautelosa (SENIL)
coxa e estendem a perna, arremessando o pé para frente, a - Pacientes com idade avançada
fim de que os artelhos não arrastem no solo. Ao pisar, ocorre - Assemelha-se a alguém que esteja andando sobre uma
um som característico pela batida inicial dos artelhos e superfície escorregadia: passos curtos, base alargada e
depois do calcanhar no solo. velocidade lentificada.
- Alguns pacientes com miopatias distais ou miopatias de
longa data apresentam retração de tendão aquileu, o que SEMIOLOGIA DA COORDENAÇÃO
gera flexão plantar mantida dos pés. CEREBELO
Organizado em diferentes regiões anatômicas com funções
Marcha Parkinsoniana específicas:
- Postura encurvada, com a cabeça e pescoço anteriorizados - Vérmis inferior e lobos floculonodulares: equilíbrio e
e os joelhos flexionados. Os membros superiores movimentos oculares;
apresentam leve flexão nos cotovelos e redução da - Hemisférios cerebelares: coordenam músculos
oscilação. apendiculares distais;
- O paciente caminha com passos curtos (petit pas) - Aprendizagem motora;
lentamente e com os pés arrastando. A virada oferece - Refinamento do movimento
grande dificuldade de execução, e o paciente vira o corpo
“em bloco” EQUILIBRIO
- Olhar fixo, com impressão de olhar o vazio (olhar - Produto da modulação da atividade dos músculos axiais, da
reptiliano), com hipomimia e retração palpebral leve qual participam outras regiões do vérmis.
- Hesitação inicial à dificuldade de dar o primeiro passo Dependente de:
(patinação sem sair do lugar) - Propriocepção  noção de posição segmentar;
- Festinação à aceleração da marcha, com passos curtos e - Visão;
tendência a inclinar-se para frente - Função vestibular.
- Fenômeno de freezing, com interrupção súbita da marcha
e incapacidades temporária e involuntária de movimento. SINAIS E SINTOMAS DE DISFUNÇÃO CEREBELAR
Dificuldade de equilíbrio
Manter-se em pé ou caminhar
Alterações de fala
Perda de destreza manual
Tremor

Marcha Dispráxica
- Perda da capacidade de caminhar corretamente na
ausência de um distúrbio sensorial, fraqueza ou
incoordenação à dificuldade em iniciar a sequência
automática dos movimentos próprios do andar
- Hidrocefalia de pressão normal (síndrome de Hakim
Adams) e das afecções que envolvem o lobo frontal, como
tumores frontais e doença de Pick
- O paciente caminha como se os pés estivessem colados ao ATAXIA
chão (marcha magnética), com grande dificuldade de tirá-los - Desorganização dos movimentos, com incoordenação,
do solo, base estreita e tendência à queda. tremor e comprometimento das tarefas rápidas e
- Membros rígidos e com mobilidade reduzida em resposta alternadas;
ao contato (Paratonia – fenômeno de Gengenhalten) ○ Sinal clínico frequente, mas não exclusivo das afecções
cerebelares;
○ Engloba uma série de manifestações.
Marcha Hipercinética
- Doença de Huntington e na coreia de Sydenham
- Marcha grotesca e dançante, com movimentos em excesso, ATAXIA CEREBELAR
sem pausa entre eles, envolvendo todos os segmentos. - Decomposição do movimento
○ A integração dos componentes individuais de um
movimento é prejudicada, e o ato motor é decomposto,
tornando-se lento, com pequenas pausas, errático e ○ Fenômeno de rebote: direção do nistagmo acompanha
desajeitado. inicialmente a direção do olhar, mas inverte-se quando os
○ Quanto mais complexo o movimento, e quanto mais olhos retornam à posição primária.
precisão for necessária, mais fica evidente a decomposição. ○ Nistagmo vertical: fase rápida aponta para baixo

- DISMETRIA - ANORMALIDADES DA MARCHA


○ Perda da capacidade de controlar a velocidade, força e - Doença cerebelar que afeta o vérmis  perda da
direção do movimento, de acordo com determinada modulação da atividade dos músculos axiais;
distância para um alvo visual. - Marcha com base alargada, remete ao caminhar de um
○ Paciente tem dificuldade de alcançar um alvo e pode bêbado;
ultrapassá-lo (hipermetria) ou não atingí-lo (hipometria). - Hipotonia e dismetria contribuem para as alterações das
○ Quanto menor o alvo e quanto mais distante este se fases de balanço e de apoio;
encontra do paciente, mais evidente será a dismetria. - Marcha em Tandem (um pé na frente do outro seguindo
○ De forma análoga, quando os movimentos são realizados uma linha no solo)  impossível ou quase impossível de
com maior velocidade, a frequência dos erros aumenta. fazer – Alargamentos súbitos, tendência a queda ou desvio
da trajetória para o lado da lesão (em lesões hemisféricas).
- TREMOR
○ Tremor de ação: tipo mais comum; não se manifesta no EXAMES DA FUNÇÃO CEREBELAR
repouso, mas se torna evidente durante movimentos Avaliação clínica da função cerebelar
voluntários. ○ Dismetria;
São movimentos intrusivos, irregulares e de caráter ○ Decomposição do movimento;
espasmódicos  perpendiculares à trajetória do membro ○ Disdiadococinesia.
que executa a ação e tem frequência inferior a 5Hz. Fala, movimentação ocular, tônus e marcha  avaliadas em
A amplitude aumenta à medida que a extremidade do outras etapas do exame neurológico.
paciente se aproxima do alvo  tremor de intenção
○ Também pode ter um caráter postural  presente quando Prova índex-nariz
um membro é mantido em extensão contra a gravidade ○ É solicitado ao paciente que estenda o membro superior
○ Amplo espectro de gravidade completamente e depois toque a ponta do nariz com a ponta
do dedo indicador  lenta e depois rapidamente, com olhos
- HIPOTONIA abertos e depois fechados.
○ Diminuição dos estímulos cerebelares dirigidos ao córtex ○ Para concluir, o indicador do paciente deve tocar seu nariz,
motor, dedicados à facilitação motora e à manutenção do depois o dedo indicador do médico e retornar à posição
tônus muscular  flacidez muscular, com redução da inicial repetidamente.
resistência ao movimento passivo ou hipotonia. Mantenha o membro estendido  amplifica anormalidades
○ Reflexos tendinosos profundos estão normais ou da coordenação
diminuídos nas doenças cerebelares. O examinador pode mudar a posição do alvo para
sensibilizar o teste.
- DISARTRIA
○ Decomposição dos movimentos dos músculos envolvidos ○ Pode ocorrer paradas e acelerações, desintegração do
na fala; movimento, tremor de ação.
○ Fala pode ser lenta, arrastada, pastosa, espasmódica ou
até mesmo explosiva (fenômeno em staccato)
○ Pronúncia com força e velocidade variáveis, flutuações na
amplitude e tonalidade do som, pausas que separam sílabas
e palavras feitas de forma errada  fala escandida.

- DISDIADOCOCINESIA
○ Diadococinesia: capacidade de realizar movimentos
rápidos e alternados
○ Requer contração muscular na sequência agonista-
antagonista-agonista
A tarefa é executada com erros de ritmo, alvo e Prova índex-índex
movimentação de articulações secundárias ao movimento ○ O paciente abduz os braços e os mantém bem afastados,
programado. antes de trazer a ponta dos seus dedos indicadores em
direção à linha média e tentar tocá-los.
- DISTÚRBIOS DE MOVIMENTAÇÃO OCULAR ○ Realizar de forma lenta e depois rápida, com olhos abertos
○ A dismetria também afeta os movimentos oculares e se e fechados
manifesta durante as sacadas. ○ Na doença cerebelar unilateral, o dedo do lado normal
○ Movimentos de perseguição lenta (acompanhar um objeto pode ter que cruzar a linha média para alcançar o dedo do
que se desloca vagarosamente pelo campo visual) estão lado afetado.
frequentemente comprometidos em doença cerebelar ○ Além disso, o dedo do lado doente pode acabar situando-
○ Nistagmo: grosseiro, lento e amplo ao olhar em direção ao se acima ou abaixo do dedo do lado normal, como resultado
lado atáxico e fino e rápido para o lado oposto. da dismetria.
Prova calcanhar-joelho Prova da parada de braços
○ Solicita-se ao paciente que toque o joelho com o calcanhar, ○ Nesta prova, o examinador mantém seus braços em
deslize o por cima da crista tibial até o hálux e, então, traga- extensão e solicita ao paciente que tente manter as pontas
o de volta em direção ao joelho. de seus dedos no mesmo nível daqueles que o está
○ Os achados são análogos aos das provas do membro avaliando. Em seguida, o examinador move seus braços para
superior. O paciente pode não acertar o joelho e tem cima e para baixo, interrompendo bruscamente o
dificuldade de manter o calcanhar sobre a crista tibial, movimento em várias posições.
apresentando desvios. ○ Disfunção cerebelar presente  as mãos do paciente
continuam a mover-se depois que as do examinador
Prova artelho dedo pararam. O paciente faz um movimento corretivo em
○ O paciente deve tocar o dedo do examinador com o hálux. direção contrária, trazendo as pontas dos dedos para o nível
○ O joelho é mantido dobrado nessa manobra. das do médico.
Os achados são similares aos da prova índex-nariz. ○ Lesão no hemisfério cerebelar  a mão do mesmo lado
ultrapassa o alvo, enquanto a mão do lado sadio consegue
Movimentos rápidos e alternados manter-se no mesmo nível da do examinador.
○ Movimentos opostos rapidamente sucessivos são úteis ○ Assimetria
para flagrar a disdiadococinesia
○ Uma manobra comum é solicitar que o paciente bata a Teste da ultrapassagem do alvo
palma e o dorso das mãos sobre as coxas. A posição de teste ○ Examinador e o paciente um em frente do outro, com os
frequentemente é sentada, e os dois membros superiores braços estendidos e os dedos indicadores apontados um
são avaliados simultaneamente, à procura de assimetria. para o outro sem encostar.
○ O paciente deve ser incentivado a realizar os movimentos ○ O paciente deve elevar os membros estendidos acima da
com a maior velocidade possível, com os olhos abertos e cabeça, com a ponta do indicador apontando para o teto da
depois fechados. sala e tentar trazê-los de volta à posição horizontal, ao nível
○ Deve ser observado o ritmo, a frequência, a precisão e a dos dedos do médico.
regularidade do movimento. ○ Disfunção cerebelar: o indicador do paciente se desvia
○ Disfunção cerebelar: ritmo é perdido e a frequência torna- lateralmente, ultrapassando o alvo. O desvio ocorre em
se variável, ocorrem pausas, movimentos são erráticos e direção ao lado da lesão cerebelar, e sua amplitude aumenta
irregulares, pode ser notada fatigabilidade (início normal com a repetição rápida do teste.
com posterior incoordenação) ○ Dano cerebelar for leve  desvio só ocorrerá com os olhos
○ Envolver os dois lados do corpo na tarefa parece tornar fechados
mais evidentes os sinais de ataxia do lado afetado (ou mais ○ As anormalidades estão mais evidentes com os olhos
afetado). fechados.

Provas de parada e fenômeno de rebote - Lesões vestibulares: Os dois braços desviam-se para o lado
Teste de rebote de Stewart-Holmes acometido.
■ solicitar ao paciente que mantenha seu braço abduzido, e - Disfunção cerebelar: Apenas o braço ipsilateral à lesão
o antebraço em flexão e supinação, com o punho cerrado. apresenta desvio
■ O examinador traciona o antebraço do paciente como que - Condições que afetam a propriocepção: O desvio do alvo
tentando trazê-lo para a posição de extensão e subitamente tem direção variável e se manifesta, em geral, somente com
remove toda a resistência aplicada. os olhos fechados.
■ Normal  contração vigorosa dos extensores evita que o
punho atinja o ombro ou a boca do paciente. Prova dos braços estendidos (Mingazini)
■ Doença cerebelar  diminuição ou ausência do fenômeno ○ Nesta prova, o paciente é solicitado a fechar os olhos e
do rebote e não há freio para o movimento do antebraço. tentar manter os membros superiores estendidos na
○ Fenômeno de rebote MMII  extensão ou flexão do horizontal, com os antebraços em supinação.
quadril, joelho ou tornozelo ○ Tradicionalmente é empregada para flagrar fraqueza
○ Assimetria muscular discreta, resultante de uma disfunção do neurônio
motor superior.
○ O teste é dito positivo quando ocorre um desvio para baixo
da extremidade parética, acompanhado de pronação (sinal
de Barré).
○ Doença cerebelar restrita a um dos hemisférios  o
membro ipsilateral à lesão desvia-se para fora, às vezes para
cima, e raramente para baixo.
Escrita
O paciente atáxico geralmente apresenta hipermetria,
traduzida por macrografia (letras grandes e assimétricas)

OUTRAS MANIFESTAÇÕES DE DOENÇA CEREBELAR


Síndrome astenocerebelar  síndrome cognitiva e afetiva,
caracterizada por disfunção executiva, prejuízo da
orientação e memória visuoespacial, alterações de
personalidade e da linguagem, foi atribuída a lesões do
Manutenção de posição nos membros inferiores cerebelo.
○ Paciente, na posição deitada, eleva, gradualmente e de
forma alternada, as extremidades inferiores. SÍNDROMES CEREBELARES
○ Pode haver oscilação, abdução, adução, rotação ou As manifestações de uma doença cerebelar variam de
espasmos durante o movimento, bem como desvio lateral acordo com a localização das lesões.
do membro que se encontra do mesmo lado de uma lesão Duas síndromes principais existem: a síndrome hemisférica
cerebelar. e a síndrome do vérmis.
○ Na posição sentada, a extensão da perna leva a um desvio Os sinais e sintomas de cada uma dessas síndromes podem
para fora e em direção ipsilesional. estar presentes de forma isolada ou combinada, em graus
○ Manter os olhos do paciente fechados sensibiliza as variáveis, a depender da morfologia da lesão cerebelar.
manobras
SÍNDROME DO VÉRMIS OU DA LINHA MÉDIA
Marcha Vérmis cerebelar - controla a musculatura axial ou com
○ Disfunção de um dos hemisférios  marcha com inervação bilateral.
tendência de desvio e queda para o lado doente. Caracterizadas por ataxia da marcha, sem lateralidade nos
○ Lesão no vérmis cerebelar  os pacientes têm arranques desvios e tendência à queda.
explosivos, cambaleiam, e o desvio lateral não tem direção Quadro grave  pode haver dificuldade de manter-se ereto,
preferencial. Essas características remetem à marcha vista e a cabeça e o tronco oscilam para qualquer direção.
na intoxicação alcoólica aguda. Titubeação  movimentos anteroposteriores da cabeça e
do tronco, tipicamente observados na posição sentada e
Dissinergia tronco-membros ou prova de Babinski com frequência de 3 a 4 Hz.
○ Evidencia ataxia axial Disartria é vista frequentemente.
○ Paciente em decúbito dorsal horizontal com os braços Pode ocorrer nistagmo (incomum que seja grave).
cruzados sobre o tórax; - Dismetria e anormalidades nos movimentos de
○ Solicita-se que assuma a posição sentada sem o auxílio das perseguição lenta.
mãos. - Não costuma ter direção preferencial - se acompanha de
○ Pacientes normais  conseguem prontamente sentar. fenômeno de rebote.
○ Pacientes com lesões cerebelares, principalmente - Pode ocorrer nistagmo com batidas ascendentes
vermianas  apresentam dificuldade e incapacidade de (“upbeat”).
assumir tal posição, evidenciada pela elevação dos membros Pouca ou nenhuma anormalidade envolvendo os membros.
inferiores. Degeneração cerebelar alcoólica  exemplo representativo
- Ataxia da marcha na ausência de outros sinais de disfunção
cerebelar.
- Abasia e astasia podem ocorrer a depender da gravidade.

SÍNDROMES HEMISFÉRICAS
Manifestações apendiculares e unilaterais;
A lesão é ipsilateral aos sinais de ataxia, que são mais
marcados quanto mais distal a musculatura e quanto mais
fino o movimento realizado.
Dismetria, decomposição, disdiadococinesia e tremor
ocorrem do lado da lesão.
A postura e marcha são relativamente poupadas em
comparação à síndrome do vérmis, mas não são normais.
Pode ocorrer tendência à queda ou desvio da marcha para o
lado da lesão.
Nistagmo pode ser encontrado
- Geralmente horizontal, e sua intensidade aumenta, quando Vestibulopatas e pacientes com lesões cerebelares
o olhar é dirigido para o lado da lesão. unilaterais tendem a cair sempre para o lado acometido ao
Disartria é muito menos comum que na síndrome do vérmis. serem colocados na postura de teste.
Causas comuns de síndrome Ao girarmos a cabeça do paciente para um dos lados, de
- Acidente vascular cerebral modo que a orelha ou o cerebelo lesado fique anteriorizado,
- Esclerose múltipla a tendência à queda se dá para frente.
- Gliomas dos hemisférios cerebelares.
ATAXIA DO LOBO FRONTAL
SÍNDROMES PANCEREBELAR Quadro clínico compatível com a síndrome cerebelar
Combinação dos achados da síndrome vermiana e da hemisférica
síndrome hemisférica. Nesses casos, entretanto, a lesão é contralateral ao lado
Os sinais de ataxia apendicular são bilaterais e relativamente afetado e se associam hiperreflexia, espasticidade e reflexos
simétricos e se associam à disartria, ataxia da marcha e patológicos,
anormalidades da movimentação ocular. - Doenças cerebelares  hipotonia e hiporreflexia
A síndrome pancerebelar pode resultar de doenças ipsilaterais
genéticas, a exemplo das ataxias espinocerebelares, de Interrupção de fibras frontopontocerebelares em seu
intoxicações exógenas ou de fenômenos autoimunes caminho do córtex frontal aos núcleos pontinos.
paraneoplásicos Sinais de liberação frontal podem ser vistos, como reflexo
palmomentoniano, grasping, alterações comportamentais e
reflexos axiais de face exaltados.

ATAXIA TALÂMICA
Lesões vasculares ou expansivas do tálamo podem cursar
com ataxia contralateral à lesão.
É frequente a associação à paresia, alterações da
sensibilidade e síndrome dolorosa (síndrome de Dejerine-
Roussy) também contralaterais à lesão.

OUTRAS FORMAS DE ATAXIA


Achados clínicos nos diferentes tipos de ataxia

ATAXIA SENSITIVA
A lesão responsável pode estar localizada em qualquer nível:
nervos periféricos (fibras grossas), raízes, funículo posterior
medular, núcleos do tronco cerebral, substância branca
cerebral ou córtex parietal.
As manifestações clínicas podem ser muito similares àquelas
vistas na doença cerebelar.
- Ataxia sensitiva  achados do exame se tornam muito mais
evidentes, quando o paciente fecha os olhos, o que tem
muito menos impacto na ataxia cerebelar.
História típica são as quedas recorrentes ao caminhar
durante a noite na ausência de luz.
Teste de Romberg positivo  diferença entre equilíbrio em
pé com os olhos abertos e fechados.

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