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Fisioterapia na Esclerose Múltipla,

Esclerose Lateral Amiotrófica


(ELA) e Síndrome de Guillain-
Barré
Profa. Luana Borba
Metodologia ativa
1. A turma é dividida em três grupos. Cada grupo deverá receber um
caso clinico diferente, mas com questionamentos semelhantes.
2. Cada grupo terá 20 minutos para buscar a resolução dos
questionamentos;
3. Cada representante do grupo apresentará oralmente as resposta
encontradas para os questionamento.
4. Os grupos devem discutir as sugestões coletadas e tomar decisões
sobre o que irão acolher ou não.
5. Ao final, o docente promove um debate a partir das apresentações
dos produtos finais de cada grupo.
Esclerose Múltipla
Doença inflamatória crônica, desmielinizante, degenerativa (destruição dos
oligodendrócitos com preservação dos corpos de neurônios e axônios);

Perda da bainha de mielina  comprometimento da condução e propagação


dos impulsos nervosos

Afeta o SNC, mais precisamente a substância branca, podendo ocorrer


múltiplas lesões espalhadas ou envolver grandes áreas do encéfalo e/ou da
medula espinhal.
Esclerose Múltipla

Umas das principais causas de incapacidade neurológica em adultos jovens


(3x mais comum em mulheres)

Idiopática (fatores genéticos? Mecanismos auto-imunes?infecções virais?)

Distribuição geográfica, dados migratório e estudos epidêmicos  sugerem


uma origem infecciosa
Esclerose Múltipla
Tipos da Esclerose Múltipla
Remitente recorrente
Progressiva secundária Progressiva primária
ou Surto remissão
Evolui em surtos,
Evolução da forma surto
remissões ou
remissão, os surtos Evolui sem surtos mas
exacerbações, que
continuam mas a com sintomas progressivos
ocorrem de maneira
recuperação é incompleta, e incapacidade que se
súbita com posterior
evoluindo com sintomas agrava continuamente
recuperação total ou
progressivos
parcial.
Esclerose Múltipla
Manifestações Clínicas

São determinadas pela localização e extensão dos


focos desmielinizantes;

Apresentação inicial geralmente é variável e atípica;

Na fase da doença já estabelecida os sinais e


sintomas são comuns.
Esclerose Múltipla
Manifestações Clínicas
Fadiga: mais frequente e incapacitantes sintoma; piora com o calor, estresse e atividade; atinge cerca
de 75-90% dos indivíduos com EM.
Fraqueza muscular
Espasticidade
Ataxia, Dismetria, Tremor e Incoordenação
Alterações Sensitivas
Alterações visuais
Alterações Urinárias, Intestinais e Sexuais
Alterações Cognitivas e Comportamentais

Prognóstico
Variado (evolução em 25 anos)
Esclerose Múltipla
Tratamento medicamentoso
Corticosteroides;
B-interferon – reduzir surto e estabilizar a doença
Imunossupressores;
Relaxantes musculares (Baclofen e Dantrolen);
Analgésicos;
Fisioterapia na Esclerose Múltipla
Pontos importantes da Avaliação do Paciente

Fadiga (padrão diário, impacto funcional, horas do dia);


AVDs (rotinas e prioridades);
Auto-análise do paciente (percepção de suas capacidades e limitações;
capacidade de enfrentar a situação; vontade de mudar; prioridades
pessoais e expectativas da fisioterapia)
Fisioterapia na Esclerose Múltipla
Objetivos da Fisioterapia
Manutenção das capacidades funcionais pelo maior tempo possível;
Modulação do tônus muscular
Melhorar o controle motor e a coordenação motora
Melhorar o equilíbrio e o padrão de marcha
Melhorar a estabilidade postural
Fortalecimento muscular (leve) – cuidado! Não fadigar o paciente!
Melhorar as funções em AVD’s
Prevenir as contraturas e deformidades
Prevenir complicações respiratórias
Corrigir a hiperlordose lombar, inclinação pélvica anterior, flexão dos quadris,
hiperextensão do joelho, peso sobre calcanhares e dedos dos pés em garra.
Fisioterapia na Esclerose Múltipla
Melhorar o controle motor e a coordenação
Atividades de coordenação geral progredindo de controle motor grosseiro para fino.
Exercícios de coordenação
Exercícios de Frenkel: recuperação da coordenação na disfunção proprioceptiva ou
cerebelar  órgãos sensoriais + repetição das funções perdidas + retreinamento dos
padrões funcionais  concentração, controle visual e auditivo
1. Etapa 1: DD, FLEX/EXT quadril e joelho de cada membro, com o pé apoiado na cama; ABD/AD
quadril com pé apoiado, joelho fletido e estendido; calcanhar desliza membro oposto; calcanhar de
um membro toca o joelho oposto.
2. Etapa 2: semideitado, flexão e extensão de quadril e joelho simultaneamente; flexão de uma perna
durante a extensão da outra; posição sentada, EXT/FLEX joelho de cada membro; ABD/AD quadril;
alternar pés em um alvo específico.
3. Etapa 3: levantar e sentar 20 vezes, ficar de pé e colocaram o pé sobre um alvo específico, andar para
frente e na lateral por 6 metros, em uma superfície lisa, com alvos e obstáculos para controle da
colocação do pé, comprimento da passada e largura da base
Fisioterapia na Esclerose Múltipla
Melhorar o controle motor e a coordenação
Exercícios de Frenkel

https://www.youtube.com/watch?v=gzI0v6kXHrY&t=7s
Fisioterapia na Esclerose Múltipla
Melhorar o equilíbrio e o padrão de marcha
Exercícios de equilíbrio estático sentado e em pé e dinamico
Treino de marcha: andar em linha reta, deslocamento lateral, mudança de direção.
Uso de dispositivos auxiliares (bengalas, muletas, andadores).
Órteses tornozelo-pé (AFO): usadas para estabilizar o tornozelo e compensar o pé
eqüino - pode melhorar padrão de marcha
Fisioterapia na Esclerose Múltipla
Modulação de tônus
Atividades do tronco como rolar e rotações do tronco superior e inferior, evoluindo
para posições mais complexas como sentada, quadrúpede até ficar de pé.
Combinar a rotação com padrões de membros: padrões espirais ou diagonais do
membro que incorporem a rotação.
Transferência de peso.
Inibição de padrões anormais e facilitação do movimento ativo (pontos-chave).

Prevenir as contraturas e deformidades


Alongamentos em rotadores do tronco, flexores laterais do tronco, quadril, adutores
do quadril, flexores do joelho, flexores plantares do tornozelo e inversores do pé)
Pode-se usar splints para mão e punho.
Esclerose Lateral
Amiotrófica (ELA)
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)
Doença neurodegenerativa progressiva que acomete neurônios motores superiores ou
1º neuronio (área motora do cérebro) e inferiores ou 2º neurônio (tronco encefálico e
porção anterior medula espinhal);

O sistema motor é tipicamente o primeiro e o mais drasticamente afetado;

A causa não é totalmente esclarecida.


Presença de algum fator genético?
Sua expressão clínica estaria relacionada com a exposição a algum fator que funcionaria
como gatilho: processo inflamatório e exposição a agentes tóxicos.

Mais comum em homens (1,5:1; 2:1)


Manifestações clínicas da ELA
Disfunção do Neurônio Motor Disfunção do Neurônio Motor Disfunção dos Neurônios
Superior Inferior Motores do Tronco Cerebral

Fraqueza Fraqueza
Disfagia
Fasciculações
Espasticidade
Atrofia
Hiperreflexia
Cãibras
Disartria
reflexos anormais (ex.,
Babinski) Hipo/arreflexia

Não há alterações:
• Funções corticais superiores = memória, inteligência, juízo, órgãos dos sentidos;
• Funções autônomas
• Função sexual;
• Músculos oculares
Prognóstico da ELA
A progressão da doença é rápida

Óbitos  comprometimento do sistema respiratório  em 2 a 5 anos

Stephen Hawking
Filme: “A teoria de tudo”

Conta a vida do físico Stephen Hawking, ele descobriu a doença aos 21 anos
de idade, e viveu até os 76 anos, desafiando o prognóstico da medicina para
ELA.
Fases da ELA
Fase I = Independente

Estágio I = Fraqueza muscular discreta

Estágio II = Fraqueza muscular mais evidente que afeta determinados


grupos musculares, início das diculdades nas AVDs.

Estágio III =
Fraqueza mais eletiva nas regiões distais dos membros.
Alterações respiratórias com maior esforço e fadiga .
Fases da ELA
Fase II = Parcialmente Independente

Estágio IV = Ainda é capaz de realizar AVDs,


mas se cansa rapidamente. Uso de cadeiras de
rodas; já apresenta espasticidade.

Estágio V = Agravamento no desempenho


funcional; fraqueza significativa de MMII e
fraqueza moderada em MMSS; risco de lesões
de pele.
Fases da ELA
Fase III = Dependente

Estágio VI
Paciente restrito ao leito
Requer assistência máxima para as AVDs
Função respiratória gravemente
comprometida
Fisioterapia na ELA
Objetivos da Fisioterapia
Manter a independência com mobilidade funcional e a realização das AVDs
pelo maior tempo possível
Manutenção da amplitude de movimento e força muscular;
Manutenção das capacidade respiratória (AVNI precoce);
Permite melhorar a qualidade de vida e a duração da sobrevida.

Educação do paciente, familiares e cuidadores;


Organização do ambiente;
Adaptações para minimizar as deficiencias.
Fisioterapia na ELA
Orientações ao uso de dispositivos auxiliares:
andadores, cadeira de rodas, órteses de posicionamento

Exercícios:
Exercícios prolongados ou excessivos podem levar a fadiga, podendo
provocar maior degeneração do motoneuronio.
Falta de um consenso com relação a prescrição de exercícios.
Exercícios moderados, cuidadosamente recomendados são benéficos e
ajudam na manutenção da função (de 15 a 30 minutos diários de
exercícios moderados sem resistência).
Fisioterapia na ELA
Alongamentos:
Manter a extensibilidade dos músculos e tecidos moles e
prevenir contraturas musculares e deformidades.

Mobilizações articulares:
Importante para a manutenção da mobilidade articular e
independência funcional.
Fisioterapia na ELA
Exercícios Respiratórios:
Manobras reexpansivas e dispositivos auxiliares para reexpansão pulmonar,
alongamento da musculatura acessória.
Atenção com hipoxemia noturna, queda de 50% da capacidade vital forçada (CVF)
e diminuição da pressão respiratória máxima para a introdução da assistência
ventilatória.

Controle postural, coordenação motora e equilíbrio


Estimulo ao equilibrio estático sentado – controle de tronco
Exercícios de coordenação e controle motor
Síndrome de Guillain-Barré
Síndrome de Guillain-Barré
É uma neuropatia autoimune que ocorre
quando o sistema imunológico do corpo
ataca parte do próprio sistema nervoso por
engano.

Semelhante a outras neuropatias, porém


com evolução mais rápida e é ascendente.
Síndrome de Guillain-Barré
TIPOS:
Polirradiculoneuropatia Desmielinizante Inflamatória Aguda (AIDP)
É o tipo mais comum.
O sinal dessa forma da doença é a fraqueza muscular que começa na
parte inferior do seu corpo e evolui para a parte superior.
Síndrome de Miller Fisher (MFS)
A paralisia começa nos olhos.
A MFS também está associada ao caminhar instável e ocorre em cerca de
5% dos pacientes com a Síndrome de Guillain-Barré.
Outros
Neuropatia Motora Axonal Aguda e Neuropatia Motora-sensorial Axonal
Aguda.
Síndrome de Guillain-Barré
Etiologia
Doença idiopática
Geralmente, a doença aparece alguns dias ou semanas após um processo infeccioso
trato respiratório e digestivo (especialmente por Campylobacter jejuni,
cytomegalovirus, Haemophilus influenzae, Mycoplasma penumoniae, Epstein-Barr
vírus, hepatitis E, influenza A virus, Zika vírus, e SARS-CoV-2).

Sintomas típicos
Fraqueza muscular ou paralisia flácida bilateral (geralmente começa nas pernas e
após evolui para a parte superior, podendo afetar musculatura respiratória)
Formigamento
Dor
Incoordenação motora
Perda dos reflexos
Síndrome de Guillain-Barré

Tratamento clínico

Plasmaferese

Imunoglobulina

Suprimir ou eliminar os anticorpos do corpo


Síndrome de Guillain-Barré
Fisioterapia Respiratória
Fase inicial: constituída basicamente de manobras de higiene
brônquica (para promover a clearence mucociliar, evitando
consolidações e atelectasias), reexpansão pulmonar, aspiração da via
aérea (se necessário), drenagem postural para mobilizar secreções;
Fase mais tardia: treinamento muscular (Voldyne, Respiron e Shaker)
e desmame da ventilação mecânica
Síndrome de Guillain-Barré

Reabilitação Neurofuncional Evitar superuso de uma unidade motora

Fortalecimento Muscular;
Manutenção da ADM;
Treino de marcha (cuidar com hipotensão);
Treino de equilíbrio;
Coordenação motora;
Trabalho de controle de tronco;
Fortalecimento da musculatura respiratória;
Prevenção de TVP (elevação de MMII e exercícios ativos de dorsi e planti-flexão);
Prevenção de encurtamentos e deformidades.
Síndrome de Guillain-Barré

Prognóstico
Considerado bom, com mais de 90% dos pacientes alcançando uma
recuperação total ou quase completa em curto prazo.
Porém, cerca de 5 a 15% dos doentes poderão apresentar distúrbios
severos por longo tempo, impedindo o retorno ao trabalho e outras
atividades por 2 ou mais anos.

Os fatores associados a um mau prognóstico são:


Idade avançada
Recuperação demorada
Doença clinicamente severa
Ausência de tratamento imunomodulador adequado.
Bibliografia

LEVY, Antônio José; OLIVEIRA Aracy Souza Bulle. Reabilitação em doenças neurológicas. Rio de
janeiro: Atheneu Editora, 1ª ed., 2003. 263p.

UMPHRED, Darcy; CARLSON, Constance. Reabilitação Neurológica Básica. 1.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2007.

O'SULLIVAN, Susan B.; SCHMITZ, Thomas J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 5.ed. Barueri: Manole, 2010.
xvii, 1506 p. ISBN 978-85-204-2630-2.

UMPHRED, Darcy; CARLSON, Constance. Reabilitação Neurológica Prática. 1.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2007.

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