Você está na página 1de 54

Curso Técnico Superior Profissional

Maneio de Equinos, Equitação Terapêutica e de Lazer

Contextos da
Deficiência VII
Fisioterapeuta Patrícia Silva
10 de Novembro 2023

1
INDICAÇÕES
Hipoterapia e Equitação Terapêutica
Desenvolvimento global
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR:
•Equilíbrio
Equilíbrio a cavalo;
Aquisição de sensações cinestésicas;
Iniciação ao passo;
Saída e paragem;
Alargamento e encurtamento do andamento;
Transição ascendente e descendente;
Mudança de direção.

•Esquema Corporal
Consciência do corpo;
Volteio;
Trabalho com figuras;
Trabalho com espelho.
Desenvolvimento global
•Ritmo
Trabalho à guia;
Passo, trote e galope;
Ritmo respiratório.

•Orientação Espácio-Temporal
Orientação no espaço;
Pontos de referência;
Orientação no tempo;
Estruturação espácio-temporal.

•Auto-controlo
Controlo de movimentos involuntários;
Correção postural;
Precisão do gesto.
Desenvolvimento global
•Lateralidade
Eixo corporal
Lateralidade do cavalo.

•Coordenação
Movimento de membros inferiores;
Movimento de tronco e membros superiores;
Dissociação de movimento;
Ação conjunta dos elementos corporais.
Desenvolvimento global
DESENVOLVIMENTO CORPORAL
•Sistema respiratório
Aumento da capacidade de resistência ao esforço e à fadiga.

•Sistema vascular
Aumento da vascularização através do estímulo muscular.

•Sistema músculo-esquelético
Contração- relaxamento;
Movimento em diferentes planos;
Ativação muscular;
Mobilidade articular
Elementos necessários
•Relatório médico que ateste que não há contra indicações
•Plano de vacinação em dia (tétano).
•Utilização de toque no decorrer de todas as atividades.
•Roupa adequada: calças de montar/calças de fato de treino;
meias adequadas; luvas (se necessário)
•Calçado adequado: botas confortáveis; botins; sapatilhas
sem atacadores.
Elementos de segurança
Curso de Primeiros Socorros;

Proximidade de um telefone - SOS (não utilizar telemóvel


durante a sessão).

Para o utente:
Retirar talas e coletes amovíveis.
Indicações
Indicações
Paralisia cerebral
Trissomia 21
Autismo
Esclerose múltipla
Distrofias musculares
Acidente vascular cerebral
Traumatismo crânio-encefálico
Acidentes vertebro-medulares

Triangle (2014)
Indicações
Amputações
Disfunção postural
Doenças reumatológicas
Atrasos de desenvolvimento psicomotor global
Distúrbios de integração sensorial
 Distúrbios de aprendizagem ou emocionais
Distúrbios da fala / linguagem
Deficiência visual/auditiva
(…)

Triangle (2014)
Autismo
É uma perturbação do desenvolvimento que afeta
múltiplos aspetos e a forma como a criança vê o
mundo e aprende a partir das suas próprias
experiências.
As crianças afetadas pela perturbação do espectro
do autismo não apresentam todos os mesmo
sintomas.
As PEA são disfunções graves e precoces do
neurodesenvolvimento que persistem ao longo da
vida, podendo coexistir com outras patologias.
Autismo
Autismo “típico” ou “clássico” possui as seguintes características:
•competências de interação limitadas,
•inabilidade comum a todos os indivíduos para desenvolver
relacionamentos
•preferência por jogos repetitivos e estereotipados,
•preferência e um fascínio por objetos que podem ser manipulados
através de movimentos repetitivos de motricidade fina
•desejo obsessivo de conservação da uniformidade, incluindo as rotinas
Autismo
•perturbação externa quando as rotinas são inesperadamente alteradas.
•hipersensibilidade aos estímulos ambientais (a resposta a uma carga
excessiva de estímulos pode tornar a forma de um movimento de
baloiço do corpo ou de tapar os ouvidos com as mãos)
•boa capacidade de memorização de rotinas
•uso pouco vulgar da linguagem, de uma forma não comunicativa.
Autismo e Hipoterapia
• Maior contacto físico com os outros e com o cavalo - maior capacidade
de se relacionar com os outros, melhoria na socialização
•Promove maior comunicação (gestos)
• Maior oportunidade de dar respostas emocionais e pessoais (o que
quer fazer quando está perto do cavalo)
•Progressos ao nível da postura e do equilíbrio
•Aumento da autoestima
•Aumento do tempo de atenção/concentração
Esclerose Múltipla
Doença inflamatória imunomediada, crónica e degenerativa.
A inflamação danifica/destrói as bainhas de mielina das células
nervosas, sendo este o motivo pelo que se considera esta doença como
“desmielinizante”.
Esclerose Múltipla
Os axónios que ficam sem mielina deixam de poder conduzir
adequadamente os impulsos nervosos e isso origina os
sintomas neurológicos normalmente sentidos durante um
surto de EM.
Com o passar do tempo, é esta lesão axonal que justifica o
carácter degenerativo.
A localização das regiões de desmielinização do SNC é
imprevisível por isso a natureza dos défices neurológicos
associados aos surtos pode ser muito diversa.
Esclerose Múltipla
•A progressão, o tipo, a gravidade dos sintomas ou danos
subsequentes diferem de pessoa para pessoa.

•É uma das doenças mais comuns do Sistema Nervoso


Central (SNC)

•Principal causa de incapacidade neurológica nos adultos


jovens.
Tipos de EM
85% dos casos.

Surtos e melhora após o


tratamento (ou
espontaneamente).

Primeiros anos da doença


com recuperação completa
e sem sequelas.

Os surtos duram dias ou


semanas. Em média os
surtos repetem-se uma vez
por ano caso não inicie o
tratamento adequado.
Evolução em cerca de 10
anos da doença

Não há recuperação
total dos surtos e
acumulam sequelas.
Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP)

Os sintomas agravam-se de forma gradual e progressiva desde o início


do diagnóstico. A EMPP comporta-se de forma diferente em cada
pessoa, podendo estabilizar em determinada altura ou continuar a
agravar-se durante meses ou anos

• “Ativa” - com um surto ocasional ou lesões novas na ressonância


magnética)
• “Não ativa”
• “Com progressão” - evidência de agravamento progressivo de
incapacidade)
• “Sem progressão” - durante um período de estabilidade

Cerca de 15% das pessoas com EMPP

Surge normalmente numa idade mais avançada, afetando


normalmente pessoas com 40 anos ou mais.
Causas
Sintomas
•Alterações de sensibilidade
•Alterações visuais
•Alterações motoras
•Alterações do equilíbrio e coordenação motora
•Distúrbio da marcha
•Alterações urinárias e intestinais
•Problemas sexuais
•Fadiga
•Alterações cognitivas e psicológicas
•Dor
EM e Hipoterapia
Problemas de integração sensorial (processo de informações e execução
dos estímulos para o cérebro)

Estimular os diferentes núcleos e vias do sistema nervoso central,


responsável por ativar os mecanismos de equilíbrio e manutenção da
postura.

Atenção à fadiga, à dor e aos períodos ativos da doença.

Evitar o calor ou o frio excessivo 


Distrofias Musculares
Grupo de doenças neuromusculares que resulta
numa perda progressiva de força e integridade
muscular.

Os diferentes tipos de distrofia diferem entre si


por:
• localização da afeção muscular
• grau de fraqueza
• velocidade de progressão
• idade de início da sintomatologia.
Distrofias Musculares
São causadas por mutações nos genes envolvidos
na produção de proteínas musculares.
Estas mutações podem ser herdadas de um dos
progenitores ou ocorrer durante o
desenvolvimento embrionário.
As distrofias podem ser recessivas ligadas ao X,
autossómicas recessivas ou autossómicas
dominantes.
Músculo sem alterações Músculo afetado - tecido desorganizado e a
concentração de distrofina diminuída
Quando há mutações genéticas, a falta ou alteração dessa
proteína impede que ela faça a manutenção da membrana
celular. Isso leva a:

1. Ruturas constantes das fibras durante as contrações


musculares;

2. Essas ruturas causam a liberação da energia de ativação


muscular, o que enfraquece os músculos;

3. Por consequência, são ativadas substâncias que causam a


morte de células musculares.

4. O tecido conjuntivo fibroso e a gordura substituem


progressivamente o músculo, gerando um processo
de inflamação e perda da função dos músculos acometidos.
D.M. de Duchenne
•Distúrbio genético ligado ao cromossoma X
•Afeta principalmente indivíduos do sexo masculino.
•Caracteriza-se pela degeneração progressiva e
irreversível da musculatura esquelética, levando a
uma fraqueza muscular generalizada.
•Forma mais frequente de distrofia muscular.
D.M. de Duchenne
•Início na primeira infância
•Primeiros sinais e sintomas:
Desenvolvimento motor atrasado – a criança leva mais
tempo para aprender a sentar, ficar em pé e/ou andar;
Músculos do tríceps sural aumentados;
Fraqueza muscular, que piora com o tempo;
Andar na ponta dos pés ou andar descoordenado;
Necessidade de usar as mãos para se levantar do chão.
D.M. de Becker
•Assemelha-se muito com a distrofia muscular de
Duchenne no que se refere aos sintomas iniciais e
evolução
•Início mais tardio
•Progressão mais lenta
• Variabilidade muito grande no grau de
comprometimento muscular
DM e Hipoterapia
•Transmissão de impulsos rítmicos do dorso do
cavalo para o corpo do cavaleiro – ajustes posturais
Melhora a coordenação do tronco e da cabeça
Estabiliza ambas as cinturas
Regula o tónus ​muscular e desenvolve a
simetria corporal
Estimula o peristaltismo
 Regula a respiração
DM e Hipoterapia
•Movimento tridimensional
Registar e automatizar o padrão fisiológico da marcha
Estabelecer a flexibilidade e elasticidade dos ligamentos
pélvicos
Promover um equilíbrio dinâmico do tronco e da cabeça
no sentido da sua estabilização

•Transmissão do calor corporal do cavalo para o corpo –


relaxamento muscular
Acidente Vascular Cerebral
(AVC)

O AVC decorre da alteração do fluxo de


sangue ao cérebro. Responsável pela morte
de células nervosas da região cerebral
atingida, o AVC pode ter origem numa
obstrução ou numa rutura de vasos
sanguíneos.
Tipos de AVC
Acidente vascular cerebral
isquémico
Causado pela obstrução ou
redução brusca do fluxo
sanguíneo em uma artéria do
cérebro, o que causa a falta
de circulação vascular na
região.
Responsável por 85% dos
casos de acidente vascular
cerebral.
Tipos de AVC
Acidente vascular cerebral
hemorrágico
Acontece quando um vaso se
rompe espontaneamente e há
extravasamento de sangue
para o interior do cérebro.
Este tipo de AVC está mais
ligado a quadros de
hipertensão arterial.
Fatores de Risco
•Idade avançada
•Hipertensão arterial
•Tabagismo,
•Diabetes,
•Obesidade,
•Vida sedentária,
•Colesterol elevado
•Acidente isquémico transitório (AIT) prévio
(…)
Sinais/Sintomas
•Assimetria facial – “desvio da cara”; boca ao lado
•Falta de força num dos lados do corpo
•Dificuldade em falar e compreensão; confusão.
•Alteração de visão (em um ou ambos os olhos);
•Dificuldade em andar, tonturas ou falta de equilíbrio;
•Dor de cabeça severa e sem causa aparente;
•Sensação súbita (em minutos ou horas) de náusea e vómito;
•Um breve período de ausência ou diminuição de consciência (desmaios,
confusão, convulsão ou coma).
Sequelas AVC e Hipoterapia
•Défice do controlo postural
•Menor estabilidade postural
•Alteração dos ajustes posturais e das sinergias musculares
•Assimetria na descarga de peso entre os membros inferiores
•Postura maioritariamente em flexão
AVC e Hipoterapia
Melhorar controlo postural da cabeça e tronco
Melhorar equilíbrio
Aumentar mobilidade da bacia e tronco inferior Movimento
Melhoria do padrão de marcha tridimensional
Traumatismo Cranio-
encefálico
Lesão intracraniana que ocorre quando uma força
externa causa um ferimento traumático no cérebro,
incapacitando, temporária ou permanentemente, a
função cerebral.
Causas do TCE
•Quedas
•Acidentes com veículos automotores e outras causas
relacionadas a transporte (p. ex., acidentes de bicicleta,
colisões com pedestres)
•Agressões
•Atividades desportivas
Sequelas do TCE
Dificuldade de coordenação motora e equilíbrio;
Diminuição da força muscular;
Alterações sensitivas;
Lentidão dos movimentos; As sequelas
diferem consoante
Cansaço e fadiga; a área cerebral
Diminuição da atenção, concentração e memória; afetada e a
Dificuldades na linguagem e comunicação; gravidade da lesão
Desenvolvimento de síndromes depressivos;
Alterações de humor súbitas;
Irritabilidade e ansiedade.
TCE e Hipoterapia
Estimulação do sistema vestibular e o cerebelo (coordenação)
Melhoria no equilíbrio
Melhoria na estabilidade de tronco
Melhoria na coordenação motora (marcha).

TER EM ATENÇÃO:
Alterações do equilíbrio
Dificuldades em seguir ordens
Agitação psicomotora
Acidentes Vertebro-medulares
Danos ou traumas que ocorrem na coluna vertebral,
afetando a medula espinhal.

Podem variar desde danos temporários até perda


permanente de sensibilidade e mobilidade. A gravidade da
lesão e o impacto na qualidade de vida do paciente
dependem da localização e extensão da lesão da medula
espinhal.
Acidentes Vertebro-medulares
• Lesão a nível dorsal ou lombar
• Paralisia dos membros inferiores
Paraplegia • Pode afetar órgãos (Dorsal)
• Dificuldade no controlo de esfíncteres
(lombar).

• Lesão a nível cervical


• Paralisia dos membros superiores
Tetraplegia e inferiores
• Afetam os músculos respiratórios
Quanto mais alta for a lesão na medula, maior será a perda de
movimentos e sensibilidade
Tipos de Lesão
• Lesão total da medula a determinado
Lesão nível vertebral
completa • Não há nenhum movimento ou
sensibilidade abaixo do nível de lesão

• Lesão parcial da medula a


Lesão determinado nível vertebral
incompleta • Pode haver movimentos e/ou
sensibilidade abaixo do nível da lesão
FRATURA DA COLUNA COM POSSÍVEL FRATURA DE COLUNA SEM
LESÃO MEDULAR LESÃO MEDULAR
AVM e Hipoterapia
Contraindicado montar para lesões acima de D4.
•Défice de equilíbrio por falta de controlo postural
•Risco de osteoporose e zonas de pressão
•Fadiga fácil
•Alterações vasculares
(…)
Curso Técnico Superior Profissional
Maneio de Equinos, Equitação Terapêutica e de Lazer

54

Você também pode gostar