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Introdução

Pneumoencéfalo, também denominado aerocele intracerebral ou pneumatocele, é uma


coleção de ar na cavidade intracraniana sendo raro, porém bem documentado desde a sua
primeira descrição em 1962. Na maioria dos casos é benigno, assintomático e apresenta
resolução espontânea. Quanto mais abundante causa efeito de massa com sinais e sintomas de
hipertensão intracraniana denomina-se “pneumoencéfalo de tensão” ou “pneumoencéfalo
hipertensivo”, considerada uma emergência neurocirúrgica.

Casos de Pneumoencéfalo tem sido associado a causa traumática e não traumática. Sendo a
origem traumática responsável por 75% a 90% dos casos de pneumoencéfalo. A incidência tem
sido estimada entre 0,5% a 1,0% dos casos de traumatismo cranioencefálico (TCE). Em casos de
craniotomia supratentorial sua ocorrência é de 100% dos casos. Sua localização é variável
sendo mais comum no espaço subdural, mas podem ocorrer nas regiões epidural,
subaracnóidea, intracerebral e intraventricular. Há a possibilidade de a evolução ser aguda
(abaixo de 72 horas) ou crônica (acima de 72 horas). Podendo ser focal ou difuso.

Relato de Caso
Paciente masculino com 76 anos. Trazido pelo SAMU encontrado em via
pública vítima de atropelamento com ferimentos corto contusos (FFC) em
registro parietal esquerda. Exame físico: Mal Estado Geral, taqudispineico,
drenos com pouco débito. Ao Exame neurológico apresentou responsivo,
desorientado, apresentando rebaixamento do nível de consciência e com
escore Escala de Coma de Glasgow (ECG) de 13, TC de crânio sem contraste
com Hematoma Subdural Agudo e HSA traumática (figura 1).

Figura 1 TC de crânio sem contraste com Hematoma Subdural Agudo e HSA traumática
A seguir, submetido a tratamento conservador com repouso com administração
de Analgésicos. Após 24 horas apresentou piora do quadro clínico e
neurológico, com redução da sensibilidade e dos movimentos corporais e
apresentando diminuição do nível de consciência, sendo o ECG de 10.
Submetido a nova TC de crânio que demonstrou fratura do lobo temporal
esquerdo e base de crânio, com aumento do volume de ar intracraniano,
demonstrando o sinal de Monte Fuji, compatível com pneumoencéfalo
hipertensivo (figuras 2).

Figura 2 TC de crânio demonstrando pneumoencéfalo subdural bilateral, ar intraventricular e intracerebral e


apagamento dos ventrículos laterais. Sinal de Monte Fuji

Horas antes da cirurgia paciente se mantem pouco responsivo, com abertura


ocular ao estímulo álgico vigoroso. Submetido a trepanação bilateral de
urgência (figura 3 e 4) para drenagem de pneumoencéfalo hipertensivo
traumático, sem sinais de fístula externa. Deixado dreno para bilateral no
espaço subdural (figura 5), um com pouco débito e o outro com 100ml. Após 3
horas realizou RX de tórax com opacificação em base direita, iniciando 0
Antibióticoterapia. Após 24 horas paciente estável hemodinamicamente com
máscara Venturi 15L/Min devido a insuficiência respiratória aguda, apresentou
fístula externa, piora do quadro neurológico, sendo o ECG de 9 (AO: 3, RV:9 e
RM:5).

Figura 3 Realização da Trepanação. Figura 4 Drenagem do pneumoencéfalo hipertensivo


traumático.
Figura 5 Drenos colocados bilateralmente em ato cirúrgico.

Após 24 horas evolução do paciente com hipernatremia que foi corrigida com a
utilização de diuréticos e solução hipotônica, retirada dos drenos e
encaminhado para acompanhamento ambulatorial. Após 24 horas paciente
evoluiu com acidose mista e hipocalemia que foram corrigidas. Ao Exame
Físico taquipneia, desidratação, uso de musculatura acessória foi realizado uma
intubação orotraqueal rápida, indução anestésica com Midazolam e Fentanil.

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